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Em Feira de Santana (BA), marcha reuniu movimentos populares que seguiram para ocupar a Câmara de Vereadores - @levantepopular. |
Mulheres
de mais 40 cidades, em todas as regiões do Brasil, marcharam nesta terça-feira
(8), Dia Internacional da Mulher. O lema “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro
nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome!” deu o tom dos
protestos, que não ficaram apenas no discurso.
Além
de ocuparem ruas dos centros urbanos, mulheres integrantes de organizações
populares articularam a pauta feminista com ações políticas concretas no campo,
fortalecendo a luta em favor da terra, da agricultura familiar e contra a
violência de gênero.
Casas de acolhimento são inauguradas
Pela
manhã em Recife (PE), o Movimento de Mulheres Olga Benário (MMOB) ocupou um
imóvel abandonado para a criação de uma Casa de Referência para mulheres
vítimas de violência. Batizado de Centro de Referência Soledad Barrett, o local
já está de portas abertas para receber mulheres que rompem com o ciclo da violência
e precisam de abrigo.
O
MMOB inaugurou, também, a Casa de Referência da Mulher Almerinda Gama no centro
do Rio de Janeiro (RJ). A iniciativa surge da primeira ocupação organizada pelo
Movimento de Mulheres Olga Benário no estado. O imóvel estava vazio havia mais
de oito anos, sem cumprir função social, segundo o movimento.
"Com
esta ação, o Movimento Olga Benário chama atenção para os números alarmantes de
violência de gênero, que apesar de subnotificados já se mostram muito
superiores à capacidade de atendimento das ferramentas oferecidas pelo Estado”,
disse o movimento em nota.
Câmara e Secretaria estadual ocupadas
Em
Porto Alegre (RS), mais de 200 agricultoras ocuparam, na manhã desta terça-feira
(8), o pátio da Secretaria Estadual de Agricultura em Porto Alegre. Elas cobram
ações do governo do estado para amenizar os impactos da estiagem no Rio Grande
do Sul. Já ocorreram conversas com representantes do governo estadual, mas
pouco foi feito até aqui, assinalam as mulheres.
“As
nossas famílias ainda estão sofrendo com a estiagem. Por isso estamos aqui
novamente. Nós precisamos de ajuda urgente, diante de tantos prejuízos causados
pela seca”, diz Silvia Reis Marques, produtora e dirigente estadual do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Rio Grande do Sul (MST-RS).
Ainda
na capital gaúcha, assentadas e acampadas do MST doaram 4 toneladas de
alimentos da reforma agrária. O destino são as cozinhas comunitárias da
periferia de Porto Alegre.
A
Câmara de Vereadores de Feira de Santana (BA) também foi ocupada pela marcha
que saiu da prefeitura da cidade. A ação ocorreu durante uma sessão solene
promovida pelo Legislativo municipal. Mais cedo, o ato na cidade baiana teve
início com café da manhã feito a partir da produção das trabalhadoras rurais. A
mobilização teve a presença de movimentos sociais, partidos políticos,
trabalhadoras do campo e da cidade e estudantes.
MTST pede cassação de "Mamãe
Falei"
Mulheres
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizaram uma ação em repúdio
às falas machistas de Arthur do Val, o "Mamãe Falei", sobre as
mulheres ucranianas. Em frente à sede do Podemos em São Paulo (SP), mulheres
cobraram uma posição do partido, além da cassação do mandato do deputado
estadual pela Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em
áudios gravados pelo parlamentar em viagem à Ucrânia, Arthur do Val afirmou que
mulheres ucranianas são "fáceis, porque são pobres", entre outros
comentários misóginos e machistas.
O 8 de março no campo
Também
na Bahia, cerca de 100 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) ocuparam a Fazenda Botafogo, área improdutiva de 313 hectares no
município de Jussari (BA), com objetivo de promover a reforma agrária. A ação
faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, com o lema: Terra,
trabalho, direito de existir.
Outra
propriedade improdutiva, a fazenda Frutelli, foi ocupada por 500 mulheres em
Itabela (BA). A propriedade é pertencente à empresa falida Frutelli culturas
Tropicais, que tinha como principal atividade econômica o cultivo de banana,
hoje abandonado. O ato denunciou a falta de crédito para as trabalhadoras
rurais, o feminicídio, o uso abusivo de agrotóxicos e a fome no Brasil.
Em
Estreito (MA), a manifestação foi para denunciar os impactos da Usina
Hidrelétrica do Consórcio Estreito Energia sobre famílias de pescadores. Muitas
delas ficaram sem casas após a abertura de comportas do empreendimento. Os
manifestantes reivindicam ainda uma assembleia coletiva com as famílias
afetadas, com acompanhamento e apoio do MST.
Impactos
de grandes empreendimentos também motivaram protestos no assentamento
Sabiaguaba, em Amontoada (CE). Mulheres, jovens e crianças protestaram,
sobretudo, contra prejuízos à agricultura familiar provocados pela instalação
de parques eólicos. Além do MST, participaram do ato o Movimento de Pescadores
e Pescadoras Artesanais (MPP), com o apoio do Projeto ECO Icaraí.
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Com informações
do Brasil de Fato.