9 de março de 2018

Caso de Racismo na FGV: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”, diz universitário



Um aluno da Faculdade Getulio Vargas (FGV), no Centro de São Paulo, tirou uma foto de outro estudante da mesma instituição e compartilhou em um grupo de whatsapp com a frase: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”. A vítima registrou boletim de ocorrência por injúria racial e o autor da foto foi suspenso da faculdade por 3 meses.

O agressor, de acordo com o boletim de ocorrência, é Gustavo Metropolo que, logo após a mensagem se espalhar pelas redes internas, retirou todos os seus perfis das redes sociais.

A Fórum tentou entrar em contato através do seu celular, mas ele não atendeu.

Em um grupo da GV no Facebook, a vítima conta que foi chamada pela Coordenação de Administração Pública na terça-feira (6) e informada que um aluno do 4º semestre do curso de Administração de Empresas compartilhou a foto com a frase.

No post, a vítima diz que o colega teve atitude “covarde”. “Tão perto de mim…porque não foi falar na minha cara? Mas você optou pela atitude covarde de tirar uma foto minha e jogar no grupo dos amiguinhos. Se seu intuito foi fazer uma piada, definitivamente você não tem esse dom. Acha que aqui não é lugar de preto? Saiba que muito antes de você pensar em prestar FGV eu já caminhava por esses corredores. Se você me conhecesse, não teria se atrevido. O que você fez além de imoral é crime! As providências legais já foram tomadas e você pagará pelos seus atos”, diz post publicado em grupo da faculdade no Facebook.

Não descansarei até você ser expulso dessa faculdade. Pessoas como você não devem e nem podem ter um diploma da Fundação Getulio Vargas. A mensagem é curta e direta. Mas serve para qualquer outrx racista da Fundação. Não passará!”

O boletim por injúria racial foi registrado no 4º Distrito Policial da Consolação, na região central da cidade, nesta quinta-feira (8).

Em nota, a FGV afirma que ante “possível conotação racista da ofensa” “aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso por três meses”.

O comentário ofensivo foi feito em grupo privado do qual o ofensor fazia parte, sem qualquer participação, ainda que indireta, da FGV. Ante a possível conotação racista da ofensa, firme em sua postura de repúdio a toda forma de discriminação e preconceito, a FGV, tão logo tomou conhecimento dos fatos, tal qual prevê seu Código de Ética e Disciplina, de imediato aplicou severa punição ao ofensor, que foi suspenso de suas atividades curriculares por três meses, estando impedido de frequentar a escola, sem ressalva da adoção de medidas complementares, a partir da apuração dos fatos pelas autoridades competentes”, diz o texto.

O Diretório Acadêmico Getúlio Vargas disse, por meio de nota, que uma carta de denúncia será apresentada à Congregação, órgão colegiado capaz de deliberar a respeito da expulsão do aluno.

Reiteramos, ainda, nosso profundo repúdio ao ocorrido. Nossa gestão assumiu o DAGV com o compromisso de trabalhar junto aos coletivos por uma faculdade mais inclusiva e democrática, e por um ambiente universitário verdadeiramente acolhedor a todos e todas que nele estão”, diz a nota.

O coletivo negro 20 de Novembro FGV também se manifestou e pediu “basta de preconceito”.

Vivemos num país livre. Infelizmente essa liberdade muitas vezes é tão somente formal. As desigualdades de renda, classe, gênero e de cor nas terras de Machado de Assis, Dandara, Luís Gama, Carolina de Jesus, Joaquim Barbosa e Thais Araújo, nos dizem que indivíduos ainda são cerceados de ser quem realmente são. Negros e negras são minoria nas prestigiadas instituições de ensino superior. Homens negros são a maior parte da população carcerária do país. Mulheres negras sofrem duas vezes mais com o feminicídio do que mulheres brancas. Crianças negras são a grande maioria do corpo discente do péssimo ensino público. LGBTSs negros fazem parte de uma das populações mais vulneráveis para o desenvolvimento de doenças mentais. Sendo assim, o coletivo 20 de novembro se levanta e diz: Basta!”

Nota de Repúdio Cursinho FGV

Nós, do Cursinho FGV, expressamos nosso repúdio ao ato de racismocontra um dos alunos da Escola de Administração de Empresas (EAESP), denunciado terça-feira dia 06/03, dentro da Fundação, praticado por um ex-docente do Cursinho FGV. Tendo a situação chegado ao nosso conhecimento no dia 08/03 após ter sido divulgado em grupos da FGV.

Como entidade estudantil que visa promover a diversidade dentro da Fundação Getúlio Vargas e a promoção do acesso à educação de maneira geral, é com grande tristeza e revolta que enxergamos o ocorrido. Possuímos o ingresso de nossos alunos na Fundação Getúlio Vargas como objetivo e passamos a imagem da Fundação como um ambiente convidativo e enriquecedor, porém, diante episódios hostis como esse, nos sentimos desacreditados. Consideramos absolutamente inadmissível a perpetuação desses comportamentos dentro do ambiente acadêmico e, por essa razão, enfatizamos a importância de medidas que efetivamente combatam esse tipo de conduta.

Uma vez que o referido aluno não faz parte de nosso corpo docente desde outubro de 2017, gostaríamos de declarar aos atuais e antigos alunos do Cursinho FGV que a Fundação é um espaço nosso, e que vamos continuar o ocupando mesmo que isso gere incômodo e desconforto em um ambiente no qual os privilégios ainda são evidentes, mas que têm caído a cada dia.

O Cursinho FGV aguarda um posicionamento oficial da Escola de Administração de Empresas (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas e da Congregação da Fundação Getúlio Vargas. Por fim, gostaríamos de oferecer nossos sentimentos e nosso apoio à vítima do ocorrido e ao Coletivo 20 de novembro. (Com informações do G1 e da Revista Fórum).


A postagem racista à esquerda e o autor à direita.  (Foto: Reprodução).

8 de março de 2018

Câmara torna crime importunação sexual em espaço público



A importunação sexual - também conhecida como assédio - em transporte coletivo, por exemplo, era considerada apenas uma contravenção penal passível de multa. Com a aprovação de um projeto de lei, o comportamento passa a ser crime com pena de reclusão de um a cinco anos.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (7) um substitutivo da deputada Laura Carneiro (sem partido – RJ) ao projeto de lei 5452/16, da senadora Vanessa Graziottin (PCdoB – AM), que tipifica o crime de divulgação de cenas de estupro, aumenta a pena para estupro coletivo e incluiu na proposta o crime de importunação sexual (também conhecido como assédio), este último oriundo de vários projetos sobre o tema.

Um deles é o projeto 6722/2016, de autoria de Maria do Rosário (PT-RS) e Zé Carlos (PT-MA). Até então, a legislação só prevê punição para assédio sexual praticado por superior hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função.

Pela proposta aprovada, a importunação sexual em espaços públicos, como ônibus ou metrô, passa a ser crime, com pena de detenção de um a cinco anos. Hoje, esse comportamento é classificado como contravenção penal, punido somente com multa. Entende-se como importunação sexual o ato libidinoso com o objetivo de satisfazer o assediador.

No ano passado, estouraram na imprensa inúmeros casos de assédio em transporte coletivo.

Embora qualquer pessoa possa ser sujeito ativo dessa prática, esse tipo de constrangimento covarde geralmente é cometido por homens, tendo como vítimas as mulheres. Segundo ela, o projeto enfrenta o constrangimento que as mulheres enfrentam, seja no transporte coletivo, seja em qualquer ambiente público. Toda forma de assédio deve ser combatida e esta sessão será histórica neste sentido”, disse a deputada federal Maria do Rosário.

Por ter sofrido alteração, o projeto volta para apreciação do Senado. (Com informações da Revista Fórum).

(Foto: Reprodução/ Revista Fórum).


No dia Internacional da Mulher, mulheres ocupam Jornal O Globo em defesa da democracia



Protesto no Dias Internacional da Mulher, 800 mulheres de diversos movimentos populares ocuparam o parque gráfico do jornal impresso no Rio de Janeiro, que pertence ao grupo Globo Comunicação. O objetivo da ação, iniciada às 5h30 da manhã, é denunciar a atuação decisiva da empresa sobre a instabilidade política brasileira. Elas destacam a articulação da Globo no processo do golpe, desde o impedimento da presidenta Dilma em 2016 até perseguição ao presidente Lula, para inviabiliza-lo como candidato em uma eleição democrática.

Participaram mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos Agricultores, além de moradoras de comunidades da cidade. “A Globo promove os golpes em pró de seus interesses empresariais, não interessa as consequências para o país. Por isso ela é criminosa. Ela não é inimiga só dos trabalhadores, ela é inimiga de toda a nação”, afirmou Ana Carolina Silva, do Levante Popular da Juventude.

Intervenção contra os direitos

As mulheres também deram visibilidade ao caráter político e contrário aos direitos do povo da intervenção militar no Rio de Janeiro. Com o mote “A Globo promove intervenção para dar golpe na eleição” elas lembram que o próprio golpista Michel Temer declarou que vai suspender o decreto caso tenha maioria na Câmara e no Senado para votar a reforma da Previdência.

Para Maria Gomes de Oliveira, da Direção do MST, se trata de uma questão eleitoral e de um processo de coação social. “A Globo e os articuladores desse processo abordam a intervenção militar no Rio de Janeiro como medida de segurança. Ao mesmo tempo em que ela promove o medo para manter a classe trabalhadora calada, Temer e aliados se aproveitam de um anseio da sociedade para esconder sua estratégia eleitoral”, explica.

A dirigente ressalta ainda que a empresa tem interesses econômicos na Reforma da Previdência. “A globo opera ativamente na política para manter seus lucros e o monopólio sobre a mente das pessoas. No caso da previdência, ela está diretamente ligada à Mapfre Seguros, uma empresa que presta serviços de previdência privada”. Para ela, o momento caracteriza um desvio de função das Forças Armadas. “Tanques e soldados armados com fuzil não resolvem a violência. Os militares deviam cuidar de proteger nossa soberania, inclusive as riquezas como o petróleo, a água, as terras, que o golpista está entregando numa bandeja para o capital internacional”, afirma.

Ana Paula Silva destaca que a taxa de desemprego beira a 12% e, assim com o desmonte de serviços básicos de educação e saúde, são fatores que contribuem para o aumento da violência. “O crime se combate com o desenvolvimento de uma política de segurança e não com intervenção militar. Sabemos que o caminho é crescimento econômico e políticas públicas para o povo, mas para garantir isso precisamos retomar a democracia que perdemos com o golpe. Garantir eleições sem fraude é central para barrar os ataques aos direitos dos brasileiros”, garante a militante.

Decadência

O parque gráfico ocupado é o maior da América Latina. Sua construção foi, em parte, financiada pelo BNDES, com o montante de R$ 217 milhões, em valores atuais. Ele foi projetado para a impressão de 800 mil jornais diários, mas a média de produção do O Globo em 2017 não passa de 130 mil exemplares/dia, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC). Ou seja, não utiliza nem 50% da capacidade produtiva.

Este lugar é um elefante branco a serviço da desinformação. Com tanto recurso público investido, deveriam ao menos se dignar a fazer um jornalismo de qualidade. Não é à toa que o jornal está em decadência. As trabalhadoras não engolem mais as mentiras e manipulações da Globo”, afirmou.

A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem por lema a célebre frase de Rosa Luxemburgo “Quem não se movimenta, não sente as cadeias que a prendem”. (Com informações do Levante Popular da Juventude e do Brasil 247).

Mulheres ocupam Jornal do O Globo. (Foto: Reprodução Brasil 247).




7 de março de 2018

Só 10% das mulheres negras têm ensino superior no Brasil



As mulheres estudam por mais anos que os homens. Entre as pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de homens que completou a graduação é de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens. No entanto, o porcentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os homens pretos ou pardos (7%). Os dados fazem parte da pesquisa "Estatísticas de gênero", divulgada na quarta-feira 7 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo comprova, ainda, que embora as mulheres avancem mais nos estudos, elas seguem ganhando menos que os homens. As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim elas ganham, em média, 76,5% do rendimento dos homens.

Segundo o IBGE, vários fatores contribuem para as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Por exemplo, em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os homens (10,5 horas).

Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra 10,5). Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro da de homens (28,2% das mulheres ocupadas, contra 14,1% dos homens).

Em função da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem compelidas a buscar ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível”, explica a coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Bárbara Cobo, complementando que “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens”.

Mesmo trabalhando mais horas, a mulher segue ganhando menos. Apesar da diferença entre os rendimentos de homens e mulheres ter diminuído nos últimos anos, em 2016 elas ainda recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos dos homens. Uma combinação de fatores pode explicar essa diferença. Por exemplo, apenas 37,8% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres; essa diferença aumentava com a faixa etária, indo de 43,4% de mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de idade até 31,3% no grupo de 60 anos ou mais.

Outros aspectos, como a segregação ocupacional e a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de rendimentos. “Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glass ceiling”, explica Bárbara Cobo: “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”. Na categoria de ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença era ainda mais evidente: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016.

A diferença entre homens e mulheres começa na infância e se aprofunda ao longo da vida escolar. Em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar líquida (proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens.

Isso significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar. Na desagregação por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, ante 19,9% das mulheres brancas. Comparando-se gênero e cor ou raça, o atraso escolar das mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou pardos (42,7%).

Saúde das mulheres

A pesquisa do IBGE traz também dados da saúde reprodutiva das mulheres. Do total de mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97,4% tinham sido atendidas pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de saúde especializado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que chegaram a ser atendidas em pelo menos quatro consultas foram 93,9%.
Na desagregação por cor ou raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresentam desigualdade: enquanto 98,6% das mulheres brancas foram atendidas em no mínimo uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez, entre as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96,6%.

Quando o parâmetro é ter frequentado no mínimo quatro consultas, o percentual foi de 95,4% para as mulheres brancas e 92,8% para as mulheres pretas ou pardas. Essas desigualdades se acentuam regionalmente: na região Norte, por exemplo, o percentual de mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo quatro consultas (98,5%) superou o de mulheres pretas ou pardas (87,9%) em mais de dez pontos percentuais.

Ainda segundo a pesquisa, 72,3% das mulheres de 18 a 49 anos em uniões sexualmente ativas e que não estavam na menopausa utilizavam algum método para evitar a gravidez, ou seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utilizavam qualquer método contraceptivo. No Norte (68,4%) e Nordeste (71,5%) os percentuais estavam abaixo da média nacional.

Com isso, a taxa de fecundidade adolescente era de 56 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19 anos de idade.

Entre as regiões, as menores taxas estavam no Sul (45,4 por mil) e Sudeste (45,6); no outro extremo, a região Norte registrou 85,1 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos. A menor taxa entre as unidades da Federação foi do Distrito Federal, 38,6. O Acre apresentou a maior taxa de fecundidade, 97,8 nascimentos por mil mulheres de 15 a 19 anos, ou cerca de um nascimento para cada dez mulheres adolescentes.

A pesquisa

Para chegar aos dados divulgados hoje o IBGE compilou informações de suas pesquisas e de fontes externas para elaborar as Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Esses indicadores estão agrupados em cinco temas: estruturas econômicas, participação em atividades produtivas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e tomada de decisão; e direitos humanos das mulheres e meninas.

As informações são das pesquisas do IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD e PNAD Contínua), Projeções da População, Estatísticas do Registro Civil, Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), além do Ministério da Saúde, Presidência da República, Congresso Nacional, Tribunal Superior Eleitoral e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.  (Com informações de Carta Capital).


Cotas aumentam a inserção de negros na universidade, mas mostram que o caminho da igualdade ainda é longo.
(Foto: Victória Damasceno).

Sob risco de ser largado por políticos e empresários, Temer afaga militares.



Michel Temer continua indo aonde ninguém jamais esteve. Foi o primeiro presidente da República a ser denunciado por crimes, em pleno exercício do mandato, pela Procuradoria Geral da República. Insatisfeito com a façanha, foi o primeiro a ser denunciado duas vezes.

Em ambas as ocasiões perdoou dívidas públicas do agronegócio e de grandes empresas, liberou emendas bilionárias, distribuiu cargos, apoiou a aprovação de projetos que beneficiavam poucos em detrimento de muitos.

Até tentou mudar o conceito de trabalho escravo contemporâneo – o que dificultaria libertações de pessoas e deixaria determinados ruralistas e empresas da construção civil muito felizes.

Agora, é o primeiro presidente da República em exercício que tem seu sigilo bancário quebrado. E dependendo das investigações, que tentam comprovar as suspeitas de que ele recebeu propina para beneficiar empresas do setor portuário, ele pode ser denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Para que ele se torne réu no Supremo Tribunal Federal, 342 deputados federais devem aceitar a denúncia. Daí, o STF analisaria a acusação e poderia afastá-lo por 180 dias da Presidência, período em que seria julgado. Perde o cargo se for condenado.

Dificilmente, Temer conseguiria disponibilizar mais recursos públicos para comprar os votos dos deputados. E, além disso, a partir de agora, fica difícil até aprovar determinadas pautas custosas sem que os eleitores percebam – e se lembrem.

Pelo contrário, ostentando popularidade menor do que injeção de benzetacil nas nádegas, desconfio que qualquer deputado federal que votasse hoje pelo afastamento de Temer ganharia votos com seu eleitorado. Qualquer eleitorado. Poderia até limpar a barra daqueles que duas vezes votaram para salvar seu pescoço da guilhotina da Lava Jato em troca de um mimo.

Além disso, partidos ameaçam o desembarque, ensaiam a ida para a oposição  ou tomam distância de Temer, que segue radioativo em popularidade. Pelo menos, enquanto aguarda o marketing da intervenção federal fazer efeito no Rio e no país.

Ao mesmo tempo, a outra perna de sustentação do atual governo, o mercado e o poder econômico, sabe que foi perdida a janela de oportunidade para aprovar a Reforma da Previdência devido à somatória da impopularidade do tema ao ano eleitoral.

E como a pauta ''alternativa'' apresentada pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles é uma caldeirada de projetos que já circulavam no Congresso Nacional, temperada com privatizações, mercado e corporações também sabem que qualquer semovente, Rodrigo Maia, inclusive, poderia tocar a pauta no pouco tempo que sobra antes da Copa do Mundo, do São João e das eleições gerais.

Diante de tudo isso, não é à toa que Temer trouxe as Forças Armadas para perto de si.

Antes de entregar o comando da intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro a um general, ele já havia colocado militares em outros postos-chave, como lembrou reportagem de Gustavo Uribe, na Folha de S.Paulo.

Temos, agora, um general no Ministério da Defesa; um general comandando a Funai; outro, a Secretaria Nacional de Segurança Pública; mais um na chefia de gabinete da Casa Civil. Sem contar que ele já havia entregue o Gabinete de Segurança Institucional a um general, devolvendo ao órgão o controle sobre a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). E que sancionou a lei que transfere o julgamento de crimes cometidos por militares durante operações urbanas para a Justiça Militar.

Ninguém questiona a importância das Forças Armadas e o papel que elas cumprem em uma democracia. Mas os governos civis pós-1988 distanciaram os militares da gestão do país não apenas por traumas do passado, mas também por uma visão de democracia próxima do voto e distante dos quartéis.

Ao buscar neles fiadores, Temer corre o risco de jogar esse esforço no lixo. E ir junto com ele.

O general Hamilton Mourão, ao entrar na reserva, afirmou que é necessário que o Poder Judiciário ''expurgue da vida pública'' Michel Temer. Certamente, ele vocaliza muitos aposentados e da ativa.

Alguns, como Temer, podem pensar que, cercando-se de fardas, garantem proteção contra aqueles que querem vê-lo fora do governo.

O problema é que gente armada até os dentes pode significar uma fortaleza. Mas também uma masmorra. (Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog).

Temer participa das comemorações do Dia do Exército, em 2013. (Foto: Jorge William/ O Globo).


Hamilton Assis: uma candidatura presidencial do Brasil de raiz contra a casa grande



A Casa Grande está alvoroçada. Nunca em nossa República os ataques aos direitos do povo e às riquezas nacionais se fizeram de modo tão insaciável e descarado. A exploração, a espoliação e o furto agora viraram um saque à luz do dia. A democracia burguesa, que já era autoritária por natureza, mostra seus dentes com violência ainda maior. A dependência nacional se aprofunda, tanto em relação aos EUA, como aos países europeus e asiáticos.

Enfrentar a Casa Grande e seus ataques é nosso dever de existência. De uma resistência de mais de 500 anos enfrentando a sanha dos colonizadores, o genocídio dos povos indígenas, o escravismo, o latifúndio, o imperialismo, o machismo, o racismo*, a homofobia e a destruição da natureza. Enfim, da luta de classes, que se expressa na questão nacional e se entrelaça com as questões de raça, etnia, gênero e todas as formas de opressão e destruição ambiental.

O Brasil precisa de um presidente que expresse isso. E o PSOL pode cumprir essa necessidade histórica apresentando um programa, uma estratégia de campanha e uma candidatura com esse perfil.

UMA CANDIDATURA PRESIDENCIAL DO BRASIL DE RAIZ CONTRA A CASA GRANDE

O fracasso do neodesenvolvimentismo, a crise econômica, as denúncias de corrupção e o estelionato eleitoral da campanha de Dilma em 2014, levaram a um profundo desgaste do governo, criando as condições para o golpe palaciano. Mais do que uma troca de grupo governante, este teve o sentido de aprofundar os ataques aos trabalhadores e o povo, às riquezas nacionais e ao meio ambiente, que já tinham começado com os governos do PT, especialmente depois da vitória de 2014.

Hamilton Assis.
(Foto: Reprodução/ Facebook).
Este processo levou a uma crise política e institucional. Mas não a uma crise da hegemonia burguesa, pois os agentes deste regime e do grande capital continuam no controle e não há uma alternativa forte e visível de caráter contra-hegemônico.

Depois de um momento de maior instabilidade, o governo conta com o apoio mais estável das principais frações do capital, pois vem cumprindo o duro roteiro de ataques. Mas a crise econômica não se resolverá por enquanto. Ao contrário, vai se manter e levar a um agravamento da situação social.

Com a crise, surgem alternativas “Salvadoras da Pátria”. Ora ultraliberal e negando a política (Dória), ora de perfil autoritário (Bolsonaro). Alckmin continua sendo o quadro político mais orgânico da burguesia em condições de disputa eleitoral. Um golpe militar não é o cenário mais provável, mesmo tendo alguma expressão social, e deve ser combatido pelas forças democráticas, especialmente as de esquerda.

Por outro lado, o PT tenta voltar ao governo de novo com Lula, que mantém índices de intenção de votos significativos, devido ao total desastre promovido pelo governo Temer. Mas não apresenta nenhuma proposta que não seja mais do mesmo que foi feito durante 13 anos e que levou ao desastre atual.

A resistência da classe trabalhadora, em parte sabotada por centrais pelegas (como a FS) e conciliadoras (como a CUT), não foi suficiente para derrotar a Reforma Trabalhista, mas pode derrotar a Previdenciária, desde que haja unidade de ação, evitando o uso do movimento para articulações eleitoreiras e burocráticas. Para isso, as centrais do campo combativo, CSP-Conlutas e Intersindical, tem um papel importante a cumprir.

Neste sentido, o PSOL tem todo um espaço a ocupar nestas eleições desde que tenha um postura de clara oposição de esquerda, não somente ao atual governo (Fora Temer) mais aquilo que foram os governos petistas.

Tudo isso ocorre numa ambiente internacional de uma crise mundial que é econômica, social, ambiental, energética, alimentar, política e cultural. Na qual o capital tem usando sem sucesso vários artifícios para superá-la e os EUA se enfraquecem economicamente e aumentam a sua agressividade. A solução da burguesia é jogar sobre a classe trabalhadora e os povos oprimidos o ônus da crise, com redução de direitos, privatizações e espoliação, isto é, mais neoliberalismo. A democracia burguesa fica mais autoritária e os grupos mais reacionários são fortalecidos. Mas, nesta conjuntura também há vida e luta, pois os trabalhadores, os povos oprimidos, as mulheres e a juventude resistem e buscam alternativas pela esquerda.

PSOL: ALTERNATIVA E CANDIDATURA JÁ

Diante do quadro de profunda crise política, social, econômica e cultural do país, o PSOL, como principal força de esquerda, não pode deixar de apresentar uma candidatura presidencial. E não pode adiar esta decisão. A conjuntura exige do PSOL um esforço para resolver isso neste Congresso e chamar uma Frente de Esquerda com PCB, PSTU e outros agrupamentos realmente de esquerda e movimentos sociais combativos como o MTST. E caso isso não seja efetivado no Congresso Nacional do partido, que se faça um processo de consulta prévia e um novo fórum especialmente convocado com este fim, o mais rápido possível, mas que não seja somente uma decisão de DN.

CANDIDATURA DO PSOL: ESTIMULAR A RESISTÊNCIA E CONSTRUIR UM PROJETO NACIONAL DE ESQUERDA

Temos hoje dois objetivos claros. O primeiro é lutar junto com todos que querem impedir todas as reformas liberais reacionárias, o conservadorismo e as alternativas políticas “salvadoras da pátria”, autoritárias ou ditatoriais. O segundo é construir uma alternativa protagonizada pelos trabalhadores organizados, disputar a consciência popular e forjar movimentos mais sólidos e enraizados para que possamos mudar o cenário de resistência para uma condição de ofensiva.

Para tanto, precisamos de um programa e uma candidatura do PSOL que o encarne. Um projeto nacional baseado num programa que seja democrático, popular, dirigido pelos trabalhadores, e que se organize em torno dos eixos anti-imperialista, antimonopolista, antilatifundiário, democrático radical, ecossocialista e contra todas as opressões. Um projeto de transição ao socialismo. Não cabe, portanto, a associação com o grande capital nem com segmentos das elites nacionais ou regionais em torno de um suposto “desenvolvimentismo”. Um projeto que enfrentará a brutal reação da grande burguesia nacional e internacional e que, por isso, só pode ser construído e sustentado em ampla mobilização popular.

Por outro lado, faremos uma campanha colada nas mobilizações, apoiando e participando dos dias nacionais e luta, inclusive da construção da Greve Geral.

PROJETO ANTI-IMPERIALISTA, ANTIMONOPOLISTA E ANTILATIFUNDIÁRIO

O enfrentamento da crise e da dependência passa por um conjunto de medidas anti-imperialistas, antimonopolistas e antilatifundiárias, como a revogação de todas as reformas que atacaram os direitos econômicos, previdenciários, sociais e políticos dos trabalhadores e do povo, das mulheres, desde o governo Collor, passando pelos governos de FHC, Lula e Dilma, e em ritmo e intensidade radicalizados no atual governo ilegítimo de Temer.

A auditoria e suspensão do pagamento da dívida pública e da dívida externa são medidas fundamentais, além destas: reestatização das grandes empresas privatizadas durante os governos de Collor, do PSDB, do PT e Temer, incluindo aqueles que já estão semi-privatizadas como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Correios; estatização do sistema financeiro e constituição de um núcleo de empresas estratégicas estatais, de modo a garantir um processo de enfrentamento do imperialismo e rompimento da dependência nacional. Mas as empresas estatais devem ser democratizadas, com participação dos trabalhadores em suas direções, e criação de mecanismos de controle social da economia.

Outras medidas de primeira hora serão a reforma agrária e antilatifundiária sob controle dos trabalhadores; a reforma urbana popular contra a gentrificação e que seja instrumento de democratização da cidade; efetiva distribuição de renda e elevação significativa do valor real dos salários; reforma tributária que sobretaxe a especulação financeira, penalize os ricos, elimine os impostos indiretos e favoreça o combate à sonegação e à corrupção.

Devemos formular e construir uma política externa anti-imperialista, que expresse solidariedade a todos os povos oprimidos.

DEMOCRATIZAÇÃO RADICAL DA VIDA POLÍTICA E LUTA CONTRA O CONSERVADORISMO

É necessário enfrentar a crescente criminalização das lutas, com garantia dos direitos sindicais e da livre organização dos trabalhadores - desde o nível nacional ao interior das empresas - e pela garantia das liberdades democráticas, sem qualquer punição aos lutadores do povo.

Defendemos a democratização da propriedade e do acesso aos meios de comunicação de massas, assim como a democratização e controle externo do judiciário.

Combateremos todas as propostas de reformas políticas e eleitorais que visam restringir a participação política do povo e das forças de esquerda, assim como defendemos o fim do Senado enquanto câmara revisora. Também é importante a regulamentação dos dispositivos constitucionais que viabilizam a prática regular do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular na proposição das leis.

Outra questão que está na ordem do dia é a denúncia da tutela militar sobre as instituições políticas, que foi inserida na Constituição de 1988, e a defesa de seu fim, assim como da democratização das Forças Armadas, combatendo a doutrina da "Segurança Nacional" e desmilitarização das polícias.

Somos contra todas as medidas e projetos de leis obscurantistas, que atacam a educação laica e crítica (como o chamado “Escola sem Partido”), e perpetuam o machismo, o racismo e a homofobia e outras ideologias fundamentalistas e reacionárias. Por uma escola sem mordaça!

A LUTA CONTRA AS OPRESSÕES, A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL E A PRÉ-CANDIDATURA A PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM 2018

Nossa luta é contra todos os tipos de opressão, que se cruzam com a exploração de classe, como as lutas levadas pelos movimentos de mulheres, negros, LGBT, e contra a intolerância religiosa.

Junto à resistência dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses pobres, atingidos por barragens, estamos firmes na defesa do meio ambiente, contra o aprofundamento das agressões em curso pelos latifundiários do agronegócio, com apoio de milícias assassinas e respaldo estatal.

O Brasil continua sendo campeão da violência de gênero. Nas ruas, nos parlamentos e no governo, vamos lutar para revogar todas as políticas do governo ilegítimo e seus aliados, como a “lei do teto”, as mudanças nas leis trabalhistas, entre outras. Vamos legalizar o aborto e assegurar às mulheres e LGBTs seus direitos sexuais e reprodutivos. Vamos combater a intolerância religiosa, o genocídio dos povos indígenas, a guerra às drogas, a violência obstétrica, a violência doméstica e familiar e o feminicídio.

Apesar da participação histórica das brasileiras nos levantes e insurreições populares e da sua contribuição indispensável nas organizações politicas e sindicais, as mulheres encontram-se ainda sub-representadas em todas as estruturas do poder político formal. Para radicalizar a democracia e a participação popular, um primeiro passo fundamental para nosso governo é a incorporação paritária das mulheres nas estruturas de Governo. Estas terão prioridade em ministérios estratégicos para o combate às desigualdades sociais.

Depois dos governos Lula e Dilma, que foram os que menos demarcaram terras indígenas, o ilegítimo Michel Temer aprofundou a política anti-indígena adotando graves medidas para desmantelar todas as políticas públicas voltadas a atender de forma diferenciada os Povos Indígenas, como na saúde e educação indígenas, a demarcação, gestão e proteção dos seus territórios. Para isso tem promovido o sucateamento dos já fragilizados órgãos públicos, como a Funai.

No Congresso Nacional aumentam os ataques frontais, orquestrados pelo agronegócio, a mineração, as empreiteiras e outros oligopólios nacionais e internacionais. Repudiamos as propostas de emendas constitucionais, projetos de lei e demais proposições legislativas violadoras dos direitos dos povos originários e dos direitos das demais populações tradicionais e do campo, tais como a PEC 215/2000, a PEC 187/2016, o PL 1610/1996, o PL 3729/2004.

No Judiciário também estão em andamento diversos processos para anular terras indígenas já demarcadas definitivamente, privilegiando invasores e promovendo violentas reintegrações de posse, além de teses jurídicas nefastas, como a do marco temporal, que serve para aniquilar o direito originário às terras tradicionais.

Mas os povos têm resistido e lutado de várias formas, como o Acampamento Terra Livre, que vem se afirmando desde 2004, as lutas locais e as mobilizações contra grandes projetos como a usina de Belo Monte, que têm sido feitas através de suas organizações, como a APIB.

O combate dos povos indígenas é o nosso combate, assim como é o de outras populações tradicionais como os quilombolas. Mais que isso, são nossa inspiração histórica de resistência.

Há mais de 500 anos o povo brasileiro luta contra as mais variadas formas de exploração pelos grupos dominantes. O racismo é uma delas e condiciona as relações capitalistas no Brasil, sendo utilizado como forma de controle e subordinação da população indígena e negra.

O racismo é estrutural na sociedade de classes no Brasil e impede que indígenas, negros e negras tenham acesso digno aos serviços públicos essenciais e aos postos de comando do Estado e dos espaços privados, desde a colônia. Pois está enraizado nas instituições, públicas e privadas, sejam elas empresariais, jurídicas, políticas e religiosas, além de impregnar os pensamentos e atitudes que excluem direitos sociais de toda população considerada indígena, negra ou mestiça.

Assim, a emancipação da classe trabalhadora só terá sucesso se considerar que a luta por uma sociedade sem exploração no Brasil passa pelo combate ao racismo e pelo protagonismo de indígenas, negros e negras como sujeitos da luta pela transformação da sociedade.

Portanto, a luta histórica dos povos indígenas e do povo negro é parte essencial do processo de construção da resistência da classe trabalhadora de hoje, contra a exploração capitalista e a dominação burguesa. Uma candidatura à Presidência da República com esse perfil possui as condições de animar a liberação de energias mobilizadoras. Energias capazes de fazer desses 517 anos de resistência indígena, negra, feminista e popular um momento importante para apresentar à população brasileira um projeto político de nação que rompa com esse processo histórico de dominação e coloque indígenas, negros e negras e o conjunto da classe trabalhadora como protagonistas na efetivação dessa tarefa.

A pré-candidatura de Hamilton Assis pelo PSOL, por seu perfil histórico, social e político, vem expressar, em corpo e alma, essa resistência e esse projeto.

UM SENTIDO ECOSSOCIALISTA PARA A VIDA

A ação humana faz parte da natureza e dela dependemos. Não ao contrário. O Planeta e seus sistemas ambientais precisam ser respeitados. Ao respeitá-los estaremos nos respeitando, entendendo que somos nós que devemos respeito a quem nos concebe, nutre e oferece vida. Mas o sistema capitalista destrói o Planeta. E as maiores vítimas são os mais pobres, explorados e oprimidos. Sem sentido, o sistema entra em rota de colisão com a possibilidade da espécie humana no Planeta.

Apenas cem empresas monopolistas são responsáveis por quase 71% das emissões de gases de efeito estufa. O consumo dos 10% mais ricos do mundo responde por 49% das emissões de gases de efeito estufa. O consumo dos 10% mais pobres é responsável por apenas 1%. Essa situação política agrava o principal problema dos povos indígenas e quilombolas: a impossibilidade de viverem em suas terras. No Mundo, a crise ambiental se agravou com a eleição do presidente Donald Trump. Mas a China, adotando o sistema capitalista, também menospreza a qualidade de vida.

No Brasil, a ganância capitalista aumenta a ameaça legislativa de mais espoliação da natureza iniciada com a colonização, o genocídio e a escravidão. O latifúndio destrói o Cerrado, a Amazônia, a Mata atlântica, a Caatinga, os Pampas e Araucárias. As mobilizações clamam pela defesa do rio Amazonas, São Francisco, Doce, dos Sinos e Camaquã, entre diversos outros locais e santuários da natureza.

O principal sentido do projeto ecossocialista é o de respeito à natureza e à vida, sob bases sociais e valores culturais, levando em consideração os saberes e as experiências ancestrais, para o Brasil poder ser a Nação das Águas e dos Alimentos.

CONSTRUIR A UNIDADE E UMA CAMPANHA NA LUTA

O lançamento da alternativa Hamilton Assis não é uma contraposição direta às outras pré-candidaturas de filiadas/os do partido que já foram lançadas ou ventiladas. Vem no sentido de contribuir para afirmar e somar uma perspectiva política e programática. Particularmente porque, até o momento, não está posta, de fato, nenhuma candidatura que tenha sido considerada naturalmente capacitada para a unidade do partido ou de uma maioria dos seus militantes. Portanto, nos somamos na luta por uma candidatura própria do PSOL, sem prejuízo de possíveis afunilamentos de candidaturas que possam surgir no processo de definição do partido, especialmente aquelas que batalham por uma política verdadeiramente de esquerda e construção de uma alternativa a todas as forças que governaram o Brasil nos últimos anos, rumo ao socialismo!

CONHEÇA O PRÉ-CANDIDATO A PRESIDENTE PELO PSOL HAMILTON ASSIS

Hamilton Assis é baiano de Salvador, professor, mestrando em Educação e Coordenador Pedagógico na prefeitura municipal.

Dirigente do PSOL, foi candidato a vice-presidente da república (2010), na chapa encabeçada pelo grande e saudoso companheiro Plínio de Arruda Sampaio, quando percorreram o país debatendo o programa do PSOL.

Jovem negro da periferia, filho de pai pedreiro e mãe costureira e herdeiro da resistência secular de nosso povo, começou sua militância no movimento de juventude no Bairro de Pau da Lima, chegando à direção da Federação das Associações de Bairros de Salvador – FABS. Em seguida, passou a militar no Movimento Negro e combate ao racismo. Como operário petroquímico, entrou no movimento sindical e foi dirigente da CUT. Hoje, é uma liderança importante da oposição sindical da APLB e membro da direção estadual da CSP – Conlutas.

No PSOL, foi membro do Diretório Nacional e presidente estadual da Bahia e municipal de Salvador e candidato a Prefeito da “Frente Capital da Resistência” (PSOL/PCB/PSTU) em 2012.

Suas convicções e maturidade política, associadas à dedicação e experiência nas lutas populares, fazem dele um firme lutador na defesa do socialismo que põe na centralidade a trajetória de luta do povo contra a exploração de classe, o racismo e as opressões em geral.

Hamilton Assis: filho da nossa história, trabalhador e intelectual orgânico do povo. Uma candidatura socialista com a cara do Brasil, que pode expressar a luta do nosso povo de corpo e alma. (Texto de Hamilton Assis, publicado em sua página no Facebook).