Hitler não era socialista, explica historiador

A primeira evidência do antissocialismo de Hitler já havia aparecido depois de algumas semanas dele se tornar chanceler, quando começou a perseguir comunistas e socialistas. Alguns dizem que isso não implica em antissocialismo, pois perseguir outros socialistas e comunistas era uma prática recorrente em ditaduras comunistas. No entanto, isso não explica o por que que a política de Hitler era absolutamente definida como uma guerra ao bolchevismo – o que o fez ganhar apoio de conservadores, classes médias e burgueses industriais.

Historiador Tim Stanley.
O argumento acima é do Historiador, Jornalista e Blogueiro do Jornal Telegraph Tim Stanley. Ele é especialista em História dos Estados Unidos e contribui para a revista History Today. Cansado de ler por aí que Hitler era um socialista, ele resolveu postar em seu blog um artigo onde defende que Hitler não era um socialista.

Segundo Stanley, Hitler não pode ser um socialista, pois ofereceu uma aliança entre o capital e o trabalho na forma de corporativismo, com o propósito de evitar a luta de classes. Ideal completamente oposto ao Socialismo, já que o mesmo é definido pela luta de classes onde há uma vitória absoluta do proletariado contra as classes dominantes. “O marxismo é definido pela luta de classes, e o socialismo é realizado com a vitória total do proletariado sobre as classes dominantes. Por outro lado, Hitler ofereceu uma aliança entre o trabalho e o capital, na forma de corporativismo – com o propósito expresso de prevenir a guerra de classes.”

Ele lembra que poucos na época interpretavam mesmo o Terceiro Reich como uma sociedade socialista, e que a aliança de capital e trabalho feita por Hitler deixou evidente para os marxistas que esse suposto socialismo era na verdade uma fraude, pois se tratava de uma etapa de desenvolvimento capitalista. “Marxistas consideraram isso [aliança de capital e trabalho de Hitler] como uma das etapas do desenvolvimento capitalista e poucos no momento legitimamente interpretaram o Terceiro Reich como uma sociedade socialista”. Stanley dá um exemplo de socialista que se iludiu com Hitler: o romancista George Bernard Shaw. “O radical George Bernard Shaw, por exemplo, certamente  expressou simpatia por Hitler quando ele chegou ao poder, mas descreveu mais tarde o socialismo do ditador como fraudulenta - como uma maneira de comprar uma revolução inevitável.”

Stanley também lembra que apesar dos nazistas terem começado uma política de nacionalização da República de Weimar, também fizeram privatizações. E que a política estatal de Hitler favoreceu à burguesia industrial já que esmagou sindicatos e “enfatizou o pleno emprego sobre a elevação salarial”.

Ele analisa que a socialização da economia feita pelos nazistas não teve como objetivo construir o socialismo.

É verdade que a economia foi socializada na última parte da década de 1930, mas não por causa da construção do socialismo. Era para se preparar para a guerra. A Política vinha antes da economia no estado fascista na medida em que é difícil conceber a Hitler um pensamento econômico coerente em tudo. Ele teria feito qualquer coisa para ajudar a sua conquista da Europa Oriental, e uma economia de comando provou ser melhor para a construção de tanques do que o livre mercado.”

Stanley conclui que o Terceiro Reich era uma sociedade capitalista que havia abraçado alguns aspectos do socialismo com o objetivo de defender o interesse dos capitalistas.

Mas os argumentos do historiador não param por aí. Ele dá mais uma evidência de que Hitler não era socialista: seu racismo. “Outra relação fundamental que Hitler não era socialista era o seu racismo. Mais uma vez, o marxismo define a história como uma luta de classes. Hitler via isso como um conflito racial – e bolchevismo como uma construção judaica.”

Ele analisa que os objetivos nazistas eram completamente opostos aos objetivos do socialismo – visto que se baseia em hierarquia racial, ao contrário do igualitarismo socialismo –  e que Hitler apenas usou uma economia socialista para seguir com sua agenda, mas isso não significa que o mesmo era socialista, já que a política para Hitler era mais importante do que uma teoria econômica consistente. Para evidenciar isso, Stanley explica que as fazendas alemãs não foram coletivizadas como exige o marxismo, pelo contrário, foram protegidas da concorrência e o fazendeiro tido com o ideal ariano. Stanley também explica que a “agricultura caiu em importância na medida em que a guerra se aproximava e industrialização teve prioridade. Política económica subia e descia do que poderia ser grosseiramente chamado de ‘esquerda para a direita'”. Ele ainda argumenta que Hitler tinha uma obsessão em derrotar o “comunismo judeu”.

O argumento de que Hitler era socialista porque se chamava de “socialista” é falho, segundo Stanley. Ele explica que se chamar de “socialista” estava em moda na década de 1920 e 1930. “O socialismo era a onda do futuro e teve um efeito enorme sobre o discurso político.” Stanley analisa que muitos usam o termo “marxismo” sem nem saber exatamente do que se trata. Muitos governos ajudam os pobres, gerem a economia e elevam os padrões de vida, mas não podem ser classificados como “marxistas”, segundo Stanley. “América teve seu New Deal; Suécia, sua social-democracia. Os japoneses militarizaram todo o seu país, mas fê-lo para expandir o domínio de um imperador que eles pensavam que era um deus vivo, que é o comportamento comunista clássico. Na Grã-Bretanha, o governo de Stanley Baldwin gastou milhões em um programa de construção de casas e configurar a BBC estatal. Mas Stanley não era Stalin.”

Stanley explica que é quase impossível equivaler a política de Hitler com a política moderna.
” É quase impossível para o leitor informado de encontrar qualquer equivalência entre Hitler e a política moderna, mas muitas pessoas tentam muitas vezes para fazê-lo. Por exemplo, sempre que os ateus insistem que ele foi um exemplo de chauvinismo católica/cristão  se esquecem de seu intenso ódio ao cristianismo. E sempre que os conservadores religiosos tentam dizer que ele era ateu, eles esquecem o quanto ele estava feliz ao pegar imprestado a linguagem cristã ou para trabalhar com os colaboradores clericais.”

Segundo Stanley, dizer que Hitler desarmou a Alemanha é uma fraude histórica.  “Ele não, como alguns libertários dizem, tirou armas da Alemanha. Essa política começou sob Weimar e, se alguma coisa ocorreu, foi que Hitler rearmou a população, armando seus capangas, ampliando o exército para invadir a Polônia. Hitler gostava de armas.”


Via Revistamarx

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Abdias Nascimento


Escritor, artista plástico, teatrólogo, político e poeta, Abdias Nascimento foi um dos maiores ativistas pelos direitos humanos e deixou um legado de lutas pelo povo afrodescendente no Brasil.

Abdias Nascimento participou da Frente Negra Brasileira nos anos 1930 e ajudou a organizar o Congresso Afro-Campineiro em 1938.

Durante viagem a vários países da América do Sul como integrante do grupo de poetas Santa Hermandad Orquídea, resolveu criar um teatro negro como arma de luta contra a discriminação racial.

Na volta ao Brasil, foi preso por resistir a agressões racistas e criou na Penitenciária de Carandiru, em 1941, o Teatro do Sentenciado.

Ao sair da penitenciária, fundou no Rio de Janeiro, em 1944, o Teatro Experimental do Negro, que rompeu a barreira de cor nos palcos brasileiros e formou a primeira geração de atores e atrizes dramáticos negros do teatro brasileiro, além de propiciar a criação de uma literatura dramática afro-brasileira.

Organizou eventos históricos como o 1o Congresso do Negro Brasileiro (1950) e a Convenção Nacional do Negro (1945-46), que propôs à Assembléia Nacional Constituinte de 1945 políticas afirmativas e a definição da discriminação racial como crime de lesa-Pátria.

O Teatro Experimental do Negro assumiu em 1950 o projeto Museu de Arte Negra, sob a curadoria de Abdias Nascimento. O MAN inaugurou sua primeira exposição em 1968 no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Em seguida, Abdias Nascimento viajou aos Estados Unidos num intercâmbio com o movimento negro norte-americano. Encontrava-se na cidade de Nova York quando o regime militar promulgou o Ato Institucional n. 5. Alvo de vários Inquéritos Policial-Militares, Abdias foi obrigado a ficar no exterior, onde foi professor de várias universidades. Nesse período, ele desenvolveu sua própria atuação como artista plástico, pintando telas que transmitem os valores da civilização africana, da cultura religiosa afro-brasileira e da luta pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo. Veja abaixo a relação de exposições artísticas de Abdias. Participou, no Caribe, na África e nos Estados Unidos, de vários encontros do movimento internacional pan-africanista. Em 1978, ele recebeu a primeira indicação ao Prêmio Nobel da Paz.

Também durante essa época, Abdias Nascimento desenvolveu seu trabalho próprio como artista plástico, pintando telas que transmitem os valores da civilização africana, da tradição religiosa afro-brasileira e da luta pelos direitos humanos dos povos africanos em todo o mundo.

Após 12 anos no exílio, Abdias Nascimento retornou ao Brasil e participou do processo de redemocratização do país ajudando a fundar o PDT (Partido Democrático Trabalhista) ao lado de Leonel de Moura Brizola. Como deputado federal Abdias Nascimento elaborou, em 1983, a primeira proposta de legislação instituindo políticas públicas afirmativas de igualdade racial. Continuou defendendo essa proposta, no período de 1991 a 1999, como senador e como titular fundador da Seafro (Secretaria de Defesa e Promoção da População Afro-Brasileira) e da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Autor de poesias, peças teatrais, ensaios e pesquisas, ele foi autor e organizador de vários livros e publicações (ver relação abaixo).

Entre suas obras mais expressivas estão Axés do Sangue a da Esperança (orikis) (poesia, 1983); Sortilégio (Mistério Negro) (peça teatral, 1959, nova versão publicada em 1979); O genocídio do negro brasileiro (1978), Quilombismo (1980, 1ª edição).

Abdias Nascimento foi agraciado com honrarias nacionais e internacionais, como por exemplo o Prêmio Mundial Herança Africana do Centro Schomburg para Pesquisa da Cultura Negra, Biblioteca Pública de Nova York (2001); o Prêmio Toussaint Louverture (2004) e o Prêmio Direitos Humanos e Cultura da Paz (1997), ambos da Unesco; e o Prêmio de Direitos Humanos da ONU (2003).

Na ocasião da 2a Conferência Mundial de Intelectuais Africanos e da Diáspora (2006), iniciativa da União Africana e do Governo Brasileiro, Abdias Nascimento recebeu do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mais alta honraria outorgada pelo Governo do Brasil, a Ordem do Rio Branco no grau de Comendador.

A Câmara dos Vereadores do Município de Salvador outorgou-lhe a cidadania soteropolitana e a Medalha Zumbi dos Palmares em 2007. Ele recebeu homenagem do 4o Festival Internacional de Cinema Negro (São Paulo), bem como o Prêmio Ori da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro pelo conjunto de sua obra literária.

A Universidade Obafemi Awolowo, de Ilé-Ifé, Nigéria, outorgou-lhe, em 2007, o título de Doutor em Letras, Honoris Causa.

O Conselho Nacional de Prevenção da Discriminação, do Governo Federal do México, outorgou a Abdias Nascimento o seu prêmio em reconhecimento à contribuição destacada à prevenção da discriminação racial na América Latina (2008).

O Ministério da Cultura outorgou-lhe a Grã Cruz da Ordem do Mérito Cultural (2007), e em 2009 ele recebeu do Ministério do Trabalho a Grã Cruz da Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas. Ambas são as mais altas honrarias do Governo Federal do Brasil em suas respectivas áreas.

Ainda em 2009, recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo e o Prêmio de Direitos Humanos na categoria Igualdade Racial da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil.

Professor Emérito da Universidade do Estado de Nova York e Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Brasília, Federal e Estadual da Bahia, do Estado do Rio de Janeiro, e Obafemi Awolowo da Nigéria, Abdias Nascimento foi oficialmente indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2010, em função de sua defesa dos direitos civis e humanos dos afrodescendentes no Brasil e no mundo. 

Abdias Nascimento faleceu no Rio de Janeiro em 23 de maio de 2011, aos 97 anos. O reconhecimento de sua obra foi expresso pelas inúmeras mensagens de condolências vindas de todas as partes do Brasil e do mundo. Abdias Nascimento expressou em vida o desejo de suas cinzas serem levadas à Serra da Barriga, local histórico da construção da vida em liberdade dos africanos e seus descendentes no Brasil e nas Américas. De acordo com esse desejo, no dia 13 de novembro de 2011 a família e o Ipeafro realizaram cerimônia de enterro das cinzas com a participação de organizações da sociedade civil como o Projeto Raízes de Áfricas, de Maceió, e com apoio oficial dos Governos do Município de União dos Palmares e do Estado de Alagoas, bem como da SEPPIR/PR e da Fundação Cultural Palmares/MinC do Governo Federal.

A família e o Ipeafro realizaram cerimônias do sétimo dia e deum ano do falecimento de Abdias no Cais do Valongo, sítio histórico cuja preservação era reivindicação da sociedade civil no momento de seu falecimento no Hospital dos Servidores, ao lado do local por onde passaram mais de 500 mil ancestrais africanos escravizados. As cerimônias inter-religiosas foram acompanhadas de atos culturais, realizadas no espaço do edifício Docas Dom Pedro II, sede da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria.

Abdias Nascimento recebeu várias homenagens na ocasião de seu falecimento, como o poema “Dias de Kizomba”, de Conceição Evaristo, o texto da escritora e artista plástica Iara Rosa, de Búzios, e o poema do escritor e educador Peter Lownds, incomparável intelectual norte-americano que traduziu ao inglês a primeira versão da peça Sortilégio de Abdias. 

A obra artística de Abdias Nascimento

A cultura africana sempre fundamentou a atuação artística de Abdias, tanto no teatro como na poesia e na pintura. Sua pintura explora e interpreta vários universos simbólicos a partir da matriz primordial do Egito antigo, percorrendo o candomblé, o vodu do Haiti e os ideogramas adinkra da África ocidental. Essas referências se mesclam à evocação de heróis e princípios da luta libertária na África e na diáspora.

Mas a principal referência da pintura de Abdias é a cultura religiosa afro-brasileira: o culto aos orixás. Ao invocar e homenagear as entidades e os valores da cultura religiosa afro-brasileira, sua pintura nos traz uma reflexão atual e profunda sobre princípios como a justiça, a paz, o poder e a guerra. Numa cosmologia que reúne os ancestrais, os vivos, os não nascidos e as forças da natureza, esses valores voltam-se sempre para o futuro. O ambientalismo, por exemplo, é parte viva e integral dessa religiosidade. Os seres da natureza povoam as telas de Abdias numa troca constante: peixes nadando no céu, criaturas aladas em terra e mar, folhas brotando de pernas e asas. Essa convivência em espaços diversos é metáfora da unicidade essencial entre as formas de vida, consignada no princípio de oferenda.Os elementos da natureza estão sempre presentes: água, ar, terra e fogo representam essa filosofia religiosa com sua cosmologia tão especial.

Exposições realizadas

Individuais

Galeria de Arte do Harlem, Nova York, 1969.

Galeria Crypt, Universidade Columbia, Nova York, 1969.

Escola de Arte e Arquitetura, Universidade Yale, New Haven, 1969.

Casa Malcolm X, Universidade Wesleyan, Middletown, CN, 1969.

Galeria de Arte Africana, Washington DC, 1970.

Galeria Sem Paredes, Búfalo, NY, 1970.

Centro de Estudos e Pesquisas Porto-riquenhos, Universidade do Estado de Nova York, Búfalo, 1970.

Departamento de Estudos Afro-Americanos, Harvard, Cambridge, MA, 1972.

Museu da Associação Nacional de Artistas Afro-Americanos, Boston, 1971.

Studio Museum in Harlem, Nova York, 1973.

Centro Langston Hughes, Búfalo, NY, 1973.

Museu de Belas Artes, Syracuse, NY, 1974.

Galeria da Universidade Howard, Washington DC, 1975.

Centro Cultural Inner City, Los Angeles, 1975.

Museu Ilé-Ifé de Cultura Afro-Americana, Filadélfia, 1975.

Galeria do Banco Nacional, São Paulo, Brasil, 1975.

Galeria Morada, Rio de Janeiro, Brasil, 1975.

Museu de Artes e Antiguidades Africanas e Afro-Americanas, Centro para Pensamento Positivo, Búfalo, NY, 1977.

El Taller Boricua e Centro Cultural do Caribe, Nova York, 1980.

Galeria Sérgio Milliet, Fundação Nacional das Artes (FUNARTE), Ministério da Cultura, Rio de Janeiro, Brasil, 1982.

Palácio da Cultura Gustavo Capanema, Ministério da Cultura, Rio de Janeiro, Brasil, 1988.

Salão Negro, Congresso Nacional, Brasília, DF, 1997.

Galeria Debret, Paris, 1998.

Arquivo Nacional (antiga Casa da Moeda), Rio de Janeiro, 2004-2005.

Galeria Athos Bulcão, anexo ao Teatro Nacional, Brasília, DF, 2006.

Caixa Cultural Salvador/ II Conferência Mundial dos Intelectuais Africanos e da Diáspora, 11 de julho a 29 de agosto de 2006.

5ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), Rio de Janeiro, janeiro de 2007.

Centro Cultural Justiça Federal do Rio de Janeiro, outubro a dezembro de 2011.

SESC São João de Meriti, novembro de 2011.

Biblioteca Municipal Leonel de Moura Brizola, Duque de Caxias, novembro-dezembro de 2011.

Casa de Cultura de Maricá, novembro de 2011 a janeiro de 2012.

Centro de Convenções, Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Campos dos Goytacazes, março a maio de 2012.

Coletivas e Coleções Permanentes

Museu Everson de Artes, Syracuse, NY, 1972.

Galeria Salomé, Nova Orleans, LA, 1973.

Galeria Rainbow Sign, Berkeley, CA, 1975.

Artists ’79, Sede das Nações Unidas, Nova York, 1979.

Coleção permanente, Museu de Artes e Antiguidades Africanas e Afro-Americanas, Centro para Pensamento Positivo, Búfalo, NY (duas telas).

Coleção Permanente, Instituto de Estudos Latino-Americanos, Universidade Columbia, Nova York.

Obras publicadas selecionadas

Livros

O Griot e as Muralhas, com Éle Semog. Rio de Janeiro: Pallas, 2006 (236 pp).

Quilombo: Edição em fac-símile do jornal dirigido por Abdias do Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2003 (127 pp).

O quilombismo, 2a ed. Brasília/ Rio de Janeiro: Fundação Cultural Palmares/ OR Produtor Editor, 2002 (362 pp).

O Brasil na Mira do Pan-Africanismo. Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais/ Editora da Universidade Federal da Bahia EDUFBA, 2002 (342 pp).

Orixás: os Deuses Vivos da África/ Orishas: the Living Gods of Africa in Brazil. Rio de Janeiro/ Filadélfia: Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros/Temple University Press, 1995 (170pp).

A Luta Afro-Brasileira no Senado. Brasília: Senado Federal, 1991 (35 pp).

Nova Etapa de uma Antiga Luta. Rio de Janeiro: Secretaria Extraordinária de Defesa e Promoção das Populações Negras – SEDEPRON, 1991 (32 pp).

Africans in Brazil: a Pan-African Perspective, com Elisa Larkin Nascimento. Trenton: Africa World Press, 1991 (218 pp).

Brazil: Mixture or Massacre, trad. Elisa Larkin Nascimento. Dover: The Majority Press, 1989 (224 pp.

Combate ao Racismo, 6 vols. Brasília: Câmara dos Deputados, 1983-86 (Discursos e projetos de lei.) (Aproximadamente 120 pp. em cada volume.)

Povo Negro: A Sucessão e a “Nova República”. Rio de Janeiro: Ipeafro, 1985 (68 pp).

Jornada Negro-Libertária. Rio de Janeiro: Ipeafro, 1984 (29 pp).

A Abolição em Questão, co-autoria com José Genoíno e Ari Kffuri. Sessão Comemorativa do 96o Aniversário da Lei Áurea (9 de maio de 1984). Brasília: Câmara dos Deputados, 1984 (40 pp).

Axés do Sangue e da Esperança: Orikis. Rio de Janeiro: Achiamé e RioArte, 1983 (poesia, 109 pp).

Sitiado em Lagos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981 (111 pp).

O Quilombismo. Petrópolis: Vozes, 1980 (281 pp).

Sortilégio II: Mistério Negro de Zumbi Redivivo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Peça de teatro, 141 pp)

Sortilege: Black Mystery, trad. Peter Lownds. Chicago: Third World Press, 1978 (55 pp).

Mixture or Massacre, trad. Elisa Larkin Nascimento. Búfalo: Afrodiaspora, 1979 (224 pp).

O Genocídio do Negro Brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978 (184 pp).

“Racial Democracy” in Brazil: Myth or Reality, trad. Elisa Larkin Nascimento, 2a ed. Ibadan: Sketch Publishers, 1977 (178 pp).

“Racial Democracy” in Brazil: Myth or Reality, trad. Elisa Larkin Nascimento, 1a ed. Ile-Ife: University of Ife, 1976 (83 pp).

Sortilégio (mistério negro). Rio de Janeiro: Teatro Experimental do Negro, 1959 (141 pp) (peça de teatro.)

Organização de antologias, revistas, e obras coletivas

Thoth:Pensamento dos Povos Africanos e Afrodescendentes, nos. 1-6. Brasília: Senado Federal, 1997-98.

Afrodiaspora: Revista do Mundo Africano, nos. 1-7. Rio de Janeiro: IPEAFRO, 1983-86.

O Negro Revoltado, 2a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982 (403 pp).

Journal of Black Studies, ano 11, no. 2 (dezembro de 1980) (número especial sobre o Brasil) (264 pp).

Memórias do Exílio, org. em colaboração com Paulo Freire e Nelson Werneck Sodré. Lisboa: Arcádia, 1976 (372 pp).

Oitenta Anos de Abolição. Rio de Janeiro: Cadernos Brasileiros, 1968 (127 pp).

Teatro Experimental do Negro: Testemunhos. Rio de Janeiro: GRD, 1966 (170 pp).

Dramas para Negros e Prólogo para Brancos. Rio de Janeiro: TEN, 1961 (419 pp).

Relações de Raça no Brasil. Rio de Janeiro: Quilombo, 1950 (75 pp).

Participação em antologias e obras coletivas

“Quilombismo, um conceito emergente do processo histórico-cultural da população afro-brasileira”. In: Elisa Larkin Nascimento (org.), Afrocentricidade, Uma abordagem epistemológica inovadora, Coleção Sankofa v. 4. São Paulo: Summus/Selo Negro, 2004, p. 197-218.

“O negro e o parlamento brasileiro”, co-autoria com Elisa Larkin Nascimento. In Munanga, Kabengele, org., O negro na história do Brasil. Brasília: UnB/ Fundação Cultural Palmares, 2004, p. 105-151.

“Comentário ao Artigo 4o”. In Direitos Humanos: Conquistas e Desafios. Brasília: Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil/ Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 55-64.

“Quilombismo: the African-Brazilian Road to Socialism,”in Asante, Molefi K. e Abarry, Abu S., orgs., African Intellectual Heritage: a Book of Sources. Filadélfia: Temple University Press, 1996, p.755-64.

Sortilege: Black Mystery, trad. Peter Lownds (peça de teatro). Callaloo, A Journal of African-American and African Arts and Letters, v. 18, n. 4 (1995), p. . Special Issue, African Brazilian Literature. Johns Hopkins University Press.

Sortilege II: Zumbi Returns (peça de teatro).In: Crosswinds: an Anthology of African Diaspora Drama, org. William B. Branch. Bloomington: Indiana University Press, 1991, p. 203-49.

“Quilombismo: the African-Brazilian Road to Socialism.”In: African Culture. The Rhythms of Unity, org. Molefi K. Asante e Kariamu W. Asante. Trenton: Africa World Press, 1990, p. 174-91. (Primeira edição publicada em 1987 pela Greenwood Press.)

 “African Presence in Brazilian Art,”Journal of African Civilizations, v. 3, n. 2 (novembro de 1981), p. 49-68.

“Teatro Negro del Brasil: una Experiencia Socio-Racial.”In: Popular Theater for Social Change in Latin America, a Bilingual Anthology, org. Gerardo Luzuriaga. Los Angeles: UCLA Latin American Studies Center, 1978, p. 251-80.

“Reflections of an Afro-Brazilian,”Journal of Negro History, v. LXIV, n. 3 (verão 1979).

“African Culture in Brazilian Art,” Journal of Black Studies, v. 8, n. 4 (junho de 1978), p. 389-422.

“Afro-Brazilian Theater, a Conspicuous Absence,”Afriscope v. VII, n. 1 (Lagos, janeiro de 1977).

“Afro-Brazilian Art: a Liberating Spirit,”Black Art: an International Quarterly, v. I, n. 1 (outono de 1976).

“Open Letter to the First World Festival of Negro Arts,”Présence Africaine v. XXX, n. 58 (verão de 1968), p. 208-18.

“Carta Aberta ao Festival Mundial das Artes Negras,” Tempo Brasileiro, ano IV, n. 9/10 (abril-junho de 1966).

“The Negro Theater in Brazil,”African Forum v. II, n. 4 (primavera de 1967).

“Mission of the Brazilian Negro Experimental Theater,”The Crisis v. 56, n. 9 (outubro de 1949).


Nunca é tarde para se começar. Monopólio da Globo veio para o centro do debate político


Bem, ao menos uma coisa diferente está acontecendo nesta eleição. Pela primeira vez, em muitos anos, o monopólio da Globo veio para o centro do debate político.

O site Muda Mais, principal veículo da campanha da presidente na internet, publicou um texto em que explica porque a presidente não pôde participar da entrevista no Jornal da Globo.

Explicação é que Dilma está dando entrevistas para vários outros veículos de mídia. A presidente não quer ficar só dando entrevistas para veículos das Organizações Globo.

Uma pena que a presidenta não tomou essa atitude antes.
Mas antes tarde do que nunca.

Campanha de Dilma critica a Globo e diz não ao monopólio do debate público

do Muda Mais

A Globo e o monopólio do debate público: não concordamos.

Formado por diversas rádios, TVs, jornais e revistas Brasil afora (somente na TV, a Globo possui 122 emissoras sendo 117 destas afililadas (link is external)), o Sistema Globo de Comunicação parece não aceitar muito bem recusas sobre a participação de candidatos em sua bancada.

Foi o que aconteceu nesta terça-feira (02/09) no Jornal da Globo, jornalístico da madrugada, quando a presidenta e candidata a reeleição Dilma Rousseff não aceitou participar da série de entrevistas com candidatos à Presidência da República.

Inconformados (entendemos, todos querem a Dilma) os apresentadores William Waack e Cristiane Pelajo exibiram ao público as perguntas que fariam à presidenta de maneira um tanto desafiadora, como se tivessem sido ultrajados.

Faz parte de uma democracia aceitar ou negar conceder entrevistas.

O Sistema Globo de Comunicação – repetimos, formado por diversas rádios, TVs, jornais e revistas pelo Brasil – coloca todo o seu aparato de veículos para demandar pedidos de entrevistas, o que é legítimo. O entendimento do comitê da candidata é o de que é preciso equilibrar os atendimentos para poder contemplar todos os grupos de comunicação e tipos de mídia. Afinal, não está nas mãos de um único grupo levar o debate político ao público.

Vamos analisar.

O Comitê de Campanha da candidata Dilma Rousseff atende a uma média mensal de 75 demandas do Sistema Globo de Comunicação, o que equivale a um total de 25% de todas as demandas.

Foram 226 demandas da Globo, das 908 atendidas, advindas de veículos nacionais entre junho e agosto.

Foram feitos, pelo Sistema Globo, 14 pedidos de entrevista com a candidata entre junho e agosto. Entre os veículos demandantes estavam O Globo, CBN, Extra, Revista Época, Marie Claire, Revista Quem. O mês de julho concentrou o maior número de solicitações: foram nove. Em junho foram registrados dois pedidos e em agosto três.

É importante dizer que a candidata já concedeu entrevista exclusiva à Globonews (11 de julho) e ao Jornal Nacional (principal programa jornalístico do principal veículo do grupo) e participará do debate produzido pela TV Globo. Aliás, a candidata já participou dos debates da Band e do SBT e irá ainda ao debate promovido pela TV Record.

Dilma Rousseff, além de candidata, é a atual presidenta do Brasil, o que obviamente a faz trabalhar muito. É preciso governar, tomar decisões, resolver problemas da máquina pública e ao mesmo tempo ser candidata. Se Dilma fosse atender todos os pedidos da Globo, ela teria que dedicar um dia por semana para a empresa.

Além do mais, é preciso elencar prioridades. Dilma esteve, como já dissemos aqui, na bancada do maior jornal da emissora, o Jornal Nacional, no dia 18 de agosto. Ajudou, inclusive, a aumentar a audiência do JN: foram 28 pontos no Ibope neste dia.

A verdade é que Dilma tem concedido entrevistas como nenhum candidato à reeleição deu antes. E tem feito isso atendendo a todos as redes e sem privilegiar grupos específicos. É de se estranhar que um grupo de comunicação demonstre irritação por não ver todas as suas inúmeras demandas atendidas.

O Muda Mais tem memória e deixa uma perguntinha no ar: por que a Globo – que agora fica tão chateada com a não participação de uma das candidatas em um dos seus inúmeros programas – não promoveu debates presidenciais em 1998, ano da reeleição de FHC? Por que será?


Via Tijolaço