URCA conquista Mestrado Profissional em Educação


A Universidade Regional do Cariri (URCA) obteve mais uma conquista: a provação do Mestrado Profissional em Educação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Um dos mais esperados da Instituição, o tão aguardado resultado do projeto foi publicado no final da tarde de ontem (05/01) pela CAPES.
Do site da URCA

O novo curso tem como proposta contribuir, de forma geral, para a melhoria da qualidade da educação básica ao possibilitar continuidade formativa de docentes atuantes na educação básica. O Reitor da URCA, professor José Patrício Melo, agradeceu à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa e a equipe de elaboração da proposta pelos esforços empreendidos. “A Urca mais uma vez sai na frente para consolidar a melhor política de desenvolvimento regional inclusiva”, afirmou.

A Pós-Graduação terá como área de concentração “Formação de Professores” e linhas de pesquisa “Práticas Educativas, Culturas e Diversidades” e “Formação de Professores, Currículo e Ensino”. O curso ofertará 20 vagas por seleção. A grade curricular e o calendário deverão ser definidos nas próximas reuniões. Essa aprovação representa o 9º Curso de Mestrado da URCA.


Após pressão, Ministério dos Transportes retira propaganda racista



O Ministério dos Transportes vai retirar a polêmica propaganda sobre segurança no trânsito “Gente boa também mata”.

Por Douglas Belchior, em seu Blog

O Ministro Maurício Quintella afirmou que os cartazes mais polêmicos deverão ser retirados, sem no entanto, dizer quais seriam. Na próxima semana novas peças devem ser veiculadas na TV, com a promessa de que terá um conteúdo diferente do atual.

A notícia foi confirmada através do Twitter da Secretária de Promoção da Igualdade Racial, comandada pela desembargadora aposentada Luislinda Valois (PSDB-BA).

A grande e negativa repercussão nas redes sociais levou o governo a recuar.

Este Blog publicou uma rápida análise de uma das peças da campanha, onde um jovem negro é exposto ao lado da frase em letras garrafais “O melhor aluno da sala pode matar”.

De fato, segundo a maioria das análises de especialistas e manifestações nas redes sociais, a campanha foi infeliz e equivocada. Ela desvaloriza ações nobres de solidariedade e as relaciona a irresponsabilidade e homicídios. Sobretudo seu resultado parece representar objetivamente o que a parcela mais conservadora da sociedade, muito bem representada por este governo, pensa sobre a comunidade negra e sobre as condutas proativas, comunitárias e solidárias das pessoas.

Seguiremos acompanhando.


No 3º dia como vereador, Holiday do MBL quer acabar com Dia da Consciência Negra



No terceiro dia como vereador de São Paulo, Fernando Holiday (DEM), líder do grupo direitista MBL, disse que vai apresentar uma proposta para revogar o Dia da Consciência Negra, data celebrada em 20 de novembro. O vereador também disse em entrevista à TV Câmara nesta quarta-feira que vai propor o fim das cotas raciais em concursos públicos municipais da capital paulista.

Em novembro do ano passado, Holiday publicou no facebook que é "um absurdo" existir uma data como o Dia da Consciência Negra, que "homenageie um homem assassino escravagista”. Tal declaração sim é um grande absurdo, pois o dia 20 de novembro foi escolhido como homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, maior quilombo brasileiro que esteve a frente da resistência contra o tráfico de africanos e a escravidão negra, e foi assassinado neste dia justamente devido a sua luta contra a escravidão.

Fernando Holiday ainda afirmou que levará suas propostas de campanha a frente, que são as propostas da direita racista, machista e LGBTfóbica do MBL. "Vou ter propostas de várias frentes, algumas delas mais polêmicas, como propor o fim das cotas raciais em concursos públicos municipais em São Paulo", explicou na TV Câmara.

O vereador recém eleito, assim como seu grupo MBL, que já investigamos aqui no Esquerda Diário, e também seu partido DEM e toda sua direita misógina e racista aliada, não possuem nenhum interesse em de fato combater o racismo e nem nenhuma forma de opressão. Fernando Holiday surge como uma figura jovem, carismática, negro e homossexual, para ajudar a direita a “surfar na onda” da representatividade - que vem ganhando força principalmente no movimento negro e de mulheres - e assim ganhar a confiança desses setores oprimidos para fazer a política da direita dentro da câmara.

Mais uma vez o discurso da representatividade mostra suas debilidades. A direita consegue se apropriar das demandas democráticas mais latentes dos setores oprimidos e colocar um jovem negro em evidência para defender políticas racistas, uma grande contradição que só é possível quando a opressão é vista de maneira isolada e completamente descolada de elementos de classe.

O Dia da Consciência Negra foi uma conquista do movimento negro para que a resistência contra a escravidão não seja apagada da história do país, sendo feita a partir da memória de Zumbi dos Palmares. Assim como as cotas, que não são reparação histórica, mas representam também uma conquista do povo negro, que estatisticamente (e visivelmente) é o que ocupa os postos de trabalho mais precários, enche as filas do desemprego e as celas da prisão e possuem menor acesso à educação de qualidade. Tanto o Dia como as cotas são medidas elementares que dão um bem pequeno passo em escancarar que a escravidão brasileira acabou oficialmente, mas em seguida os negros foram jogados nas favelas e empregos precários, pagando o custo do racismo institucional até hoje.

Fernando Holiday não representa o povo negro. Não representa LGBTs. Apenas representa a direita ao dizer que a resistência negra é que reforça o racismo, falando da necessidade de uma “consciência humana”, discurso comum dos racistas. Ora, se vivemos em um país onde negros são maioria populacional, mas ínfima minoria nas classes mais altas, entre os ricos, empresários e políticos, e a maioria assassinada pelas armas da polícia e do Estado – inclusive crianças – onde entra a ideia de que todos somos iguais e humanos, e a cor da pele não pode influenciar nisso? Esses são os argumentos de Holiday para suas propostas, mas a realidade mostra na prática que a cor da pele tem sim seu significado quando Rafael Braga segue preso por carregar um pinho-sol, mas racistas destilam seu ódio e violência livre e impunemente.

A cor da pele negra para o povo negro significa resistência, e as propostas do MBL servem apenas para tentar tirar do movimento negro as poucas conquistas arrancadas com muita luta. Mas a resistência continua e se organiza, com os trabalhadores e a juventude, contra o racismo e todas as formas de opressão que o capitalismo se apropria para seguir nos explorando mais e mais. Não aceitaremos perder as parcas conquistas, e seguiremos em luta por muito mais, até derrubar não apenas Holidays, MBL e sua direita, mas para colocar fim no racismo, machismo, LGBTfobia e todas as formas e opressão e exploração. Holiday quer nos intimidar, quer nos calar, mas seguiremos, até que caia o capitalismo.




A TV brasileira e a carinha de anjo branca



Negar o Brasil nunca foi novidade na telinha brasileira.

Quando o assunto é programação infantil, a situação é ainda mais clara.

Falta representatividade.

Recentemente, o SBT lançou o remake Carinha de Anjo e a novela já é sucesso entre meninas e meninos do País.
Por Donminique Azevedo, no Correio Nagô

Carinha de Anjo é uma versão nacional da trama mexicana (“Carita de Ángel”), exibida no Brasil entre 2001 e 2002.

Diversas adaptações foram feitas em relação à história original, inclusive núcleos novos foram criados.

No entanto, a maioria do elenco é branca e a única criança negra aluna do colégio de freiras não tem voz.

No primeiro capítulo – aquele utilizado para apresentar as personagens – a garota não tem nome, não fala e pouco aparece. Não tem papel.

Numa busca pelo site da emissora, na seção “personagem”, a menina negra também não aparece.

Fato é que crianças negras da faixa etária da Carinha de Anjo – personagem principal interpretada por uma criança branca – não contam com representatividade.

Mesmo considerando que outros atores negros participem da novela, a invisibilidade negra no núcleo de maior interesse da audiência infantil (o núcleo infantil) é um problema no processo de construção de identidade de meninas e meninos negros.

Permanece a construção de uma identidade de “branquitude”. Do anjo branco. Da beleza branca.

É imensurável o espaço que os meios de comunicação ocupa na sociedade brasileira.

Assim sendo, a teledramaturgia precisa estar mais atenta, uma vez que os limites entre ficção e realidade não têm fronteiras definidas, principalmente no que diz respeito à infância.

A telenovela não acaba quando o controle remoto é acionado. Pelo contrário, durante os meses que está no ar, desperta interesse e envolvimento através dos vários canais de mídia.

É assunto na escolinha. É um produto à venda, consumido não só por crianças brancas, mas também por negras.

A TV pode e deve ser mais diversa, afinal os danos causados pela difusão de uma história única podem ser irreversíveis.

CCo Public Domain

Jesus Cristo ou Bolsonaro?



A corrida presidencial já começou e o ano de 2018 promete ser quente. Alianças já estão sendo costuradas e não esperem bom senso ou lógica nas parcerias que irão se formar. Hoje tomei conhecimento de que o deputado federal Jair Bolsonaro declarou que busca o apoio do pastor Silas Malafaia para chegar ao planalto. Segundo matéria publicada no jornal Extra, o mito ideológico dos desesperados diz que há dez anos mantêm uma relação de amizade com Malafaia, a quem classificou como um cara excepcional.
Por Nêggo Tom, no 247

Mas por que o apoio de um pastor evangélico é tão importante para um candidato à presidência? E logo um candidato que se declara favorável a pena de morte e a tortura, pensamentos que não deveriam ser compartilhados por cristãos. Silas Malafaia já sinalizou que simpatiza com as idéias de J.B, mesmo que elas sejam o oposto dos ensinamentos de J.C, a quem ele jura que segue e obedece. E ai de quem duvidar e ousar a tocar nesse ungido do senhor. Já sabemos que Dom Silas muda de opinião e de lado de acordo com a oferta depositada na sua conta. Não se assustem se ao invés da Bíblia, Malafaia comece a recomendar a leitura do "Mein Kampf" aos seus fiéis, prometendo um Brasil puro, abençoado, próspero e livre da raça esquerdopata, a quem votar em Bolsonaro para presidente.

O deputado afirma que: "Se a gente fechar com os evangélicos, minha candidatura ganha musculatura", o que me leva a crer que ele pretende usar o segmento religioso como anabolizante para fazer crescer as suas raquíticas chances de chegar à presidência. Vale lembrar que Bolsonaro foi batizado pelo pastor Everaldo nas águas do Rio Jordão (São João Batista pira no túmulo), numa espécie de iniciação político-religiosa, visando entronizar no ideológico político-cristão dos fiéis, um novo Messias que em nome de Deus, libertará o país de todo o mal e restabelecerá a ordem, a moral e os bons costumes. E não é que o segundo nome do Capitão é Messias? Nesse caso, qualquer semelhança, é sim mera coincidência. Eu fico tentando imaginar o q ue Jesus Cristo deve achar disso.

Vale lembrar ainda, ou talvez seja melhor nem lembrar, que o provável vice na chapa de Bolsonaro é o deputado e também pastor Marco Feliciano, recentemente acusado de estupro por uma jovem seguidora sua. Nada foi provado contra o pastor e a jovem que o acusava acabou sendo taxada como louca e mito maníaca. Mito? Mania? Mas se quem tem mania de criar mitos é doente....Bom! Deixa isso pra lá! Na mesma matéria do Extra, Bolsonaro diz que só não fará barganhas para ter o apoio de Malafaia e dos evangélicos e antecipou que não abre mão de ter um General 4 estrelas no ministério da defesa e de alguém conservador para cuidar da cultura e da educação. Um censor, quem sabe?

Bolsonaro só não traçou o perfil de quem assumirá os cargos de carrasco e de torturador em seu possível futuro governo. Pretendentes ao cargo não irão faltar e temos muitos "cidadãos de bem" com competência e cheios de vontade para exercer tais funções. Apenas precisam de uma oportunidade. Talvez até algum "cristão ungido por Deus" seja escolhido para ocupar um desses cargos. O certo é que o governo Bolsonaro pode ser tanto um divisor de águas, quanto um simples embarque em mares já antes navegados, cujo naufrágio é tão certo quanto a sua não eleição.

É claro que não devemos subestimar a sua candidatura. É inegável que os simpatizantes ao seu discurso são numerosos. O assassino de Campinas era um deles. Mas será que a essa altura do campeonato, precisamos mesmo de uma mentalidade como a de Jair Bolsonaro? A cultura do ódio, o remake do "Dente por dente. Olho por olho" e a reinvenção do pau de arara, trarão de volta a paz, a justiça e a igualdade social dos quais tanto necessitamos? O cerceamento da liberdade de expressão do cidadão, por conta da vaidade e da fanfarronice de um ditador, nos fará retomar o crescimento ou nos fará retornar "10 casas" atrás no caminho do progresso das conquistas populares?

O projeto de poder dos fascistas, conta com o apoio de algumas religiões e de seus líderes midiáticos. Ávidos por glória e poder e ansiosos em transformar o Brasil numa nação de ovelhas emburrecidas, subalternas e dizimistas, eles alienam os seus seguidores e os fazem crer que Deus está por trás de suas indicações. Mas se você se considera um verdadeiro cristão, jamais votará em Bolsonaro ou em qualquer outro que tenha o apoio dessa plêiade sacana e manipuladora da fé, que deturpa os ensinamentos bíblicos em benefício próprio e atribui a si mesmo uma unção que Deus não lhes destinou e nunca lhes destinará.

Bolsonaro, além da exaltação tortura e da instituição da pena capital, prega o armamento da sociedade, o fim das políticas afirmativas e a falsa meritocracia. A mesma meritocracia que fez com que os seus três filhos seguissem a mesma carreira política do pai, sem que esse tivesse influência alguma na eleição dos mesmos. Sem ele, eles conseguiriam se eleger de qualquer forma. Apenas por méritos próprios. Sei. Uma boa parte da nossa sociedade ainda é carente de heróis e dependente de alguém que lhes conduza. Ainda que esse alguém os conduza a um precipício, onde se sacrifica a liberdade, a tolerância, o respeito às diferenças, a igualdade e a empatia com a limitação e a dificuldade do outro.

A Bíblia diz que no final dos tempos o amor de muitos se esfriará, mas eu rogo para que não esfrie tanto a ponto de se deixar orientar por Silas Malafaia e eleger Bolsonaro presidente.

O que menos queremos e merecemos, é que o apocalipse comece por aqui.

Amém?


Conheça a Trajetória Intelectual de Marc Bloch



Escrever sobre a trajetória de uma pessoa não é tarefa fácil, ainda mais quando se trata de um cânone da historiografia francesa. Mais do que apenas o autor de Apologie pour l’histoire, Marc Bloch é o símbolo de uma renovação historiográfica, que teve seu alvorecer na década de 1920, e da luta contra o nazismo na segunda guerra mundial. Mas, para além do mito, quem foi Marc Bloch?


Nascido no dia 06 de julho de 1886, na cidade de Lyon, na França, Marc Bloch foi, desde cedo, incentivado a seguir uma vida de estudos, por influência de seu pai, Gustave Bloch, um historiador especialista em epigrafia, que tinha forte apego por questões relacionadas à história romana e uma grande admiração pelo trabalho de Fustel de Coulanges[1]. Realizou seus estudos secundários no liceu Louis-le-Grand, um dos mais prestigiados de Paris, ingressando, logo em seguida, no ano de 1904, na École Normale Supérieure, uma das principais instituições de pesquisa científica na França, que, além de Marc Bloch, tem em seu histórico a passagem de outros grandes intelectuais, como Émile Durkheim, François Simiand, Lucien Febvre, Michel Foucault e Pierre Bourdieu. Marc Bloch direcionou seus estudos à História e à Geografia, formando-se em 1907. No ano seguinte foi aprovado no concurso d’Agregation d’Histoire et de Geographie,

o concurso mais alto do ensino francês ao qual os professores do segundo grau podem tornar-se professores do ensino superior”[2].

Bloch teve uma formação de primeira qualidade. Este pode ser um indício para entender o sucesso acadêmico que ele alcançou no decorrer de sua vida.

Sua carreira profissional teve início na década de 1910, quando atuou como professor no Lycée de Montpellier e no Lycée de d’Amien. Já é possível observar, neste momento, a preocupação que Bloch tinha com os métodos da história, pois foi no Lycée d’Amien que ele pronunciou sua famosa aula intitulada Critique Historique et Critique du Témoignage (Crítica Histórica e Crítica do Testemunho), na qual mostrou que a interpretação de um documento histórico é mutável.

Não demorou muito tempo para que Marc Bloch se destacasse no ensino secundário e fosse convidado para lecionar no ensino superior. Sua primeira experiência data de 1919, quando ficou encarregado do curso de História da Idade Média, na Faculdade de Letras da Universidade de Estrasburgo.

Neste período, Bloch estava terminando a sua tese de doutorado, que tinha sido interrompida por causa de sua participação na primeira guerra mundial. Ela acabou sendo publicada no ano de 1920, com o título Rois et serfs: un chapitre d’histoire capétienne. Conforme Caroline Fink,

em sua tese de doutorado, Bloch estudou o desaparecimento do servo nas regiões rurais da Ilha de França, nos séculos XII e XIII. Seu método consistiu em investigar todos os arquivos senhoriais e eclesiásticos disponíveis; o seu objetivo era produzir a primeira análise sistemática dos aspectos sociais, econômicos e legais da libertação de servos em uma zona delimitada”[3].

A partir de então, Marc Bloch iniciou uma jornada de pesquisas e publicações, alavancando sua carreira no cenário acadêmico. Foi neste ritmo que ele publicou, em 1924, uma de suas principais obras, “Os Reis Taumaturgos”, além de ser nomeado titular da cadeira de História da Idade Média, na Universidade de Estrasburgo, em 1927,  e fundar, em 1929, juntamente com Lucien Febvre, a Revue Annales d’Histoire Économique e Sociale, da qual foi diretor até 1940.

Na década seguinte, Marc Bloch se tornou professor de História Econômica na Universidade de Sorbonne, uma das principais instituições de ensino de Paris, e publicou as obras  Les Caractères originaux de l’histoire rurale française, em 1931, e o primeiro tomo de “A Sociedade Feudal”, em 1939.

Cada vez mais consolidado no cenário acadêmico, Bloch entrou na década de 1940 no auge de sua carreira. Entre os anos de 1941 e 1943 começou a redigir aquela que viria se tornar a sua obra mais conhecida, Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Entretanto, por conta da perseguição nazista, Bloch, que era judeu, não conseguiu terminá-la, e entrou na clandestinidade, aderindo ao movimento Franc-Tireur. Infelizmente, no dia 8 de março de 1944, Marc Bloch foi preso e torturado pela Gestapo, sendo assassinado em 16 de junho de 1944, na cidade Saint-Didier-de-Formans.

Marc Bloch morreu como um mártir, um símbolo da luta contra a crueldade e a intolerância praticada pelo nazismo. Embora seja passível de crítica, como qualquer obra, seu trabalho influenciou gerações de historiadores e, sem dúvida, continua influenciando até os dias atuais. Para terminar este breve texto, compartilho um trecho de sua obra Apologia da História:

(“O passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa”).

REFERÊNCIAS

BLOCH, Marc. Apologia da história ou O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

DELACROIX, Christian; DOSSE, François; GARCIA, Patrick. Correntes históricas na França: séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2012.

DUBY, George. BLOCH, Marc (1886–1944). Encyclopædia Universalis. Disponível em: https://goo.gl/sz0btN

DURKHEIM, Émile. Evolução Pedagógica. Trad. Bruno Charles Mange. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

ÉCOLE NORMALE SUPERIEUR. Disponível em: https://goo.gl/7TBBUo

FINK, Caroline. Marc Bloch: une vie au service de l’histoire. Lyon: Pul, 1997.

MARC Bloch et L’Étrange Défaite – Repères chronologiques. Disponível em: https://goo.gl/OhHrW4

NOTAS

[1] Fustel de Coulanges foi um dos grandes nomes da historiografia francesa do século XIX. Sua principal obra, A Cidade Antiga, é editada até os dias atuais. Para conhecer mais sobre a sua trajetória, leia: HARTOG, François. O Século XIX e a História: o Caso Fustel de Coulanges. Rio de Janeiro: Ed UFRJ, 2002.

[2] DURKHEIM, Emile. Evolução Pedagógica. Trad. Bruno Charles Mange. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, p. 3.

[3] Tradução livre do trecho: “Dans sa thèse de doctorat, Bloch cherche à étudier la disparition du servage dans les régions rurales de l’Île-de-France, aux XII° et XIII° siècles. Sa méthode est d’enquêter dans toutes les archives seigneuriales et ecclésiastiques disponibles; il espère produir la première analyse systématique des aspects sociaux, économiques et légaux de l’affranchissement dans une zone délimitée”. FINK, Caroline. Marc Bloch:une vie au service de l’histoire. Lyon: Pul, 1997. p. 42.


Retrospectiva 2016: Ellen Page joga na cara de Jair Bolsonaro o que muita gente gostaria de jogar


O deputado federal Jair Bolsonaro (PP) foi confrontado pela atriz canadense Ellen Page no segundo episódio da série documental “Gaycation”.

Durante o filme, a artista mostra como a comunidade LGBT é tratada em diversas partes do mundo. Na cena gravada no Rio de Janeiro, divulgada nesta sexta-feira, o parlamentar afirma que ser homossexual “é comportamental”. Para ele, “se o filho começa a andar com certas pessoas, vai ter aquele tipo de comportamento, achar que aquilo é normal”.

A atriz rebate um dos posicionamentos de Bolsonaro, no qual ele defendia que as famílias devessem bater nas crianças para “tirar” a homossexualidade. “Eu sou gay, então você acha que eu deveria ter apanhado quando criança para não ser gay agora?”, questionou Ellen.

Bolsonaro disse que não interessa se alguém é gay ou não é. Em seguida, o deputado elogia a artista e ainda insinua que poderia cantá-la na rua. “Se eu fosse cadete da Academia Militar das Agulhas Negras e te visse na rua, assobiaria para você”, destacou.

Na entrevista, o deputado ainda explica que quando ele era jovem, “existiam poucos gays”. Ele ainda atribuiu o possível crescimento na comunidade LGBT ao uso de drogas e à presença da mulher no mercado de trabalho.

Quando seu filho é violento, tem que dar um corretivo nele, e ele deixa de ser violento. Por que o contrário não vale?”, ressaltou ainda Bolsonaro. “Com todo o respeito, você foge à normalidade, beira à teoria do absurdo. Você e a sua companheira não geram filhos. Você depende de nós, héteros, homens”, atacou.

Após a divulgação do vídeo, a atriz norte-americana Miley Cyrus postou duas fotos nas quais ela aparece chorando com a situação dos homossexuais no Brasil. “Obrigada, Ellen Page, por mostrar a todo o mundo como eles são tratados”, escreveu.



Jair Bolsonaro e Ellen Page.