Na ponta da língua: palavras de origem africana utilizadas no Brasil

 

Umas das grandes características do povo africano é a dança. (FOTO | Reprodução |Redes Sociais).


Fora do continente africano, o Brasil é o país com maior número de afrodescendentes do mundo todo, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não somente pela raça e cor, a África se faz presente no vocabulário brasileiro, com palavras muito utilizadas no cotidiano, cujas origens provém de dialetos, como banto, iorubá, quicongo e quimbundo.

Um exemplo disso é a palavra "abadá", termo vastamente usado em época de Carnaval para determinar a camiseta recebida na compra do ingresso para blocos de rua. Ela tem origem no iorubá (em países como Togo, Benim e Serra Leoa) e originalmente era utilizada para se referir às batas e túnicas brancas, vestidas em rituais religiosos.

Dengo

De acordo com os dicionários, a palavra significa “lamentação infantil”, “manha”, “meiguice”. Contudo, a palavra é de origem banta (atualmente, território ocupado pelo Congo, Angola e Moçambique) e língua quicongo. Originalmente, o termo possui um sentido ancestral: dengo é um pedido de aconchego em outra pessoa em meio aos sofrimentos do cotidiano.

Moleque

Do dialeto quimbundo mu’leke, a palavra de origem africana significa “filho pequeno” ou “garoto”. Com o passar dos anos, no Brasil colonial, a palavra começou a apresentar um significado pejorativo, devido ao preconceito existente contra tudo o que era próprio dos negros, inclusive o modo como chamavam os seus filhos. Antes da abolição da escravidão, por exemplo, chamar um menino branco de “moleque” era sinônimo de ofensa.

Hoje em dia, a palavra “moleque” é atribuída às crianças brincalhonas. Também é utilizada para qualificar a personalidade infantil de uma pessoa.

Caçula

Do quimbundo “kazuli”, a palavra significa o "último da família ou o mais novo".

Cafuné

Também do quimbundo vem a palavra de origem africana "cafuné'', que significa acariciar/coçar a cabeça de alguém.

Quitanda

Do termo quimbundo “kitanda”, trata-se de um pequeno estabelecimento em que se comercializa produtos frescos, como frutas, verduras, legumes, ovos, etc.

Axé

A palavra “axé” geralmente é usada como o “assim seja”, da liturgia cristã, e também pode significar “boa-sorte”. Contudo, segundo as religiões afro-brasileiras, axé (do iorubá, “ase”) é bem mais do que isso: diz respeito à energia vital encontrada em todos os seres vivos e que impulsiona o universo.

Muvuca

“Mvúka”, palavra de origem banta e língua quicongo, significa aglomeração ruidosa de pessoas como forma de lazer ou celebração.

Cachimbo

Outra palavra de origem africana, cachimbo define um instrumento utilizado para fumar, geralmente, tabaco. A palavra deriva do termo “kixima” de uma das línguas bantas mais faladas em Angola: o quimbundo.

Candomblé

Candomblé é a união do termo quimbundo “candombe”, que significa “dança com atabaques”, com o termo iorubá ilé ou ilê (casa): “casa de dança com atabaques”.

Macumba

Macumba (quimb makumba) é uma religião que começou a ser praticada na primeira metade do século XX no Rio de Janeiro e é uma variante do candomblé. Originalmente, a palavra se referia apenas ao instrumento musical utilizado em cerimônias religiosas de raíz africana. O termo também pode ser utilizado de maneira pejorativa para se referir às religiões de matriz africana.

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Com informações do Alma Preta.

Arquivo Público do Ceará lança a exposição "Manuscritos da Escravidão do Ceará "

(FOTO | Márcio Porto).

No mês em que, oficialmente, se comemora a abolição da escravidão no Brasil, o Arquivo Público do Estado do Ceará, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), apresenta a  Exposição “Manuscritos da Escravidão do Ceará”, para enriquecer as fontes que atestam algumas dimensões do Ceará escravista. A mostra conta documentos sobre a escravidão no Ceará, dos séculos XVIII e XIX.

Com lançamento nesta sexta-feira (20), a atividade ocorrerá de 20 de maio até final de julho, e pode ser conferida através de agendamento. Cartas de Alforria, Relação de Escravos Libertados com o Fundo de Emancipação de Escravos da Província do Ceará (século XIX), Casamento de escravos, Hipoteca de escravos, Declaração de libertação de escravos, Escritura de Compra e Venda de escravos, documento de Sociedades Abolicionistas são alguns dos documentos que integram a exposição.

São documentos que revelam os enredos da vida em cativeiro, cuja leitura nos revela um passado de violações. A escravidão que ligou durante quase quatrocentos anos a África à América, foi singularmente perversa, pois seus efeitos se prolongaram, esgarçando o tecido político e social das sociedades de seus descendentes no mundo contemporâneo.

Entre as peças que podem ser conferidas, os visitantes encontrarão um Manuscrito da Junta de Classificação de Escravos, do município de Aracati, a serem libertados pelo Fundo Provincial de Emancipação. No documento constam os nomes dos escravos, cor, idades, profissões, moralidade, valores e nomes de seus respectivos senhores.

Dada a imensidão do território brasileiro abarcado pelo regime escravista, ele se metamorfoseou, adaptando-se às peculiaridades das estruturas econômicas regionais, ou seja, se apresentou com diversas feições, com diferentes modos de vida escravizada, nas fazendas e nos núcleos urbanos dominados pelos senhores brancos. Muitos proprietários aumentavam suas rendas urbanas, com a prática da escravidão de ganho, as cozinheiras e as amas de leite.

O Arquivo Público fica na Rua Senador Alencar, 348 – Centro e a visitação acontece por agendamento.

Agendamento para visitação: apec348@gmail.com / 85 3101-2614

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Com informações da Secult CE.

Domingo acontecerá Pipada no Gesso

(FOTO | Reprodução |WhatsApp).


Por Naju Sampaio

O Coletivo Camaradas realizará a IX edição da Pipada, no dia 22 de maio de 2022, no Largo da Comunidade do Gesso (ao lado da Quadra), às 8:30 da manhã. Durante a pipada, cada pessoa confecciona sua própria pipa para depois empinar, contribuindo para a organização popular durante o encontro.

No Território Criativo do Gesso é comum observar as crianças empinando pipas, a brincadeira é tradição na comunidade e vem passando de geração para geração. A Pipada é destinada às mulheres e homens de todas as idades.

A ação da Pipada é uma forma de reconhecimento e fortalecimento dessa prática antiga da comunidade. Sendo importante ressaltar que o cerol e a linha chinesa representam perigo e o uso desses materiais ou qualquer outro cortante na prática de empinar pipas é crime.

Quem defende a educação de verdade é contra o homeschooling e contra o Bolsonaro.

 

(FOTO |Reprodução)


Lugar de criança é na escola

#HomeschoolingNão

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 18, o texto-base do projeto de lei que regulamenta o ensino domiciliar no Brasil, conhecido como homeschooling. Foram 264 votos favoráveis e 144 contrários, com duas abstenções. Hoje, 19, os deputados devem analisar os destaques, que são propostas de mudança na redação.

O que está em jogo é a regulamentação do ensino domiciliar na educação básica, nas etapas de Educação Infantil, Fundamental e Ensino Médio, a partir de uma modificação na Lei de Diretrizes e Bases. A prática não é regulamentada no País, por um entendimento do Supremo Tribunal Federal de 2018 de que não há lei que estabeleça as diretrizes do ensino domiciliar.

A maioria das propostas para a regulamentação do tema tem como autores apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, caso do PL 2401/19, que leva as assinaturas de Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação. À proposta está apensado o PL 3179/12, do deputado Lincoln Portela (PL-MG), um pastor evangélico.

Votei contra o projeto e permanecerei sendo contra o ensino domiciliar. Escola é lugar de aprendizado, de convívio social e de proteção. As escolas devem receber mais investimentos e os educadores devem ser valorizados. Bolsonaro é inimigo da educação pública de qualidade. Quem defende a educação de verdade é contra o homeschooling e contra o Bolsonaro.

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Texto do Deputado Federal Glauber Braga, em suas redes sociais.

Como funciona a máquina de fake news da direita nas eleições 2022?

 

As recentes e constantes bravatas do presidente e de seus aliados sobre a suposta fragilidade das urnas eletrônicas são uma representação disso - Alan Santos/PR

Se no ano eleitoral de 2018, as mensagens falsas que mais circulavam nas redes sociais estavam de alguma forma relacionadas aos próprios candidatos, agora o padrão são desinformações que visam lançar dúvidas sobre o processo eleitoral em si, segundo especialistas ouvidas pelo Brasil de Fato. As recentes e constantes bravatas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seus aliados sobre a suposta fragilidade das urnas eletrônicas são exemplos dessa mudança. 

Não à toa, a pauta também é “dominante” nos grupos de extrema direita nas profudezas do Telegram. “Nessas plataformas mais subterrâneas, como o Telegram, é dominância total da extrema direita. E os [assuntos] mais compartilhados, as pautas e as narrativas que se sobressaem no conjunto dos grupos e canais que a gente analisa, tem a ver não necessariamente com alegação direta de fraude nas urnas, mas com a deslegitimação da institucionalidade que garante o resultado da eleição”, diz Letícia Cesarino, professora no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

No mais recente ato, o capitão reformado afirmou que o Partido Liberal, do qual faz parte, irá contratar uma empresa privada para fazer auditoria nas eleições. "A empresa vai pedir ao TSE algumas informações. O que pode acontecer? Essa empresa que faz auditoria no mundo todo, empresa de ponta, pode chegar à conclusão que, dada a documentação que se tem na mão, ela pode falar que não foi auditável. Olha a que ponto vamos chegar”, afirmou Bolsonaro. 

“Isso sempre esteve colocado, mas nesse ano a pauta ganhou corpo”, afirma Letícia Cesarino. “No 7 de setembro, por exemplo, uma pauta que ganhou proeminência foi o passaporte sanitário, mas numa espécie de crossover com a pauta de fraude nas urnas. Eram boatos de que pessoas não vacinadas seriam impedidas de votar. Então mesmo que não seja a pauta [naquele momento], o tema está circulando pelo menos desde setembro.” 

O movimento é parecido com o do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Antes mesmo de perder as eleições do ano passado para Joe Biden, o empresário apontou para uma suposta fraude eleitoral no pleito. “Em todo caso, nada importa porque as eleições na Califórnia estão totalmente manipuladas”, afirmou Trump, na época. Mesmo depois de derrotado, ele não reconheceu os resultados das urnas, estimulando sua base eleitoral a se rebelar, levando-os a invadir o Capitólio. 

Revelando verdades 

Segundo Cesarino, uma das características desses grupos da extrema direita que habitam os subterrâneos das redes sociais é a pretensão de revelar verdades que a imprensa e os opositores querem esconder. “O modo como eles se vendem, como produtores de conteúdo tem a ver com estar revelando verdades que a mídia esconde. E é assim que eles ganham fidelidade desses seguidores”, afirma a pesquisadora. 

Revelar a verdade também é o que o presidente Jair Bolsonaro diz fazer. Em julho do ano passado, por exemplo, ele prometeu apresentar provas de que teria ocorrido uma fraude no sistema eleitoral durante o pleito de 2018. Na época, disse que havia ganhado o pleito já no primeiro turno, contra o candidato do PT, Fernando Haddad. Logo depois, no entanto, a verdade revelada não passou de alegações antigas e falsas de que as urnas eletrônicas completaram o voto no número do PT à revelia da escolha dos eleitores.  
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O texto completo pode ser lido no Brasil de Fato.

Governadora do Ceará anuncia concurso para professores de escolas indígenas

 

Governadora Izolda Cela anuncia concurso para professores de escolas indígenas, no Ceará. (FOTO  |Reprodução).


Um concurso público para a seleção de 200 professores que vão trabalhar em escolas indígenas foi anunciado, nesta terça-feira (17), pela governadora do Ceará, Izolda Cela. As vagas vão ser distribuídas entre ensino fundamental e médio e os professores também vão ser indígenas.

Izolda explicou que a seleção pretende beneficiar 29 escolas indígenas de 13 etnias presentes no estado. O concurso vai ter três etapas: prova escrita, prática e análise de títulos.

"As vagas serão tanto para o ensino fundamental, nos anos iniciais, portanto, para professor polivalente, como também para áreas de conhecimento, que os anos finais já exigem, assim como o ensino médio", comentou Izolda.

A secretária de Educação do Ceará, Eliana Estrela, também esteve presente no evento do anúncio. Ela afirmou que a Seduc pretende impor celeridade ao processo. “Nós vamos botar a mão na massa para que em nenhum momento pare esse processo, para que todo mundo possa estar muito empenhado”, disse a secretária.

Cristina Pitaguary, coordenadora da Organização dos Professores Indígenas do Ceará (Oprice), também comentou a seleção. É um momento histórico, que a gente já espera há 30 anos. Sabemos que nossa classe de professores indígenas já está com quase 700 professores, e vamos ter esse concurso com 200 vagas, mas mesmo assim, é uma felicidade para a gente. É uma porta que está abrindo para que aconteçam outros.

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Com informações do G1 CE.

Quando o bolo acabou

 

Alexandre Lucas. (FOTO |Acervo pessoal).

Por Alexandre Lucas, Colunista

Vá se lascar! Essas foram suas últimas palavras, bateu forte o portão e entrou movida pela ira do momento. As esperanças parecem que se findaram naquele instante. Todos os momentos carregados do era para sempre se despedaçaram, se lascaram mesmo.

Depois daquele dia não fez mais bolo de cenoura com cobertura de chocolate, uma delícia para apaixonar os corações mais amargos. O café de fim de tarde aos sábados, os curtos passeios de bicicleta e as pinturas das subjetividades da vida com têmpera sobre papel foram encaixotadas para as profundezas do vá se lascar.

O tempo passou e o vá se lascar ganhava mais sentido, a respiração recebia o contorno de tranquilidade e o ar parecia pintado de liberdade com as cores mais fortes. Tudo indicava que foi libertador, aquela ação intempestiva.  

Como todas as cartas de amor são ridículas, com atesta Campos, de Pessoa, vá se lascar, são como todas as cartas de amor.

Nos dias mais cinzentos, em que o coração pede socorro e a saudade bate, a vagareza se instala,  é possível notar a roseira encarnada e ponteada de espinhos, os olhos se fazem cacimba e ela sempre esquece do vá se lascar.

Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre racismo no Brasil

 

Chimamanda Ngozi. (FOTO |Reprodução).

A escritora é mãe de uma menina, também falou sobre feminismo: ‘Vou ter que ensiná-la que raça não a define. E também sobre as pessoas que são racistas, que isso é problema delas’.

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que tem livros traduzidos em mais de 30 idiomas e se tornou um ícone contemporâneo, veio ao Brasil neste fim de semana e falou para três mil pessoas no “Ler – Festival do Leitor”, no Rio de Janeiro.

Aos 43 anos de idade, ela já foi parar em coleção de moda, estampando camisetas e bolsas. E também na música “Flawless”, de Beyoncé, que reproduziu trechos de uma das palestras mais famosas da escritora.

Ela carrega o poder da palavra que arrasta multidões. Para se ter uma ideia, os três mil ingressos disponíveis para o evento no Rio acabaram em 45 minutos.

Estou muito feliz em estar aqui. Sinto uma conexão com o Brasil e gostaria de falar português, o português brasileiro”, afirma Chimamanda.

Quando tinha 19 anos, ela desembarcou nos Estados Unidos, onde se formou em Ciências Políticas e Comunicação. Foi aí que ela se descobriu negra.

Esta é a segunda vez que Chimamanda vem ao Brasil

Na primeira visita, em 2008, a escritora ficou surpresa com a ausência de negros em espaço de poder. Ela acredita que o Brasil é uma Nigéria, só que com estradas melhores.

Eu me lembro de ter ficado impressionada com a ausência de pessoas negras. Então disse para as pessoas ao meu redor: ‘Onde estão os negros?’. Acho que é algo que deveria mudar só porque se você vive em uma democracia, a ideia de democracia é que todos devem ser representados”, diz.

O combate ao racismo e ao machismo também é destaque no livro “Para Educar Crianças Feministas”, escrito em formato de uma carta de Chimamanda para uma amiga que acabou de se tornar mãe de uma menina. Trata-se de um guia que traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças.

A gente sabe que os homens, enquanto grupo, têm poder. Mas acho que, como indivíduos, esse patriarcado em que vivemos também é ruim para eles. Os meninos crescem e se tornam homens que não têm nenhuma conexão real com seus “eus” emocionais. É ruim para todos”, afirma.

O guia foi escrito antes de Chimamanda se tornar mãe de uma menina.

Minha filha tem apenas 6 anos, mas é uma menininha muito feroz. Ela tem as opiniões dela, sabe quem é e eu sou muito grata”.

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Com informações da Revista Raça.