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Após 43 anos, processo do assassinato que motivou criação do MNU vem a público

(FOTO/ Reprodução/ Alma Preta).

Após 43 anos da prisão, tortura e morte de Robson Silveira da Luz, a família e a sociedade poderão acessar os documentos do processo judicial do crime. O jovem de 21 anos foi morto na 44° Delegacia de Polícia de São Paulo no dia 4 de maio de 1978. O caso é um dos impulsionadores da criação do Movimento Negro Unificado (MNU), em julho daquele mesmo ano.

A disponibilização dos documentos faz parte de uma mobilização de Lucas Scaravelli, pesquisador cuja tese de doutorado será sobre a vida de Robson. “Eu fui atrás dos arquivos e agora a partir da força de articulação com pesquisador, desembargador, consegui a liberação e acho que é um momento importante para todas as lideranças”, conta. A pesquisa será desenvolvida pela área de antropologia social da Universidade de São Paulo (USP).

O protesto vai contar com a participação de Carlos Cardoso, advogado do caso na época, ativistas do movimento negro e a família de Robson.

O caso foi sentenciado em 1988, com a responsabilização do delegado Luiz Alberto de Abdalla e os policiais José Maximino Reis e José Pereira de Matos. O primeiro foi afastado do cargo e os outros dois exonerados da polícia civil. A família só recebeu a indenização e a sentença aos policiais só foi cumprida em 1996, 18 anos depois da morte de Robson Silveira da Luz.

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Com informações do Alma Preta. 

Movimento Negro Unificado celebra 43 anos de resistência antirracista

 

Movimento Negro Unificado celebra 43 anos de resistência antirracista. (FOTO/ MNU).

No dia 7 de julho de 1978, nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, mulheres e homens negros fizeram um ato para confirmar a criação do MNU (Movimento Negro Unifiicado). No mesmo ano, o assassinato do feirante Robson Silveira da Luz, no bairro da Lapa, pela polícia e a discriminação de atletas negros no Clube de Regatas do Tietê contribuíram com o clima de indignação entre negras e negros.

Para celebrar os seus 43 anos de atividade, o MNU vai promover uma série de atividades durante o mês de julho em suas redes sociais. A coordenadora nacional do movimento Iêda Leal disse ontem, durante uma live com outros fundadores, que a entidade mantém o mesmo espírito de luta desde sua fundação, em plena ditadura militar. "São anos de luta sem interrupção com o nosso grito: Reaja à violência racial", disse Iêda.

Ontem, dia 7, houve uma live às 19h: MNU 43 anos contra o racismo. Para o dia 25 de julho está programada uma transmissão com as mulheres do MNU.

O Movimento Negro Unificado nestes 43 anos apontou e abriu os caminhos para luta de resistência da população negra", ressalta Milton Barbosa, um dos fundadores.

O MNU, desde a sua criação, tem como base e rotina agregar as lutas coletivas dos negros em diferentes frentes, como nas universidades, periferias, movimento sindical, partidos políticos de esquerda, associações de bairro, entre outros espaços democráticos.

"É impossível contar a história da população negra, sua luta, resistências e conquistas nos últimos 43 anos sem falar do Movimento Negro Unificado", acredita Regina Lúcia dos Santos, coordenadora estadual do MNU-SP.

Ao mesmo tempo, a organização assume, conjuntamente com outras articulações do movimento negro, o papel de denunciar o racismo estrutural, institucional e individual no país, a qualquer época e de qualquer governo.

São constantes as denúncias contra as políticas de morte do atual governo. A cada 23 minutos, um jovem negro é morto. Fora o encarceramento em massa: 71% dos presos são negros”, lembra a advogada Lenny Blue, outra fundadora do MNU, que participou do ato nas escadarias do Theatro Municipal.

Blue destaca a importância do movimento na sua tomada de consciência racial e em outras escolhas pessoais na vida. Sobre as vitórias conquistadas pela luta antirracista nessas quatro décadas, ela lembra da Lei 10.639/11 (sobre o ensino obrigatório da cultura negra e afro-brasileira nas escolas), do Estatuto da Igualdade Racial, da Lei de Cotas e da Política Nacional Integral de Saúde da População Negra.

O MNU me ensinou a me situar na conjuntura política e sobre a incontestável liderança das mulheres negras como agentes fundamentais na reconstrução do país”, pontua Lenny.

A luta representada pelo movimento ecoa hoje em jovens lideranças do movimento negro. “Existe ainda hoje uma fragmentação da luta contra o racismo, mas ao analisar os diversos projetos de transformação da sociedade, não vejo um projeto de país que superou o que o MNU propõe. É um processo de construção coletivo muito bonito e necessário. Tenho um respeito muito grande pela disposição e carinho que os mais velhos do MNU têm com os mais jovens e assim a luta se renova", avalia a jornalista Simone Nascimento, de 28 anos, que entrou no MNU em 2017.

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Com informações da Alma Preta.