Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Dandara


O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes Quilombo do período colonial da história do Brasil. Localizado na Serra da Barriga, região que hoje pertence ao município União dos Palmares, no estado de Alagoas, era construído por quilombolas -escravos fugitivos das Fazendas dos senhores de Engenho. E foi nessa comunidade que cresceu uma das maiores líderes do sistema escravocrata - Dandara Zumbi.

Primeira e única mulher de Zumbi, princesa de Palmares e mãe dos três filhos de Zumbi. Dandara era guerreira valente e auxiliou muito Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa de Palmares. Dandara se matou jogando-se da pedreira mais alta de Palmares, que ficava nos fundos do principal mocambo - a Cerca dos Macacos - quando da queda do Quilombo de Palmares para não voltar à condição de escrava.

Dandara além de esposa de Zumbi dos Palmares com quem teve três filhos foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares ainda menina.

Não era muito apta só aos serviços domésticos da comunidade, plantava como todos, trabalhava na produção da farinha de mandioca, aprendeu a caçar, mas, também aprendeu a lutar capoeira, empunhar armas e quando adulta liderar as falanges femininas do exército negro palmarino. Dandara foi uma das provas reais da inverdade do conceito de que a mulher é um sexo frágil. Quando os primeiros negros se rebelaram contra a escravidão no Brasil e formaram o Quilombo de Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, Dandara estava com Ganga-Zumba. Participou de todos os ataques e defesas da resistência palmarina. Na condição de líder, Dandara chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo português. Posicionando-se contra o tratado, opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi.

Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando estavam em jogo a segurança de Palmares e a eliminação do inimigo. Chegando perto da cidade do Recife, depois de vencer varias batalhas, Dandara pediu a Zumbi que tomasse a cidade, isso é uma prova da valentia e mesmo um certo radicalismo dessa mulher. Sua posição era compartilhada por outras lideranças palmarinas. Para Dandara, a Paz em troca de terras no Vale do Cacau que era a proposta do governo português, ela preferiu a guerra constante, pois via nesse acordo a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Dandara foi morta, com outros quilombolas, em 06 de fevereiro de 1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do Quilombo de Palmares.

Não sabemos como era seu rosto, nem como era exatamente, podemos compará-la a duas deusas do panteão africano, uma Obá ou Iansã, uma leoa defensora da liberdade.

Sua imagem vive e pode ser vista em cada pessoa que se identifica com suas origens, luta por liberdade, acredita em seus sonhos e "faz da insegurança sua força e do medo de morrer seu alimento, por isso me parece imagem justa para quem vive e canta no mal tempo".


Grunec Cariri lança nota de repúdio pelas atitudes racistas contra alunos e professores


O Grupo de Valorização Negra do Cariri – Grunec, entidade fundada em abril de 2011 e que representa e luta em favor das questões étnica e raciais na região do cariri cearense, publicou na tarde desta quinta-feira, 11 de setembro, em seu perfil na rede social facebook, nota em que repudia de forma veemente as atitudes consideradas racistas e preconceituosas contra membros, colaboradores e simpatizantes do grupo.


Pela nota fica visível as diversas formas pelas quais alunos, professores, comerciantes e motataxista foram vítimas de agressões morais e racista pela cor da pele negra. Segundo ela (nota), há seis casos, o último se deu em 24 de agosto. Aqui, Ridalvo Feliz e Verônica Isidório, professor e discente, respectivamente, estavam conversando na Praça do Pimenta, em Crato, conversando quando um grupo de pessoas em um veículo Cros Frox, cor prata, passaram a dirigir contra os dois palavras racistas referentes a cor da pele e aos cabelos. Segundo o Grunec  o caso foi levado as autoridades policiais e registrados Boletim de Ocorrência.

Confira os outros 5 casos:

“...2. PEDRO VICTOR ARAUJO: jovem negro, estudante de História da URCA, ameaçado de morte por meio de pichações e mensagens no celular, com palavras do tipo: “morre negro desgraçado”, o que quase o levou a abandonar o curso. Foi necessária muita pressão do movimento para que a direção da universidade tomasse alguma providência. BO registrado, aguardando investigação.

3. UENIA FERREIRA DE LIMA, jovem negra, comerciária, vítima da violência racista, tipificado como injúria, cometida pelo agressor Adriano no dia 30/04/2013 conforme BO 31300288/2013 de 02/05/2013; o agressor, aos berros, desqualificou a jovem no seu ambiente de trabalho, causando-lhe grande constrangimento, inclusive aos que por lá estavam.

4. JOSÉ AIRTON NUNES – negro, moto-taxista, diversas vezes foi constrangido e desmoralizado também no seu ambiente de trabalho, o caso foi registrado na Delegacia de polícia civil e as providências estão sendo encaminhadas junto aos órgãos competentes.

5. JOAO LUIS DO NASCIMENTO MOTA, negro, professor, constrangido e desmoralizado reiteradas vezes no seu ambiente de trabalho (Universidade Regional do Cariri). Na ocasião foi feito manifestações, notas de repúdio.

6. LUCIANO DAS NEVES CARVALHO, negro, professor, que em 29/07/2000, foi agredido por uma autoridade da Casa Legislativa Municipal. Após diversas idas e vinda o caso, depois de 03 meses foi finalmente registrado na Delegacia de Polícia de Crato. Foi necessário, inclusive, a intervenção da Promotoria do Estado e após todos estes anos, fora duas ou três idas ao Fórum nada mais aconteceu. Na ocasião o caso foi tipificado como crime de racismo....”

Para o Grunec  estes são apenas alguns casos que chagam ao conhecimento. “Mas a violência dos xingamentos, das piadas infames contra negros e negras, a exemplo do caso do goleiro Aranha, do Santos, é cotidiana e banalizada como se fosse natural”, diz a nota.

O grupo afirmou ainda que "agressões verbais e/ou físicas não são normais ou naturais. No Brasil, ações como estas são consideradas crimes de racismo segundo a Constituição Federal e leis específicas que pune com penas de até cinco anos de reclusão, além as multas, os crimes resultantes de preconceito e discriminação. Entretanto, a desconstrução do racismo acontece pela educação e atitude holística em que compreende o outro como diferente nunca inferior, nem desigual, porém parte do todo, cuja cidadania é universal, garantindo aos cidadãos direitos civis sociais e políticos

Diante dos fatos aqui explicitados”, o grupo “ reitera com veemência o seu repúdio a tais práticas e sugere que a sociedade possa, no exercício da sua cidadania, somar forças e cobrar dos órgãos competentes ações que promovam a vida com igualdade e justiça”.

Na oportunidade a entidade representativa das questões étnica e raciais no cariri deixa em evidência a sua missão - “lutar contra qualquer forma de preconceito e não poderia deixar passar estes atos vergonhosos sem manifestar a solidariedade étnica aos companheiros: Mota, Luciano, Isaias, Uenia, Pedro Victor, Ridalvo Felix e Veronica Isidório”.

Na luta sempre! Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC”, encerra a nota.

Segundo Comissão, mais de 80 empresas colaboraram com a ditadura civil-militar no Brasil


Mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários, segundo levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade. O intuito era sufocar qualquer movimento sindicalista que estivesse sendo gestado entre os trabalhadores de grandes montadoras, como Volkswagen, Chrysler, Ford, General Motors, Toyota, Scania, Rolls-Royce, Mercedes Benz, e também de outros setores, como a Brastemp, a estatal Telesp, a Kodak, a Caterpillar, a Johnson & Johnson, a Petrobras, a Embraer e a Monark – todas elas concentradas no ABCD paulista e no Vale do Paraíba.

Plenária final da conclat (hoje CUT), em agosto de 1981. Laercio
Miranda (Memória Sindical).
Entre os nomes mais conhecidos da lista de 297 pessoas, encontrada nos documentos do Arquivo Público do Estado, estão o de Paulo Okamotto, que foi diretor do Sebrae, o presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e Vicente Paulo da Silva, que foi presidente da CUT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também aparece nos registros, identificado como líder sindical pela Volkswagen em informação divulgada na semana passada pela Reuters. No registro do informante da Volks sobre Lula, dizia que os metalúrgicos estavam insatisfeitos com "as medidas do governo em geral", e cita como exemplo o Banco Nacional de Habitação (BNH) e um decreto impopular assinado pelo general João Figueiredo que retirou os auxílios de alimentação e transporte dos funcionários, bem como férias, 13º salário, participação nos lucros e promoções.

As empresas justificavam o controle e a colaboração com o regime pela suposta ameaça comunista dos movimentos sindicais. Desde citar os nomes de quem organizasse atos sindicalistas ou vendesse jornais na porta da fábrica, até qualificar algumas mortes como acidentes de trabalho quando de fato não o eram. A polícia, em muitos casos, chegava a receber das companhias milhares de folhas de registros dos empregados que estiveram presentes em greves ou manifestações, com todos os seus dados pessoais, o que poderia levar hoje a processos civis desses funcionários (dos que ainda estão vivos ou de seus familiares) contra as empresas. Não se sabe, porém, se esses dados serviam para evitar futuras contratações por outras empresas ou simplesmente para coleta. Segundo os especialistas, é bastante provável que tenham que ressarcir os afetados, já que não estão amparadas pela lei de Anistia (n.6.683, 1979), que perdoou aqueles que cometeram crimes durante o regime militar no Brasil (1964-1985).

"Os empresários podem ser acusados por crimes de lesa humanidade; 40% dos mortos e desaparecidos durante a ditadura são trabalhadores", afirma Sebastião Neto, ex-preso político e um dos pesquisadores do grupo de trabalho “Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical”, da Comissão Nacional da Verdade. Ainda não se sabe quais deles foram efetivamente detidos por causa da denúncia do empregador. Entre os que chegaram a ser torturados e mortos, também não se sabe ao certo se sofreram tudo isso pela investigação no local de trabalho ou por sua relação com organizações políticas.

Ferramenteiros concentram-se em frente ao prédio AutoLatina,
da Ford. /Januário F. Silva.
Descobrir o fim de cada um dos nomes não vai ser possível até 16 de dezembro, data prevista para o fim dos trabalhos da CNV. Mas o próximo passo, segundo explicou a advogada Rosa Cardoso, coordenadora do grupo de pesquisa, será convocar representantes de empresas e trabalhadores envolvidos para depor nas comissões municipais, "principalmente a de São Bernardo do Campo, que concentra a maior parte das empresas informantes", explicou.

Na Argentina, já há casos de empresas que foram processadas por delatar funcionários e colaborar com a ditadura. Durante a coletiva organizada pela CNV, a doutora Victoria Basualdo, que pesquisa a participação empresarial na prática de graves violações de direitos dos trabalhadores na América Latina, da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais, explicou o caso de seu país. Segundo ela, há quatro empresas imputadas em seu país por colaboração com o último regime ditatorial (1976-1983): Ledesma (fabricante de açúcar), a mineradora Aguilar, a transportadora La Veloz del Norte e a fabricante de automóveis Ford. Caso se crie um precedente, outros casos poderão ser julgados. "Não se trata apenas de uma transferência de dinheiro entre empresas e Estado. O que houve foi uma colaboração ativa na repressão", explica a especialista. Nosso vizinho perdeu aproximadamente 30.000 vidas em suas várias ditaduras (entre 1930 e 1983 foram cinco); no Brasil, ainda não há consenso sobre quantos morreram durante os anos de chumbo.

Publicado originalmente no brasil.elpais

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Cruz e Sousa


Cruz e Sousa nasceu em Desterro, atual Florianópolis – Santa Catarina - em 1861 e morreu em Minas Gerais em 1898. Foi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais. Aos sete anos fez seus primeiros versos. Aos oito anos declamava em salões e teatrinhos. Em 1871, com dez anos, matriculou-se no colégio Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou durante 5 anos.

Por ser negro, sofreu com o preconceito racial: não pôde, por exemplo, assumir o cargo de Promotor Público em Laguna, Santa Catarina.

Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com Vírgílio Várzea. E 1885 assume a direção do jornal "O Moleque". No ano da abolição, 1888, o poeta vai para o Rio de Janeiro, onde em 1890 fixa residência definitivamente, trabalhando como arquivista na Central do Brasil.

Apesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broquéis” marcam o início deste período literário no Brasil, em 1893.

Fez parte do Simbolismo, Movimento Literário que teve sua origem na França em 1870. A crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas da poesia ocidental. Os simbolistas procuravam obter em suas obras variados efeitos sonoros e rítmicos, além do gosto pela linguagem rebuscada.

Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados.

Em 1893 casa-se com Gravita Rosa Gonçalves. Em fevereiro desse mesmo ano, publica "Missal", poemas em prosa, e em agosto publica "Broquéis", versos. Com eles Cruz e Sousa rompia com o Parnasianismo e introduzia o Simbolismo, em que a poesia aparece repleta de musicalidade, fazendo surgir um movimento de revitalização da vida espiritual do ser humano.

Em 1905, seu grande amigo e admirador, Nestor Vítor, publicou, a obra maior do poeta, "Últimos Sonetos", em Paris.

O Dante Negro (como foi apelidado) também trabalhou em uma companhia teatral e na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Infelizmente, teve uma vida sofrida (como já foi dito antes), além do preconceito racial, a tuberculose destruiu sua família e a loucura se apoderou de sua esposa.

Ele mesmo não escapou da terrível doença e acabou morrendo na clínica onde estava internado.

Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade.

Outras características
- Pessimismo
- Perfeccionismo formal
- Metáforas

Obras
- Vida Obscura
- Triunfo Supremo
- Sorriso Interior
- Monja Negra

Obras Póstumas
- Evocações
- Faróis
- Últimos Sonetos
- O Livro Derradeiro


Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Carolina Maria de Jesus


Carolina Maria de Jesus nasceu a 14 de Março de 1914 em Sacramento, estado de Minas Gerais, cidade onde viveu sua infância e adolescência. Foi filha de negros que, provavelmente, migraram do Desemboque para Sacramento quando da mudança da economia da extração de ouro para as atividades agro-pecuárias.

Descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, repórter da Folha da Noite, Carolina teve suas anotações publicadas em 1960 no livro Quarto de Despejo, que vendeu mais de cem mil exemplares. A obra foi prefaciada pelo escritor italiano Alberto Moravia e traduzida para 29 idiomas. Em 1961, o livro foi adaptado como peça teatral por Edi Lima e encenado no Teatro Nídia Lícia, no mesmo ano. Sua obra também virou filme, produzido pela Televisão Alemã, que utilizou a própria Carolina de Jesus como protagonista do longa-metragem Despertar de um sonho (inédito no Brasil).

Quanto a sua escolaridade em Sacramento, provavelmente foi matriculada em 1923, no Colégio Allan Kardec, primeiro Colégio Espírita do Brasil, fundado em 31 de Janeiro de 1907, por Eurípedes Barsanulfo. Nessa época, as crianças pobres da cidade eram mantidas no Colégio através da ajuda de pessoas influentes. A benfeitora de Carolina Maria de Jesus foi a senhora Maria Leite Monteiro de Barros, pessoa para quem a mãe de Carolina trabalhava como lavadeira. No Colégio Allan Kardec Carolina estudou pouco mais de dois anos. Toda sua educação formal na leitura e escrita advêm deste pouco tempo de estudos.

Mesmo diante todas as mazelas, perdas e discriminações que sofreu em Sacramento, por ser negra e pobre, Carolina revela através de sua escritura a importância do testemunho como meio de denúncia sócio-política de uma cultura hegemônica que exclui aqueles que lhe são alteridade.

A obra mais conhecida, com tiragem inicial de dez mil exemplares esgotados na primeira semana, e traduzida em 13 idiomas nos últimos 35 anos é Quarto de Despejo. Essa obra resgata e delata uma face da vida cultural brasileira quando do início da modernização da cidade de São Paulo e da criação de suas favelas. Face cruel e perversa, pouco conhecida e muito dissimulada, resultado do temor que as elites vivenciam em tempos de perda de hegemonia. Sem necessidade de precisarem as áreas de onde vem os perigos, a elite que resguarda hegemonias não suaviza atos e conseqüências quando ameaçadas por “gente de fora” (leia-se, “gente de baixo”). Essa literatura documentária de contestação, tal como foi conhecida e nomeada pelo jornalismo de denúncia dos anos 50-60, é hoje a literatura das vozes subalternas que enunciam-se, a partir dos anos 70, pelos testemunhos narrativos femininos.

Segundo pesquisas do professor Carlos Alberto Cerchi, Quarto de Despejo inspirou diversas expressões artísticas como a letra do samba “Quarto de Despejo” de B. Lobo; como o texto em debate no livro “Eu te arrespondo Carolina” de Herculano Neves; como a adaptação teatral de Edy Lima; como o filme realizada pela Televisão Alemã, utilizando a própria Carolina de Jesus como protagonista do filme “Despertar de um sonho” (ainda inédito no Brasil); e, finalmente, a adaptação para a série “Caso Verdade” da Rede Globo de Televisão em 1983.

Em São Paulo, foi empregada doméstica, auxiliar de enfermagem, artista de circo. A escritora deu entrevistas, ganhou prêmios, apareceu na TV. Deixou a favela, recebeu as chaves da cidade. Mas seus livros seguintes não tiveram a mesma repercussão. Logo seria esquecida. Já não era favelada, mas morreu no barraco de um dos filhos. O livro Quarto de despejo vendeu 10 mil exemplares em uma semana.

Contradição: no dia do lançamento, teve de catar papel para garantir comida. Em maio de 1958 o repórter Audálio Dantas chega à favela para cobrir a inauguração de um parque infantil. Fica intrigado com a mulher (Carolina Maria de Jesus, no caso) que ameaça bêbados sobre os brinquedos: “Se não saírem daí, vou colocá-los em meu livro!”. A obra de Carolina Maria de Jesus é um referencial importante para os Estudos Culturais, tanto no Brasil como no exterior.

Carolina foi mãe de três filhos: João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus. Faleceu em 13 de Fevereiro de 1977, com 62 anos de idade e foi sepultada no Cemitério da Vila Cipó, cerca de 40 Km do centro de São Paulo.




Altaneirenses do curso de condutores de trilha realizam rapel na Pedra do Prado


Cerca de 20 (vinte) jovens estão participando de um curso de Condução e Preparação de Trilhas, no Sítio Poças, município de Altaneira. A iniciativa é da Rede de Educação Cidadã – RECID e tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Turismo.

Wesley Alexandre em Rapel na Pedra do Prado, na Zona Rural de Altaneira.
O curso teve início no último dia 06 (seis) de junho sendo subsidiados por aulas teóricas, a princípio na Secretaria de Assistência Social – SETAS e práticas. Esta última encontrou a própria trilha como espaço das apresentações, discussões e experimentos. Noções como condução, planejamento de trilhas, dicas de primeiros socorros e atividades práticas de arvorismo formaram um dos nortes do curso que contam no seu quadro de ministrantes os professores Eric, Daniela Medina, que desempenha o ofício de historiadora no município de Juazeiro do Norte e Mardineuson.

Dentre as atividades práticas, os cursistas encontraram no próprio município espaços naturais que favorecem o uso de esportes tidos como radicais. Durante todo o dia ontem, 07 de setembro, alguns participantes publicaram na rede social facebook imagens que demonstram a prática de rapel na Pedra do Prado, na zona rural de Altaneira.

O rapel consiste uma atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres. Esse tipo de atividade exige dos praticantes um cuidado redobrado no que toca a segurança. Antes do desenvolvimento dessa atividade, todos os cursistas tiveram instruções básicas e acompanhamento dos professores. Eles aprenderam ainda noções de companheirismo. Ao comentar a aventura, Wesley Alexandre afirmou “Dia maravilhoso, rapel, nossa muita adrenalina e emoção, sem palavras”. Já Markos Lima usou da perífrase para descrever o momento. “Altaneira, terrinha mágica de muitos lugares a desbravar!”.

O rapel foi acompanhado e fotografado pela professora de química Heloisa Bitu e instrutores.

Confira outras fotos 

Cleudimar.

Edizângela.

Everton Amorim.

Heloisa Bitu.

Luzia Rufino.

Markos Lima.

Markos Lima.

Cleudimar, Luzia, Markos e Pedro.

Wesley Alexandre

Personalidades Negras que Mudaram o Mundo: Antonieta de Barros


Educadora, jornalista, escritora e primeira mulher eleita à Assembleia Legislativa de seu Estado, Antonieta de Barros nasceu em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Santa Catarina.

Normalista formada em 1921, fundou no ano seguinte o Curso "Antonieta de Barros", com o objetivo de combater o analfabetismo, "impedindo de gente ser gente", como dizia. Dirigiu este instituto até o final de sua vida. Essa iniciativa foi um marco em sua carreira profissional e abriu-lhe novos horizontes: foi nomeada para a Escola Complementar anexa ao Grupo Escolar Lauro Muller, efetivada na cadeira de Português na Escola Normal Catarinense e professora de Português e Psicologia no Colégio Dias Velho,de onde, entre 1937 e 1945, foi diretora.

Antonieta foi uma educadora e uma jornalista atuante e teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram inusitados para as mulheres – e mais ainda para uma mulher negra.

Enveredou pela literatura e jornalismo sob o pseudônima de Maria da Ilha, fundou e dirigiu o jornal A Semana (1922/27), foi diretora da revista quinzenal Vida Ilhoa (1930), escreveu artigos para jornais O Estado, Republica e o livro Farrapos de Ideias (1937). Em 1931 começou a militar na política, sendo eleita deputada a Assembleia Estadual Constituinte, em 1935, pelo Partido Liberal Catarinense. No Congresso coube-lhe relatar o Capitulo de "Educação e Cultura" e "Funcionalismo". Em 1947, candidatou-se pelo Partido Social Democrático; suplente, foi convocada para a 1ª legislativa (1947/51). Faleceu em Florianópolis a 28 de março de 1952.

Tornou-se, desse modo, a primeira mulher negra a assumir um mandato popular no Brasil, trabalhando em defesa dos diretos da mulher catarinense.