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JOSÉ SERRA (PSDB) |
Quem
achava que depois da caça ao kit gay estaria esgotado o estoque de
excrescências desta campanha, errou. A quatro dias das eleições municipais de
2012, Serra revira seus guardados no saco do desespero. Elege um truque por
dia. Enfia os pés pelas mãos. Como se tentasse correr na areia movediça,
transforma sua campanha num atoleiro. Desta vez foi longe demais.
Os
impulsos que o desespero revela provocam calafrios em círculos tucanos mais
serenos. A essa altura, tudo o que pedem é que o dia 28 chegue logo.
Nesta
terça-feira, em entrevista à amigável rádio CBN (emissora das organizações
Globo), o candidato que trouxe o obscurantismo religioso ao centro da disputa,
ungindo Silas Malafaia em assessor para os bons costumes, metabolizou Cesare
Lombroso.
O
tucano - se eleito - pretende criar nada menos que um programa de monitoramento
de jovens com 'propensão' para cometer crimes.
Em
resumo, criminalizar antes aqueles que se considere potencialmente criminosos.
Como?
Acompanhe. Seria um braço da Febem agindo, secretamente supõe-se, dentro das
escolas, das periferias, naturalmente.
Objetivo:
vigiar jovens que, nas palavras do candidato José Serra: " Ainda não
entraram para o mundo do crime (frise-se o 'ainda'), "mas que podem ter
propensão para isso".
E
arremata algo assustador: " Vamos fazer um trabalho preventivo, de
identificar quem tem potencial para ir para o crime ou para a droga"
O
teor de higenismo social intrínseco a esse projeto deixa o feito anterior de
Serra, as rampas anti-mendigo, lançadas quando passou pela prefeitura em 2006,
no chinelo das aberrações conservadoras. Que não são poucas.
Combater
o crime identificando preventivamente o criminoso foi o propósito do
criminologista e psiquiatra italiano, Cesare Lombroso (1835-1909), que se
dedicou ao estudo da antropologia criminal.
Serra,
se eleito, poderá queimar etapas e recorrer à tipificação antropológica feita
por Lombroso. O propósito de ambos é o mesmo: liquidar o mal pela raiz.
A
raiz, como se sabe da visão conservadora, está no indivíduo, não na sociedade
que deve ser preservada.
Os
famintos são culpados pela sua fome, não as instituições. O desemprego só
existe porque os preguiçosos se recusam a pegar no batente pelo salário
disponível no mercado autorregulável . Etc.
Antes
que a juventude pobre cause embaraços, a exemplo do que se pretendeu com as
rampas anti-mendigo, instaladas sob viadutos e calçadas de bairros elegantes,
vamos então tipificá-la.
A
coisa começa por aí.
O
precursor italiano de Serra, Cesare Lombroso apregoava que o delinqüente
possuía caracteres próprias, natas, tais como: protuberância occipital, órbitas
grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zígomas salientes,
prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária
defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos
sexuais, orelhas grandes e separadas etc etc
Desenvolvida
a partir de observações entre prisioneiros dos cárceres e dos manicômios, a
teoria lombrosiana define que a biologia estampa o destino social do ser
humano. E deixa tudo mais fácil: a pessoa é vigiada e punida pelo que a
fisionomia antecipar que será. Sem nuances.
Assim
como as prisões em que Lombroso concluiu sua 'tipificação', as escolas das
periferias em que Serra pretende vigiar criminosos potenciais também estão
lotadas de pobres.
Serra,
a exemplo de seguidores de Lombroso, não tardará assim a identificar nos pobres
as características congênitas do crime e do criminoso.
O
resto deixa com o Coronel Telhada.
O
vereador eleito pelo PSDB, o famoso policial linha dura da Rota foi elogiado
recentemente por Serra.O tucano identificou no trabalho de quem perdeu a conta
de quantos matou um esforço "comprometido com os direitos humano' .
Do
que mais será capaz esse astuto rapaz?
PCom informações do Carta Maior
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