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(FOTO | Waldemir Barreto/Agência Senado). |
O
Senado aprovou, nesta quinta-feira (1°), o projeto de lei que torna obrigatória
a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens para
trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função. O texto aprovado
determina que o governo federal terá que regulamentar a futura lei por meio de
decreto. O PL 1.085/2023 segue para sanção.
A
proposta, de autoria da Presidência da República, tramitou em regime de
urgência e foi aprovada por três comissões permanentes do Senado na quarta-feira
(31), depois de amplo acordo político. Na Comissão de Direitos Humanos (CDH), a
relatora foi a senadora Zenaide Maia (PSD-RN). Na Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) e na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) a relatora foi a senadora
Teresa Leitão (PT-PE).
— Eu
peço o voto de todas as senadoras, em primeiro lugar, e de todos os senadores,
homens que conosco comungam desta luta pela igualdade entre homens e mulheres
em todos os setores da sociedade e do mercado de trabalho, sobretudo onde nós
estamos entrando, assim como estamos entrando na política, porque lugar de
mulher é aonde ela quiser — afirmou Teresa em Plenário.
Multa
O
projeto prevê que, na hipótese de discriminação por motivo de sexo, raça,
etnia, origem ou idade, o pagamento das diferenças salariais devidas não afasta
o direito de quem sofreu discriminação promover ação de indenização por danos
morais, considerando-se as especificidades do caso concreto.
O
texto modifica a multa prevista no art. 510 da CLT, para que corresponda a dez
vezes o valor do novo salário devido pelo empregador ao empregado discriminado,
e eleva ao dobro no caso de reincidência, sem prejuízo de outras medidas
legais. Atualmente, a multa é igual a um salário-mínimo regional, elevada ao
dobro no caso de reincidência.
Relatório semestral
O
projeto também obriga a publicação semestral de relatórios de transparência
salarial pelas empresas (pessoas jurídicas de direito privado) com 100 ou mais
empregados, observada a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei 13.709, de
2018) e dispõe que ato do Poder Executivo instituirá protocolo de fiscalização
contra a discriminação salarial.
Os
relatórios conterão dados e informações, publicados de forma anônima, que
permitam a comparação objetiva entre salários, critérios remuneratórios e
proporção de ocupação de cargos de direção, gerência e chefia preenchidos por
mulheres e homens, além de informações estatísticas sobre outras possíveis
desigualdades decorrentes de raça, etnia, nacionalidade e idade.
Caso
seja identificada desigualdade salarial ou de critérios remuneratórios, as
empresas privadas deverão criar planos de ação para mitigar essa desigualdade,
com metas e prazos, garantida a participação de representantes das entidades
sindicais e de representantes dos empregados nos locais de trabalho. Em caso de
descumprimento das disposições, será aplicada multa administrativa no valor de
até 3% da folha de salários do empregador, limitado a cem salários mínimos, sem
prejuízo das demais sanções.
Combate
à desigualdade
O
projeto prevê, como medidas para garantia da igualdade salarial, o
estabelecimento de mecanismos de transparência salarial; o incremento da
fiscalização; a criação de canais específicos para denúncias de casos de
discriminação salarial; a promoção de programas de inclusão no ambiente de
trabalho; o fomento à capacitação e à formação de mulheres para o ingresso, a
permanência e a ascensão no mercado de trabalho, em igualdade de condições com
os homens.
O
Poder Executivo federal disponibilizará de forma unificada, em plataforma
digital de acesso público, as informações fornecidas pelas empresas, e
indicadores atualizados periodicamente sobre o mercado de trabalho e renda por
sexo, inclusive com indicadores de violência contra a mulher, de vagas em
creches públicas, de acesso à formação técnica e superior e de serviços de
saúde, bem como outros dados públicos que possam orientar a elaboração de
políticas públicas.
Apoios
A
senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disse que o Senado estava fazendo
história com a aprovação e elogiou os senadores que apoiaram a proposta, como
Jaques Wagner (PT-BA) e Paulo Paim (PT-RS).
—
Hoje é um dia histórico para nós, mulheres, mas eu preciso fazer justiça aqui
com os senadores homens que lutaram tanto para que a gente chegasse a este momento.
Senadora Teresa, parabéns pelo trabalho. Todas as senadoras se uniram — direita
e esquerda. Essa foi uma pauta que uniu todo mundo, mas eu preciso fazer
justiça à bancada masculina, aos homens que foram aguerridos e nos ajudaram —
afirmou Damares.
A
senadora Leila Barros (PDT-DF) destacou o apoio do presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco, para a aprovação do projeto e disse que a futura lei será uma
vitória não só das mulheres, mas também uma vitória da sociedade como um todo.
—
Chega de discriminação salarial por gênero! — comemorou Leila.
No
mesmo sentido, Paim agradeceu o apoio de Pacheco e disse que, embora o projeto
seja de autoria do governo Lula, teve apoio também da oposição.
— As
mulheres lideraram sempre. Isso eu tenho que dizer. Quem nos liderou foram as
mulheres — ressaltou Paim.
O
senador Humberto Costa (PT-PE) disse que a aprovação da igualdade salarial vai
ajudar na “superação de um problema que sempre caracterizou a sociedade, a
desigualdade no tratamento e na garantia dos direitos entre homens e mulheres,
em várias esferas e, muito particularmente, na esfera do trabalho”.
Também
comemoraram a aprovação os senadores Cleitinho (Republicanos-MG), Augusta Brito
(PT-CE), Jussara Lima (PSD-PI) e Eliziane Gama (PSD-MA).
A
senadora Jussara agradeceu o apoio de Pacheco e de Paim e destacou o trabalho
das relatoras Teresa Leitão e Zenaide Maia.
—
Para nós esse é um momento de felicidade, é um momento único na história
brasileira para as mulheres que tanto lutaram para que esse dia chegasse, que
lutaram e que estão lutando para que tenhamos o nosso espaço e para que sejam
equiparados os salários das mulheres com os dos homens — afirmou Jussara.
Eliziane
pontuou que “a luta pela igualdade salarial entre homens e mulheres no Brasil é
uma luta que reúne toda a sociedade brasileira”. Ela registrou que a maioria
das trabalhadoras têm jornadas duplas ou triplas.
—
Nós temos, daqui para a frente, ministra [das Mulheres] Cida [Gonçalves], outra
grande meta e outro grande desafio, que é a junção da sociedade brasileira na
denúncia: chegar às autoridades competentes a informação de que o empresário,
aquele que não está fazendo valer e cumprindo a legislação aprovada hoje, aqui no Congresso Nacional,
está passível de punições previstas nesta nova legislação. Nós estaremos
absolutamente atentos — reforçou Eliziane.
O
presidente Rodrigo Pacheco parabenizou a Bancada Feminina do Senado pela
conquista.
—
Quero agradecer uma vez mais a presença da ministra Cida Gonçalves, ministra de
Estado das Mulheres do governo federal. Sua presença no Senado Federal é muito
bem-vinda, juntamente com a sua equipe e todas as mulheres que acompanharam
essa votação histórica de um projeto muito importante para a Bancada Feminina,
a nossa Bancada Feminina no Senado Federal, muito dedicada, muito valorosa em
defesa de suas causas.
_________
Com informações da Agência Senado.
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