As mulheres querem adesão de setores mais amplos da sociedade na defesa das pautas feministas. (FOTO/ UBM/Facebook/Reprodução). |
Às
vésperas do Dia Internacional das Mulheres, nesta terça-feira (8), a União
Brasileira de Mulheres (UBM) e a Confederação Brasileira de Mulheres (CBM)
lançaram o manifesto “Mulheres contra a política de morte: Bolsonaro nunca
mais!”. O objetivo é objetivo é mobilizar e unificar as lutas de 2022 em todo o
país.
Conforme
o documento, as entidades lutam pela unidade na “construção de um 8 de Março em
aliança com setores mais amplos da sociedade: movimento de mulheres,
trabalhadoras, juventude, partidos; enfim, com todos os que se associam às
pautas democráticas”.
As
mulheres são as principais vítimas da violência, do racismo estrutural, da
crise sanitária, da política econômica e demais impactos das políticas que têm
sido adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro.
As
entidades reafirmam a urgência da “luta pela derrubada de Bolsonaro e seu
projeto de poder. Esta é tarefa primordial e inadiável do movimento feminista,
anti-imperialista, anticapitalista”.
Confira
abaixo a íntegra do documento:
Mulheres
contra a política de morte: Bolsonaro nunca mais!
Março de 2022 nasce repleto da luta das
feministas e perpassado pela força transgressora e de resistência das
modernistas e sufragistas. Ano do centenário da Semana de Arte Moderna,
movimento vanguardista que contou com forte participação das mulheres, que
oportunizou outras formas de leitura do mundo pelas artes. Esse também é o ano
em que se completam nove décadas da conquista do direito ao voto pelas mulheres
brasileiras. Esses acontecimentos fortalecem o resgate das históricas
reivindicações por um mundo de igualdade e contra todas as formas de opressão,
principalmente no contexto atual, em que o peso da exploração capitalista e da
dominação do patriarcado, associadas ao racismo estrutural, à crise sanitária
da Covid-19, à crise política e econômica, nos marcos de um governo de matriz
nazifascista, tem significado concretamente para as mulheres, menos direitos,
mais violência e pobreza, fome e miséria.
Essa realidade impõe a construção de um
8 de março em aliança com setores mais amplos da sociedade: movimento de
mulheres, trabalhadoras, juventude, partidos; enfim, com todos os que se
associam às pautas democráticas. Precisamos aliançar com quem se indigna com o
fato de que as mulheres compõem o espectro dos 70% da população mais pobres do
planeta; com aqueles que não naturalizam que, no Brasil, as mulheres são a
maioria dos 51 milhões que viveram abaixo da linha da pobreza nos últimos dois
anos, e dos mais de 10 milhões que passam fome.
O desemprego marca a vida das mulheres
do campo, da cidade, das águas e das florestas, totalizando 8,6 milhões delas,
com maior repercussão sobre as negras, que viram crescer para 19,8%, a taxa de
desemprego em 2021, enquanto em relação às demais mulheres registrou-se um
crescimento de 16,8% dessa taxa. As mulheres são, ainda, as maiores vítimas da
crescente violência política de gênero. Mesmo presentes em reduzidos espaços de
poder, inúmeros são os ataques utilizados para impedir a ação protagonista das
mulheres, como assédios, assassinatos, fake news, silenciamentos,
invisibilização das discriminações. Tudo isso é parte de um movimento cotidiano
que acompanha a crescente misoginia, racismo e LGBTIA+fobia, que tem encontrado
no governo Bolsonaro terreno fértil para sua proliferação.
Nesse contexto, é urgente a manutenção e
a intensificação da luta pela derrubada de Bolsonaro e seu projeto de poder.
Esta é tarefa primordial e inadiável do movimento feminista, anti-imperialista,
anticapitalista. Extirpar o paradigma bolsonarista da política significa a
possibilidade de construção de vida nova, pautada na defesa das liberdades, dos
direitos sexuais e reprodutivo das mulheres, na proteção à saúde e ao trabalho,
numa vida sem violência e sem fome. É tarefa que exige das mulheres ação organizada.
Por isso, nosso desafio é ocupar as ruas
e as praças brasileiras neste 8 de março, vocalizando os nossos desejos e
nossas necessidades na construção de novas formas de estar no mundo, rompendo
com as amarras e superando os enquadramentos que lhes são impostos, exigindo,
para além do direito de votar e ser votada, condições reais de efetiva
participação política, como condição essencial para juntas podermos renovar a
luta por uma sociedade justa e pelo fim de todas as desigualdades.
“Sonhe, tenha até pesadelo se necessário
for, mas sonhe.”
(Pagu)
União
Brasileira de Mulheres – UBM
Confederação
Brasileira de Mulheres – CMB
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Com informações do Portal Vermelho e da RBA.