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Lula tem 63%, Bolsonaro, 18% e Ciro 10% no estado — Foto: Reprodução |
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Lula tem 63%, Bolsonaro, 18% e Ciro 10% no estado — Foto: Reprodução |
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(FOTO | Reprodução | SBT | O Globo). |
Por Nicolau Neto, editor
O
debate pool realizado ontem, 24 de setembro, pelo SBT em parceria com CNN Brasil,
Terra, O Estadão, Veja e Nova Brasil FM foi o pior das últimas eleições. Vimos
uma verdadeira extensão do Bolsonaro (PL) no candidato Padre Kelmon (PTB). Este
último que substitui Roberto Jefferson que foi impedido de continuar candidato
pela lei da Ficha Limpa, usou o espaço concedido para defender o atual
presidente ao invés de justificar sua candidatura. Preferiu usar de falácias
como a de que o atual mandatário aumentou o poder de compra do brasileiro.
Preferiu usar de subterfúgios ardilosos como a de que basta força de vontade
para conseguir emprego e entrar nas universidades quando questionado sobre a
lei de cotas. Disse ainda uma das maiores mentiras a de que falar de cotas é
propagar ódio e dividir a sociedade. Ora, Kelmon, não se divide o que já é
dividido.
Quanto
ao atual presidente. Nada a acrescentar além do que todos e todas já sabem. Diz
o que não fez. Diz que não há corrupção em seu governo, mas não é bem assim.
Dúvidas? Busca no Google sobre os ministérios da educação, da saúde e do meio
ambiente, por exemplo, nesse último anos, que logo desaparecerá essa
invencionisse do presidente. Além do próprio Orçamento Secreto.
Soraya
Thronicke (União), infelizmente não tem muito o que falar. Foi linha auxiliar
do Bolsonarismo em 2018. E parece que ela só apareceu no Brasil em 18. Antes
disso ela devia está morando em outro país. Só isso para justificar suas falas
desconexas da realidade antes desse período.
Simone
Tebet (MDB) tem um discurso muito bem elaborado. Mas sua biografia de parlamentar,
com exceção da participação na CPI da Covid-19, a denuncia. Votou a favor da
grande maioria das pautas conservadoras trazidas por Bolsonaro, além de ter
votado pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Ciro
(PDT) é em todos os debates uma verdadeira enciclopédia. Muito preparado.
Conhecedor da realidade brasileira como poucos. Mas, o caminho que escolheu
nessa campanha o coloca como linha auxiliar do Bolsonaro. Os discursos do Ciro
funcionam mais para agregar voto em Bolsonaro do que para ele próprio. O pdtista
está caminhando por um beco diferente do que o Brizola, uma das mais
importantes lideranças trabalhistas que o Brasil já teve, caminharia. Ciro usa
os mesmo argumentos e as mesmas táticas que Bolsonaro usou em 18. Sairá,
insisto, mais pequeno politicamente do que nas últimas edições que participou.
Falta grandeza histórica para compreender o momento drástico que o país passa.
Felipe
D’Avila (Novo) é uma caricatura piorada do típico representante da elite. Só
isso basta para defini-lo.
Lula (PT) esteve ausente. Alegou conflito de agenda. Ele estava em comício em São Paulo ao lado de lideranças importantes do campo democrático, a exemplo de Haddad (PT) e Marina Silva (Rede). Confesso que sendo o Lula eu cancelaria o comício e iria ao debate. Não se pode dar munição a adversários/as políticos. Era mais uma oportunidade de colocar os pingos nos is ao demonstrando as contradições de Tebet e Ciro, além de desmentir publicamente o atual mandatário.
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Aldeia de índios Tapuios cristãos, 1820. Johann Moritz Rugendas. |
Um
dos grandes desafios enfrentados pelos pesquisadores que se dedicam ao período
colonial na América portuguesa é o de recuperar a trajetória de indivíduos
anônimos. Diferente do que ocorre com personalidades célebres e ilustres, a
investigação sobre as pessoas comuns esbarra nos limites da documentação,
muitas vezes restrita a fragmentos, menções breves ou pequenos registros. Para
os que estudam as populações indígenas nesta época, as dificuldades são ainda
maiores. Por se tratar de povos ágrafos, quase sempre situados em posições
sociais subalternas e sujeitos a diferentes formas de tutela, os rastros sobre
os indígenas são ainda mais escassos.
Uma
rara exceção a esse quadro é Miguel Ferreira Pestana. Como tantos indígenas que
viveram no período colonial, a história desse homem poderia ter se mantido no
anonimato e se confundido com várias outras caso um fato não tivesse mudado
definitivamente os rumos de sua existência: a sua prisão pela Inquisição
portuguesa. Foram os registros escritos pelos agentes do Tribunal do Santo
Ofício, responsáveis por seu julgamento, que tornaram possível a recuperação
desta inusitada trajetória.
A
acusação que pesava sobre Pestana nos dá indícios de uma vivência que rompe com
o persistente lugar comum de passividade indígena diante da catequese cristã:
Miguel foi julgado e condenado pela Inquisição por feitiçaria, tendo sido
denunciado por fazer uso de bolsas de mandinga. Em virtude dos interrogatórios
e testemunhos registrados no processo inquisitorial, é possível entender não
somente a sua relação com a bolsa de mandinga, encarada por ele como fonte de
diferentes poderes sobrenaturais, mas também mergulhar em seu dia a dia. Adepto
de crenças diversas, o que incluía um catolicismo com contornos Tupi e práticas
de origem africana, Miguel refletia como poucos a pluralidade étnica e cultural
que caracterizava o mundo colonial. Mas quem era, afinal, este indígena?
A vida no aldeamento
Nascido
aproximadamente em 1705, o primeiro lar de Miguel Ferreira Pestana foi o
aldeamento de Nossa Senhora da Assunção de Reritiba, localizado no sul do
Espírito Santo. O lugar, famoso por ter sido onde o padre José de Anchieta
viveu os seus últimos dias, era uma das principais missões jesuíticas da
capitania. Miguel, inclusive, era parte de uma família antiga no aldeamento,
estabelecida em Reritiba há pelo menos três gerações. Filho do aldeado Joaquim
Ferreira, ele foi batizado pelo padre Afonso Pestana, o que provavelmente
explica a combinação de seus sobrenomes. Já o nome Miguel deve ter sido em
homenagem ao avô, Miguel Ferreira, ou mesmo ao dia de São Miguel, cerimônia
realizada anualmente em Reritiba. Ainda no aldeamento, ele se casou duas vezes:
a primeira com Izabel, de quem ficou viúvo algum tempo depois, e a segunda com
Ângela Joana Gonçalves, com quem teve alguns filhos.
O
cotidiano de Miguel Pestana no aldeamento era marcado pelos limites do regime
de tutela jesuítica. Responsáveis pela conversão dos indígenas em súditos
cristãos da Coroa portuguesa, os missionários estabeleceram uma rígida rotina
aos aldeados. A começar pelo trabalho diário, que para os padres era a melhor
forma de eliminar os vícios da vida nômade. Sob a supervisão dos jesuítas,
Miguel Pestana aprendeu o ofício de carpinteiro e prestava diversos serviços a
mando deles.
Do
ponto de vista da catequese, os missionários se esforçavam para substituir os
hábitos indígenas pelo modo de vida cristão, recorrendo a incessantes práticas
de evangelização que começavam já nas primeiras horas do dia. Como se não
bastassem estas obrigações, o cerco à vida privada dos indígenas se fechava com
visitas que os padres realizavam às suas casas ao menos uma vez por semana,
sendo esta uma maneira clara de vigiar e controlar os passos dos aldeados. Não
havia espaço para o ócio ou a diversão. E para os que não aceitavam esse dia a
dia, faltassem a alguma obrigação ou não se comportassem como devia, vários
eram os castigos, que iam desde as chicotadas ao tronco. Ocupando o corpo e a
mente, os religiosos buscavam cercear a autonomia indígena.
O
domínio jesuítico, porém, não agradava a Miguel Pestana, que sempre manteve um
relacionamento conflituoso com os missionários. Rebelde, o indígena tinha
grande dificuldade em seguir a vida regrada imposta pelos padres. Guiado por um
catolicismo construído à luz da compreensão indígena, Miguel não seguia
fielmente os ensinamentos jesuíticos, o que suscitava inúmeras discórdias.
Insatisfeito com a rigidez dos missionários e temendo os castigos previstos
pela pedagogia jesuítica, ele fugia com frequência do aldeamento acompanhado de
sua segunda esposa. Fora de Reritiba, ambos buscavam a liberdade que os
superiores da missão tanto impediam: novas vivências e experiências.
Trabalhando nas fazendas de colonos vizinhos quando estava ausente, Miguel
tirava proveito de seu ofício de carpinteiro para satisfazer suas necessidades,
voltando para o aldeamento quando lhe convinha. Nestas idas e vindas, o
indígena interagiu com diferentes práticas culturais e religiosas que
circulavam no mundo colonial, o que contribuiu para a formação de sua
religiosidade tão diversa.
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Porto Estrela (1835). Rugendas, Johann Moritz, 1802-1858. In: Viagem pitoresca através do Brasil. |
Em
uma dessas fugas, Miguel Pestana teve contato com uma carta de tocar, escrito
proveniente da cultura popular portuguesa e que se supunha ter propriedades
mágicas relacionadas à proteção ou a conquistas amorosas. Posteriormente, ele
chegou a ser surpreendido pelo padre superior de Reritiba com a dita carta,
prática que era condenada pelos preceitos católicos. Essa foi a gota d’água no
turbulento relacionamento de Miguel com os missionários.
Demonstrando
ser mais do que uma folha em branco pronta para que os jesuítas imprimissem o
que bem entendessem, Miguel repudiou a submissão aos padres e fugiu definitivamente
do aldeamento com a sua esposa. A sua rebeldia, porém, era um sinal da
insatisfação que rondava Reritiba e que explodiria anos depois na forma de uma
grave revolta indígena contra os jesuítas, a qual Miguel não chegaria a
conhecer. Ele havia rumado para longe do Espírito Santo na tentativa de
reconstruir a sua vida.
Uma nova vida no Recôncavo
Quando
abandonou Reritiba, Miguel Pestana perambulou por diversos locais até chegar ao
Rio de Janeiro e se estabelecer com sua esposa no Recôncavo da Guanabara, na
segunda metade da década de 1720. Situada nas proximidades do Caminho Novo das
minas, a região do Recôncavo se destacava pela produção de gêneros de
abastecimento, como arroz e mandioca, e pela ordem escravista bem consolidada.
Comparada à vida no aldeamento, esse era um cenário bem diferente do que estava
acostumado. Se por um lado ele se distanciou da rotina rigorosa imposta pelos
missionários, por outro Miguel renunciou à principal garantia que tinha perante
a escravidão: o status de indígena aldeado. Para os que não dispunham da
proteção concedida pelas autoridades coloniais aos aldeados, a linha entre a
liberdade e a escravidão era tênue. Obrigados a buscar trabalho nas fazendas
dos colonos, estes indígenas conviviam com o risco constante de serem
submetidos a outras relações de subordinação.
Miguel
Pestana não demorou a entender estas dificuldades. Precavido, o indígena
abandonou o seu passado como desertor de um aldeamento e reforjou a sua
história: ele passou a se identificar como Domingos Pedroso, proveniente de São
Paulo. A sua adaptação à nova realidade, no entanto, foi facilitada por um
elemento de sua vida pregressa: o domínio do ofício de carpinteiro, aprendido
enquanto esteve sob a tutela dos jesuítas em Reritiba, mostrou-se fundamental
para que Miguel encontrasse um lugar na sociedade local. O fato de exercer um
trabalho especializado o diferenciava de boa parte da massa de indivíduos
despossuídos e subalternizados. Em uma sociedade hierárquica e escravista como
a que predominava na América portuguesa, este era um importante fator de
distinção social, uma vez que lhe dava acesso a oportunidades de trabalho mais
vantajosas e convenientes.
Sem
dispor de uma residência fixa, Miguel transitava pelo Recôncavo da Guanabara,
abrigando-se nas propriedades de colonos para quem prestava serviços. Morando
nas senzalas das fazendas, o indígena interagia diretamente com escravizados
que coabitavam estes espaços. Ele, então, passou a conviver de perto com os
cativos e com o mundo da escravidão, possibilitando o aprendizado de códigos e
hábitos referentes aos escravizados. Isso de certo abriu caminho para outra
atividade exercida por ele no Recôncavo da Guanabara, a de capitão do mato na
freguesia de Inhomirim. Mantendo-se atento a eventuais fugas ou a rebeldias nas
senzalas onde vivia, Pestana adquiriu experiência junto aos escravizados e
angariou a confiança dos proprietários locais, fatores essenciais para que
ocupasse o posto de capitão do mato.
Trabalhando
em benefício dos colonos, Miguel Pestana passou a representar diretamente os
interesses senhoriais. Esse foi, sem dúvida, um sinal de ascensão social. Em
uma sociedade marcada pela ordem escravista, capitães como ele desempenhavam
papel essencial na defesa dessa ordem, constituindo importante aspecto de
distinção. Tal cargo possibilitava a indígenas, negros e mestiços, parcela
considerável dos indivíduos que ocupavam o posto de capitão do mato, não apenas
maior aproximação com os senhores, como também o distanciamento em relação à
escravidão e aos grupos subalternos da hierarquia colonial.
A
interação de Miguel Pestana com os escravizados, contudo, não se limitaria à
perseguição de fugitivos. Em certa ocasião, quando capturou no caminho das
minas um negro que havia fugido de seu senhor, Miguel encontrou junto a ele uma
bolsa supostamente mágica, capaz de proteger quem a utilizava. Foi o primeiro
contato do indígena com a mandinga, que se tornou indispensável em sua vida
desde aquele dia. Crente nos poderes do objeto, que era uma prática protetiva originada
na África e que combinou elementos cristãos a partir de sua circulação no
império português, o indígena converteu-se em um adepto tenaz da mandinga, a
ponto de ensiná-la a negros com quem convivia nas senzalas e de vender bolsas a
interessados em adquirir os poderes associados a ela. Não demorou muito para
que ele fosse reconhecido como um afamado mandingueiro no Recôncavo da
Guanabara.
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Capitão do Mato, 1835. Johann Moritz Rugendas. |
Ao
considerarmos a trajetória de Miguel Pestana, poucos elementos expressam tão
bem a pluralidade das relações sociais estabelecidas por ele e os intercâmbios
culturais vivenciados por esse indígena quanto à bolsa de mandinga. Esse
artefato se tornou uma espécie de catalisador das múltiplas influências que
experimentou ao longo de sua existência. Dentro da bolsa, havia itens ligados à
simbologia cristã, como hóstias e pedras d’ara, pós que ele produzia com cascas
de frutas e a carta de tocar que ele conhecia desde que vivia em Reritiba.
Peça-chave
na forma como este indivíduo interpretava a realidade, a bolsa de mandinga
funcionava para Miguel Pestana não apenas como um amuleto de proteção, mas
também como fonte de diferentes prodígios. Ele declarou acreditar que a bolsa
lhe conferia defesa contra perigos, incluindo facadas e tiros, valentia, sorte
e até mesmo poder de sedução sobre mulheres. Articulando referências cristãs,
crenças diversas com as quais dialogou e componentes materiais ressignificados
em torno de um artefato culturalmente híbrido, mas com uma evidente origem
africana, a bolsa de mandinga era uma prática que contrariava os dogmas da
Igreja Católica. Para Miguel, porém, a bolsa parecia ser acima de tudo uma
resposta para os anseios e para os dilemas com os quais este indivíduo lidava
no cotidiano colonial.
Caindo em desgraça
Em
1737, Miguel Pestana já estava plenamente inserido ao Recôncavo da Guanabara.
Reconhecido como caboclo, termo que na época era usado para se referir a
pessoas de origem indígena adaptadas à lógica sociocultural introduzida pela
colonização, ele ganhava a vida como capitão do mato ao mesmo tempo em que
lucrava vendendo mandingas para todo tipo de gente. Neste ano, porém, ocorre a
grande reviravolta na história deste sujeito. Durante uma visitação episcopal
realizada na freguesia de Inhomirim, onde morava, Miguel foi denunciado por
fazer uso de bolsas de mandinga, tornando-se alvo da ação inquisitorial.
Inicialmente
levado ao aljube do Rio de Janeiro, o indígena aguardou por cerca de cinco anos
na dita prisão até ser remetido aos cárceres secretos do Santo Ofício, em
Lisboa, uma vez que a Inquisição não atuava no Brasil. Neste meio tempo, os
testemunhos que constam em seu processo inquisitorial são unânimes em afirmar
que Miguel, mesmo preso, vendia bolsas de mandinga, pós supostamente mágicos e
cartas de tocar aos que iam procurá-lo, o que incluía negros, caboclos, assim
como mulheres brancas, que lhe davam dinheiro e prendas de ouro por seus
serviços. Prova inequívoca da circularidade de crenças referentes à
religiosidade popular colonial e da fama que Pestana possuía como mandingueiro.
Os
inquisidores buscavam indícios de pacto demoníaco em suas mandingas, mas Miguel
se esforçou para negar qualquer delito. Ao ser submetido à tortura, porém, ele
cedeu à pressão dos agentes do Santo Ofício. Depois de alguns interrogatórios,
Miguel finalmente confessou que via e se comunicava com o diabo. E não era um
diabo qualquer. Segundo o indígena, o demônio aparecia no meio do mato,
geralmente na forma de macaco, o induzindo a fazer vontades maléficas. O
diabo-macaco, incomum aos inquisidores, refletia o imaginário de um aldeado.
As
referências ao mato, a um animal recorrente no cenário brasileiro e à tentação
para o mal aproximam-se das figuras demoníacas que os jesuítas traduziram para
o entendimento indígena a partir dos espíritos da floresta presentes na
mitologia Tupi. A confissão foi o suficiente para que Miguel Pestana fosse
condenado. Em 1744, ele acabou julgado e sentenciado pela Inquisição à
prestação de trabalhos forçados em Lisboa, demonstrando que os indígenas também
estavam na mira do Santo Ofício. Miguel, no entanto, conseguiria escapar do
castigo dois anos depois, fugindo sem deixar qualquer rastro.
A
fascinante trajetória de Miguel Pestana revela o enorme potencial de se
recuperar as vidas de sujeitos anônimos no período colonial. Ainda que as
dificuldades sejam grandes, a oportunidade de mergulhar no cotidiano de pessoas
comuns e avaliar as suas possibilidades de ação fazem o esforço valer a pena.
No caso do nosso personagem, a sua história deixa a certeza de que os povos
originários se inseriram na sociedade colonial, e posteriormente nacional, de
maneiras muito mais diversas e complexas do que se costuma imaginar. O passado
e o presente do Brasil possuem, enfim, inconfundíveis contornos indígenas.
Referências
CORRÊA,
Luís Rafael Araújo. Feitiço caboclo: um índio mandingueiro condenado pela
Inquisição. Jundiaí: Paco Editorial, 2008.
POMPA,
Cristina. Religião como tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil
colonial. Bauru: Edusc, 2003.
SOUZA,
Laura de Mello e. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade
popular no Brasil Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
_________
Texto publicado originalmente no Café
História
CORRÊA, Luís Rafael Araújo. Mandinga Cabocla: a história de um indígena condenado pela Inquisição (artigo). In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/mandiga-cabocla-a-indigena-condenado-pela-inquisicao/. Publicado em: 13 set. 2022. ISSN: 2674-5917.
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Lula. (FOTO/ Ricardo Stuckert). |
O
agregador de pesquisas eleitorais do jornal O Estado de S. Paulo, que traça o
desempenho geral dos candidatos à presidência com base em resultados de 14
institutos diferentes, foi atualizado neste sábado (24) e mostra que Lula (PT)
aumentou suas intenções de votos válidos, isto é, quando se desconsidera os
brancos e nulos, e já tem índice maior que o mínimo para vencer a eleição no
primeiro turno e encerrar o pleito.
Após
as últimas pesquisas do Ipec, Quaest, Datafolha e Ipespe apontarem crescimento
de Lula, o agregador do Estadão calculou que o petista possui 52% dos votos
válidos - pela primeira vez desde o início da medição. Para que um candidato
vença a eleição já no primeiro turno, basta conseguir 50% e mais um voto.
Segundo
o agregador, Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, está com 36% de intenções de
votos válidos. Ciro Gomes (PDT) soma 7% e Simone Tebet (MDB) aparece com 5%.
Segundo
o Estadão, o mecanismo "usa dados
dos levantamentos de 14 empresas, considerando suas peculiaridades
metodológicas, para calcular a Média Estadão Dados - o cenário mais provável da
disputa a cada dia, de acordo com nosso modelo".
"A média de cada candidato não é a simples
soma dos resultados e divisão pelo número de pesquisas. O agregador controla
diversos parâmetros e dá pesos diferentes aos levantamentos para impedir que
números destoantes ou desatualizados puxem um dos concorrentes para cima ou
para baixo", explica o jornal.
_________
Com informações da Revista Fórum.
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“Cada vira voto é coragem, resistência e esperança”, cantam os artistas. (FOTO/ Reprodução/YouTube). |
Mais
um grupo de artistas se juntou para ampliar a mobilização que passou a ser
chamada na internet de “Vira Voto”, em novo filme que defende o voto no
candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo é que o ex-presidente obtenha uma vitória
expressiva já no primeiro turno das eleições, em 2 de outubro. O vídeo foi
lançado nesta sexta-feira (23), pelo coletivo 342 Artes.
Os
cantores e compositores Milton Nascimento e Lenine são alguns dos destaques do
novo clipe. Ao todo, cerca de 40 pessoas dão seu recado, num total de
aproximadamente dois minutos de duração. No vídeo, estão ainda o cartunista
Ziraldo, além de nomes como Carol Castro, Enrique Diaz, José de Abreu, Julia
Lemmertz, Maria Gadú, Paula Morelembaum, Preta Gil, Thomas Aquino, Zélia
Duncan, Malu Mader, Leandra Leal e Bruna Marquezine, entre outros nomes.
Do
primeiro vídeo, lançado na quarta (21), entre os mais de 50 artistas,
participam Arnaldo Antunes, Caco Ciocler, Caetano Veloso, Casagrande, Chico
César, Cissa Guimarães, Cláudia Abreu, Dado Villa-Lobos, Daniela Mercury,
Denise Fraga, Drica Moraes, Evandro Mesquita, Gal Costa, Mart´nália, Nando Reis
e Silvero Pereira.
Contra golpes
A
adesão vem crescendo a cada dia, ao tempo em que cresce a possibilidade de
derrotar Bolsonaro, de forma que o presidente não possa questionar o resultado
das urnas, nem alimentar a mobilização por um golpe. Nesta semana, Lula também
se reuniu com ex-candidatos a presidente da República, que também defenderam a
necessidade da vitória do petista logo na primeira volta. Nesse sentido,
pretendem evitar mais violência bolsonarista, em eventual segundo turno.
Esses
movimentos já apresentam resultados. Pesquisa Datafolha divulgada ontem (22)
indica que Lula oscilou dois pontos pra cima, chegando a 47% das intenções de
voto. Bolsonaro, por outro lado, aparece estagnado, com 33%, em segundo lugar.
Considerando apenas os votos válidos (descontados nulos, brancos e nenhum), o
petista tem 50,5%, o que lhe daria a vitória na primeira volta.
Assista ao vídeo
Com informações da RBA.
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(FOTO | Matheus Alves) |
Sueli
Carneiro recebeu, nesta quarta-feira (21), o título de Doutora Honoris Causa,
pela Universidade de Brasília (UnB). Ela é a primeira mulher negra a receber a
homenagem nesta instituição de ensino. Antes dela, apenas três homens negros
haviam recebido a outorga: Abdias do Nascimento, Milton Santos e Nelson
Mandela.
A
condecoração foi dada pelas mãos da reitora Márcia Abraão. No auditório
Esperança Garcia, da Faculdade de Direito, estavam cerca de 500 pessoas. Em seu
discurso, Sueli disse que, a sua geração de militantes negros “foi educada e conscientizada pelo movimento
negro, por seus intelectuais ignorados pela universidade brasileira”.
“Portanto, sei que este título presta
reverencia a pensadores e pensadoras que forjaram nossas consciências, nossas
vozes insurgentes, no calor das lutas que travaram contra o racismo e o sexismo”,
ressaltou Carneiro.
Durante
sua trajetória, Sueli Carneiro se empenhou em "desnudar os dispositivos de saber e poder implicados na persistente
reprodução da inferioridade social das pessoas negras". Para ela, a
luta mais importante da humanidade é conquistar a equidade de gênero e de raça.
“Neste sentido, me ocupei em desagregar
racialmente dados censitários para produzir evidências das desigualdades
raciais entre as mulheres. Me ocupei em afirmar valores culturais
negro-africanos que sustentam a identidade e a resistência das mulheres negras.
Me ocupei em produzir argumentos para consubstanciar uma estratégia política,
de enegrecimento do ideário feminista, em especial, no âmbito das políticas
públicas voltadas para a promoção da igualdade de gênero”, disse em seu
discurso.
Por
fim, ela declarou que compreende o título como o reconhecimento da justeza das
lutas das mulheres e homens negros que “clamam
por um novo pacto civilizatório que desaloje os privilégios consagrados de
gênero e de raça".
À
Alma Preta Jornalismo, colegas e admiradores de Sueli Carneiro disseram que
este é um momento memorável. A advogada Vera Lúcia, que compõe a lista tríplice
para o cargo de ministra do Tribunal Superior Eleitoral, conviveu com Sueli e
ressalta que é um grande marco para a universidade brasileira, uma aula que a
UnB oferta para as demais instituições.
O
professor Wanderson Flor do Nascimento afirmou que a ativista é uma referência
de luta tanto militante como intelectual. Para ele, essa reverência às pessoas
negras precisa ser feita ainda em vida, para que “mantenhamos os nossos símbolos vivos”.
Bianca
Santana, diretora da Casa Sueli Carneiro, expôs à reportagem que foi uma emoção
muito grande ver Sueli e outras mulheres negras da mesma geração serem homenageadas
neste momento. Ela, que escreveu a biografia de Sueli Carneiro, diz que a
responsabilidade das mulheres mais novas é de continuar e documentar os feitos
históricos das mais velhas, aprendendo sempre um pouco mais sobre a luta e
perseverança das mulheres negras.
“O papel dessas gerações se acumulaa nas
nossas interações. A gente quer construir junto com as nossas ancestrais, com
as mais velhas, preparando o caminho para quem vem depois”.
A
UnB foi a pioneira entre as universidades federais que implantaram o sistema de
cotas raciais. Este ano, foi criada a Secretaria de Direitos Humanos, com o
objetivo de fortalecer as políticas de direitos humanos, e está sob chefia da
professora Débora Santos.
Autora
de oito livros e vários artigos sobre o racismo no país, Sueli Carneiro
defendeu em 2005 a tese 'A Construção do Outro como Não-Ser como fundamento do
Ser', no curso de Filosofia da Universidade de São Paulo, em que utiliza os
conceitos de Dispositivo e Biopoder, de Michel Foucault, para analisar as
relações raciais no Brasil. Em sua vasta publicação, defende a necessidade de
enegrecer o feminismo e denuncia o apagamento ou epistemicídio de mulheres
negras que chegam ao poder.
Por
sua obra e militância, a filósofa paulista recebeu vários prêmios, dentre eles:
Prêmio Kalman Silvert (2021), Prêmio Especial Vladimir Herzog (2020), Prêmio
Itaú Cultural 30 Anos (2017), Prêmio Benedito Galvão (2014) e Prêmio Direitos
Humanos da República Francesa. Também foi integrante do Conselho Nacional da
Condição Feminina, onde criou o único programa brasileiro de orientação na área
de saúde voltado para mulheres negras.
______
Com informações do Alma Preta.
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Legenda: Candidatos ao Governo do Ceará. ( FOTO | Thiago Gadelha). |
A
terceira rodada da pesquisa Ipec Ceará para o Governo do Estado, divulgada
nesta quinta-feira (22), voltou a questionar os eleitores cearenses sobre votos
em um eventual segundo turno. Ao todo, foram apresentados três cenários com os
três candidatos que aparecem à frente na pesquisa: Elmano de Freitas (PT),
Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT).
Considerando
a margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, há uma
mudança de cenário entre os três postulantes.
O
levantamento foi encomendado pela TV Verdes Mares e ouviu 1.200 pessoas em
formato presencial. A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 21 de setembro,
com eleitores votantes no Estado do Ceará. A soma dos percentuais pode não
totalizar 100% em decorrência de arredondamentos.
ELMANO DE FREITAS (PT) x CAPITÃO WAGNER
(UNIÃO)
Elmano
de Freitas: 47%
Capitão
Wagner: 35%
Brancos/Nulos:
11%
Não
sabem ou preferem não opinar: 7%
ROBERTO CLÁUDIO (PDT) x CAPITÃO WAGNER
(UNIÃO)
Roberto
Cláudio: 43%
Capitão
Wagner: 35%
Brancos/Nulos:
16%
Não
sabem ou preferem não opinar: 6%
ELMANO DE FREITAS (PT) X ROBERTO CLÁUDIO
(PDT)
Elmano
de Freitas: 40%
Roberto
Cláudio: 34%
Brancos/Nulos:
18%
Não
sabem ou preferem não opinar: 8%
O
levantamento foi realizado pelo instituto Ipec Inteligência e está registrado
no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-02694/2022 e no Tribunal
Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob protocolo CE-03914/2022. O nível de
confiança estimado é de 95%.
RODADA
ANTERIOR DA PESQUISA IPEC
Na
segunda rodada da pesquisa Ipec para o Governo do Ceará, divulgada no último
dia 9 de setembro, os cearenses indicaram suas preferências em cenários de
segundo turno. À época, os três postulantes estavam tecnicamente empatados
dentro da margem de erro.
Nos
enfrentamentos, no entanto, Capitão Wagner aparecia numericamente à frente dos
dois adversários. Já quando Elmano e Roberto Cláudio se enfrentavam, apesar do
empate, o pedetista aparecia numericamente com vantagem.
___________
Com informações do Diário do Nordeste.
Carta
aberta divulgada nesta quarta-feira (21) por intelectuais e líderes políticos
latino-americanos pede ao candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) que desista
de sua candidatura para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
para que ele possa vencer no primeiro turno, em 2 de outubro. No texto, os
líderes justificam o pedido “porque a escolha
fundamental não será entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, mas
entre fascismo e democracia. E você, um homem político, inteligente e com larga
experiência, sabe muito bem que sua candidatura não tem absolutamente nenhuma
chance de chegar às urnas, muito menos vencer no primeiro turno”.
“A dura realidade é que, mantendo sua
candidatura, caro camarada Ciro, a única coisa que você fará é dispersar
forças, enfraquecer a força do bloco antifascista, com todas as suas
contradições, facilitar a vitória de Bolsonaro e, eventualmente, abrir caminho
para um novo golpe. Apesar de sua boa vontade, infelizmente você não está em
condições de fazer nenhum bem, nenhum bem, e está em condições de causar
grandes danos ao Brasil e ao seu povo”, afirma ainda o texto.
A
carta inclui nomes como o do argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do
Prêmio Nobel da Paz, do ex-presidente Rafael Correa, da senadora Piedad
Córdoba, do deputado venezuelano Juan Eduardo Romero e o ex-ministro boliviano
Juan Ramón Quintana Taborga.
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Com informações da RBA.