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Movimento Negro Unificado celebra 43 anos de resistência antirracista. (FOTO/ MNU). |
No
dia 7 de julho de 1978, nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo,
mulheres e homens negros fizeram um ato para confirmar a criação do MNU
(Movimento Negro Unifiicado). No mesmo ano, o assassinato do feirante Robson
Silveira da Luz, no bairro da Lapa, pela polícia e a discriminação de atletas
negros no Clube de Regatas do Tietê contribuíram com o clima de indignação
entre negras e negros.
Para
celebrar os seus 43 anos de atividade, o MNU vai promover uma série de
atividades durante o mês de julho em suas redes sociais. A coordenadora
nacional do movimento Iêda Leal disse ontem, durante uma live com outros
fundadores, que a entidade mantém o mesmo espírito de luta desde sua fundação,
em plena ditadura militar. "São anos de luta sem interrupção com o nosso
grito: Reaja à violência racial", disse Iêda.
Ontem,
dia 7, houve uma live às 19h: MNU 43 anos contra o racismo. Para o dia 25 de
julho está programada uma transmissão com as mulheres do MNU.
“O
Movimento Negro Unificado nestes 43 anos apontou e abriu os caminhos para luta
de resistência da população negra", ressalta Milton Barbosa, um dos
fundadores.
O
MNU, desde a sua criação, tem como base e rotina agregar as lutas coletivas dos
negros em diferentes frentes, como nas universidades, periferias, movimento
sindical, partidos políticos de esquerda, associações de bairro, entre outros
espaços democráticos.
"É
impossível contar a história da população negra, sua luta, resistências e
conquistas nos últimos 43 anos sem falar do Movimento Negro Unificado",
acredita Regina Lúcia dos Santos, coordenadora estadual do MNU-SP.
Ao
mesmo tempo, a organização assume, conjuntamente com outras articulações do
movimento negro, o papel de denunciar o racismo estrutural, institucional e
individual no país, a qualquer época e de qualquer governo.
“São constantes as denúncias contra as
políticas de morte do atual governo. A cada 23 minutos, um jovem negro é morto.
Fora o encarceramento em massa: 71% dos presos são negros”, lembra a
advogada Lenny Blue, outra fundadora do MNU, que participou do ato nas escadarias
do Theatro Municipal.
Blue
destaca a importância do movimento na sua tomada de consciência racial e em
outras escolhas pessoais na vida. Sobre as vitórias conquistadas pela luta
antirracista nessas quatro décadas, ela lembra da Lei 10.639/11 (sobre o ensino
obrigatório da cultura negra e afro-brasileira nas escolas), do Estatuto da
Igualdade Racial, da Lei de Cotas e da Política Nacional Integral de Saúde da
População Negra.
“O MNU me ensinou a me situar na conjuntura
política e sobre a incontestável liderança das mulheres negras como agentes
fundamentais na reconstrução do país”, pontua Lenny.
A
luta representada pelo movimento ecoa hoje em jovens lideranças do movimento
negro. “Existe ainda hoje uma
fragmentação da luta contra o racismo, mas ao analisar os diversos projetos de
transformação da sociedade, não vejo um projeto de país que superou o que o MNU
propõe. É um processo de construção coletivo muito bonito e necessário. Tenho
um respeito muito grande pela disposição e carinho que os mais velhos do MNU
têm com os mais jovens e assim a luta se renova", avalia a jornalista
Simone Nascimento, de 28 anos, que entrou no MNU em 2017.
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Com informações da Alma Preta.