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113 anos de Patativa do Assaré

 

Patativa. (FOTO/ Fernando Travessoni).

Por José Nicolau, editor

Há 20 anos o Brasil perdia uma de suas mentes mais brilhantes. Nascido aos 5 de março de 1909, Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, deixou um legado inigualável no campo da cultura.

Ninguém usou tão bem a poesia com uma linguagem simples para retratar o nordestino, o sertanejo com seus sofrimentos, mas concomitantemente com suas lutas e resistências. Conhecido mundialmente, Patativa teve inclusive, o poema Triste Partida, cantado por outro ícone da cultura nordestina, o cantor pernambucano Luiz Gonzaga, nos anos 1960.

Nascido em Serra de Santana, no município de Assaré-Ce, Patativa teve quatro irmãos, sendo o segundo entre eles. Filho de Maria Pereira da Silva e Pedro Gonçalves da Silva, agricultores, ele foi também um defensor assíduo da distribuição e uso coletivo da terra. Ele foi um dos poucos que usou sua arte para denunciar e cobrar melhorias. Suas poesias possuem forte conotação política.

Se estivesse vivo, o poeta estaria hoje com 113 anos. Ele morreu aos 93 anos no dia 08 de julho de 2002 causando forte comoção popular e recebendo diversas reverências em todos os cantos do país e internacionalmente.

Em sua homenagem, o Blog traz abaixo a poesia intitulada “A Terra é Nossa”:

A terra é um bem comum

Que pertence a cada um.

Com o seu poder além,

Deus fez a grande Natura

Mas não passou escritura

Da terra para ninguém.

 

Se a terra foi Deus quem fez,

Se é obra da criação,

Deve cada camponês

Ter uma faixa de chão.

 

Quando um agregado solta

O seu grito de revolta,

Tem razão de reclamar.

Não há maior padecer

Do que um camponês viver

Sem terra pra trabalhar.

 

O grande latifundiário,

Egoísta e usurário,

Da terra toda se apossa

Causando crises fatais

Porém nas leis naturais

Sabemos que a terra é nossa.

‘Simpósio Regional Ave e Poesia: O Canto e a Resistência do Saber Popular’ homenageará poeta Patativa do Assaré

 

Por Nicolau Neto, editor

Pela primeira vez o município de Assaré, na microrregião do cariri oeste, irá promover dentro da Semana da Cultura o ‘Simpósio Regional Ave e Poesia: O Canto e a Resistência do Saber Popular’ com a finalidade de homenagear um dos personagens mais conhecidos do pais e símbolo da cultura e dos anseios nordestinos retratados em suas poesias, o Patativa do Assaré.

Dono de restaurante Coco Bambu responde preconceito ao nordeste com poema de Patativa do Assaré


"Só pode ser nordestino". Dono de Restaurante Coco Bambu responde preconceito com Patativa do Assaré. Foto: Reprodução/ Revista Fórum.

A rede cearense de restaurantes Coco Bambu recebeu um comentário negativo no guia Trip Advisor. Até aí tudo bem. Apesar de quase todas serem positivas, um cliente reclamava do tempo de atendimento e da qualidade dos alimentos. No entanto, o cliente aproveitou para despejar seu preconceito em relação ao Nordeste. “Só pode ser Nordestino”, escreveu.

Do Portal Fórum - O proprietário da filial da rede, presente em quase todos os estados do Brasil, respondeu lembrando a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. De acordo com a lei, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é crime. E completou com o poema de Patativa do Assaré.
“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”
Patativa do Assaré