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Ládio Veron - Líder Guarani Kaiowá |
“Estamos sendo encurralados, prejudicados,
massacrados através dos jornais e das decisões dos juízes”. A frase de Ládio
Veron em depoimento para a Carta Maior vem para reforçar uma carta escrita por
indígenas guarani kaiowás de Pyelito Kue, no Mato Grosso do Sul, sobre a
disposição de lutarem até a morte caso tentem despejá-los de suas terras,
conforme indica decisão da Justiça Federal de Navirai-MS, em 29 de setembro. A
situação jurídica do local segue em impasse, assim como das aldeias Passo
Pirajú e Potrero Guasu.
Ládio
viajou a São Paulo nesta sexta-feira (26) com intuito de aumentar a rede de
solidariedade aos guarani kaiowás. Ele reforçou que a luta do seu povo não é
somente contra os despejos, mas pela demarcação definitiva das terras
indígenas. Segundo a liderança, existem 49 aldeias prontas para serem
reconhecidas como terra indígena, mas foram embargadas pelo Supremo Tribunal
Federal. A demora da Funai para realização dos estudos antropológicos também é
motivo, segundo ele, para o aumento dos conflitos.
“A
cana que hoje está sendo plantada lá e colhida como etanol já é misturada com
sangue indígena Guarani Kaiowá”, disse o cacique. Ele se refere ao peso do
agronegócio na região que teve uma guinada após acordo do ex-presidente
brasileiro Lula com ex-presidente dos Estados Unidos Georg Bush sobre a
produção de biocombustíveis.
As
ameaças e os despejos em si são constantes na região. Nos últimos dez anos, a
quantidade de terras demarcadas diminuiu, e, assim, aumentou a instabilidade
dessas populações. Quando não são praticados oficialmente, os despejos são
realizados à bala por jagunços, como relatam os próprios indígenas.
A
ausência de floresta para sua subsistência, a utilização de agrotóxico nas
plantações de cana e soja que contamina o solo e gera doenças, as ameaças de
morte e diversos tipos de violência praticadas contra esta população são marcas
do Mato Grosso do Sul. Nesta mesma quarta-feira (24), uma indígena de Pyelito
Kue foi abusada sexualmente por oito homens em uma fazenda, conforme
denunciaram os indígenas. Aquele é o estado com maior índice de indígenas
assassinados - cerca de 500, sendo 270 lideranças, em dez anos.
Diante
da boa receptividade da luta dos indígenas nas redes sociais, várias atividades
foram programadas. Em 18 cidades foram agendados atos de solidariedade, entre
os dias 27 de outubro e 9 de novembro. As iniciativas podem ser conhecidas no
site http://solidariedadeguaranikaiowa.wordpress.com...
Fonte: Carta Maior
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