9 de julho de 2021

No Dia da Ciência, negada por seu presidente, Brasil superou 530 mil mortes por covid-19

 

Dia Nacional da Ciência. (FOTO/ Reprodução).

O Brasil registrou 1.639 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas. Com o acréscimo, são 530.179 mortos desde o início da pandemia, em março de 2020. Os novos casos reportados hoje – Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador – foram 53.725, totalizando 18.962.762. Os indicadores seguem elevados, e o Brasil é o país com mais mortes diárias pelo vírus no mundo. Entretanto, a tendência é de queda. A média móvel de mortes, calculada em sete dias, está em 1.441. É a menor desde 5 de março.

O país supera a marca de 530 mil mortos pela covid-19 na mesma data em que é comemorado o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador. Estudos de membros da comunidade acadêmica mostram que essa tragédia deveria ser menor. O Brasil tem taxa de mortalidade 4,4 vezes superior ao resto do mundo e é o país com mais mortes pelo vírus em 2021. No centro da maior crise sanitária da história no país, um presidente que nega a ciência, rejeita os fatos, ataca pesquisas e pesquisadores e trabalha contra a proteção dos brasileiros.

Negacionismo

Não são poucos os países que controlaram a pandemia e registram número mínimo de mortes pelo vírus. Nova Zelândia, Australia, Vietnã, Cuba, Uruguai, China entre outros. Em comum, todos seguiram as orientações da ciência e da Organização Mundial da Saúde. A receita é conhecida. Isolamento social, testagem em massa, uso de máscaras, rastreio de contágios e, posteriormente, vacinação ágil. Em cada um desses pontos, Bolsonaro seguiu exatamente o caminho oposto.

O presidente negou a gravidade da doença, estimulou e promoveu aglomerações, divulgou mentiras sobre a segurança de vacinas e o uso de máscaras. Ao politizar o vírus, Bolsonaro também vê agora seu governo envolto em uma série de escândalos de corrupção. Entre eles, prevaricação na compra de vacinas e suposto esquema de corrupção envolvendo a assinatura de contratos com farmacêuticas. Tudo isso, envolto em uma ideologia que nega os avanços da ciência e, consecutivamente, o direito ao bem-estar social.

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Com informações da RBA. Clique aqui e leia na íntegra.

8 de julho de 2021

Lei em Juazeiro do Norte inclui apenas padres, pastores e bispos como líderes religiosos


Caminhada pela liberdade religiosa em Juazeiro do Norte. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

Com anuência dos poderes legislativo e executivo, o município de Juazeiro do Norte, no cariri cearense, deu um passo gigantesco para os porões da História. Na verdade, para a camada mais suja da História carregada de racismo e de afronta ao Estado Laico que perdura no país desde sua colonização.

No último dia 22 de junho, a prefeitura publicou no Diário Oficial a Lei Nº 5.162 que excluiu religiosos de matrizes africanas do conjunto de grupos prioritários para receberem a vacinação contra a Covid-19 na medida em que incluiu no termo “líderes religiosos” apenas “padres, pastores e bispos”.  Para a historiadora, poeta e ativista negra Karla Alves, a prática se “configura como RACISMO INSTITUCIONAL.”

Karla destaca o perigo de uma lei como essa que carrega sob o “parabrisa a vacinação um conteúdo sociológico impregnado de racismo, buscando atualizar a ideia de que práticas religiosas de matriz africana e indígena não são religiões” e que a lei e, ou, o discurso contido nela “serve de justificativa para permitir e legitimar a violência historicamente praticada contra líderes e praticantes de religiosidades originárias, pois está dizendo, através da negação da existência desses cultos à natureza enquanto religião, que elas podem ser proibidas, interrompidas em nome das religiões legitimadas enquanto tal”.

A historiadora lembra também que “esse racismo é histórico, visto que o Estado busca atualizar periodicamente as justificativas que validam a violência sofrida pelos povos de Terreiro no Brasil durante séculos”.

Karla informou ao Blog Negro Nicolau que a referida lei foi revogada. "Preferiram recuar do que incluir outros líderes religiosos", disse.

Lideranças religiosas de terreiros, como ialorixás de Juazeiro, chegaram a produzir abaixo assinado onde ressaltam a importância da liberdade religiosa e de se respeitar o já fragilizado Estado Laico.

Clique aqui e leia na íntegra a Lei.

Movimento Negro Unificado celebra 43 anos de resistência antirracista

 

Movimento Negro Unificado celebra 43 anos de resistência antirracista. (FOTO/ MNU).

No dia 7 de julho de 1978, nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, mulheres e homens negros fizeram um ato para confirmar a criação do MNU (Movimento Negro Unifiicado). No mesmo ano, o assassinato do feirante Robson Silveira da Luz, no bairro da Lapa, pela polícia e a discriminação de atletas negros no Clube de Regatas do Tietê contribuíram com o clima de indignação entre negras e negros.

Para celebrar os seus 43 anos de atividade, o MNU vai promover uma série de atividades durante o mês de julho em suas redes sociais. A coordenadora nacional do movimento Iêda Leal disse ontem, durante uma live com outros fundadores, que a entidade mantém o mesmo espírito de luta desde sua fundação, em plena ditadura militar. "São anos de luta sem interrupção com o nosso grito: Reaja à violência racial", disse Iêda.

Ontem, dia 7, houve uma live às 19h: MNU 43 anos contra o racismo. Para o dia 25 de julho está programada uma transmissão com as mulheres do MNU.

O Movimento Negro Unificado nestes 43 anos apontou e abriu os caminhos para luta de resistência da população negra", ressalta Milton Barbosa, um dos fundadores.

O MNU, desde a sua criação, tem como base e rotina agregar as lutas coletivas dos negros em diferentes frentes, como nas universidades, periferias, movimento sindical, partidos políticos de esquerda, associações de bairro, entre outros espaços democráticos.

"É impossível contar a história da população negra, sua luta, resistências e conquistas nos últimos 43 anos sem falar do Movimento Negro Unificado", acredita Regina Lúcia dos Santos, coordenadora estadual do MNU-SP.

Ao mesmo tempo, a organização assume, conjuntamente com outras articulações do movimento negro, o papel de denunciar o racismo estrutural, institucional e individual no país, a qualquer época e de qualquer governo.

São constantes as denúncias contra as políticas de morte do atual governo. A cada 23 minutos, um jovem negro é morto. Fora o encarceramento em massa: 71% dos presos são negros”, lembra a advogada Lenny Blue, outra fundadora do MNU, que participou do ato nas escadarias do Theatro Municipal.

Blue destaca a importância do movimento na sua tomada de consciência racial e em outras escolhas pessoais na vida. Sobre as vitórias conquistadas pela luta antirracista nessas quatro décadas, ela lembra da Lei 10.639/11 (sobre o ensino obrigatório da cultura negra e afro-brasileira nas escolas), do Estatuto da Igualdade Racial, da Lei de Cotas e da Política Nacional Integral de Saúde da População Negra.

O MNU me ensinou a me situar na conjuntura política e sobre a incontestável liderança das mulheres negras como agentes fundamentais na reconstrução do país”, pontua Lenny.

A luta representada pelo movimento ecoa hoje em jovens lideranças do movimento negro. “Existe ainda hoje uma fragmentação da luta contra o racismo, mas ao analisar os diversos projetos de transformação da sociedade, não vejo um projeto de país que superou o que o MNU propõe. É um processo de construção coletivo muito bonito e necessário. Tenho um respeito muito grande pela disposição e carinho que os mais velhos do MNU têm com os mais jovens e assim a luta se renova", avalia a jornalista Simone Nascimento, de 28 anos, que entrou no MNU em 2017.

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Com informações da Alma Preta.

7 de julho de 2021

Bolsonaro vai ao STF contra lei do deputado Idilvan Alencar que garante internet a alunos da rede pública


Bolsonaro vai ao STF contra lei do deputado Idilvan Alencar que garante internet a alunos da rede pública. (FOTO/ Reprodução/ Site PDT).

O presidente Jair Bolsonaro acionou o Supremo Tribunal Federal contra lei que prevê o repasse de R$ 3,5 bilhões pelo governo federal aos Estados e ao Distrito Federal para garantir acesso à internet aos alunos e aos professores da educação básica pública. A norma foi publicada no dia 10 de junho, após o Congresso Nacional derrubar veto do presidente contra o projeto, e dá 30 dias para que a União distribua as verbas. O caso foi distribuído para relatoria do ministro Dias Toffoli.

A lei é de autoria do deputado federal cearense Idilvan Alencar (PDT). Além da Internet, a proposta prevê a aquisição de tablets para todos os estudantes do ensino médio da rede pública vinculados ao Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), tomando como referência o preço de R$ 520 por equipamento.

"A simples determinação de transferências vultosas de verbas públicas para a contratação de serviços de internet para os alunos da rede pública não é a medida mais eficiente para garantir o referido acesso, especialmente diante das fracas contrapartidas estabelecidas na lei questionada", diz o texto assinado pelo presidente e por André Mendonça, chefe da Advocacia-Geral da União que deve ser indicado para a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal.

Ao recorrer ao STF para tentar derrubar a lei, Bolsonaro alegou que a imposição do repasse se deu 'à revelia de regras do processo legislativo', interfere nas atribuições do Ministério da Educação e implica em 'impacto' nas políticas públicas em andamento na pasta.

De acordo com o presidente, o programa não se implementa pelos fluxos administrativos já existentes, mas demanda reorganização dentro dos órgãos competentes, 'representando interferência em suas atribuições regulares'. Bolsonaro argumenta que há 'a necessidade de que a matéria seja tratada em diploma de iniciativa do Presidente da República'.

A ação também sustenta que a lei também 'viola as condicionantes fiscais para expansão de ações governamentais no curso da atual pandemia, fixadas tanto em emendas constitucionais e em lei complementar, e desrespeita o limite de gastos, o que interferirá na estruturação e custeio de ações governamentais de acesso à educação adotadas' no contexto da atual crise sanitária.

O presidente argumenta que a lei 'criou situação que ameaça gravemente o equilíbrio fiscal da União, mediante o estabelecimento de ação governamental ineficiente, que obstará o andamento de outras políticas públicas'.

O deputado Idilvan Alencar contesta a posição do governo Bolsonaro. "A maior tragédia na educação da história do país e o que faz o Ministério da Educação? Não faz nada e ainda atrapalha. Em vez de aproveitar a oportunidade e criar um programa nacional de garantia ao acesso ao ensino remoto, importante não apenas pela pandemia, o governo prefere dificultar ao máximo o trabalho de governos estaduais e municipais".

O parlamentar lembra ainda que o Executivo tentou barrar a proposta em outras oportunidades e defende a saída de Bolsonaro da Presidência. "Não é a primeira vez: o Governo Federal foi contra o PL desde o princípio; quando foi aprovado, o presidente vetou; o Congresso derrubou o veto e, agora, o Governo Federal questiona a lei no STF. Para salvar a educação, tem que trocar o governo. Não tem outra saída", destaca.

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Com informações do O Povo.

Marina Silva é a nova colunista do Blog Negro Nicolau

 

Marina Silva. (FOTO/ Arquivo Pessoal).

Por Nicolau Neto, editor

Marina Silva, ativista pelos movimentos feministas do cariri, é a mais nova integrante da equipe de colunista do Blog Negro Nicolau.

Marina, que tem apenas 21 anos, está cursando Direito, é bolsista, estagiária voluntária em um escritório de advocacia, além de atuar como professora de reforço escolar. Ela contou ao Blog que tem uma livraria online.

Com forte ativismo social, principalmente por movimentos feministas, ela integra o Movimento de Juventude Anticapitalista no Ceará (AfronteCE), o Resistência Feminista CE e o Movimento de Mulheres do Cariri 8M.

Maria frisou que sua “luta diária, árdua e agora interligada ao ramo do Direito é da efetivação dos direitos de todos, todas e todes” trazendo a lume uma frase para reflexão: “não há um João que possa mais que uma Maria.”

Ao criticar a desigualdade latente no país ela destacou:

Luto para que os corpos negros sejam vistos e reconhecidos, que nós mulheres, possamos e continuemos ocupando espaços que são nossos, e para que o sistema desigual, capitalismo, seja derrubado para que assim possamos construir uma sociedade justa e igual.”

A ativista social integrará a equipe de colunistas que já conta com a ativista e professora Zuleide Queiroz (URCA), a ativista e historiadora Karla Alves, a bióloga e agente social Valeria Rodrigues, a guia de turismo Francilene Oliveira, a escritora e poeta Fátima Teles, a cientista social Josyanne Gomes, o pedagogo Alexandre Lucas, o servidor público federal Antônio Raimundo e a escritora e ativista negra Maria Raiane.

6 de julho de 2021

51% dos eleitores negros avaliam Governo Bolsonaro ruim ou péssimo

 

(FOTO/ Marcelo Camargo/Agência Brasil).

A opinião dos eleitores negros sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é mais crítica dos que a dos eleitores brancos nos três critérios apurados pela pesquisa Avaliação, Aprovação e Confiança, do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC).

Para 51% dos eleitores negros, o desempenho do governo, que assumiu em janeiro de 2019, é abaixo do aceitável. O eleitorado negro avalia que a gestão do presidente Bolsonaro é ruim (8%) ou péssima (43%). Além disso, 69% não aprovam as medidas tomadas pelo presidente e 70% disseram não confiar no chef de Estado.

Entre os eleitores brancos, 10% avaliaram o governo ruim e 35% disseram que é péssimo; 60% destacaram que não aprovam o governo e 62% não confiam no Bolsonaro.

Na pior nota possível de avaliação, péssimo, a diferença de percepção entre negros e brancos sobre o governo Bolsonaro é de oito pontos percentuais (43% e 35%). Na desaprovação, a diferença é de nove pontos percentuais (69% e 60%) e na desconfiança é, novamente, de oito pontos percentuais (70% e 62%).

Ausência de agenda de combate ao racismo

O combate ao racismo e as reivindicações da população negra não tiveram espaço de destaque nas ações do governo Bolsonaro, apesar de 56% dos brasileiros se autodeclararam negros.

Em 2020, segundo a ONG Contas Abertas, Bolsonaro gastou apenas 2% da verba que deveria ser destinada ao combate ao racismo, com ações promovidas pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, onde está subordinada a SNPIR (Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

A ex-secretária da Promoção de Igualdade Racial, Sandra Terena, foi demitida pela ministra Damares Alves após estourar um escândalo de disseminação de fake news envolvendo o marido da ex-secretária. O substituto, Paulo Roberto, ex-coronel dos Bombeiros do DF, assumiu em janeiro de 2021, mas ainda não conseguiu fazer nenhuma reunião do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Em 2020, foram apenas duas reuniões do conselho.

Em 2017, Jair Bolsonaro foi condenado a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais coletivos por ter ofendido negros e quilombolas. O então parlamentar se defendeu dizendo que estava protegido pela imunidade parlamentar, pois era deputado federal quando afirmou em um evento público no Rio de Janeiro: “Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano gastados com eles, recebem cesta básica e mais, material, implementos agrícolas”.

Por conta dessa fala, o Ministério Público entrou com uma ação e a juíza Frana Mendes, da 26ª vara da Justiça Federal do RJ, condenou Bolsonaro, em outubro de 2017. No entanto, em setembro de 2018, pouco antes das eleições presidenciais, a 8ª turma do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) julgou o recurso pedido por Bolsonaro e o absolveu, aceitando o argumento da imunidade parlamentar.

Quem apoia

Na entrevista para a pesquisa do Ipec, 6% dos eleitores negros disseram que o governo Bolsonaro é “ótimo”. Entre os brancos, foi 10% de avaliação como “ótimo”. Já 14% dos eleitores negros disseram que o governo é “bom”, assim como 19% dos eleitores brancos. Ou seja, somando “ótimo” e “bom”, Bolsonaro foi avaliado acima da média por 20% dos negros e 29% dos brancos.

Na avaliação “regular”, Bolsonaro teve um resultado igual entre o dois grupos de eleitores: 26% para os negros e 25% para os brancos.

Na pergunta sobre a aprovação, Bolsonaro recebeu apoio de 37% dos brancos e 27% dos negros. Sobre a confiança no presidente os resultados se repetiram, 37% dos brancos e 27% dos negros.

O Ipec fez a pesquisa entre os dias 17 e 21 de junho, antes das denúncias de esquema de propina na compra da vacina Covaxin, do super pedido de impeachment e da descoberta de aplicação de vacinas vencidas na população. Foram ouvidos 2.002 eleitores (63% negros e 32% brancos) em 141 cidades.

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Com informações da Alma Preta.


Como você quer aparecer na foto?



Por Alexandre Lucas, Colunista

A imagem é uma construção histórico-social, portanto, carrega a diversidade e complexidade do olhar humano. A maneira como enxergamos as coisas nos remete para além da visualidade e da aparência. A imagem vem sempre agregada a conceito, narrativa e visão social de mundo. Se consideramos esses aspectos, logo, atestamos que a imagem não é neutra, a partir da sua composição e do seu contexto, construída intencionalmente ou de forma inconsciente existe uma dimensão política.

A imagem é componente inseparável da vida humana. É impossível pensar a vida sem a imagem, dito isto, podemos afirmar que ela só existe a partir da existência humana.

A disputa política no campo dos espaços e das ideias, se compõe também pela contestação e narrativas de imagens. A realidade social e seus contrastes tem uma estética política e de poder.

É fácil constatar a estética política e de poder, hegemonicamente alinhada à classe dominante. Podemos pegar como exemplo a forma como são apresentadas as candidaturas para cargos executivos e legislativos, predominantemente existe um ritual de embelezamento da imagem: escolha de luz, maquiagem, tipo de roupa, postura corporal e esboço de sorriso. Se pegarmos imagens nas redes sociais de grupos de amigos ou de casais podemos verificar uma preocupação com a composição: Espaços, roupas, objetos, aspectos do rosto e da postura corporal que vão variando a partir de nichos e classes sociais, existe uma tendência de demonstrar nestas imagens uma situação de bem-estar. 

A construção da imagem é parte da construção ideológica e reflete os interesses e as relações de poder da classe dominante. Se compreendemos a ideologia como um conjunto de ideias, crenças e posições de um grupo sobre o outro reproduzida a partir dos mecanismos simbólicos da comunicação e da estética, a partir da forma e do conteúdo.

Essas questões nos colocam diante da necessidade de refletir sobre a empatia da imagem, a partir da condição humana dos excluídos, oprimidos e explorados.

Na imagem que aparecemos descartamos a possibilidade de sermos vistos com o aspecto de sujo, triste, doente, com roupas rasgadas, preso, sem ter como se alimentar, dormindo na rua, ou seja, na condição de vulnerabilidade e exclusão social. Certamente não é neste tipo de imagem que desejamos aparecer.  

Imaginemos a seguinte cena: você ou alguém da sua família tendo uma foto publicada em redes sociais recebendo uma cesta básica porque não tem alimento em casa. Como você se sente não tendo condições de manter a sua própria vida? Essa é a imagem na qual você quer aparecer?

Expor os seres humanos em situação de vulnerabilidade, com a intenção declarada de aparecer bem na foto, caracteriza ato de coisificação da vida humana alheia. 

Empatia também deve transitar nas imagens que construímos cotidianamente. Se existe uma estética de alinhamento ideológico para manutenção das relações de exploração, opressão e alienação, o nosso caminho deve ser inverso, deve pautar a imagem da esperança, da utopia, do protagonismo popular e da defesa intransigente da vida humana. Reproduzir o discurso visual do dominante, como algo natural é negar a luta pela emancipação humana.   

Bolsonaro é reprovado por gestão da pandemia e considerado responsável por demora na vacinação

 

Além de aglomerações e críticas a máscaras e vacinas, o presidente também fez ironia com o sofrimento, imitando uma pessoa com falta de ar. (FOTO/ Reprodução).

A pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda-feira (5), que mostrou perda de popularidade do atual presidente e distanciamento em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também mostra rejeição na condução da pandemia. Agora, o governo Bolsonaro é reprovado por mais da metade dos entrevistados, 57,2%, e o resultado aponta para um crescimento contínuo dessa rejeição. A desaprovação era de 39,1% em outubro do ano passado, subiu para 42% em fevereiro último e agora deu um salto de 15 pontos percentuais.

Assim, a aprovação, que era de 57,1% em outubro de 2020, caiu ligeiramente, para 54,3% em fevereiro, e agora despencou para 39%. Ou seja, em um intervalo de nove meses, que coincide com a piora da pandemia, a situação se inverteu, e a gestão do governo na crise sanitária passou a ser vista como negativa. Outros 3,8% não sabem ou não responderam, número estável. A avaliação, portanto, influencia as intenções de voto, pois Bolsonaro perde para Lula tanto num primeiro (41,6% a 26,3%) como em um segundo turno (52,6% a 33,3%).

Responsabilidade com vacinas

Outro dado da pesquisa desfavorável ao presidente é que os entrevistados seguem elogiando os governos estaduais, para os quais Bolsonaro tentou transferir responsabilidades. A aprovação manteve-se praticamente estável, agora em 58,8%. A desaprovação, também sem alteração significativa, é de 36,7%, enquanto 4,5% não sabem ou não responderam.

Para completar, quando se pergunta sobre quem é o principal responsável pela demora na vacinação, quase metade (49%) aponta o presidente da República. Em segundo lugar, bem atrás, “todos eles” – o que inclui presidente, governadores e prefeitos. Os governadores são mencionados por apenas 5,6% e os prefeitos, por 1,4%. Para 5,2% dos entrevistados, não houve demora.

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Com informações da RBA. Clique aqui e leia na íntegra.