Vereadores de Altaneira realizarão Sessão Extraordinária para debater ações movidas pelo SINSEMA


PLENÁRIO MUNICIPAL - FOTO DE ARQUIVO



O poder Legislativo de Altaneira realizará logo mais à tarde (26) uma reunião de caráter extraordinário visando discutir ações Trabalhistas ajuizadas pelo SINSEMA - Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira em desfavor deste município com o propósito de anula o Regime Jurídico Único (Lei Municipal) para que os servidores tenham direito a FGTS.

A princípio, a reunião estava marcada para a segunda – feira passada, 19, mas foi cancelada. A reunião de hoje está marcada para as 17h:30min no plenário da casa e contará com a presença de vários servidores, de advogados da entidade sindical e do poder executivo.

Entenda o caso

O Sindicato dos Servidores Municipais de Altaneira – SINSEMA moveu ação judicial objetivando anular o Estatuto dos Servidores com a pretensão de garantir aos mesmos o recebimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.

Segundo informações a maioria das ações visa anular a Lei que instituiu o Estatuto dos servidores sancionada na gestão do ex-prefeito João Ivan Alcântara.  Ressalte-se ainda que  os advogados representantes do SINSEMA alegam que em virtude da não publicação da Lei em Diário Oficial a mesma não tem validade, dessa forma os servidores seriam regidos pelo regime celetista com direito aos depósitos do FGTS. Faz parte dos objetivos desta entidade cobrar ainda diferença salarial de servidores que trabalham com jornada reduzida e pretendem receber um salário mínimo retroativo aos últimos cinco anos.

Esse fato causou grande alvoroço nos munícipes e gerou grande discussão nas redes sociais, além de ter sido alvo de entrevista na Rádio Comunitária Altaneira Fm com a Presidente do sindicato, Maria Lúcia de Lucena e, o prefeito reeleito, Delvamberto Soares (PSB).  O fato desembocou ainda no plenário da Câmara onde o vereador Flavio Correia (PCdoB) teve requerimento aprovado no último dia 06. Pela redação do mesmo haveria uma sessão extraordinária onde seriam discutidas essas ações. A reunião iria acontecer na próxima segunda – feira, 19.

Toda via houve o cancelamento da reunião. Segundo um dos representantes da entidade, o professor José Evantuil em comentários na rede social facebook, o motivo se deu em virtude do processo eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil. Ele frisou que “o dr. Orlando é presidente de sessão e não pode comparecer...” completou dizendo que o dr. “havia esquecido da data... “ e que  “possivelmente o dr Bruno Villar venha, na segunda, ou dr Orlando dará esclarecimentos na sessão da terça-feira..”.

Essa justificativa não foi bem vista pelo Dr. Raimundo Soares Filho que também via rede social afirmou: “muito estranha a informação do Prof. Jose Evantuil, pois a eleição da OAB está marcada há mais de três meses e foram os colegas que escolheram a data, pois esta seria a única disponível, agora já podem comparecer na terça-feira, para prestar esclarecimento e não debater. A categoria carece de um debate, com confronto de ideias, não apenas daquele velho discurso ensaiado.”


Lygia Fagundes Telles: “Ele me estendeu a mão”


LYGIA FAGUNDES TELLES - ESCRITORA


Lygia Fagundes Telles, amiga de Carlos Drummond de Andrade, conta mais sobre quem foi o escritor. “Drummond é uma lição de vida, através de seus versos ele ensina. É como uma luz que se acende. Quando eu o conheci não era tão famoso assim. Ele foi muito importante na minha vida, mas não era tão famoso assim”.

A escritora revela ainda que teve apoio de Drummond no começo de sua carreira. “Ele percebeu que eu era uma jovem sozinha, sem dinheiro, com ambições, escrevendo, e ele então foi afetuoso, foi ouvinte. Ele fez a terapia que eu jamais teria dinheiro para pagar. Ele me aceitou, me estendeu a mão”.

Onde está o Carlos Drummond de Andrade? Leia a lista dos mais vendidos! “Infelizmente a coisa não vai bem, continua não indo bem”, questiona a escritora sobre o que vem sendo produzido nos últimos anos.

Confira imagens do documentário ‘A Partilha da Poesia’, de 2002, que conta com a participação do próprio Drummond, e tem poemas narrados por ele. O filme também tem depoimentos de Lygia Fagundes Telles. Na época, a escritora lamentava a situação dos escritores brasileiros, pela falta de leitores.


Créditos: Portal Vermelho


Enquanto muitos jornalistas alimentam a alienação das massas, Raquel Sherazade exerce seu papel de cidadã


RAQUEL SHERAZADE (APRESENTADORA DO JORNAL DO SBT)


A jornalista e apresentadora do Jornal do SBT teceu duras críticas ao carnaval e as falsas verdades que se constroem em cima dessa festa feita para a classe dominante. 

O carnaval é uma festa popular? Balela, afirma Raquel. “carnaval só dá lucro para donos de cervejaria, para proprietário de trio elétrico e para uns poucos artistas baianos”, disse. “No mais, é só prejuízo”, frisou ela.

Raquel ostenta o real sentido de um bom jornalismo, isto é, um jornalismo que assume seu papel ao apresentar uma nova versão dos fatos, ao não pregar uma falsa isenção em nome da hipocrisia e da defesa dos interesses das classes dominantes e, ou, dos políticos partidários corruptos.

Confira o vídeo em que Raquel Sherazade desconstrói alguns mitos sobre o carnaval:












Créditos do vídeos: You Tube

Prefeito reeleito de Altaneira deve fazer renovações no secretariado para o mandato 2013/2016


DELVAMBERTO NO PLENÁRIO DA CÂMARA
FOTO DE ARQUIVO



O prefeito reeleito de Altaneira Delvamberto Soares (PSB) deverá fazer renovações no quadro de secretariado para o próximo mandado que se inicia a partir de janeiro de 2013.

Até agora, nenhum nome foi anunciado para compor a nova equipe. O que se sabe é que mudanças ocorrerão, pois a Secretária de Educação Tereza Leite já deixou claro em reunião com sua equipe ocorrida na última quarta – feira (21) que não pretende continuar a frente da pasta nesse novo mandato.  Segundo informações populares e de pessoas ligadas à administração, o Professor Paulo Robson era um dos nomes para assumir a secretaria.

De acordo com informações colhidas em várias fontes, também não permanecerão no comando das pastas da Assistência Social e Saúde, Silvia Bantin e Dariomar Soares, respectivamente.  O motivo da não permanência de ambos não foi esclarecido ainda, mas pode-se supor que esse fato pode estar ligado a acomodação da base aliada, no primeiro caso, e uma futura candidatura a prefeito ou vice, no segundo.

O mesmo fato ocorre na Secretaria de Administração e Finanças, pois seu titular, Ariovaldo ainda não reassumiu o posto e não se sabe ao certo de retornará.  Cogitam-se nomes também para assumir essa secretaria e, a exemplo, dos casos mencionados acima, o intuito é o de  atender ou fazer acomodações da base aliada na câmara.

Apenas três secretários não demonstraram interesse em deixar as pastas, a saber: Albino Alves (Infraestrutura e Obras), Ceza Cristovão (Agricultura e Meio Ambiente) e Miriam Tolovi (Cultura, Esporte e Turismo).

É importante frisar que o prefeito reeleito ainda não se pronunciou sobre o assunto, talvez com o objetivo de evitar o costumeiro jogo de intrigas e pressões.



Altaneira encontra- se em estado de calamidade pública devido à seca


AÇUDE PAGEÚ EM ABRIL DESTE ANO ONDE O VOLUME DE ÁGUA ERA
CONFORTÁVEL - CRÉDITOS DA IMAGEM (BA)


O município de Altaneira, na região do cariri, se encontra em situação de emergência em virtude da seca, ocasionando escassez de água e prejudicando a prática da agricultura, principal atividade econômica.

A estiagem que atinge o município faz com que muitos moradores fiquem sem realizar as tarefas diárias que só podem ser efetivadas com a presença da água. A permanência da falta de chuva tem levado muitos agricultores a abandonar as práticas anuais, como queimar, preparar o lote de terra para plantar e colher. Isso acaba afetando diretamente a distribuição de água potável pela cagece nas residências, pois se a situação prolongar o nível do açude Pajeú, fonte dessa distribuição baixará consideravelmente. Os moradores já estão sentindo essas dificuldades há algumas semanas, pois estão passando até dois dias sem esse bem potável.

Além de Altaneira, mais de cem municípios encontram-se nessa situação. O fato fez com o Governador do Estado, Cid Gomes (PSB) decretasse estado de calamidade pública na terça – feira (20). O Ceará possui 184 municípios e desse número, 174 estão nessa situação emergencial.

Nunca é demais lembrar que os problemas dela ( seca) gerados são fundamentalmente uma das piores violências sofridas pela humanidade. Uma vez que só se resolve os diversos empecilhos da seca se a tratarmos como questão de vontade política. Essa afirmativa derruba facilmente aquelas mesmices de que o que caracteriza o nordeste é falta de água. Deve-se frisar que o nordeste é detentor do maior volume de água represado em regiões semi-áridas do mundo. São 37 bilhões de metro cúbicos, estocados em cerca de 70 mil represas. A água existe, todavia o que falta aos nordestinos é uma política coerente de distribuição desses volumes, para ao atendimento de suas necessidades básicas. Então, o que falta? Pense nisso.

Confira a lista dos 174 municípios em estado de calamidade pública:
1. ABAIARA
2. ACARAPE
3. ACARAU
4. ACOPIARA
5. AIUABA
6. ALCÂNTARAS
7. ALTANEIRA
8. ALTO SANTO
9. AMONTADA
10. ANTONINA DO NORTE
11. APUIARÉS
12. ARACATI
13. ARACOIABA
14. ARARENDÁ
15. ARARIPE
16. ARATUBA
17. ARNEIROZ
18. ASSARÉ
19. AURORA

20. BAIXIO
21. BANABUIÚ
22. BARREIRA
23. BARRO
24. BARROQUINHA
25. BATURITÉ
26. BEBERIBE
27. BELA CRUZ
28. BOA VIAGEM
29. BREJO SANTO
30. CAMOCIM
31. CAMPOS SALES
32. CANINDÉ
33. CAPISTRANO
34. CARIDADE
35. CARIRÉ
36. CARIRIAÇU
37. CARIÚS
38. CARNAUBAL
39. CASCAVEL
40. CATARINA
41. CATUNDA
42. CAUCAIA
43. CEDRO
44. CHAVAL
45. CHORÓ
46. CHOROZINHO
47. COREAÚ
48. CRATEÚS
49. CRATO
50. CROATÁ
51. CRUZ
52. DEP. IRAPUAN PINHEIRO
53. ERERÊ
54. FARIAS BRITO
55. FORQUILHA
56. FORTIM
57. FRECHEIRINHA
58. GENERAL SAMPAIO
59. GRAÇA
60. GRANJA
61. GRANJEIRO
62. GROAÍRAS
63. GUAIUBA
64. GUARACIABA DO NORTE
65. HIDROLÂNDIA
66. IBARETAMA
67. IBIAPINA
68. IBICUITINGA
69. ICAPUÍ
70. ICÓ
71. IGUATU
72. INDEPENDÊNCIA
73. IPAPORANGA
74. IPAUMIRIM
75. IPU
76. IPUEIRAS
77. IRACEMA
78. IRAUÇUBA
79. ITAIÇABA
80. ITAPAJÉ
81. ITAPIPOCA
82. ITAPIÚNA
83. ITAREMA
84. ITATIRA
85. JAGUARETAMA
86. JAGUARIBARA
87. JAGUARIBE
88. JAGUARUANA
89. JARDIM
90. JATI
91. JIJOCA DE JERICOACOARA
92. JUCÁS
93. LAVRAS DA MANGABEIRA
94. LIMOEIRO DO NORTE
95. MADALENA
96. MARACANAÚ
97. MARANGUAPE
98. MARCO
99. MARTINÓPOLE
100. MASSAPÊ
101. MAURITI
102. MERUOCA
103. MILAGRES
104. MILHÃ
105. MIRAÍMA
106. MISSÃO VELHA
107. MOMBAÇA
108. MONSENHOR TABOSA
109. MORADA NOVA
110. MORAUJO
111. MORRINHOS
112. MUCAMBO
113. MULUNGU
114. NOVA OLINDA
115. NOVA RUSSAS
116. NOVO ORIENTE
117. OCARA
118. ORÓS
119. PACAJUS
120. PACOTI
121. PACUJÁ
122. PALHANO
123. PALMÁCIA
124. PARACURU
125. PARAIPABA
126. PARAMBU
127. PARAMOTI
128. PEDRA BRANCA
129. PENAFORTE
130. PENTECOSTE
131. PEREIRO
132. PINDORETAMA
133. PORANGA
134. PIQUET CARNEIRO
135. PIRES FERREIRA
136. PORTEIRAS
137. POTENGI
138. POTIRETAMA
139. QUITERIANÓPOLIS
140. QUIXADÁ
141. QUIXELÔ
142. QUIXERAMOBIM
143. QUIXERÉ
144. REDENÇÃO
145. RERIUTABA
146. RUSSAS
147. SABOEIRO
148. SALITRE
149. SANTA QUITÉRIA
150. SANTANA DO ACARAÚ
151. SANTANA DO CARIRI
152. SÃO BENEDITO
153. SÃO GONÇALO DO AMARANTE
154. SÃO JOÃO DO JAGUARIBE
155. SÃO LUÍS DO CURU
156. SENADOR POMPEU
157. SENADOR SÁ
158. SOBRAL
159. SOLONÓPOLE
160. TABULEIRO DO NORTE
161. TAMBORIL
162. TARRAFAS
163. TAUÁ
164. TEJUÇUOCA
165. TIANGUÁ
166. TRAIRI
167. TURURU
168. UBAJARA
169. UMARI
170. UMIRIM
171. URUOCA
172. VARJOTA
173. VÁRZEA ALEGRE
174. VIÇOSA DO CEARÁ

Educação: parlamentares aprovam por unanimidade, quatro mensagens que vão de encontro às cobranças da categoria


CRÉDITOS DA IMAGEM (APEOC)


A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovou, nesta quarta-feira, vinte e um, a criação de 1.838 (hum mil, oitocentos e trinta e oito) vagas para docentes estaduais do ensino médio. Com isso, somadas às vagas já existentes, haverá concurso para 3 mil professores.

Ainda foram aprovadas mais três mensagens enviadas pelo governador Cid Gomes (PSB), a saber: uma delas regulamenta o uso de recursos do Fundeb para pagamento de profissionais do magistério no período de outubro de 2012 a setembro de 2013. Outra estende a Gratificação de Regência de Classe - conhecida como pós de giz - a professores que exercem função fora de sala de aula. A mesma medida eleva o valor da gratificação para profissionais com mestrado e doutorado.  Aprovou-se ainda a proposta que trata dos critérios de desempate na concessão do prêmio Escola Nota Dez.

Os parlamentares votaram igualmente de forma favorável à criação do prêmio Municípios Cearenses certificados com o Selo Unicef que se destacam na garantia dos direitos da infância e adolescência. 

Para o presidente do Sindicato APEOC, o Prof. Anízio Melo “o atendimento a estas reivindicações resultam das importantes conquistas realizadas durante a greve dos 63 dias em 2011".

Mais informações clique aqui

Movimento Negro: Altaneira pode ser um dos polos de atuação





Comece-se essa discussão com o poema de Jorge Posada:

" Um negro sempre será um negro,
Chame-se pardo, crioulo, preto, cafuzo,Mulato ou moreno-claro
Um negro sempre será um negro:
Na luta que assume pelo direito ao emprego
E contra a discriminação no trabalho
Um negro sempre será um negro:
Afirmando-se como ser humano
Na luta pela vida".

Tem-se aqui uma nítida concepção de que é preciso um senso crítico quanto ao tema enfoco. Faz-se necessário então a desconstrução do mito da igualdade racial.

O Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Os negros foram trazidos do continente africano para cá, escravizados e, não se contentando com isso, as elites político-econômicas da época, através de diversas práticas, cuja escravização inclui-se aqui como a mais clara, fizeram com que eles (os negros) passassem por um processo de ‘aculturação’, sendo obrigados a deixarem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando práticas europeias.

Nesse dia 20, dedicado à consciência negra, é importante frisar que o movimento negro tem por objetivo não deixar esmorecer e resgatar essa cultura afro- brasileira, rebatendo a rígida desigualdade e a segregação racial que insiste em permanecer sobre o povo negro. Ressalte-se ainda que ele (o movimento) é uma batalha travada contra o senso comum. Numa sociedade onde se assume que existe preconceito racial é contraditória a afirmação que não há discriminação e racismo pessoal.

Não é novidade que o racismo está presente no cotidiano. As questões aqui são: onde o racismo atrapalha, rouba, diminui, fere, interfere, omite, engana, diferencia a população negra que constitui toda uma nação de outra raça? Aí está a chave. Aí entra o movimento negro, numa armadura e resistência coletiva de uma raça presente e atuante.

Nunca é demais lembrar, já que ele insiste, apesar dos avanços que já foi efetivado, que o Estado é o personagem responsável em garantir a equidade, porém, se esta instituição age de forma ativamente contrária ou de forma omissa em seus serviços de policiamento, saúde pública, geração de renda e trabalho, educação, o que leva a discriminação racial, ainda nos dias de hoje, fazendo parte do seu sistema, então tem-se algo além de problemas sociais, o Estado passa a alimentar um retrocesso e constrói um apartheid.

No entanto, o país é composto de edifícios, a saber, as instituições de ensino, Ongs, empresas, templos religiosos e famílias. Porém, muitas dessas organização não estão desconstituídas de conceitos errôneo, uma vez que não romperam com seus dogmas racistas, não tendo em seus quadros representantes de diversas raças e etnias. Isso leva ao fato de que o racismo assume na sociedade atual tem efeito letal e em massa.

Diante desse cenário a movimento negro assume seu papel de destaque, não se baseando apenas em probabilidades e teorias, mas em fatos empíricos experimentados nas diversas ramificações dos negros na sociedade. As ações do movimento estão diretamente ligados às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial, mas também a xenofobia e intolerâncias correlatas.

No Brasil, as referências para essas lutas continuarem são muitas, como por exemplo, Zumbi, Revolta dos Malês, Chibata e tantas representações de luta e resistência do povo negro . Assim, O movimento negro é resultado de uma série de manifestações decorrentes de um processo histórico. Não se pode dizer onde ele nasce ou especificar algum lugar determinado, tal afirmação nos limita, nos tira de uma visão de alpinista para nos deitar num acolchoado particular. A amplitude do movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de inquietações individuais e coletivas.

Conclui-se que o movimento negro precisa expandir suas ações e desembocar em outras localidades. Altaneira, município situado no interior do Ceará e que compõe a região do cariri, pode ser um dos polos de concentração do Movimento Negro. Necessita apenas de organização da classe e partir para ações, implementando uma militância que trace um viés político, educacional, ideológico, cultural, religioso, gênero, artístico, entre outros, objetivando a total liberdade em todas áreas, buscando boa qualidade de vida, desmarginalização, educação, inserção social, melhor moradia e saúde para o povo negro.

O bestiário do poder e da ganância


Luiz Ruffato reúne em 20 contos, do século XIX aos nossos dias, um inventário literário da corrupção nacional

Um tema é onipresente em nosso noticiário político: a corrupção. Aliás, por aqui, quase que uma coisa é entendida como sinônimo da outra - estou falando, claro, da política e da corrupção. Em disputas eleitorais, como a que se viu há pouco, ainda que se fala em diferentes projetos de governo, de gestão público, o que anima candidatos e entusiastas é a troca de acusações. É encontrar aquele tropeção no rival, que desqualifica a ele mesmo, para além de qualquer qualidade de seu projeto de governança.

Nomes como Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis e João do Rio (em sentido horário) têm em algumas de suas obras referências ao tema corrupção

Entre os intérpretes clássicos do Brasil, a exemplo de Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Hollanda, há quem veja nesse problema uma cultura, de raízes remotas, que vem deste os tempos da colonização do território que viria a ser o Brasil pelos portugueses. É o tal do personalismo, que faz confundir o público e o privado, e que assume sua expressão mais nociva nas práticas da corrupção e do abuso do poder - sem que, ao criticá-las, tenhamos qualquer sombra do moralismo, comum nas disputas eleitorais.

Contrariando o adágio popular, o brasileiro discute sim religião (disfarçada, mas presente em temas espinhosos como o aborto e a pena de morte), o futebol e a política (sobretudo em seus momentos mais apimentados). Não é de se impressionar, portanto, que o lado sombrio de nossa cultura política tenha servido de musa inspiradora para artistas de diversas linguagens. Um povo que reclama tanto de seus políticos nem precisa da chamada arte engajada para problematiza seus jogos de poder. Faz isso em canções populares, que atingem multidões pelas rádios, em telenovelas, sucessos de nossa instável cinematografia e, claro, na literatura. Os artistas engajados, importante dizer, não são desnecessários. Contudo, o debate político não é uma exclusividade de suas obras, da forma como querem alguns.

A coletânea
Corrupção e poder têm a ver com o novo projeto do romancista mineiro Luiz Ruffato. Para a editora Língua Geral, ele havia organizado duas antologias de conto, "Entre nós" (2009), sobre homossexualidade; e "Questão de pele" (2009), sobre o preconceito racial. O terceiro volume desta coleção, a Língua Franca, tem por eixo temático justamente a incômoda tradição que é tema desta edição do Caderno 3. Como a corrupção é coisa ordinária, do dia a dia, o título do livro organizado por Ruffato não poderia ser mais preciso em sua crueza: "Sabe com quem está falando?". A frase, ao invés de ser tirada de um dos 20 contos compilados no livro, vem das ruas, é síntese que o saber popular encontrou para descrever uma realidade muito complexa, da corrupção do exercício do poder. A seleção é abrangente, vindo de fins do século XIX/princípios do século XX (com Machado de Assis e Artur de Azevedo) e chegando a contemporâneos (João Ubaldo Ribeiro, Sérgio Sant´Anna, Marçal Aquino).
"Cobrindo um lago período da história política, ´Sabe com quem está falando?´ propõe uma reflexão a respeito do exercício do poder e da prática da corrupção no Brasil, por meio de contos, às vezes trágicos, às vezes divertidos, recolhidos entre os melhores autores nacionais", apresenta o autor o projeto, no prefácio ("Quanto vale um homem"). No texto, além de apresentar, em poucas palavras, as histórias reunidas no volume, Ruffato faz um resumo de nossa história política - uma referência, senão indispensável, certamente enriquecedora à leitura dos contos.

João do Rio, famoso por suas crônicas que retrataram vivamente as ruas da então capital federal, o Rio de Janeiro, era famoso por sua pena afiada, crítica e irônica. É encharcado de ironia seu conto "O homem de cabeça de papelão", um dos destaques da coletânea. Nele, o escritor carioca cria uma fábula, que se pretende metáfora dos costumes de seu tempo - e, infelizmente, do nosso também. O protagonista é o jovem Antenor, uma aberração para o fictício País do Sol, onde transcorrem as ações. Mesmo sua mãe se horroriza com a excentricidade nata do filho. "Ele não tinha exigências, era honesto como a água, trabalhador, sincero, verdadeiro, cheio de ideias", descreve-o o narrador. Um ex-companheiro de trabalho é menos polido ao opinar sobre Antenor: "É doido. Tem a mania de fazer mais que os outros. Estraga a norma do serviço e acaba não sendo tolerado. Mau companheiro".

A ironia também se faz presente, em dose quase excessiva, na história escrita por Machado de Assis, "Teoria do Medalhão", publicada pela primeira vez em 1881. Nela, o escritor apresenta um diálogo entre um pai e um filho. O velho ensina a velhacaria política ao jovem de 21 anos, pronto para a vida adulta. O ensinamento é explícito quanto à rejeição ao pensamento crítico e à ironia. "As livrarias, ou por causa da atmosfera do lugar, ou por qualquer outra, razão que me escapa, não são propícias ao nosso fim; e, não obstante, há grande conveniência em entrar por elas, de quando em quando, não digo às ocultas, mas às escâncaras. Podes resolver a dificuldade de um modo simples: vai ali falar do boato do dia, da anedota da semana, de um contrabando, de uma calúnia, de um cometa, de qualquer coisa (...). Com este regime, durante oito, dez, 18 meses ¬- suponhamos dois anos -, reduzes o intelecto, por mais pródigo que seja, à sobriedade, à disciplina, ao equilíbrio comum", ensina o velho político.

História e estórias

A universalidade dos contos de João do Rio e de Machado de Assis contrasta com a radical historicidade de outros. O momento histórico mais retratado nos contos do livro é, sem dúvidas, a ditadura militar. Capítulo incontornável de uma história do abuso de poder no Brasil, serve de inspiração para uma série de histórias, de autores de gerações distintas. O golpe militar de 1964 é narrado por Marques Rebelo, com ironia machadiana, em "Acudiram três cavalheiros".

A ditadura é tema também de "Seminário dos ratos", de Lygia Fagundes Telles, que retrata de uma simbólica infestação de roedores que aflige um País. O conto é um retrato da burocracia e da relação parasitária do regime. "Almoço de confraternização", de Sergio Sant´Anna toca em questões ainda mais dolorosas do período: a repressão por meio da censura e da tortura. O conto de Marçal Aquino, "Na serra, fora dela", pode ser lido como uma história de sobrevivência dos métodos de fazer política daquele período, ainda hoje observados.

Sobrevivência, aliás, é uma boa palavra para pensar a coleção de contos reunidos por Luiz Ruffato. Se sobrevivem as práticas sujas no fazer político, também sobrevivem, como demonstram essas narrativas, a indignação, a crítica e a ironia, armas indispensáveis nessas recorrentes batalhas.

Trecho

Desde menino, a sua respeitável progenitora descobriu-lhe um defeito horrível: Antenor só dizia a verdade. Não a sua verdade, a verdade útil, mas a verdade verdadeira. Alarmada, a digna senhora pensou em tomar providências. Foi-lhe impossível. Antenor era diverso no modo de comer, na maneira de vestir, no jeito de andar, na expressão com que se dirigia aos outros. Enquanto usara calções, os amigos da família consideravam-no um enfant terrible, porque no País do Sol todos falavam francês com convicção, mesmo falando mal. Rapaz, entretanto, Antenor tornou-se alarmante. Entre outras coisas, Antenor pensava livremente por conta própria. Assim, a família via chegar Antenor como a própria revolução; os mestres indignavam-se porque ele aprendia ao contrario do que ensinavam; os amigos odiavam-no; os transeuntes, vendo-o passar, sorriam.

Uma só coisa descobriu a mãe de Antenor para não ser forçada a mandá-lo embora: Antenor nada do que fazia, fazia por mal. Ao contrário. Era escandalosamente, incompreensivelmente bom. Aliás, só para ela, para os olhos maternos. Porque quando Antenor resolveu arranjar trabalho para os mendigos e corria a bengala os parasitas na rua, ficou provado que Antenor era apenas doido furioso. Não só para as vítimas da sua bondade como para a esclarecida inteligência dos delegados de polícia a quem teve de explicar a sua caridade.

"O homem de cabeça de papelão", de João do Rio

LIVRO
Sabe com quem está falando? Contos sobre corrupção e poder
Luiz Ruffato (org.)
Língua Geral
2012, 376 páginas
R$ 39,50
DELLANO RIOS
EDITOR


Crédtos: Diário do Nordeste