GELEDÉS faz 28 anos de luta contra todas as formas de discriminações


GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

Posiciona-se também contra todas as demais formas de discriminação que limitam a realização da plena cidadania, tais como: a lesbofobia, a homofobia, os preconceitos regionais, de credo, opinião e de classe social.

Dessa perspectiva, as áreas prioritárias da ação política e social de Geledés são a questão racial, as questões de gênero, as implicações desses temas com os direitos humanos, a educação, a saúde, a comunicação, o mercado de trabalho, a pesquisa acadêmica e as políticas públicas.

Em todos esses temas, Geledés desenvolve projetos próprios ou em parceria com outras organizações de defesa dos direitos de cidadania, além de monitorar no Portal Geledés o debate público que ocorre sobre cada um deles no Brasil e no mundo.

Na questão racial, Geledés soma-se às lutas dos movimentos negros pela criminalização efetiva do racismo e da discriminação racial em suas múltiplas manifestações na sociedade brasileira, e defende políticas de ação afirmativa nos diferentes campos das políticas públicas como forma de eliminação das desigualdades raciais e promoção e valorização social da população negra.

Nas questões de gênero, Geledés alinha-se à agenda feminista, atuando contra a violência doméstica e sexual contra a mulher, pela realização da igualdade no mercado de trabalho, em defesa dos direitos reprodutivos e direitos sexuais das mulheres, pela descriminalização do aborto, contra os estereótipos e estigmas que se reproduzem sobre as mulheres nos meios de comunicação. No tema da violência contra a mulher, desenvolveu o Aplicativo PLP 2.0, para socorrer mulheres em situação de violência.

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11 motivos pra desacreditar no mito da democracia racial



Novembro: o mês em que muita gente mal informada, com preguiça de pensar e ausente de empatia vai compartilhar uma enxurrada de conteúdo questionável sobre a consciência negra, ou melhor, humana. Porque somos todos iguais, só que não.

Imagem: Brasil 247
É fato que as pessoas negras, nos últimos anos, estão mais conscientes dos seus direitos. Quem é militante se sente cada vez mais empoderado. E vem, mesmo que não tão rápido quanto deveria, conquistando voz e espaço. E por esse motivo, é inaceitável aceitar a mentira propagada na sociedade de que não existe mais preconceito racial. Como brilhantemente disse Gabriel, o Pensador: o racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista. É o que pensa que o racismo não existe.

O dia 20 está próximo. Nada mais apropriado então, do que elencar onze motivos pelos quais sim, é necessário não somente um dia, mas muita conscientização e reflexão a respeito do tema. Pois a escravidão acabou, mas o estigma permanece.

1 - A disparidade no mercado de trabalho: quase não vemos negros trabalhando em eventos e lojas de grife. Em contrapartida, em funções de baixa instrução eles são maioria. Por trás de requisitos como boa aparência (no qual os recrutadores estabelecem um tipo de corpo, cabelo e cor dos olhos, por exemplo) existe um preconceito mascarado;

2 - As mulheres negras estão mais propícias ao celibato involuntário (vulgo solteirice). Nossa cultura machista as coloca como frutas exóticas para mera apreciação. São objetificadas e animalizadas. Elas são as mulheres pra comer, mas as pra casar são as que possuem traços eurocêntricos. E pra piorar, muitos homens negros, ao ascenderem socialmente, optam por parceiras de pele mais clara. A quantidade de jogadores de futebol casados com mulheres loiras é um bom exemplo disso. É como se a mulher fosse um troféu e uma forma de se afirmar socialmente, principalmente no meio elitizado;

3 - A falta de representação na mídia: quase não se vê personagens negros na TV (jornais, novelas, séries e afins). E quando há, geralmente ocupam papéis de empregadas, trabalhadores braçais ou personagens caricatos. Crianças crescem sem nenhum modelo de representatividade que possam admirar, o que afeta diretamente a autoestima delas;

4 - Somos minoria nos espaços públicos, principalmente os “elitizados”: a não ser em cargos em que estamos pura e simplesmente servindo os outros, é perceptível a quase ausência de negros em shoppings, restaurantes mais caros e baladas em geral. E as pessoas estão acostumadas com essa invisibilidade. Quase ninguém olha em volta e se questiona: aqui não tem preto, pô! Apesar de sermos mais de 50% da população do país, a maioria de nós não tem condições financeiras e acesso a lazer e entretenimento;

5 - Humor opressor e babaca: com a onda do “politicamente incorreto”, todas as minorias passaram a ser alvo de piadas discriminatórias. E claro, os negros não poderiam ficar de fora dessa. Mais de uma vez houve casos de humoristas humilharem e constrangerem negros na Internet. Pior que isso: alguns deles se submetem a um papel ridículo e contam piadas que ofendem seus semelhantes, reforçando estereótipos;

6 - As ações afirmativas são motivo de chacota por grande parte da população: algumas dessas ações, como por exemplo, as cotas raciais e sociais em universidades, têm como objetivo reduzir o abismo existente entre o negro pobre e a instituição. O que muita gente não entende é que isso não é privilégio, mas sim uma forma de ampliar o acesso a quem sequer tinha perspectiva de melhoria social. A educação superior ainda é elitista e tem muito a melhorar. Menos de 3% dos formandos em Medicina são negros, e ainda há pessoas que acham que queremos roubar a vaga de alguém;

7 - Somos desrespeitados como consumidores: quem aqui é negro e nunca foi maltratado, seguido num shopping ou deixou de ser atendido por vendedores em lojas levante a mão. O negro, lamentavelmente, é associado à pobreza, ao roubo, à falta de condições. Certa vez, fui a uma loja de sapatos mais cara e fui totalmente ignorada pelas vendedoras, enquanto as outras pessoas que chegavam eram prontamente atendidas. Precisei chamar o gerente para que ele pedisse a uma das vendedoras que cumprisse o seu ofício. Nem preciso dizer o quão péssimo foi esse atendimento;

8 - Somos as maiores vítimas de violência policial: é perceptível que pessoas negras são abordadas com muito mais freqüência do que as brancas em revistas policiais, e morta duas vezes mais que elas. São os primeiros suspeitos, julgados por suas roupas e por sua cor. A população carcerária negra no Brasil é em torno de 66%, e a maioria dos presos não concluiu o ensino fundamental.

9 - Temos inúmeros problemas de autoimagem: desde cedo somos condicionados a achar que existe algo errado conosco, e que temos que corrigir através da automutilação. Nossos cabelos (apelidados de ruins, duros) são submetidos a químicas degradantes e algumas até cancerígenas, nossa pele é “clareada”, as mulheres se maquiam de modo a disfarçar seus traços naturais e torná-los mais “finos” (leia-se: como os de uma pessoa branca), dentre outros muitos exemplos de violência à nossa naturalidade. Tudo para se equiparar a um modelo eurocêntrico de beleza. E muitas vezes essa busca pela perfeição semelhante à da beleza branca traz inúmeros prejuízos emocionais aos negros;

10 - Somos 71,6% do número de analfabetos do país: além desse dado, a evasão escolar é muito maior entre crianças e jovens pretos. Por causa da pobreza, grande parte deles precisa trabalhar para ajudar no sustento da casa. Quando o trabalho é excessivamente extenuante, ininterrupto, com carga horária abusiva (normalmente em funções operacionais, como limpeza, jardinagem ou outros serviços pesados), muitos não resistem e abandonam a escola;

11 - Religiões de matriz africana são grandes alvos de intolerância religiosa: Esse problema, a meu ver, seria amenizado se houvesse uma melhoria na educação. A lei 10.639/03 estabelece que deve ser ensinada nas escolas temas ligados à cultura Afro-Brasileira, incluindo as religiões. Como não prática isso não acontece e a ignorância das pessoas não têm limites, praticantes são demonizados e vistos como perigosos, o que resulta em muitas ações violentas;

Existem inúmeros outros motivos que comprovam o quão presente é o racismo é na nossa sociedade, mas citar todos tornaria o texto muito longo, ou até mesmo um livro. É inconcebível que mesmo sendo a segunda população negra do mundo – o que prova que de “minoria” não temos nada – ainda sejamos tão subjugados como se fôssemos inferiores aos demais.

Enquanto formos estereotipados e associados unicamente a samba, pagode, sexo fácil, bandidagem, ignorância e falta de instrução o cenário não mudará. A luta é longa. E a representatividade e o respeito são imprescindíveis.

Pra encerrar, cito uma frase que li na Internet, de autoria desconhecida, porém muito válida para esse momento: “TODA CONSCIÊNCIA SERÁ NECESSÁRIA, ENQUANTO A CONSCIÊNCIA HUMANA FOR PRECONCEITUOSA E RACISTA”.


“Mulheres de verdade” não querem ser empoderadas, diz deputado em discurso




Depois de muita discussão, o plenário da Câmara Federal aprovou no final da noite de ontem (27), por 221 votos a favor, 167 contra e uma abstenção, a criação de duas novas comissões técnicas permanentes na Casa: Defesa dos Direitos da Mulher e de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa.


Entre os que se colocaram contra o início das novas comissões, o deputado Flavinho (PSB/SP) fez um discurso que chamou a atenção pelo tom preconceituoso. “As mulheres que estão lá fora, que não são feministas, como muitas aqui, a mulher de verdade que está lá fora ralando para sobreviver não quer empoderamento. Ela quer ser amada. Ela quer ser cuidada”, afirmou sob protestos das deputadas presentes.

Flavinho ainda disse às parlamentares que elas não representam as brasileiras. “E não venham me dizer que nós, homens, não entendemos de mulher. Entendemos, sim. É que as senhoras, muitas vezes, não entendem o que é ser amadas e acham que essas mulheres não querem ser amadas como as senhoras. Respeitem as mulheres do Brasil que querem ser mães, que querem ser amadas”, enfatizou.

Assista à fala do deputado a partir de 1:47.

                           

Sindicatos e Movimentos Populares do Cariri se levantam neste sábado contra o Impeachment



Sindicatos, movimentos populares e partidos políticos que compõem a Frente Brasil Popular na Região do Cariri realizarão manifestação no próximo sábado, dia 30 de abril, a partir da 8:30h, para protestar contra o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

O protesto será na Avenida Padre Cícero, no limite dos municípios de Crato e Juazeiro do Norte e pretende, segundo os organizadores, denunciar o caráter do impeachment sem crime de responsabilidade que se caracteriza como golpe contra a Constituição Brasileira e a democracia do país. O movimento pretende ainda denunciar a ameaça para a classe trabalhadora de um eventual governo do Vice-Presidente Michel Temer com arrocho salarial, redução dos direitos trabalhistas, cortes nas políticas sociais, privatização das estatais e limitação dos direitos humanos.

A manifestação reunirá diversas categorias de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, juventude, donas de casa e todos aqueles que não aceitam mais um golpe na democracia brasileira.



Estudantes do Instituto Federal de Petrolina(PE) visitam Altaneira


Cerca de 15 pessoas entre estudantes e professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia  de Petrolina, no Estado de Pernambuco, estiveram entre os dias 26 e 27 desta mês, visitando o município de Altaneira.

Estudantes do Instituto Federal de Petrolina (PE) conhecendo a Horta Dois Irmãos em Altaneira. Foto: Francilene Oliveira.
Segundo a universitária altaneirense Francilene Oliveira o objetivo da visita era conhecer as mais variadas formas de prática esportiva que tem como espaço a Trilha Sítio Poças e foi intermediada pela Associação dos Condutores de Trilha de Altaneira (Acontrial). Nos dois dias de programação, os visitantes conheceram o histórico da associação e a Horta Dois Irmãos.

Francilene destaca ainda que os visitantes participaram de uma Roda de Conversa sobre Agroecologia e Turismo Comunitário e percorreram a Trilha do sitio poças, tendo sido enfocado os principais aspectos presente na ambientação do local, desde o solo e vegetação predominante aos seus aspectos culturais. A tarde do dia 26 foi realizada a prática do Arborismo, culminando com um acampamento durante a noite sob o som do forró pé de serra do grupo Fulô do Sertão.

No dia 27 o grupo se deslocou até a Pedra dos Dantas no Sitio Tabocas para vivenciar a prática de outro Esporte de Aventura, o Rapel.

A mediação da visita foi realizada pelo grupo Acontrial, fizeram as conduções Ciçô Inventor, Cleodimar Rodrigues, Pedro Rafael Pereira, Cristiane Rodrigues, João Paulo Silva e Francilene Oliveira com a parceria do Professor Erick Agapto, juntamente com João Bel e Família, e colaboração de integrantes do Projeto Arca.

Estudantes em Roda de Conversa. Foto: João Paulo.

Laires, estudante de Agropecuária praticando Rapel. Foto: Francilene Oliveira.

O estudante de Agronomia, João Rafael em prática de Arborismo. Foto: Maria Ingrity

Historiador Leandro Karnal sobre o “Escola Livre” – ‘Ainda não superei o impacto’


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Agradeço aos muitos envios do texto da lei aprovada em Alagoas. Li várias vezes. Ainda não superei o impacto. É um monstro jurídico que afronta a Constituição, restaura a mordaça ditatorial e demonstra uma sanha reacionária intensa. Pode dar margem a uma intensa onda conservadora e, como sempre, invocando altos princípios de neutralidade e cuidado com os alunos, cria a figura hedionda da censura a partir de um ponto de vista arcaico de sociedade. Em nome de um bem cínico (se estão preocupados com as crianças por que não fazem escola materialmente dignas?) atacam a essência do conhecimento. O texto é burro, a intenção é estapafúrdia, o resultado será um desastre. Ainda bem que Alagoas não tem nenhum problema grave a resolver no momento e pode se dedicar a isto. Imagine se o Estado tivesse violência ou desigualdade de renda ou microcefalia às dúzias e os deputados estivessem investindo pesado em calar críticos. Seria um horror, não é? Mas, vamos ao lado positivo. Haveria?


- os deputados federais brasileiros, após as declarações estapafúrdias de voto, tinham recebido a taça de ouro da infâmia e da limitação retórica. O Brasil inteiro sentiu vergonha daqueles seres. Em pouco tempo, as excelências de Brasília perderam o posto para os estaduais de Alagoas que estão com a taça platinum mega blaster. Provamos que Tiririca estava errado quando dizia: pior que tá não fica. Ficou. Tem um alçapão no fundo do poço da dignidade parlamentar e Alagoas descobriu antes de todos.

- as forças obscuras estão com medo dos professores. Talvez seja a melhor notícia. Temos um poder que não suspeitávamos. Eles sabem que somos inimigos do mundo reacionário deles, que garante boquinhas e prebendas. Acabamos de ser homenageados de forma indireta. Funciona como a exposição de arte "degenerada" que os nazistas fizeram: figurar nela era um ponto muito positivo. O sol há de voltar, mas ingressamos numa terrível noite escura. Tudo feito em nome de misericórdia e da justiça, aliás, este era o lema da Inquisição...

Sindicatos vão ao STF contra projeto que quer calar professores


Circulou no portal Repórter Alagoas  na manhã desta terça-feira, 26 de abril, a informação de que entidades sindicais vão recorrer ao Superior Tribunal Federal (STF) contra a aprovação da estapafúrdia proposta transformada em projeto de lei intitulado “Escola Livre”, pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.

Sessão na Assembleia Legislativa de Alagoas.
Foto: Divulgação.
Segundo o artigo, a medida judicial visa suspender os efeitos da lei que tem como pano de fundo a punição aos professores que abordarem em sala de aula sobre política e religião, contrariando convicções de alunos, pais ou responsáveis.

Para o presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro), Eduardo Vasconcelos, a ideia é discutir junto ao STF “a constitucionalidade do projeto”. Além do Sinpro, irão aderir a causa o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteal) e a Procuradoria do Estado.

O governador do estado Renan Filho (PMDB) chegou a vetar o projeto, porém derrubado pela maioria dos deputados ontem(26). Foram 18 votos a favor do projeto e oito contra. Com o feito, o governo tem 48 horas par a promulgação da lei.

A autoria dessa descabida e descontextualizada proposta é do Deputado Nezinho com mandato pelo PMDB.