Mulheres lutam por igualdade, mas problemas históricos persistem



O feminismo tem ganhado cada vez mais força na sociedade brasileira. Na internet e nas ruas, mais brasileiras estão se manifestando em defesa da igualdade de gênero e do fim da violência. No ano passado, a Marcha das Margaridas e a das Mulheres Negras levaram milhares de militantes a Brasília para pedir melhorias para a vida de 51,4% da população brasileira.

Na internet e nas ruas, mais brasileiras estão se manifestando em defesa da igualdade de gênero e do fim da violência. Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo Agência Brasil.
A secretária de Autonomia Feminina da Secretaria de Política para as Mulheres, Tatau Godinho, avalia o que o fenômeno é muito positivo para o combate ao machismo do dia a dia. “Estamos assistindo a uma camada imensa de mulheres jovens darem um novo impulso à ideia de que a igualdade entre mulheres e homens é uma coisa legal, fundamental para se ter uma sociedade moderna, e que o feminismo não é uma pauta antiga, está nas questões cotidianas”, disse.

Apesar da popularização do debate, as brasileiras ainda precisam encarar problemas como as desigualdades salariais, a pouca representatividade política e a violência.

Tatau Godinho destaca que um dos principais obstáculos a ser superado é a desigualdade no mercado de trabalho. “As mulheres têm mais dificuldade de entrar e de chegar a cargos de chefia, e ganham menos que homens cumprindo a mesma função. O machismo faz com que mulheres sejam discriminadas no acesso aos melhores cargos”, avalia.

Apesar de estudarem mais que os homens, elas encontram uma série de barreiras no ambiente profissional. “Elas têm mais dificuldade de ingressar no mercado. Em torno de 50% das brasileiras estão ocupadas ou procurando emprego, enquanto a taxa de participação dos homens é de 80%. É uma distância muito grande. Não combina com o século 21, não parece ser do nosso tempo essa informação. E tem mais, as que conseguem entrar, têm empregos mais precários”, avalia a técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Natália de Oliveira Fontoura.

Segundo estudo da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), o salário médio de uma mulher brasileira com educação superior representa 62% do de um homem com a mesma escolaridade.

De acordo com o Ipea, a renda média dos homens brasileiros, em 2014, chegava a R$ 1.831,30. Entre as mulheres brancas, a renda média correspondia a 70,4% do salário deles: R$ 1.288,50. Já entre as mulheres negras, a média salarial era R$ 945,90.
Segundo a especialista do Ipea, um dos componentes que explica a diferença de rendimentos entre homens e mulheres é o fato de elas ocuparem espaços menos valorizados. “Os cursos em que as mulheres são mais de 90% dos alunos, como pedagogia, se traduzem em salários mais baixos no mercado. E os cursos em que eles são a maioria, como as engenharias e ciências exatas, têm os salários mais altos. Há uma divisão sexual do conhecimento”, explica.

Especialista no assunto, Natália ressalta que não é possível entender a dificuldade das mulheres de entrar no mercado de trabalho sem pensar que, via de regra, no Brasil, recai sobre elas toda a atribuição do trabalho reprodutivo, que inclui os afazeres domésticos não remunerados e os cuidados com a família, uma sobrecarga que dificulta a evolução nos ambientes profissionais.

A responsabilização feminina sobre o trabalho reprodutivo explica a inserção de mulheres de forma mais precária no mercado de trabalho, por exemplo com jornadas menores, empregos informais e renda menor.”

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014, 90,7% das mulheres ocupadas realizavam afazeres domésticos e de cuidados – entre os homens, esse percentual era 51,3%.

A pesquisadora defende que não dá para pensar na solução para o problema como um arranjo privado. “Hoje no Brasil a gente entende que as famílias têm que se virar e, dentro das famílias, são as mulheres que geralmente se responsabilizam. Isso é uma sobrecarga para as mulheres e vai impedir que participem da vida social, tenham mais bem-estar, participem da vida política e sindical, é um impeditivo para que mulheres ocupem uma série de espaços sociais.”
Para que a sociedade se reproduza e toda a população tenha bem-estar, alguém tem que garantir o cuidado a crianças e idosos. A quem cabe?”.

Ela analisa que é importante que haja uma mudança cultural para que o trabalho não remunerado seja visto como obrigação de todos e que haja divisão das tarefas com os homens e com os filhos. Ela ressalta, entretanto, que não se pode ficar esperando.

O Estado precisa assumir esse papel e oferecer serviços – tem que ter creche, educação integral, transporte escolar, mais de uma refeição nas escolas, instituição para atendimento de idosos, visitas domiciliares –, é um leque de políticas públicas de cuidado que só estamos engatinhando. Não é uma agenda do Brasil hoje.”

A iniciativa privada também pode colaborar. “A gente ouve casos bem-sucedidos de maior flexibilização [de carga horária], promoção da igualdade, co-responsabilização das empresas. Mas, se não houver uma legislação para que as empresas sejam chamadas e obrigadas a compartilhar essa responsabilidade, não vai acontecer.”

Segundo Tatau Godinhho, a SPM trabalha com iniciativas que contribuem para a melhoria das condições da mulher no mercado trabalho. “As mudanças na legislação das trabalhadoras domésticas, por exemplo, significou uma melhoria do rendimento e das condições de trabalho dessas mulheres. Por outro lado, trabalhamos muito com as políticas que o governo vem desenvolvendo para o aumento de formalização do trabalho feminino. Quanto mais formal, melhor pago e estruturado. A informalidade é um elemento extremamente forte na desvalorização do trabalho feminino e na perda de rendimentos.”

O poder ainda é deles

Apesar de o Brasil ter escolhido uma mulher para Presidência da República, os cargos eletivos e os partidos políticos ainda são dominados por homens. O Brasil está na posição 154 em um ranking da União Inter Parlamentar (Inter-Parliament Union (IPU)) que avaliou a participação das mulheres nas casas legislativas de 191 países.

A socióloga Carmen Silva, da organização SOS Corpo e da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), avalia que vários fatores incidem para a baixa representatividade de mulheres na política. “A primeira coisa é a estrutura de desigualdade entre homens e mulheres na sociedade, no mercado de trabalho. Existe uma imagem sobre o que é uma mulher na sociedade, e elas ainda não são vistas como alguém de decisão, que resolve, e a ideia da política é ligado a isso”, disse.

Carmen defende que o fato de elas serem minoria também é explicado pelo sistema político brasileiro, a base legal que rege o processo eleitoral e de formação dos partidos. “O tipo de estrutura que temos no Brasil inviabiliza a participação de setores que são minorias políticas na sociedade, apesar de serem maioria numérica. As mulheres são mais de metade da população, mas são menos de 10% nos cargos políticos, o mesmo acontece com os negros. As pessoas em situação de pobreza não conseguem nem se candidatar.”

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, 6.337 mulheres e 15.653 homens se candidataram às eleições de 2014. Em 2010, 3.757 mulheres e 14.807 homens estavam aptos a concorrer às eleições. Apesar do aumento da participação feminina de um pleito para o outro, a proporção ficou abaixo dos 30% estipulado como mínimo pela legislação eleitoral. “A sociedade ainda considera a representação política como um espaço pouco adequado para mulheres”, avalia Tatau.

A ativista explica que a AMB defende uma cota de eleitas, e não de candidatas. “Defendemos uma reserva de vagas no Congresso. A forma que temos proposto é que a eleição seja por partido, e não por pessoa. Votaríamos nos partidos e as listas seriam compostas metade por mulheres, metade por homens, e as vagas seriam divididas igualmente. Claro que isso tem que ser associado à formação política, campanhas culturais e melhores condições de vida para as mulheres”, diz.

Para Carmen, outro ponto crucial e que tem impacto sobre as mulheres é o financiamento das campanhas, que deveria ser público, tornando a ação política um direito republicano, mesmo que a pessoa não tenha dinheiro. Ela explicou que há projetos apresentados pela Frente pela Reforma do Sistema Político na Câmara dos Deputados, “mas que não têm avançado como a AMB julga necessário”.

Desde 1997 a legislação eleitoral determina que as mulheres devem representar 30% do total de candidatos, mas a eficácia da regra é questionada por especialistas por não prever nenhuma sanção aos partidos que não preenchem a cota mínima de mulheres. A lei diz que, nesse caso, as vagas que deveriam ser delas não podem ser ocupadas por homens, mas não garante a presença delas.

Em 2015, a Lei 13.165 criou mecanismos para incentivar mulheres no cenário político, ao determinar que 5% dos recursos do Fundo Partidário devem ser investidos na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres.

Tatau avalia que essas legislações trouxeram avanços, mas que, para mudar esse cenário, é necessária uma reforma política radical que garanta paridade entre homens e mulheres nas listas partidárias. “Isso também precisa ser feito com um processo de mudança na organização político-partidária e eleitoral. Não é só a legislação que precisa mudar”, avalia.

Ela argumenta que a popularização do feminismo é importante, mas será ainda mais relevante na medida em que se vincule a uma plataforma de organização das mulheres por maior representação política.

Em 2015, a Secretaria de Política para as Mulheres perdeu o status de ministério e, junto com a Secretaria de Igualdade Racial e de Direitos Humanos, passou a fazer parte do Ministério da Cidadania. O fato foi avaliado pelos movimentos feministas como um retrocesso para a luta pelos direitos das mulheres.

O governo federal está enfrentando um processo de pressão econômica e de pressão da sociedade muito forte. E foi nesse contexto que houve a junção das três secretarias. Então ainda que consideremos que um ministério específico é o ideal, porque foi isso que defendemos no processo de criação da SPM, temos certeza de que vamos fortalecer a pauta das mulheres e não perder com esse processo a necessidade de garantir que políticas para mulheres estejam presentes. É um desafio.”



Fundação Palmares organiza vasta programação visando o mês da mulher




Este ano, a Fundação Cultural Palmares (FCP) organizou uma farta programação para a comemoração do Mês da Mulher e convida a todas/os para participarem da celebração das histórias, das lutas, das conquistas e dos desafios superados pelas mulheres.

Embora em nossa sociedade as mulheres ainda sejam diariamente alvejadas pelo machismo e misoginia, é inegável também que o engajamento de milhões delas mundo a fora permitiu que as mulheres ocupassem espaços anteriormente a elas interditos, por serem vistas como incapazes e inferiores aos homens. Atualmente, elas não só ocupam todos os espaços existentes, seja na política, economia, mídia, esporte, gestão pública ou na cultura, como se destacam em cada um deles.

O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é celebrado para lembrarmos do quanto foi e é preciso que as mulheres mantenham-se atentas, para não terem nenhum direito conquistado ameaçado, e fortes, para continuarem se indignando e lutando contra situações e condições que as oprimam.


A programação da Palmares se estende por todo o mês. Nas terças e quintas, do dia 10 até o dia 29 de março, serão exibidos filmes de curta e média-metragem, quase todos eles dirigidos e protagonizados por mulheres negras, seguidos de palestras, que dialogam com o tema abordado pela película. No hall de entrada da sede da Fundação se encontrará, no mesmo período, a exposição fotográfica Mulheres Quilombolas em Marcha, da antropóloga Ana Carolina Fernandes.


Além de ex-presidentes, o que João Goulart e Lula tem em comum?


Publicado originalmente na Revista Fórum com o título “Espetáculo contra Lula é algo que não se vê desde João Goulart”

O professor da PUC-SP e constitucionalista Pedro Serrano considera que essa ação contra Lula é a maior ilegalidade já cometida em relação a um ex-presidente da República desde João Goulart, Jango.

Pedro Estevam Serrano, advogado e professor da PUC - SP.
Serrano diz que é injustificável o fato de Lula ter sido levado coercitivamente a depor. E que a alegação de que isso era para protegê-lo não faz o menor sentido.

Segundo Serrano, o procedimento adotado pelo MP quando há qualquer risco e se deseja preservar a pessoa intimada é o de se realizar um acordo com o advogado e marcar o depoimento num local discreto e sem que ninguém saiba. “Eu já participei de diversos acordos desses”, diz Serrano.

Na opinião dele há indícios de abuso de poder nesta ação e ela é totalmente inconstitucional.
Serrano acrescenta que tudo foi armado para constranger Lula e diz que às 2h da manhã, o diretor da Revista Época, Diego Escosteguy, escreveu tweets sinalizando que a operação contra Lula aconteceria na manhã de hoje. E às 6h da manhã a TV Globo já estava transmitindo ao vivo a ação tanta da casa de Lula como do Instituto.

Do Imprensa Feminista: o feminismo como produtor de conhecimento


Desde a segunda metade do século XX as ciências humanas têm contado com inúmeras pesquisas que visam analisar a participação das mulheres na sociedade e a relação entre os gêneros. Na historiografia isso significou maior abertura dos objetos e temas de pesquisa, visando resgatar a memória de grupos marginalizados, entre eles a história das mulheres, que por muito tempo estiveram excluídas das narrativas tradicionais, em que a “história oficial” privilegiava, sobretudo, o “sujeito universal” masculino, branco, heterossexual e cisgênero.

Thomas PollockAnshutz
Para compreender melhor essa abertura é necessário mencionar o impacto da história cultural e dos próprios movimentos feministas na produção intelectual. No decorrer do século XX as antigas formas de fazer história começaram a ser questionadas. Segundo o historiador Jacques Revel, os grandes modelos teóricos e suas propostas de fomentar uma inteligência global do mundo sócio-histórico[1] passaram a não corresponder aos anseios dxs historiadorxs. É necessário lembrar que vários desses modelos também carregavam em seu bojo a promessa de progresso e melhorias na vida humana.  Tais características geraram desconfiança em várixs pesquisadorxs, que não só notaram os espaços ainda vazios no conhecimento acumulado, como também passaram a ter um olhar mais crítico à produção desse conhecimento. A nova história cultural abriu um leque de possibilidades, pois se antes o que era considerado “cultura” era a produção artística, literária e musical de certas elites, agora a cultura popular passou a ter lugar na historiografia, resgatando a memória de indivíduos excluídos e marginalizados. Entretanto, essa ampliação de horizontes não se ateve, apenas, à história cultural, chegando a influenciar inúmeros trabalhos em história social, política e econômica.

Na inclusão de grupos humanos que não correspondiam ao “sujeito universal”, os marxistas certamente foram os pioneiros em incluí-los nas narrativas históricas. Podemos citar os trabalhos de Walter Benjamin e Theodor Adorno – assim como outros nomes da Escola de Frankfurt -, e E. P. Thompson, que colocaram a classe operária no centro de sua produção. Contudo, essas narrativas privilegiavam, sobretudo, o recorte de classe, excluindo outras categorias como raça, gênero e orientação sexual. O marxismo também passou a ser visto com desconfiança, já que também era um modelo teórico cheio de promessas que nem sempre correspondiam aos horizontes de expectativas de seus críticxs – contrariando o senso comum que diz que nas ciências humanas o marxismo é dominante.

Apesar das grandes contribuições que os teóricos marxistas do século XX fizeram aos movimentos sociais, as feministas nem sempre se sentiram contempladas por eles. Além das tensões no interior dos movimentos de esquerda – que como bem sabemos também reproduzem machismo, homofobia, transfobia e racismo -, havia também um problema de ordem prática e ideológica: acreditando que o patriarcado era fruto do capitalismo, era recorrente a ideia de que quando o proletariado derrubasse a burguesia, todas as discriminações de gênero deixariam de existir. Um pressuposto difícil de acreditar.

Com isso, as mulheres reconheceram a necessidade de produzir seu próprio conhecimento. Com a Segunda Onda nos anos 1960-70, o feminismo não pleiteou um lugar para si apenas nas ruas, mas também nas universidades, conquistando um espaço nas ciências humanas.

Desde então muita coisa aconteceu. Se antes a área era chamada de “estudos da mulher”, a categoria gênero passou a ser adotada pelo seu aspecto relacional[2] e, mais recentemente, os termos “mulheres” e “estudos feministas” são utilizados para dar visibilidade política ao gênero feminino. O feminismo intersecional também fez importantes colaborações, incluindo as mulheres lésbicas, bissexuais, negras, indígenas e trans* nessa produção. Conscientizando que existem diferenças dentro da diferença e que as mulheres não fazem parte de uma categoria monolítica.

Atualmente no Brasil existem diversos núcleos, grupos de estudos e revistas acadêmicas dedicadas aos estudos feministas e de gênero. Também testemunhamos a realização de simpósios, congressos e encontros de pesquisadorxs da área, como o Fazendo Gênero, realizado em 2013 em Florianópolis, e o Colóquio de estudos feministas e de gênero, realizado em Brasília em 2014.

Com isso, proponho axs leitorxs de nossa página que conheçam algumas revistas dedicadas ao tema. Além de apresentar os resultados de diversas pesquisas, também contribuem para o debate e formação intelectual nesse campo de estudos.

Brasileiros deve gerar a própria energia em oito anos, aponta diretor da Aneel



Você já pensou em gerar a sua própria energia elétrica em casa? Pois essa possibilidade já existe e deve ser cada vez mais comum no país. Segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até 2024 cerca de 1,2 milhão de residências no Brasil vão contar com energia produzida pelo sistema de geração distribuída, que permite que o consumidor instale pequenos geradores de fontes renováveis, como painéis solares e microturbinas eólicas, e troque energia com a distribuidora local, com objetivo de reduzir o valor da conta de luz.

Comunidade do Rio investe em energia solar.
O diretor da Aneel Tiago Correia já instalou oito placas de geração de energia solar em sua casa, o que vai atender ao consumo total da residência a partir do mês que vem. Para ele, além da vantagem de usar apenas fontes renováveis, um dos benefícios da geração distribuída é a redução de investimentos em redes de distribuição de energia. “Ela traz a geração para próximo do consumo”, afirma.

Na última terça-feira (1º), começaram a valer as novas regras aprovadas pela Aneel para a geração distribuída no país, que devem aumentar a procura pelo sistema. Uma das novidades é a possibilidade de geração compartilhada, ou seja, um grupo de pessoas pode se unir em um consórcio ou em cooperativa, instalar uma micro ou minigeração distribuída e utilizar a energia gerada para reduzir as faturas dos consorciados ou cooperados.

Segundo Tiago Correia, essa mudança vai possibilitar que mais pessoas adotem a geração compartilhada. “Quanto maior o sistema, mais barata é a instalação total, porque alguns custos são diluídos. Isso faz com que o retorno do investimento seja muito mais rápido, além de facilitar o acesso ao crédito cooperativado”, acrescenta.

Também foi autorizado pela Aneel que o consumidor gere energia em um local diferente do consumo. Por exemplo, a energia pode ser gerada em uma casa de campo e consumida em um apartamento na cidade, desde que as propriedades estejam na área de atendimento de uma mesma distribuidora. A norma também permite a instalação de geração distribuída em condomínios. Nesse caso, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores.

Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida, o cliente fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses.

Crescimento
Entre 2014 e 2016, as adesões ao modelo de geração distribuída quadruplicaram no país, passando de 424 conexões para 1.930 conexões. Para este ano, o crescimento pode ser de até 800%, segundo a Aneel. “O potencial de crescimento é muito grande, e a taxa de crescimento tem sido exponencial, até porque a base ainda é baixa”, afirma Correia. Atualmente, cerca de 90% das instalações de geração distribuída no país correspondem a painéis solares fotovoltaicos.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, as novas regras aprovadas pela Aneel vão ajudar a fomentar o uso da geração distribuída no país. “A revisão das normas vai possibilitar ampliação expressiva da participação da população brasileira na geração distribuída. O Brasil acabou de se posicionar como uma referência internacional, na vanguarda na área de incentivo ao uso da energia de geração distribuída, em especial a geração solar”, lembra.

Custos
O investimento em um sistema de geração de energia distribuída ainda é alto no Brasil, por causa do custo dos equipamentos, mas o retorno poderá ser sentido pelos consumidores entre cinco e sete anos, segundo o diretor da Aneel. “Se você pensar como um investidor, que tem um dinheiro disponível e gostaria de aplicar, traria um rendimento muito melhor do que qualquer aplicação financeira disponível hoje”, diz Tiago Correia.

Já o responsável pela área de geração distribuída da empresa Prátil, Rafael Coelho, estima que uma residência consiga obter o retorno do investimento a partir de quatro anos, dependendo da radiação do local e do custo da tarifa. Para ele, o investimento vale a pena, especialmente porque o consumidor evita oscilações na tarifa de energia.

Quando você faz o investimento em um sistema desses, é o equivalente a você comprar um bloco de energia antecipado, um estoque de energia, que poderá usar por 25 anos sem se preocupar se o valor da energia vai subir ou vai descer”, diz Coelho. Segundo ele, o aumento da procura por equipamentos vai fazer com que o custo da instalação tenha uma redução nos próximos anos. “Como qualquer indústria, ela precisa de escala para poder reduzir o custo unitário. Então, com o crescimento do setor, essa escala deve vir e consequentemente o custo para o cliente deve abaixar também”.

Para a Absolar, o principal gargalo para o avanço do setor de geração distribuída no país é a questão tributária, especialmente nos 12 estados que ainda não eliminaram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS sobre a energia da microgeração. Em nível federal, o governo já fez a desoneração do PIS-Pasep e da Cofins sobre o sistema. Em relação ao financiamento, a entidade espera que o governo mobilize os bancos públicos para a oferta de crédito com condições especiais para pessoas e empresas interessadas em investir em mini e microgeração distribuída.

Cerca de 5 mil fotos e documentos do Holocausto são divulgados por organização


Do portal DW

O Serviço Internacional de Busca (ITS, sigla em inglês) publicou na internet fotografias e documentos pessoais de vítimas do nazismo, juntamente com outros documentos selecionados de seu vasto arquivo.

Organização divulga milhares de documentos do Holocausto.
A organização, que lida com pessoas que desapareceram durante o Holocausto, divulgou o primeiro lote, com cerca de 50 mil documentos, nesta quarta-feira (07/10) – apenas um fragmento da coleção que abrange 30 milhões de itens. A página está disponível em alemão, inglês, russo e francês e oferece um índice e uma função de pesquisa.

"Arquivos não devem ser escondidos do mundo digital. Caso contrário, um dia eles serão esquecidos", disse o chefe do departamento de arquivo do Serviço Internacional de Busca, Christian Groh.

O ITS foi fundado pelos Aliados durante os últimos dias da Segunda Guerra. No início, sua missão era ajudar a encontrar pessoas desaparecidas em zonas de guerra ou campos de concentração.

Em 2007, a organização concedeu pela primeira vez acesso a seus arquivos, na cidade alemã de Bad Arolsen, a estudiosos e pesquisadores, marcando a transição de um serviço de rastreamento para uma instituição de pesquisa.

A coleção do ITS inclui documentos sobre marchas da morte nazistas, trabalho forçado e crianças desaparecidas durante a guerra. O serviço também detém cerca de 3.300 itens pessoais que pertenciam a prisioneiros de campos de concentração e que haviam sido apreendidos pelos nazistas. Trata-se em grande parte de fotos, documentos pessoais ou itens pequenos, já que os guardas se apossavam de qualquer objeto com um mínimo de valor.

Algumas fotografias de itens pessoais, além de versões digitais de documentos, foram disponibilizados online nesta quarta-feira. Representantes do ITS disseram esperar que o material possa chegar a seus donos ou seus descendentes.

A organização também afirmou esperar que os documentos disponibilizados possam ajudar pesquisadores acadêmicos, familiares de vítimas e estudantes em seus trabalhos escolares. Por fim, o ITS garantiu que pretende publicar mais documentos em sua página. No entanto, segundo o serviço, não será possível fazê-lo com todo o arquivo.

Blogueira Lucélia Muniz lança série para homenagear as mulheres


A professora e blogueira Lucélia Muniz lançou em seu portal “Reflexões de Lucélia Muniz” a série “Elas por Eles” visando tecer homenagens as mulheres pela passagem do seu dia, 08 de março. 

Segundo Lucélia a homenagem se dará durante o mês março “sob a ótica dos homens onde os mesmos vão dá sua contribuição acerca da importância do papel da mulher na sociedade”. Para tanto, vários personagens responderam a muitas perguntas que perpassavam por uma infinidade de temas acerca dos desafios, lutas e conquistas da classe feminina. 

O primeiro entrevistado foi o micro empresário Charles Neto que reside em Porta Alegre, estado do Rio Grande Sul. Este signatário foi o segundo da lista. Em 2015 a série foi intitulada “Mulheres que Inspiram”.

Confira as contribuições supracitadas abaixo:


Conheça a filha de ex-escravizada que virou deputada e inspira o movimento negro no Brasil



Uma catarinense filha de uma escrava liberta começa aos poucos a ser “redescoberta” nacionalmente como ícone do movimento de mulheres negras. Antonieta de Barros foi a primeira parlamentar negra brasileira, eleita em 1934.

Antonieta de Barros foi a primeira parlamentar negra do Brasil.
Educadora, jornalista e política, Antonieta junta em sua trajetória, na primeira metade do século 20, três bandeiras caras ao Brasil do século 21: educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação feminina.

A história de Antonieta inspira movimentos negros e de mulheres em Santa Catarina, onde nasceu, mas aos poucos chega a outros cantos do país.

O documentário Antonieta, da cineasta paulista Flávia Person, lançado no fim de 2015 em Florianópolis, tem previstas várias exibições em março, quando se comemora o mês da mulher. E leva o nome de Antonieta de Barros o prêmio nacional para jovens comunicadores negros criado pela Secretaria da Igualdade Racial do governo federal.

Nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta foi a primeira mulher a integrar a Assembleia Legislativa de Santa Catarina e é reconhecida como a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular.

Sua mãe, escrava liberta, trabalhou como doméstica na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que viria a ser vice-presidente do Senado e chegou a assumir por dois meses a Presidência da República.

Por intermédio dos Ramos, Antonieta entrou na política e foi eleita para a Assembleia catarinense em 1934, dois anos depois de o voto feminino ser permitido no país – acontecimento que acaba de completar 84 anos.

Antes da política, a educação foi sua grande bandeira.

Graças ao esforço da mãe, ela e a irmã, Leonor, concluíram o que então era conhecido como "curso normal", que formava professoras.

Antonieta se formou em 1921 e, no ano seguinte, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente e dirigido por ela até sua morte, em 1952.

Ela foi professora de Português e Literatura, e diretora do atual Instituto de Educação.
Criou, ainda, o jornal A Semana e dirigiu o periódico Vida Ilhoa, em Florianópolis. Também assinava crônicas com o nome de Maria da Ilha.

Nunca se casou.

Referência

Quando vim morar em Florianópolis, tinha uma imagem do Sul como uma região branca, que valorizava as influências italiana, alemã e açoriana. Mas descobri essa mulher negra incrível e quis contar a história dela”, diz a cineasta Flávia Person.

Ela foi aos poucos descobrindo quem era a mulher cujo nome aparecia em vários pontos da capital catarinense, de um túnel a uma escola estadual.

Antonieta, o filme, foi selecionado num edital do governo catarinense e ganhou um financiamento de R$ 60 mil.

É todo feito com imagens que Flávia localizou em acervos variados, como os da Casa da Memória de Florianópolis e do Museu da Escola Catarinense, além do baú de fotos da família, cedidas pelo sobrinho-neto de Antonieta, Diógenes de Oliveira.