A sensação do tempo perdido


Os Carta chegaram a São Paulo da Itália em agosto de 1946, o casal Giannino e Clara, os filhos Luis e Mino. O pai atendia ao chamado de Chiquinho Matarazzo, filho do fundador Francisco, para orientar a reforma da Folha de S.Paulo, da qual o conde tinha maioria acionária. Giannino era um jovem jornalista de 41 anos que preferiu o Brasil à direção do principal jornal de Gênova, II Secolo XIX.

A família vinha da Guerra, durante a qual Giannino fora sequestrado e encarcerado pelos janízaros de Mussolini, no melhor estilo instaurado no Brasil pelo Tribunal do Santo Ofício de Curitiba. Ao escolher a proposta de Matarazzo, Giannino viu no Brasil a terra prometida e segura, diante do que temia, um novo conflito mundial. De fato, se deu, mas foi a Guerra Fria.

Mal chegou a família, o projeto de Ma-tarazzo se desfez, ele não dispunha da maioria absoluta e um pequeno grupo empresarial, muito antes de Frias e Caldeira, entrou em cena e aviou a receita necessária para que outros se apossassem do jornal.

O conde, em compensação, era sócio de outros empresários de origem italiana em uma nova e promissora editora, o Instituto Progresso Editorial, responsável pelo lançamento de muitos autores europeus e dos principais americanos dos anos 20 ainda não traduzidos.

O Brasil era o país do futuro, com todos os méritos que a natureza lhe assegurara, e São Paulo uma cidade bem-comportada de 1 milhão e meio de habitantes e 50 mil carros. O Cadillac do conde Matarazzo ostentava a chapa número 1. Quando os Carta chegaram, os postes da Avenida São João, a grande artéria central, exibiam cartazes gigantescos de Rita Hayworth, protagonista do filme Gilda, em exibição no Cine Marabá. Foi uma acolhida sedutora.

O nome de batismo de Mino é Demetrio, herdado do avô paterno. O menino achava-o pesado demais e passou a ser simplesmente Mino, e assim passou a assinar desenhos, aquarelas, quadros e pequenas telas a óleo, bem como contos relâmpagos, reunidos debaixo do título geral de Esquisitices. Ele queria ser pintor e escritor quando crescesse.

O irmão mais novo, Luis, aos 11 anos já era exímio na máquina de escrever, e como tal cuidou de batucar sobre papel condizente os textos do irmão. Ele queria ser jornalista.

Conto estes momentos da minha vida para explicar como os Carta chegaram confiantes, foram bem recebidos e logo se deram bem. No IPE, meu pai conheceu outro jornalista, Paulo Duarte, que acabou por levá-lo ao Estadão para realizar ali o trabalho que haveria de fazer na Folha. Meu irmão e eu fomos estudar no Colégio Dante Alighieri e a vida fluiu com naturalidade e sem percalços.

E aqui estou agora, a enfrentar a minha Olivetti sem ter atingido em momento algum a eficácia de Luis, a começar pelo fato de que meus dedos têm a inexorável tendência de se inserir entre as teclas com resultados lamentáveis. E assim convoco a memória neste meu ocaso pessoal, ao tentar expor os pensamentos que me tomam neste exato instante.

Fui jornalista por razões mercenárias, embora sempre tenha cultivado ideias opostas às dos patrões. Minha conversão ao jornalismo, digamos assim, consciente e responsável, meu tombo a caminho de Damasco, aconteceu no longo espaço de tempo invadido pela ditadura.

Foi então que percebi a serventia desta complexa profissão sempre que praticada com fidelidade canina à verdade factual e com indomável espírito crítico, na fiscalização desassombrada do poder onde quer que se manifeste.

Durante a ditadura, entendi o valor insubstituível do registro preciso dos fatos e Hannah Arendt tratou de me inspirar. Illo tempore, submetido a uma censura feroz, costumava repetir, para mim mesmo e para quem quisesse ouvir, uma frase da pensadora alemã: “Não há esperança de sobrevivência humana sem haver homens dispostos a dizer o que acontece, e que acontece porque é”.

Houve quem dissesse que eu inventara a segunda parte da passagem do ensaio “Entre o Passado e o Futuro”. Por que é? Que significa isso? Pois é. Hannah Arendt induziu-me também a pensar que o tempo não existe, que a eternidade, se quiserem a imortalidade está em cada átimo da nossa vida registrado para sempre, aparentemente efêmero e no entanto eterno.

Disse átimo, e esta também é medida humana. A vida de cada qual cabe dentro de uma moldura em que entramos por completo, inclusive aquilo que esquecemos. Einstein disse, de resto: “O tempo é a persistente ilusão”.

Neste átimo busco entre o fígado e a alma outro momento igual a este, de desencanto profundíssimo, causado pela situação do País. O golpe de 1964. O golpe dentro do golpe de 1968. A torpe figura que na redação do Jornal da Tarde girava os olhos à procura do pecado. Veja apreendida nas bancas, depois a censura.

O auge do terror de Estado em 69 e começo dos anos 70 e sua retomada nos primeiros anos 80. A derrota das Diretas Já. Sim, foram situações difíceis, não o suficiente, porém, para gerar este atual desencanto. Eu acreditava que ao terminar a ditadura, o País acharia o caminho certo.

O primeiro abalo a esse gênero incauto de fé veio com a chamada redemocratização, uma cilada do destino que sagrou presidente aquele que comandara a rejeição da emenda das Diretas. E me fez pensar na atualidade do príncipe de Salina, quando sugeria mudar alguma coisa para não mudar coisa alguma. Segundo abalo, a eleição de Collor, com o apoio da mídia nativa, a denominá-lo “caçador de marajás”.

Terceiro, o governo de Fernando Henrique, senhor da “estabilidade”, do triunfo do neoliberalismo à brasileira, da reeleição comprada, da maior bandalheira da história (a privatização das comunicações), da míngua das burras do Estado e da falência do Brasil.

Voltei a visitar a esperança com a eleição de Lula, e CartaCapital o apoiou, sem restrições quase sempre, tanto mais em meio ao “mensalão” e da primeira campanha de Dilma Rousseff, embora ele tenha acreditado na famigerada conciliação e aderido, ao menos em parte, ao neoliberalismo, sem detrimento do nosso apoio na sua segunda eleição e nas duas de Dilma. Reconhecemos em Lula o único presidente capaz de dar passos importantes no plano social e de afirmar a independência do País no plano internacional.

Nunca como neste átimo eterno, e nos que virão a me dizer que sou, o País me pareceu tão distante daquele que conheci ao chegar 71 anos atrás. A casa-grande e a senzala então ainda estavam de pé e havia um Brasil risonho e outro muito triste, e resignado na sua tristeza, mas era razoável imaginar que a Idade Média tivesse os dias contados.

Hoje voltamos a tempos muito anteriores aos da minha chegada, sofremos um golpe desfechado pelos próprios Poderes da República com a indispensável contribuição da propaganda midiática e o apoio de setores da Polícia Federal. Há autênticas quadrilhas no poder, a serviço da casa-grande, a qual nunca viveu fase tão favorável, de prepotência, arrogância e irresponsabilidade.

Que esperar de 2018? Como acreditar que Lula não seja condenado na segunda instância e que os golpistas, até hoje tão bem-sucedidos na operação de desmonte do País, se disponham a entregar a Presidência a um candidato de oposição? Nestas condições, até o pleito presidencial está em xeque.

O que pode detê-los? À medida que a crise e o desequilíbrio social se aprofundam e o projeto de saque do País avança, os quadrilheiros serão derrotados por seus próprios desmandos. Neste contexto o desafio de Lula à injustiça e ao insano desgoverno ganha uma extraordinária grandeza, na sua determinação de ir até as últimas consequências. E com ele estamos, na certeza de que seu gesto dará frutos, a partir do fato de que cala fundo e mais calará.

Constato, bastante além da mera melancolia, que o Brasil de hoje regrediu brutalmente em relação àquele que conheci faz quase 72 anos, e a sensação dolorosa é a do tempo perdido. Temo que o País tenha assumido o rosto, melhor, a catadura que merece. O desafio exemplar de Lula, no entanto, e estranhamente, me anima em meio ao desencanto, quaisquer venham a ser seus resultados. (Por Mino Carta, do CartaCapital).

Mino Carta. (Foto: Reprodução).

Papa Francisco denuncia “traidores” corrompidos “pela ambição ou pela vaidade” no Vaticano


A denúncia papal não tem meios termos: no Vaticano existem “traidores” corrompidos “pela ambição ou pela vaidade”, além de complôs que são como um “câncer” a ser erradicado.

Dom De Mérode dizia que “fazer reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes”, e Francisco, tendo chegado ao seu quinto ano de trabalho nas reformas e ao seu quinto discurso para os votos natalícios aos colaboradores romanos, explica que “uma Cúria fechada em si mesma estaria condenada à autodestruição”.

O Papa Bergoglio, no seu discurso, lembra que a Cúria deve estar aberta ao mundo, e isso é “muito importante superar aquela lógica desequilibrada e degenerada dos complôs ou dos pequenos círculos que, na realidade, representam – apesar de todas as suas justificativas e boas intenções – um câncer que leva à autorreferencialidade”, um mal a ser derrotado porque ele “também se infiltra nos órgãos eclesiásticos e, em particular, nas pessoas que atuam na Cúria”.

Depois, o bispo de Roma advertiu com dureza contra o “perigo” constituído pelos “traidores da confiança” ou pelos “aproveitadores da maternidade da Igreja”. Quem são eles? Bergoglio parece ter presente casos bem precisos: ele os define como “as pessoas que são cuidadosamente selecionadas para dar um maior vigor ao corpo e à reforma, mas – não compreendendo a altura da sua responsabilidade – se deixam corromper pela ambição ou pela vaidade”.

Além disso, quando são “delicadamente afastadas, autodeclaram-se erroneamente mártires do sistema, do ‘papa desinformado’, da ‘velha guarda’… em vez de recitar o ‘mea culpa’”.

O papa, no entanto, não esquece “a grande parte, a maioria de pessoas fiéis que trabalham com louvável compromisso, fidelidade, competência, dedicação e também santidade”.

Depois, explica que a Cúria deve funcionar como uma antena e deve captar as reivindicações, as demandas, os pedidos, os gritos, as alegrias e as lágrimas das Igrejas de todos os continentes, a fim de transmiti-los ao bispo de Roma.

Francisco listou alguns âmbitos de trabalho, começando pela relação com as nações.

A Santa Sé é uma construtora de pontes e, estando a sua diplomacia a serviço, “se empenha em ouvir, em compreender, em ajudar, em levantar e em intervir pronta e respeitosamente em qualquer situação para aproximar as distâncias e para tecer a confiança”.

O único interesse da diplomacia vaticana é “o de estar livre de qualquer interesse mundano ou material”. Também por isso “foi criada a Terceira Seção da Secretaria de Estado”, que se ocupará dos núncios apostólicos, ou seja, dos embaixadores da Santa Sé no mundo.

Depois dos cardeais e prelados, o papa recebeu os empregados da Santa Sé, ao quais pediu desculpas porque “nós – eu falo da ‘fauna clerical’ – nem sempre damos o bom exemplo”. E advertiu: é preciso agir para que, no Vaticano, não haja mais “trabalhos e trabalhadores precários” ou “irregulares”. (Com informações do DCM e do Unisinos).

Papa Francisco durante audiência geral na Praça de São Pedro, no Vaticano 16/11/2016. Reuters/ Alessandro Biachi.

Humanizar o Brasil


Sim, talvez este seja o nosso maior desafio no ano que se inicia. Humanizar o Brasil: Humanizá-lo no sentido de torná-lo mais humano, afável, tratável. Mais polido e civilizado, menos intolerante e animalizado.

Zulu Araújo. (Foto: Reprodução/ Revista Raça).
Digo isto, pois a brutalidade, o ódio, a intolerância e a violência tem se disseminado de tal forma em nosso país que nos dá medo. Medo de ser sincero, de ter opiniões, de se posicionar. Medo até mesmo de escutar o outro. O momento é tão grave, que as desigualdades, as discriminações e exclusões, sejam elas de que ordem for estão sendo naturalizadas e apresentadas por nossos algozes como algo intrínseco a nossa existência humana e não como uma contingência fruto dos nossos atos.

No campo da violência racial, por exemplo, os números são tão chocantes que até mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) assustou-se e chamou para si a responsabilidade de alertar a sociedade brasileira sobre a monstruosidade que está ocorrendo em nosso país, criando a Campanha intitulada Vidas Negras, cujo objetivo é chamar a atenção e sensibilizar atores estratégicos dentro da sociedade para enfrentar e superar esta tragédia nacional.

Neste sentido, volto a afirmar, os dados são chocantes, senão vejamos: Pesquisa  recentemente divulgada pela UNICEF indicam que se nada for feito, mais de cem mil jovens negros entre 15 e 29 anos serão assassinados no Brasil até o ano de 2021. Ainda assim, segundo outra pesquisa realizada pelo Senado Federal, 56% da população brasileira afirma de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco”. É o exemplo mais contundente da desumanização da sociedade que vivemos, melhor dizendo do racismo entranhado em nossos corpos e mentes.

Inúmeras instituições e movimentos sociais tem se debruçado sobre esta questão e apresentado um cardápio variado de soluções, dentre elas a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, liderada pela Senadora Lídice da Mata, da Bahia. A CPI elencou três ações consideradas fundamentais e uma recomendação para darmos um basta a este morticínio: a) Criação de um Plano Nacional de Redução de Homicídios de Jovens. B) Transparência de dados sobre segurança pública e violência. c) Fim dos autos de resistência (termo utilizado por policiais que alegam estar se defendendo ao matar um suspeito). E ao final a desmilitarização das polícias.

Como podemos ver, há caminhos a serem percorridos e soluções à vista se os poderes da república (Executivo, Legislativo e Judiciário), saírem da sua inércia desumanizadora e resolverem tratar a questão da violência no Brasil enquanto prioridade. Claro que para tanto, a sociedade brasileira terá que se manifestar e mobilizar,  em particular os setores mais atingidos que é a população negra.

Por isto mesmo, considero que em 2018, uma das formas de humanizarmos o nosso país é participar ativamente do processo de escolhas dos nossos futuros representantes, seja em que nível for e cobrar, nos seus programas políticos, nas suas plataformas de trabalho ou nas suas propostas eleitorais, o compromisso com a vida – no caso a vida da juventude negra. Não podemos aceitar, nem considerar normal que representantes de grupos de extermínio, racistas, intolerantes, machistas e psicopatas de plantão se elejam e nos representem afirmando que isto é em nome da lei, da ordem e dos bons costumes.

Enfim, humanizar a política, os políticos e suas relações com a sociedade é fundamental para que saíamos dessa armadilha que estamos enredados. (Por Zulu Araújo, na Revista Raça).


Com chegada de Bolsonaro, grupos livres deixam o PSL


A entrada do deputado federal Jair Bolsonaro no PSL e a confirmação feita pelo presidente nacional do partido, Luciano Bivar, de que ele será o candidato da legenda à Presidência da República provocou a primeira baixa de grande porte na legenda. O grupo Livres, de tendência libertária, que controlava 12 diretórios estaduais do PSL, disse, em nota, que está se desligando do partido.

"É com extremo pesar que comunicamos a saída do Livres do Partido Social Liberal", diz a nota do Conselho Nacional do grupo. "A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada à revelia dos nossos acordos, é inteiramente incompatível com o projeto do Livres de construir no Brasil uma força partidária moderna, transparente e limpa", completa o texto.

Sergio Bivar, filho do presidente nacional da legenda e que faz o elo de ligação entre o Livres e o partido, também emitiu nota criticando a entrada de Bolsonaro no PSL e disse que está avaliando se irá se desfiliar da legenda. (Com informações do Brasil 247).


Bolsonaro chega no PLS e já causa baixa na legenda. (Foto: Reprodução/ Brasil 247).

Bolsonaro e os estupromaníacos


Há algo de extremamente doentio na relação da extrema direita com o crime de estupro, embora isso não seja, exatamente, uma novidade.

Na horripilante alegoria do fascismo feita pelo cineasta Paolo Pasolini, em 1975, “Saló ou 120 dias de Sodoma”, um grupo de jovens, homens e mulheres, é sequestrado por militares fascistas para ser brutalizado e submetido a todo tipo de sevícia sexual.

No filme, as cenas de sadismo, escatologia e tortura são o pano de fundo para as sequências de estupro, um instrumento de dominação presente em todas as masmorras de governos autoritários, uma arma de guerra de todos os exércitos – um método de terror que nunca se perdeu no tempo.

No Brasil, o uso do estupro para aterrorizar e torturar presos políticos, sobretudo as mulheres, tornou-se um legado patológico da ditadura militar transformado em um incontrolável desejo sexual pelos psicopatas de direita. Ora pensado como instrumento de vingança, ora como punição necessária aos que não rezam pela cartilha fascista.

As poucas pessoas que conheço adeptas do pensamento fascista, além das muitas que percebo por meio das redes sociais, veem no estupro de presos (políticos ou não) uma ação quase que necessária, única forma de tornar exemplar uma punição baseada somente em sentenças de prisão.

Dessa forma, para essas pessoas, não basta que Lula seja preso, é preciso que, uma vez na cadeia, ele (e todos os petistas, comunistas, ateus, abortistas, gays) também sofra sevícias sexuais severas, exemplares. Uma patologia morbidamente freudiana imaginada como dor e punição para o outro, mas como óbvia fonte de prazer doentio para quem a deseja.

Jair Bolsonaro, processado no Supremo Tribunal Federal por incitação ao estupro da deputada Maria do Rosário (PT-RS), reúne em si e em torno de seus seguidores todas as variáveis dessa patologia.

Ao votar pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Bolsonaro fez questão de homenagear o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, a besta fera que torturava presos políticos no DOI-CODI de São Paulo, nos anos 1970.

Lá, Ustra colocava ratos nas vaginas de mulheres e organizava sessões de estupros para aterrorizá-las. Ato contínuo, colocava as próprias filhas para brincar com as presas recém-seviciadas, como denunciou, no histórico artigo “Brinquedo macabro”, o jornalista Moacyr Oliveira Filho, o Moa.

Ustra era um demente monstruoso.

Por essa razão, não deixa de ser coerente que os admiradores de Jair Bolsonaro (e, por extensão, de Brilhante Ustra), hidrófobos alimentados por uma ração permanente de ódio, ignorância e intolerância, infestem as redes sociais para comemorar o assalto sofrido por Maria do Rosário. E, mais ainda, demonstrar imenso descontentamento por ela não ter sido estuprada.

Trata-se de uma matilha adestrada pela narrativa que relaciona Direitos Humanos à defesa de bandidos. Uma deformação de pensamento que, infelizmente, revela a precariedade da educação básica brasileira, principalmente nessa classe média iletrada e reacionária que, hoje, sustenta a candidatura de um idiota que comemora um assalto e torce pelo estupro de uma mulher. (Por Leandro Fortes, na Revista Fórum).