18 de agosto de 2021

Trabalhador escravizado em fazenda vivia com família entre escorpiões e pó

 

(FOTO/ Reprodução).

Um homem foi resgatado do trabalho análogo ao de escravo em uma fazenda de gado durante uma operação de fiscalização, em Formosa (GO), após mais de oito anos de serviço. Ele vivia com sua esposa e cinco filhos dormindo entre escorpiões e cobras, sem água e luz, com pouca comida e sob a poeira da mineração de calcário que ocorria perto de seu alojamento. Enquanto isso, a alguns quilômetros dali, as Forças Armadas faziam um treinamento militar com a presença do presidente da República.

"Escorpião era demais, tinha muito. Um me picou e fiquei seis meses com a perna dormente. Já acordei com cobra no pescoço. Tinha coral, papa-pinto... Se não forrasse o chão e tapasse os buracos da casa todos os dias, os escorpiões picariam meus meninos. Dormia todo mundo no mesmo lugar. Assim eu ficava de olho nos bichos."

O relato é de Marilene da Costa, esposa de Itamar, trabalhador que foi resgatado na operação iniciada no dia 11, em Formosa, Goiás. Todos passaram anos usando o mato como banheiro, sem energia elétrica e consumindo água salobra de um poço.

Certamente você ouviu falar no município. Enquanto auditores fiscais do Ministério do Trabalho, um procurador do Ministério Público do Trabalho, um advogado da Defensoria Pública da União e policiais federais retiravam o trabalhador e sua família da propriedade, as Forças Armadas realizavam uma operação de treinamento militar no mesmo município.

Foram os blindados fumacentos da Operação Formosa que atravessaram a Esplanada dos Ministérios na "demonstração de força" de Jair Bolsonaro no dia da derrota do voto impresso na Câmara dos Deputados.

Tão alheia à existência das tropas quanto às tropas estavam alheias à sua existência, a família esperava a visita do poder público. "Fiquei oito anos sofrendo que nem cachorro. Só no finalzinho, vieram o Conselho Tutelar e a Assistência Social. E, com isso, chegou água e luz", explicou a esposa do trabalhador à coluna.

Ironicamente, após mais de oito anos sob velas, as lâmpadas chegaram uma semana antes da operação de fiscalização chegar e constatar o trabalho degradante. 

O proprietário da fazenda Muzungo, Meroveu José Caixeta, informou através de seu advogado Ítalo Xavier que, até o momento, não teve acesso integral aos autos do procedimento de inspeção. O representante afirmou que "o cliente colaborou com os trabalhos da fiscalização, firmando Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho, para atender todas as exigências que entenderam pertinentes".

Além dos bichos peçonhentos, da falta de comida, da água salgada e da escuridão, havia o pó. Muito pó.

A precária casa, em que caberia apenas uma pessoa, ficava a menos de 100 metros de uma empresa de mineração, vizinha à fazenda, e a 200 metros do canteiro de extração de calcário. A produção, que seguia barulhenta dia e noite, levantava uma nuvem de pó branco, que cobria comidas, roupas, pessoas.

"A quantidade de pó era impressionante", afirma a auditora fiscal Andréia Donin, coordenadora da operação. A filha de 13 anos do casal tem bronquite asmática e sofria com a poeira intensa - os outros filhos têm 16, 8, 7 e 4 anos.

A situação da saúde da família está sendo investigada por conta da exposição prolongada do produto.

"Toda hora você tinha que limpar a casa e ficar com pano no nariz porque era pó demais", afirma Marilene. "Eu tô com caroço no pescoço, perdendo a voz. Fui ao medico e ele disse que isso foi causado pela poeira. Tenho que ir pra Goiânia para operar, mas quem vai ficar com as crianças?"

O procurador do trabalho Tiago Cabral, que acompanhou a ação, diz que tem constatado uma piora nas condições oferecidas aos trabalhadores. Segundo ele, há patrões que acreditam que, para os trabalhadores, basta a replicação da miséria.

"Eles não conhecem seus direitos, são vítimas fáceis do trabalho escravo. O pai da família havia sido vítima de trabalho infantil. É a receita da superexploração. O empregador sabendo dessa situação colocou o trabalhador próximo de um local com extração mineral, aspergindo poeira sílica", afirma.

Marilene considera que a pior coisa foi ver o sofrimento dos filhos.

"Tenho dois filhos que nem sabem o que é uma televisão. Olhava para eles e chorava muito. No tempo da chuva, a gente tinha que ficar enrolado num canto porque a goteiragem era demais. Muita muriçoca, muito inseto. O fogão de lenha era dentro, tinha fumaça demais. Pó da firma [de mineração] e a fumaça do fogão... Sempre pedíamos uma casa melhor, e não faziam nada", afirma.

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Por Leonardo Sakamoto, em seu blog. Leia a íntegra do texto aqui.

Militantes do Movimento Negro revindicam que a UFRGS conceda o título de Dr. Honoris Causa para Oliveira Silveira

Um dos criadores do Dia da Consciência Negra, poeta é influência para novas gerações TÂNIA MEINERZ/GAZETA DE ROSÁRIO/DIVULGAÇÃO/JC

Nascido em Rosário do Sul, em 16 de agosto de 1941, Oliveira Silveira foi professor formado em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo exercido o magistério por muitos anos em Porto Alegre. Foi um dos intelectuais negros de maior destaque no Estado e também a nível nacional, participando ativamente de debates, encontros e mobilizações do movimento negro. No período de 1971 a 1978, participou do Grupo Palmares, sendo também o mentor do estabelecimento do dia 20 de Novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares em 1695 – como o “Dia Nacional da Consciência Negra”. Foi um dos idealizadores do primeiro ato evocativo ao 20 de novembro, em homenagem a Zumbi, na celebração realizada pelo “Grupo Palmares” em 1971, em Porto Alegre no Clube Negro Marcílio Dias.  

Por toda a sua contribuição intelectual para cultura do Brasil, miliantes do Movimento Negro estão propondo que a UFRGS conceda o título de Doutor Honoris Causa ao pesquisador, escritor e poeta Oliveira Silveira. Dando visibilidade a essa figura história e também a todos os grupos do Movimento Negro do Estado. O processo está em tramitação no Conselho da Unidade de Letras e posteriormente será encaminhado ao Conselho Universitário da UFRGS para apreciação. 

De acordo com Wellignton Porto, estudante de Letras da UFRGS, militante do Afronte Negro e um dos organizadores dessa reivindicação dentro da universidade,“A proposta de título a Oliveira Silveira é uma forma de dar visibilidade a um dos fundadores do Grupo Palmares, que este ano completa 50 anos. Além disso, também tem o intuito de oxigenar a organização do Movimento Negro na UFRGS e dar uma resposta a política racista e genocida do atual Governo, que recentemente tentou apagar o acervo histórico de Oliveira Silveira da Fundação Palmares”.”.

PROPOSTA DE CONCESSÃO DO TÍTULO DOUTOR HONORIS CAUSA OLIVEIRA SILVEIRA

Tendo em vista o que prevê o Regimento Geral da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em seu Título VI, o Art. 81, que trata “Das distinções universitárias”, destaca-se “II – Doutor Honoris Causa, a personalidades que tenham se distinguido na vida pública ou na atuação em prol do desenvolvimento da Universidade, do progresso das ciências, das letras e das artes”.

Nascido em Touro Passo, distrito de Rosário do Sul-RS, em 16 de agosto de 1941, c diplomou-se em Letras na UFRGS, tendo exercido o magistério por muitos anos em Porto Alegre. Foi um dos intelectuais afrodescendentes de maior destaque no estado onde nasceu e também a nível nacional, participando ativamente de debates, encontros e mobilizações do movimento negro. No período de 1971 a 1978, participou do Grupo Palmares, sendo também o mentor do estabelecimento do dia 20 de Novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares em 1695 – como o “Dia Nacional da Consciência Negra”. Foi um dos idealizadores do primeiro ato evocativo ao 20 de novembro, em homenagem a Zumbi, na celebração realizada pelo “Grupo Palmares” em 1971, em Porto Alegre.

A proposta de concessão de título vem então, com o intuito de dar visibilidade ao grande intelectual negro, Oliveira Silveira, por todas suas contribuições para o movimento negro. A partir disso, em articulação com dezenas de intelectuais, pesquisadores, escritores, movimentos sociais e políticos, encaminho para aprovação deste Conselho a indicação de concessão do título de Doutor Honoris Causa ao pesquisador, escritor e poeta Oliveira Silveira.

Saliento também que o Movimento Negro estará responsável pela escrita do Dossiê do indicado e pretende apresentar o documento completo para o CONSUNI, para que a Direção faça os devidos encaminhamentos.
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Por Wellington Porto, publicado originalmente no Geledés.


17 de agosto de 2021

IV edição da Mostra do Brincar abordará psicologia histórico-cultural

 

Zoia Prestes. (FOTO/ Divulgação).

Referências nacionais da Pedagogia Histórico-Critica e da Psicologia Histórico-Cultural, como é o de Newton Duarte e Zoia Prestes farão parte da programação da IV edição da Mostra do Brincar realizada pelo Coletivo Camaradas, nos dias 26 e 27 de agosto. Esse ano a Mostra continuará sendo realizada em formato virtual.  Newton Duarte é autor de livros, capítulos de livros e artigos, publicados no Brasil e no exterior. Entre seus trabalhos destacam-se os livros: Sociedade do Conhecimento ou Sociedade das Ilusões? (2003); Vigotski e o Aprender a Aprender (2011, 5ª ed); A Individualidade Para Si (2013, 3ª ed.);  Os conteúdos escolares e a ressurreição dos mortos (2021, 2ª ed); Conhecimento Escolar e Luta de Classes: a pedagogia histórico-crítica contra a barbárie  (2021) em coautoria com Dermeval Saviani. Zoia  Prestes  desenvolve pesquisas na área de Educação, Psicologia e Desenvolvimento da criança com base na teoria histórico-cultural, tradutora do russo para o português, publicou o Livro Imaginação e Criação na Infância de Lev Vigotski, juntamente com Elizabeth Tunes. Zoia é fiha de  Luiz Carlos Prestes e de Maria Prestes, viveu exilada, durante a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964, com seus pais na União Soviética, foi em Moscou que fez sua graduação e mestrado em Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar pela Universidade Estatal de Pedagogia de Moscou. 

Com o tema “O brincar na perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural”, o evento visa promover o debate com os educadores, estudantes e pais, a partir do olhar do teórico marxista Lev Vigotski.  Importante teórico que aborda sobre o brincar, desenvolvimento e a formação humana de caráter emancipacionista. O evento tem como público alvo os professores da rede básica de ensino, estudantes das áreas afins, cuidadores e responsáveis por crianças.

A edição de 2020 teve como tema “O brincar e o direito à cidade”.

Esse ano, a mostra contará com duas conferencias: dia 26 de agosto, às 15h, Psicologia histórico-cultural e pedagogia histórico-crítica em tempos de barbárie, com professor Newton Duarte e mediação da professora Marteana Ferreira de Lima; no dia 27, às 15h,  L. S. Vigotski e o papel da brincadeira para o desenvolvimento infantil, com a professora Zoia Prestes e  mediação da professora Rebeca Baia.  

Serão produzidos vídeos curtos com falas de pedagogos sobre o brincar, além de vídeos com contação de histórias do Coletivo Narradores Cariri que deverão circular entre pais e educadores da rede ensino da região da Metropolitana do Cariri.

A Mostra era realizada no Território Criativo do Gesso e contava com oficinas e brincadeiras que envolviam as crianças da comunidade. Desde de 2020, devido a situação da Pandemia, o evento tem se dado de forma virtual.   

O evento faz parte das ações do projeto Território Criativo do Gesso, aprovado no edital de Prêmio Fomento Arte e Cultura do Ceará, da Secult/CE, através da Lei Aldir Blanc.

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Texto encaminhado à redação do Blog por Alexandre Lucas.

16 de agosto de 2021

I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares prorroga período para proposição de Grupos de Trabalho

(FOTO/ Reprodução / Facebook).

O I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares prorroga o período para proposição de Grupos de Trabalho (GT’s), até o dia 31 de agosto. O evento acontece de 6 a 9 de dezembro em formato virtual, com transmissão pelos canais da URCA e do Ipesc, na Plataforma YouTube. As inscrições podem ser realizadas através do siseventos.urca.br.

O evento é uma realização da Universidade Regional do Cariri (URCA), através do do Instituto de Pesquisa José Marrocos (Ipesc), em parceria com diversas instituições, como a Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará.

O simpósio tem seis eixos e oito mesas redondas. As abordagens estarão relacionadas a Saberes, vivências e ancestralidades: as artes do sagrado; Fazeres da artesania na teia da tradição; Poéticas populares do corpo e da voz: cantigas, performances e brincadeiras; Narrativas: oral, impressa e cibernética; Cultura popular na formação humana, no cotidiano escolar e nas universidades; e Patrimonialização da Chapada do Araripe, Araripe Geopark e Museus Orgânicos – iniciativas de salvaguarda do patrimônio natural e cultural.

Cada um dos eixos repercute em outros temas geradores que estarão representados em oito mesas redondas com temas como: A religiosidade popular e as artes do sagrado, Vivenciando a cultura popular tradicional: saberes, ofícios e os tesouros vivos”; Patrimônio cultural imaterial e estratégias de salvaguarda: os casos da Literatura de Cordel, da Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha e da Xilogravura.

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Com informações do IPESC.

15 de agosto de 2021

Cimi avalia que ‘pelo menos 300 parlamentares são anti-indígenas’

 

Representantes dos povos indígenas se reúnem no Acampamento Levante da Terra, em junho, na luta contra o PL 490. (FOTO/ facebook.com/conselhoindigenistamissionario).

O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário, Eduardo de Oliveira, cita nomes e números relacionados a deputados e senadores eleitos com financiamento do agronegócio, além de apontar ministros e autoridades que promovem destruição da Amazônia e violências contra povos indígenas do país, representadas na atual conjuntura pela tramitação do Projeto de Lei 490 na Câmara Federal. Aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), esse PL pretende abrir as terras indígenas para exploração econômica predatória e na prática inviabiliza demarcações.

Ilegalmente, integrantes das bancadas da bíblia, bala, mineradoras, empreiteiras e ruralistas estão dispostos a eliminar cláusulas pétreas da Constituição Federal – o termo retira o “poder constituinte reformador”, ou seja, proíbe parlamentares que compõem as sucessivas legislaturas de alterar o que somente poderia ser modificado se fosse promulgada uma nova Constituição – o que inclui direitos indígenas sobre territórios, organização social e tradições.

Sem diálogo

Parlamentares anti-indígenas rechaçam o diálogo com caciques, e responderam à sua presença na Câmara Federal com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha lançadas pela polícia legislativa, em 22 de junho. Expressão de arrogância, autoritarismo e desumanidade em favor da ganância sobre recursos naturais do povo brasileiro. Avançam garimpos, grilagens de terras públicas e ataques de morte contra índios. Presentes em Brasília desde o dia 8, os índios foram intimidados nos dias 8 e 9, pela Polícia Militar do Distrito Federal na tentativa de impedir o Acampamento Levante pela Terra (ALT), que permaneceu por três semanas ao lado do Teatro Nacional.

No dia 16 também enfrentaram policiais armados e bombas quando tentaram negociar com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier. Cerca de 850 homens, mulheres, velhos e crianças resistiram bravamente. Todos os dias cumpriram caminhadas de três quilômetros de ida em sol quente e mais três de volta, até o Congresso Nacional. Tarefa de guerreiros, com seus gritos de guerra, deveriam ser apenas os 70 Guarani e Kaingang chegados da região Sul para os protestos. Mas logo eles tiveram adesões de todas as regiões do país. Hoje, apenas líderes permanecem na capital, mas voltarão em massa em agosto para acompanhar julgamento decisivo que acontecerá no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Com informações da RBA. Clique aqui e confira o texto completo.

“As cidades são espelhos das desigualdades”, por Joice Berth

 

Joice Berth. (FOTO/ Reprodução/ Instagram @joiceberth).

Com Joice Berth, arquiteta e urbanista e autora do livro O Que é Empoderamento?, o tema desta edição do Nosso Olhar são as formas de expressão do feminismo, as possibilidades de diálogos em diversas esferas sociais e os papéis das cidades na equidade de gênero.

Berth comenta sobre o despertar de seu entendimento sobre o feminismo, ainda na infância e dentro de casa. “Sempre tive muito contato com as mulheres. Minha mãe, durante um bom período, trabalhou como trancista em casa e muitas mulheres passavam por lá, então eu ouvia muitas histórias. Desde cedo eu tive a percepção de que existia um mundo diferente entre homens e mulheres, pelos próprios casos que eu via dentro e fora da minha família.

A arquiteta traz o tema para o lado profissional, desde o início de seus estudos universitários. “Como arquiteta eu me lembro que eu não estudei nada referente às mulheres na faculdade. Me lembro que a Lélia Gonzalez foi uma autora que me despertou para isso. Ela diz que se você não levar o seu ativismo para dentro da sua profissão, está fazendo alguma coisa errada. Então, essas ocorrências da vida foram me direcionando para esse caminho”, conta.

A conversa segue sobre a segurança das cidades e a importância do urbanismo para uma melhor qualidade de vida às mulheres.

“Em conversas, eu inicio perguntando ‘a cidade que tem gênero?’ E todo mundo fala que não, a cidade é um espaço livre que a gente pode transitar por todos os cantos. Mas não é bem assim, a percepção das pessoas com relação aos espaços da cidade precisam ser provocadas. A gente sabe que existe questões relacionadas ao assédio sexual nas ruas, no transporte público, mas isso é só uma a pontinha do iceberg que tá imerso em muitos outros problemas”, comenta Berth.

Para ela, a função dos arquitetos é fazer a ponte entre a sociedade e os profissionais da área. “Existe um limite da atuação do profissional de arquitetura e urbanismo, né? A gente não tem como dar conta de tudo, mas eu penso que se a gente conseguir efetivar o diálogo da sociedade com o profissional, a gente vai ganhar muito, né? E sobretudo se as mulheres estiverem tendo a as facilitadoras desse diálogo”.

As entrevistas do canal estão disponíveis na página do YouTube da Exame, com vídeos novos às quartas-feiras.

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Publicado originalmente no Exame e reproduzido no Geledés.

14 de agosto de 2021

"Fascistas não nos intimidam e não passarão jamais", diz governador Camilo Santana

 

Governador Camilo Santana (PT) se manifesta em defesa da democracia. (FOTO/ Thais Mesquita).

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), se manifestou neste sábado, 14, defendendo "a luta em defesa da democracia e da vida" como "melhor resposta para golpistas e negacionistas". "Ameaças e Fake News jamais irão suplantar as ações em favor da verdade e do respeito às instituições. São palavras ao vento. Fascistas não nos intimidam e não passarão jamais", escreveu.

O pronunciamento vem após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manifestar neste sábado, 24, a intenção de pedir no Senado Federal a abertura de um processo para investigar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Em postagens no Twitter, Bolsonaro argumenta que a instauração do processo estaria fundamentada no artigo 52 da Constituição Federal, que estabelece como competência privativa do Senado processar e julgar os ministros do STF por crimes de responsabilidade. O presidente é investigado em quatro inquéritos no STF e um no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Políticos reagem 

Em resposta a Bolsonaro, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) lembra que o inciso que antecede o citado pelo presidente garante a defesa da democracia, estabelecendo o cumprimento do "sufrágio universal, direto, secreto e maioria de votos" para eleição presidencial. "Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no 'Chico', que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o 'Francisco' habita o Inciso I, do mesmo endereço", escreveu a senadora no Twitter.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, pediu que Bolsonaro deixe de lado os "arroubos autoritários que serão repelidos pela democracia" e "vá trabalhar". "Estamos com 14 milhões de desempregados, 19 milhões de famintos, preço absurdo da gasolina, da comida. E o povo continua morrendo de covid-19! Vá Trabalhar", afirmou, na rede social.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse que o pedido do presidente não passa de outra "cortina de fumaça" para desviar o foco de suas ações. "Ministros do STF podem e devem ser investigados por fatos concretos, mas o tal pedido de impeachment que Bolsonaro pretende apresentar contra Barroso e Moraes é só mais uma cortina de fumaça para tentar esconder o mar de crimes comuns e de responsabilidade que o próprio PR (Presidente da República) cometeu", escreveu, também na rede.

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Com informações da Agência Senado e do O Povo.

Biólogo relata ter sofrido racismo durante voo da Gol em que teve carrapato associado a seu cabelo

Biólogo Bruno Henrique denúncia ter sido vítima de racismo durante voo da Gol. (FOTO/ álbum da família).

O biólogo Bruno Henrique Dias Gomes, de 25 anos, relatou ter sido vítima de racismo durante um voo da Gol que seguia de Marabá (PA) para Brasília, no dia 7 de junho deste ano.

"Quando já estávamos voando, eu e a passageira ao lado sentimos algo no corpo. E aí apareceu no encosto de braço um carrapato." Ele disse ter chamado um comissário, que alegou ser impossível a situação relatada. Bruno colocou os fones e voltou a assistir a uma série. Foi quando um carrapato caiu na tela de seu celular. O comissário foi chamado de novo e levou o parasita. Momentos depois, um outro carrapato caiu no ombro da passageira sentada ao lado do biólogo:

- Aí já estava um burburinho danado. O pessoal de quatro, cinco fileiras à frente levantou e começou a falar: "é carrapato, é carrapato!". Nós levantamos o assento para procurar. E, então, nos ofereceram para trocar de lugar. A passageira que estava no meio trocou. Eu não quis trocar porque estava na poltrona do corredor que me acomoda melhor, pois tenho 1,96m. E no meio disso me falaram que os carrapatos poderiam ter vindo numa bagagem, no sapato de alguém. Que poderia até ter caído do meu cabelo.

Bruno foi para casa e contou ter feito uma queixa no site da Gol, no Reclame Aqui e no consumidor.gov.br. O biólogo disse que foram oferecidos R$ 500 para que tivesse "uma nova experiência com a Gol". Ele disse que esse nao era o foco da queixa e, sim, que a equipe fosse instruída melhor.

Ele dará encaminhamento no caso para registrar denúncia dos crimes de constrangimento e racismo.

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Com informações do O Globo e Mídia Ninja.