Marco Feliciano e Jair Bolsonaro podem ser cassados



Wadih Damous ingressa com processo na próxima semana
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) concluiu a denúncia contra Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) por campanha de ódio. A entidade quer que a Corregedoria da Câmara puna os dois por quebra de decoro parlamentar em virtude de divulgação de vídeos considerados difamatórios, o que poderia resultar na cassação de seus mandatos.

Liderando um grupo de mais de vinte entidades ligadas aos direitos humanos, a OAB enviará, na próxima semana, representação ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, contra Feliciano e Bolsonaro. A entidade quer que a Corregedoria da Câmara os processe por quebra de decoro parlamentar em virtude de divulgação de vídeos considerados difamatórios.

Em um dos vídeos, Bolsonaro teria editado a fala de um professor do Distrito Federal em audiências na Câmara para acusá-lo de pedofilia e utiliza imagens de deputados a favor da causa homossexual para dizer que eles são contrários à família.

Para o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, essas campanhas de ódio representam o rebaixamento da política brasileira. “Pensar que tais absurdos partem de representantes do Estado, das Estruturas do Congresso Nacional, é algo inimaginável e não podemos ficar omissos. Direitos Humanos não se loteia e não se barganha”, disse. Indignado com os relatos feitos por parlamentares e defensores dos direitos humanos durante reunião na sede da entidade, Damous garantiu que “a Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB será protagonista no enfrentamento a esse tipo de atentado à dignidade humana”.

Na reunião com a CNDH da entidade dos advogados estiveram presentes, além dos deputados acusados na campanha difamatória, representantes da secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, do Conselho Federal de Psicologia, e ativistas dos movimentos indígena, de mulheres, da população negra, do povo de terreiro e LGBT.


Via Correio do Brasil

Vaticano teria pedido ao Brasil mais 40 milhões pela visita do Papa




O Papa Francisco deve vir ao Brasil para o evento Jornada
Mundial da Juventude que ocorrerá entre os dias 22 e 29 de julho e
as despesas, a princípio, poderia atingir  o teto de R$ 40 milhões
O Vaticano poderia ter aplicado ao Brasil para trabalhar com cerca de 39 milhões para cobrir um déficit no orçamento para a visita do Papa Francisco para o Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude de 22 a 29 de julho.


De acordo com a imprensa brasileira disse que o Vaticano tem sido estimado que leva mais de 66 milhões. Mas as autoridades brasileiras disseram que não pode fornecer os 39 milhões que perguntar, como eles dizem, e têm colaborado com mais de 60 milhões de dólares de dinheiro público para um evento orçado em 150 milhões.


Para o Dia Mundial da Juventude deverá atingir cerca de dois milhões de pessoas para a cidade, cuja entrada no evento será financiado em 70%, de acordo com o jornal O Globo no Brasil. Até o momento indicam que funcionários do governo agora só pode esperar por menos da metade da estimativa original, e que até agora houve apenas 320 mil fiéis.


Refira-se que no mês passado o Brasil foi palco de protestos maciços pelo gasto público elevado na organização de eventos esportivos como a Copa do Mundo em 2014, mas negou que a organização da visita do Papa Francisco faziam parte dessas manifestações.

O Texto original está em espanhol com o título Vaticano pide a Brasil 40 millones más para la visita papal. Para facilitar a leitura aos internautas e leitores assíduos do nosso blog INFORMAÇÕES EM FOCO fizemos a tradução para o português.

Tenha acesso ao texto original em espanhol via Almoço das Horas/Contra Ingerência

Documentos deixam ver participação de FHC, Editora Abril e Gilmar Mendes no ‘valerioduto tucano’



Ao lado de Gilmar Mendes, ex-presidente FHC constam de
documentação anexada a processo contra Marcos Valério
Documentos reveladores e inéditos sobre a contabilidade do chamado ‘valerioduto tucano‘, que ocorreu durante a campanha de reeleição do então governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, constam de matéria assinada pelo jornalista Leandro Fortes, na edição dessa semana da revista Carta Capital. A reportagem mostra que receberam volumosas quantias do esquema, supostamente ilegal, personalidades do mundo político e do judiciário, além de empresas de comunicação, como a Editora Abril, que edita a revista Veja.

Estão na lista o ministro Gilmar Mendes, do STF, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os ex-senadores Artur Virgílio (PSDB-AM), Jorge Bornhausen (DEM-SC), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Antero Paes de Barros (PSDB-MT), os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e José Agripino Maia (DEM-RN), o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e os ex-governadores Joaquim Roriz (PMDB) e José Roberto Arruda (ex-DEM), ambos do Distrito Federal, entre outros. Também aparecem figuras de ponta do processo de privatização dos anos FHC, como Elena Landau, Luiz Carlos Mendonça de Barros e José Pimenta da Veiga.

Os documentos, com declarações, planilhas de pagamento e recibos comprobatórios, foram entregues na véspera à Superintendência da Polícia Federal, em Minas Gerais. Estão todos com assinatura reconhecida em cartório do empresário Marcos Valério de Souza – que anos mais tarde apareceria como operador de esquema parecido envolvendo o PT, o suposto “mensalão”, que começa a ser julgado pelo STF no próximo dia 2. A papelada chegou às mãos da PF através do criminalista Dino Miraglia Filho – advogado da família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, que seria ligada ao esquema e foi assassinada em um flat de Belo Horizonte em agosto de 2000.

Segundo a revista, Fernando Henrique Cardoso, em parceria com o filho Paulo Henrique Cardoso, teria recebido R$ 573 mil do esquema. A editora Abril, quase R$ 50 mil e Gilmar Mendes, R$ 185 mil.


Matéria editada em julho de 2012 no Correio do Brasil (vale reprise).

Depois da insônia das ruas, a tramoia da direita e do capital



Depois da insônia das ruas, a tramoia da direita e do
capital
Os véus foram removidos; as máscaras que cobriam as reais intenções da mídia e da direita foram sacadas, e o jogo conspirativo finalmente está desnudo. Para a direita, as manifestações multitudinárias que deixaram as ruas brasileiras insones durante o mês de junho já cumpriram seu papel. Doravante, as ruas não precisam e, sobretudo, não devem ser ouvidas, porque atingiram o objetivo de “derreter Dilma”.

A Presidenta havia captado o essencial dos acontecimentos: a necessidade de reformar a política. O atual sistema político, concebido no contexto da transição conservadora da ditadura cívico-militar para a democracia liberal-burguesa, foi pactuado há 25 anos entre as distintas frações da classe dominante na Constituição de 1988 para blindar o país do “risco” de transformações democrático-populares radicais. 

Dilma anunciou a proposta de decidir por plebiscito se a reforma seria realizada por uma Assembléia Nacional Constituinte [ANC] específica. Menos de 24 horas depois, por razões não esclarecidas, recuou. O plebiscito passaria a ser, então, para definir o conteúdo da reforma a ser elaborada pelo Congresso que, sabe-se, é eleito pelo poder econômico e tem compromisso com a manutenção do sistema, não com sua mudança.

O combate à proposta de instalação de uma ANC não partiu somente da oposição [PSDB, DEM, PPS, Ministros do STF e mídia], mas sofreu forte contrariedade do próprio Vice-Presidente da República Michel Temer, do PMDB.

Derrotada a tese da ANC, em seguida veio o combate ao plebiscito por todos os lados. O Ministro tucano no STF Gilmar Mendes considerou a proposta “temerária” e “de difícil exequibilidade” - o TSE confirmou a militância pela tese dele. Merval Pereira, do jornal O Globo, chama de “tentativa de golpe antidemocrático” que faz do país “um arremedo de república bolivariana”. Michel Temer, após oficializar a entrega da proposta aos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, nas entrelinhas de sua declaração, é como se dissesse: “todo o Poder ao Henrique Alves e ao Renan Calheiros!”. Leia-se: são oceânicas as chances do plebiscito desandar como maionese.

Para o governo, essa conjuntura se complica ainda mais pela variante econômica. As dificuldades políticas se cruzam com as complicações da economia brasileira derivadas da crise mundial. Depois dos tsunamis das ruas, são as placas tectônicas do capital que entram em frenesi.

A conexão entre as dificuldades econômicas e os impasses políticos está feita. Com sutileza, veículos de comunicação passaram a publicar pesquisas de opinião que instrumentam a narrativa para debilitar Dilma também na gestão da economia. O capital financeiro internacional é o novo ator que sai do subterrâneo para se juntar abertamente à farra conspirativa promovida pela direita e seus monopólios midiáticos.

A essas alturas, no debate agendado pela mídia, o que menos conta é racionalidade e honestidade política e histórica. Não importa invocar a maior resiliência do Brasil ante uma das piores crises do capitalismo; como também não faz diferença lembrar os colapsos do Brasil na era neoliberal de FHC em crises infinitamente menos graves.

A evolução complicada da conjuntura poderá ser destrutiva. Há uma grave urgência política no ar. A disputa real que se trava nesse momento é pelo destino da sétima economia mundial e pelo direcionamento de suas fantásticas riquezas para a orgia financeira neoliberal. Os atores da direita estão bem posicionados institucionalmente e politicamente. Ao apelarem pela preservação do establishment e do status quo da classe dominante, conseguem selar alianças com setores da coalizão de governo do PT.

A possibilidade de reversão das tendências está nas ruas, se soubermos canalizar sua enorme energia mobilizadora. Por que não instalar em todas as cidades do país aulas públicas, espaços de deliberação pública e de participação direta para construir com o povo propostas sobre a realidade nacional, o plebiscito, o sistema político, a taxação das grandes fortunas e do capital, a progressividade tributária, a pluralidade dos meios de comunicação, aborto, união homoafetiva, sustentabilidade social, ambiental e cultural, reforma urbana, reforma republicana do Estado e tantas outras demandas históricas do povo brasileiro, para assim apoiar e influir nas políticas do governo Dilma?

O PT e o conjunto da esquerda partidária e social do Brasil devem se esforçar para construir uma plataforma comum capaz de animar vigorosas mobilizações de rua em defesa das mudanças em andamento, mas especialmente na exigência das transformações democrático-populares represadas pelo enredamento em alianças pragmáticas.

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Via Carta Maior

“Golpe comunista 2014 no Brasil” tem quase 50 mil confirmados



Criada para satirizar o temor de determinados setores conservadores da sociedade, segundo os quais o Brasil estaria à beira de uma ditadura comunista, o evento “Golpe Comunista 2014 no Brasil” passou hoje de 48 mil pessoas com “presença confirmada” no Facebook.

Em meio a uma série de reclamações sem nexo contra a vinda dos médicos cubanos ao Brasil, a internet mais uma vez mostra ser o caminho mais eficaz contra as posições alarmistas e conservadoras de parte da grande imprensa.

O evento foi criado pela página Golpe Comunista 2014. Desde sua criação, a página do evento vem abrigando dezenas de enquetes bem-humoradas de seus participantes confirmados, tais como:

Capa de iPhone com o Che Guevara, comprar ou não comprar?
A) Claro! Dá pra xingar muito no Twitter com estilo!;
B) Lógico! Hay que revolucionar pero sin perder la fofura;
C) Não, prefiro uma com a foto do Kim Jong Un

Que traje usar no golpe?
A) Todo mundo nu!!
B) Uniforme da FFLCH
C) Se for homem, ir de saia

Depois dos médicos, o que mais iremos importar de Cuba?
A) Mecânicos de carro vintage
B) O cirurgião plástico do Zé Dirceu
C) Blogueiros

Qual será o nome da moeda após a libertação?
A) Dilmas
B) Moeda é coisa de burguês! Viva o escambo!
C) Companheiros

O que faremos se 100 mil pessoas confirmarem presença?
A) Faremos um LENINGRADO shake. Harlem é um bairro estadunidense e imperialista.
B) Faremos um Harlem Shake.
C) Vamos dar as mãos. 1, 2, 3! Quem errar o passo, perde a vez

O que faremos com o Facebook?
A) Mudar a opção “curtir” para “apoiado camarada”
B) Mudar o nome para “Rede Social… ista”
C) Mudar o fundo para vermelho

Confira aqui a página do evento.


Via Pragmatismo Político

Política Partidária venceu as ruas



Já era previsível que, entregue ao comando de Michel Temer e José Eduardo Cardozo, a proposta de plebiscito para Reforma Política fosse derrotada.

Travar uma batalha com dois “generais” não apenas temerosos como, no fundo, aliados do adversário não pode, nunca, resultar em vitória.

A presidenta Dilma Rousseff, desde o primeiro momento, tendeu a seguir a inspiração democrática de seu pensamento. Jamais tratou como “inimigas” as manifestações de rua.  Ao contrário, não apenas as entendeu  expressão democrática da população como, também, enxergou-as como um potencial motor das transformações de que o país precisa.
Dilma quis, com o plebiscito da Reforma Política, tentar sanear o pântano da politicagem e do corporativismo dos políticos e dos partidos, no qual sente seu governo e o próprio projeto de desenvolvimento com justiça social do país, atolar-se.

Não há hoje, no Brasil, dois maiores freios ao progresso econômico e à distribuição equitativa da renda do que a chamada “classe política” e a mídia. A primeira cobra, pelo seu indispensável apoio parlamentar e eleitoral, o preço de um fisiologismo imobilizante.  Exige do governo nacos da administração, no que não haveria problemas se esta ocupação fosse solidária no projeto do Brasil que emergiu das urnas.  Mas não é: trata-se da pior tradição das oligarquias políticas brasileira, a de adonarem-se dos cargos como “propriedades privadas”, convenientes à sua engorda político-eleitoral, e , algumas vezes, patrimonial.

A mídia, por sua vez, não consegue entender qualquer tipo de governante que não seja dócil ao modelo colonial de nossa economia; que não zele, prioritariamente, pela drenagem da riqueza nacional e dos frutos do trabalho do povo brasileiro. Não conseguem conceber senão uma nação inviável nos tempos modernos, irremediavelmente dividida entre uma elite esnobe e perdulária e uma massa popular desprovida de tudo, desde que essa esteja distante dos seus olhos.

O plebiscito proposto pela presidenta Dilma Rousseff caiu diante dessas forças, com o auxílio institucional de parte “nobreza” administrativa para qual tudo que se refere ao povo não é prioridade nem justifica esforço ou abandono de privilégios .

Claro que isso não exime o governo e a própria Presidenta da República dos erros políticos na condução dessa proposta.

Não basta ter ideias generosas, é preciso ter a forma adequada e disposição indispensável para implementá-las.

Se a presidente formulou e decidiu praticamente só por este apelo à cidadania para transformar as instituições políticas, não poderia, ainda que também só, deixar de se dirigir ao povo brasileiro, de forma direta e clara. A população, na sua sabedoria inata, sentiu que o plebiscito era sua chance de reformar a política nesse país. Tanto é assim que, mesmo sem o esclarecimento das lideranças, nas quais confia e às quais apoia, que emprestou o apoio de quase 70% à tese plebiscitária.

Se houvesse a comunicação direta entre a presidenta e essa população sequiosa por mudanças, políticos e mídia não teriam chance de retalhá-la e, finalmente, destrui-la.

Reforma Política, se vier, agora será aquilo que já se previu aqui. Um nada e um nunca.
Essa derrota não é o fim do governo Dilma, nem de sua reeleição e muito menos do projeto político de transformação desse país.

Mas é o epílogo inglório da ideia de que podemos mudar o Brasil apoiados numa geleia amorfa de sustentação política, num saco de gatos (e ratos) onde nada pode prosperar sem ser mutilado, emasculado e moído em uma máquina de preservar privilégios e atraso político.

Lula, há alguns anos, percebeu que precisava, sem lançar fora as suas composições conservadoras, dar prioridade a sua comunicação direta com o povo brasileiro, e nele sente e entende  a corporificação dos seus anseios e direitos. Falem o que falarem os teóricos petistas, é assim que os povos transformam os líderes em suas lanças, como fizeram os brasileiros, 60 anos atrás, com Getúlio Vargas.

E não há, em nossa história, nenhum líder que tão próximo tenha chegado da figura getuliana do que Luís Inácio Lula da Silva.

Dilma, enfraquecida, não terá – se desejar ser o que sempre foi e continuar a ser presidenta do Brasil – outra alternativa se não a de buscar o diálogo pessoal com o povo brasileiro. As estruturas políticas de articulação do seu governo estão anuladas ou, pior, apodrecidas. Precisa, indispensavelmente, mudar o seu ministério e a sua comunicação. Sem demérito pessoal para quem quer que seja, pontos vitais de sua administração estão ocupados por pessoas que não apenas perderam a combatividade como, diversas delas, se entregaram ideologicamente à elite conservadora brasileira.

O povo deste país vive uma intensa decepção. Assim como entendeu que o plebiscito era o seu caminho, sabe também instintivamente que esta porta lhe foi fechada, praticamente sem resistência daquela que a abriu.

A força do povo porém, para o desespero da direita, é como rio que, quando lhes fecham os canais, se acumula, e leva , se avoluma para, cedo ou tarde, transbordar ruidosamente, como fez no mês passado.

Quem tem a ilusão de que possa ser diferente, deveria lembrar-se que já agora escapou com a água pelo pescoço.

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Via Tijolaço

Em Fortaleza e no Rio, manifestantes protestam contra a Globo e o monopólio da mídia






Um grupo de pessoas do Centro de Estudos de Mídia Barão do Itararé, no Rio, se reuniu e conseguiu realizar uma manifestação para protestar diante da TV Globo, na rua Lopes Quintas, Jardim Botânico, por causa da sonegação fiscal de milhões de reais na compra dos direitos da Copa de 2002 e pela proposta de lei de iniciativa popular de democratização da mídia. Como já era de se esperar o evento foi vigiado de perto por seguranças/policiais não identificados, mas não foi divulgado.

“Foi uma manifestação pacífica, mas com muito sangue nas veias! Não quebramos nada, mas xingamos. Ah, como xingamos! Imagine mil pessoas na porta da Globo mandando o Merval e Jabor pra aquele lugar. Imagine mil pessoas ouvindo discursos sobre o mensalão que a Globo levou dos Estados Unidos para apoiar o golpe de 64. Imagina mil pessoas exigindo que o Ministério Público investigue a sonegação bilionária da Vênus Platinada”, era o que ecoava entre os que protestavam.
Evento diante da TV Verdes Mares, afiliada da Globo em
Fortaleza. Foto divulgada por Daniel Pearl Bezerra

O microfone era aberto. Qualquer um que se inscrevia, podia falar, caracterizando o caráter genuinamente democrático da manifestação. Diferente de algumas recentes onde só diretores de Ongs tem voz…

Importante: foi uma manifestação com foco. Uma coisa é reunir 20 mil pessoas numa manifestação esquizofrênica, com um grupo pedindo a volta da ditadura, outro pedindo o anarquismo, outro espancando militantes partidários, outro pedindo socialismo, outro pedindo “bolsa Louis Vitton”. Não. Eram mil pessoas com um foco: protestar contra a Globo, contra o monopólio da mídia.
O refrão mais cantado foi o mesmo que esteve presente nas grandes manifestações, mas que a grande mídia, naturalmente, escondeu:
“A verdade é dura! A Globo apoiou a ditadura!”
Claudia de Abreu, coordenadora da Frente Ampla pela Liberdade de Expressão (Fale-Rio), um dos movimentos sociais que lideram os debates sobre democratização da mídia no estado do Rio, fez belíssimos discursos, sempre pontuando que não estávamos ali para uma catarse emocional, mas preparando ações concretas para acabar com o monopólio da grande mídia.
Miguel do Rosário, do O Cafezinho, arguiu que a ficha criminal da Globo vai muito além dessas estrepulias em paraísos fiscais. “A Globo cometeu crimes históricos contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobrás. Fez parte do golpe que levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente, com dinheiro estrangeiro de um lado, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nossa democracia. Essas coisas têm de ser ensinadas no colégio, para que nossas crianças, adolescentes e jovens parem de sofrer lavagem cerebral dos platinados”, completou.
Quantos milhões de brasileiros não deixaram de se alimentar porque a Globo patrocinou e sustentou um golpe de Estado que interrompeu o processo de modernização democrática que apenas se iniciava com João Goulart?
Quantos milhões de brasileiros foram humilhados pela miséria, pela fome, pela falta de escolas, hospitais e emprego, para que a família Marinho se tornasse uma das mais ricas do mundo!
O ministro Paulo Bernando também foi alvo dos manifestantes. Todos muito indignados com a gestão reacionária, entreguista e covarde do Ministério das Comunicações. Sua recente entrevista a Veja, tentando dar uma facada nas costas dos movimentos que defendem a democratização da mídia, foi a gota d’água. A incompetência da ministra Helena Chagas que não propõe à presidenta a abertura de uma mísera conta de twitter, deixando a direita midiática pautar a agenda política nacional, também foi muito questionada pelos manifestantes.
O momento alto do evento foi quando centenas de pessoas levaram uma fita listrada e “lacraram” a Rede Globo, numa alusão ao que a Polícia Federal costuma fazer com as pequenas rádios comunitárias acusadas de alguma mísera irregularidade burocrática. A Globo pode dever bilhões, pode fraudar, e ninguém faz nada. Os manifestantes fizeram simbolicamente. Lacraram a TV Globo.
A quantidade de policiais era impressionante. Havia mais PM na porta da Rede Globo do que protegendo a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro naquela manifestação que terminou em depredação da Alerj. Mais do que em frente à sede do governo. A gente conversou com o major, explicamos o programa da nossa manifestação e nos comprometemos a não deixar nenhum “infiltrado” cometer atos de violência. Mas fizemos questão de pontuar, ao microfone, que o pior vandalismo no Brasil vem das Organizações Globo. Um vandalismo informativo, moral e político. Alguns garotos irresponsáveis quebraram alguns vidros da Alerj. Depredaram uma ou duas cadeiras. A Globo, ao apoiar o golpe de 64, ajudou a destruir os alicerces de todas as assembléias legislativas do país, inclusive da principal, em Brasília.
Houve muitas cantorias. Uma das mais fortes, mais emocionantes, foi “Amanhã vem mais! Amanhã vem mais! Amanhã vem mais!”, que deve ter feito os platinados tremerem com a possibilidade de trazermos dezenas ou mesmo centenas de milhares de pessoas para protestar à sua porta, e à porta de todas as suas filiadas Brasil à fora.
Foram distribuídas quase quinhentos exemplares da revista Retrato do Brasil, do jornalista Raimundo Pereira, que denuncia, com fartura de documentos, a farsa do mensalão, outro golpe patrocinado pela Globo. Vale lembrar que a Globo, aliada a forças obscuras, tem procurado manipular o sentido dos protestos para pressionar o Supremo Tribunal Federal a agir ao arrepio da Constituição. A Globo, além de sonegadora, é adepta de linchamentos – de seus adversários, é claro.
Os manifestantes saíram satisfeitos com o resultado do ato. O deputado Protógenes Queiroz deu as caras e se dispôs a criar uma CPI da Globo e os presentes afirmaram que dariam apoio, mas que, dessa vez, tinha que ser pra valer. Não adianta só colher assinaturas. Tem de ser efetivamente criada e conduzida com coragem, não por nenhum “Odarelo”.
Mais importante que tudo, porém, é que foi produzido um ato político que por si só pode ajudar a conscientizar as pessoas de que a concentração da mídia, do jeito que existe no Brasil, representa um perigo à estabilidade democrática. Porque a mídia é golpista, reacionária e anti-trabalhista, de um lado; e detêm um poder financeiro monstruoso, de outro. A concentração apavorante da mídia brasileira em mãos de meia dúzia de herdeiros da ditadura é uma anomalia que os amantes da democracia devem combater com todas as suas forças.
A presidenta Dilma tem de entender que, se não combater a mídia golpista, não vai conseguir fazer o Brasil avançar. A mídia já está patrocinando greves patronais de caminhoneiros, possivelmente está em conluio com alguns industriais para sabotar a economia, tenta manipular o sentido das manifestações, tudo para trazer a direita de volta ao poder em 2014. O plebiscito proposto pela presidenta, por exemplo, pode vir a se tornar um tiro no pé sem uma nova e mais ousada estratégia de comunicação, e sem um contraponto decente à Globo. A Vênus Platinada, que é a líder do principal partido conservador, quer enterrar o plebiscito, para desmoralizar o governo. Ou então levá-lo adiante, mas dominar o debate, fazendo aprovar seus itens mais nocivos ao povo, como o voto distrital.
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Democratização da Mídia: Movimentos de comunicação marcam ato na sede da Rede Globo

Via Viomundo/O Cafezinho com adaptações