12 de dezembro de 2015

Jogos, ensinam ou estragam?, Por Lucas Alarcon*



Lucas Alarcon. Foto: Rede Social Facebook.
Apesar de sermos chamados de "animais racionais", mas a maioria de nós ainda tem muito a melhorar, por exemplo na maturidade em admitir os próprios erros, e as marcas da cultura são as maiores vítimas, rock, HQs, animes, todos são, segundo os leigos, "culpados pela violência e crimes na sociedade". Claro isso para os ignorantes. Agora eu desmentirei isso para uma das maiores vítimas desse preconceito atualmente, os games.

Agora uma perguntinha para vocês, leitores, como fixariam mais sobre um determinado fato histórico, ouvindo com uma descrição detalhada em um livro ou estando nesta época, indo para qualquer lugar da cidade ou país onde ele ocorreu, conversando com os envolvidos?


Ok, isso é impossível, entretanto um jogo permite uma enorme aproximação disso, a franquia assassin's creed:


Em resumo, uma saga de jogos que se passam em múltiplas épocas históricas, utilizando personagens reais da história, e misturando fatos reais e fictícios, através desses jogos nós de fato estaremos lá, nós conversaremos com Leonardo da Vinci, Nicolau Maquiavel,  Marques de Sade, Charles Darwin, Alexander Graham Bell, entre outros, nos jogaremos nas cruzadas, em revoluções como a Francesa e a industrial, possui um enorme mapa com múltiplas interações pelo mapa muito detalhista e caprichado. Pode-se aprender com eles tanto quanto em livros, talvez até mais.

AC, é um mero exemplo de jogo onde pode-se estudar história, outros exemplos são: Metal Gear(mistura fatos com ficção como o solide 3 que relacione-se com a guerra fria, passando bem o clima de busca por melhora e competição, além do de "um espirro em um momento errado resultará em uma guerra nuclear que acabará com a vida na terra", e o recente Rise of Tomb Raider, onde cada relíquia que você encontra conta um pouco de história real dos grandes impérios de história.

E essas são só os que ensinam história, temos também Spore ( que ensina a origem e evolução da vida, embora seja um pouco exagerado é um ótimo reflexo da realidade), Just Cause(  digamos sociologia, pois mostra um conflito do povo contra um líder ditador, um conflito de ideais.) entre muitos outros.

A propósito, uma prova da influência que os jogos não tem sou eu, e vária pessoas que jogam vários tipos e não são de fato violentas, poder tirar algo proveitoso ou não de um jogo depende só de o quão evoluído é o gamer, agora se ele é violento é questão de índole, em certos casos até problemas psicológicos,  MAS NÃO JOGOS, OU ANIMES, OU OUVIR ROCK.

Aluno do Curso Técnico em Finanças da Escola Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda. O texto foi publicado originalmente no blog Miscigenados.

O homem que defende o afastamento de uma eleita, mas será julgado por desvio de R$4,3 bilhões



Por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, período em que ele foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer ainda esse ano. Se culpado, o senador ficará inelegível.


Desde 2003, a bancada estadual do PT denuncia essa fraude e a falta de compromisso do governo de Minas com a saúde no estado. Conseqüência disso é o caos instaurado no sistema público de saúde, situação essa que tem se agravado com a atual e grave epidemia de dengue.

Recurso

Os desembargadores Bitencourt Marcondes, Alyrio Ramos e Edgard Penna Amorim negaram o provimento ao recurso solicitado por Aécio Neves para a extinção da ação por entenderem ser legítima a ação de improbidade diante da não aplicação do mínimo constitucional de 12% da receita do Estado na área da Saúde. Segundo eles, a atitude do ex-governador atenta aos princípios da administração pública já que “a conduta esperada do agente público é oposta, no sentido de cumprir norma constitucional que visa à melhoria dos serviços de saúde universais e gratuitos, como forma de inclusão social, erradicação e prevenção de doenças”.

A alegação do réu (Aécio) é a de não ter havido qualquer transferência de recursos do estado à COPASA para investimentos em saneamento básico,  já que esse teria sido originado de recursos próprios. Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?

Cartaz do novo Star Wars é acusado de racismo




A versão chinesa do cartaz de “Star Wars: O Despertar da Força” causou polêmica ao diminuir o espaço e até eliminar personagens vividos por atores negros no filme.



A arte do cartaz foi refeita pelos distribuidores chineses, de modo a “esconder” John Boyega, um dos principais intérpretes do filme, que aparece visivelmente menor que na versão de outros países. Já Maz Kanata, a personagem interpretada pela atriz negra Lupita Nyong’o, foi completamente apagada na versão chinesa.

Além deles, também sumiu do cartaz chinês o personagem Chewbacca e o ator de origem hispânica Oscar Isaac.

Tais alterações despertaram críticas entre os fãs da saga “Star Wars” dentro e fora da China, especialmente nas redes sociais.

Isso é porque os chineses não gostam dos personagens negros nem dos cabeludos? Não sei se devo chorar ou rir”, escreveu no Twitter um fã que assinava com o nome de Jay. Outros fãs chineses da saga disseram que não havia polêmica e que seu país não é racista. Mas a repercussão se tornou tão grande que levou a mídia chinesa a abordar o tema. O jornal oficial Global Times acabou por dar voz ao crítico Chen Qiuping, da Associação de Cinema da China, que disse ser “injusto criticar o público chinês por um caso individual”.

Diante da polêmica, os distribuidores chineses resolveram se adiantar ao resto do mundo e revelar o primeiro pôster individual de Finn, o personagem de Boyega, que pode ser conferido abaixo.

O sétimo “Star Wars”, que chega mais de uma década após o último lançamento da franquia, estreia nos cinemas chineses a partir de 9 de janeiro de 2016, três semanas após seu lançamento no Brasil, Estados Unidos e outros mercados.

Veja abaixo todos os pôsteres mencionados, para entender o motivo da polêmica.



11 de dezembro de 2015

INEP traz alerta aos estudantes sobre falsos e-mails do ENEM 2015




O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou na tarde desta quinta-feira, 10 de dezembro, em sua página oficial do twitter (foto), que não existe nenhum recadastramento ou alteração de dados de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015. O alerta foi dado após a circulação de falsos e-mails que utilizam o nome do Ministério da Educação (MEC).



De acordo com a Assessoria de Imprensa do Inep, estudantes relataram que os e-mails solicitavam dados pessoais com a alegação de que houve um erro nas inscrições do Enem e que seria necessário o recadastramento. É importante que os participantes fiquem atentos e não repassem informações como números de documentos.

Enem 2015

A edição de 2015 contou com mais de 7,7 milhões de inscritos. As provas foram aplicadas nos dias 24 e 25 de outubro. O resultado está previsto para a primeira semana de janeiro de 2016.

Uma decisão judicial da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) da última semana determinou que a vista pedagógica da Redação deverá ser divulgada no mesmo dia da publicação das notas. No Enem 2014, o resultado foi liberado em 13 de janeiro e o acesso ao espelho só foi possível em 8 de maio.

Eu nunca entendi porque as bonecas brancas são as mais bonitas. Será que é RACISMO?


Será que é racismo?


Os povos africanos, apesar de viverem socialmente isolados, possuíam organização social tão avançada quanto a egípcia. Apesar de existir escravidão nessas sociedades, ela era bem diferente. Era incidental, convivia com outras formas de mão de obra. As pessoas eram escravizadas por motivos de guerra, crimes ou dívidas, e não perdiam todos seus direitos, tampouco eram agredidas gratuitamente como foram aquelas pessoas escravizadas pelos europeus. A mercantilização da escravidão começou entre o norte e o sul da África, mas ainda era em escala bem pequena se comparada ao que se sucedeu com a chegada dos europeus.


Será que é racismo?

Os europeus influenciaram cultural e economicamente as sociedades africanas, trazendo a desigualdade social e a lógica de mercado para a África. Determinaram, também, a expansão do mercado escravagista na medida em que influenciou a estrutura das sociedades africanas de tal forma que a escravidão e o tráfico negreiro se transformaram em algo institucional e fundamental e não mais periférico, como era antes. O interesse europeu nas pessoas escravizadas era tão grande que tais conflitos eram incentivados, para suprir tal demanda.

Será que é racismo?

Os europeus aproximaram-se das elites africanas, comprando as pessoas escravizadas por motivos de guerra, trocando-as por armas e produtos que não existiam na África. Mais armas geravam mais guerras, que geravam mais prisioneiros a serem escravizados, que eram trocados por mais guerras, que traziam mais armas. Quando as guerras não supriam mais as demandas, iniciaram os raptos de negros e negras.

Será que é racismo?

A África era vista pelos europeus tão somente como uma fonte de mão de obra barata e matéria prima, mercado consumidor, povoada por seres “sub-humanos”. Para esconder essa realidade, justificava-se a dominação branca sobre a África pela “falta de religião” dos povos africanos (o que é mentira, eles tinham suas religiões, só não eram cristãos) e pela teoria antropológica dominante à época que classificava os africanos como uma “sub raça” que era fadada à dominação do homem branco. Com a chegada dos europeus, dada sua expansão marítima, a Africa foi “partilhada” em áreas de influência, no século XIX, sem, no entanto, deixar de enfrentar resistência. Se dividiu a África de forma arbitrária em relação à noção de territorialidade das sociedades africanas, assim tribos foram divididas em territórios diferentes e tribos rivais foram mantidas no mesmo território. Os conflitos que antes eram resolvidos entre as tribos de forma mais dialogada, deram lugar à fortes conflitos que acontecem até hoje.

Será que é racismo?

5,5 milhões de negros e negras foram escravizados e trazidos para o Brasil. Destes, só 4,8 milhões chegaram vivos. Aqui, foram tratados juridicamente como coisas, espancados, caçados, violados e explorados. De meados de 1500 até 1850, nenhuma mudança havia se dado. A partir daí, leis dando “liberdade” a negros e negras começaram a ser editadas, culminando na Lei Áurea, em 1880. Se engana quem pensa que Princesa Isabel pode ser chamada de “mãezinha”. Ela e a elite branca escravocrata da época tinham interesses econômicos por trás. Com uma mão de obra predominantemente escrava, que não era remunerada, o comércio era dificultado, afinal, quem não tem dinheiro não compra. Bom, mas agora que negros e negras tinham liberdade, estava tudo certo, não?

Será que é racismo?

Era claro que a estrutura racista que dava tanto poder para branca não ia terminar assim tão fácil. A cultura, arte e religião negras foram sucessivamente atacadas para serem destruídas. Sincretismo negativo, criminalização, apropriação. Não houve reparação. Houve, sim, política de higienização e “urbanização” das cidades, durante a República Velha, em razão do discurso sanitarista, como nos “bota-abaixo” dos cortiços no Rio de Janeiro para ampliar as avenidas da cidade. Houve ideologia eugenista, com propósito de embranquecer a população. Houve a vinda dos imigrantes a fim de resolver o que foi disseminado como o grande problema do Brasil: os brasileiros. Negros e negras foram sistematicamente excluídos da sociedade, da economia e de qualquer espaço de poder, cujos mecanismos continuam iguais até hoje. O padrão de beleza disseminado foi branco e os negros e as negras foram ensinadas a odiar seu próprio corpo.

Será que é racismo?

Hoje matam jovens negros com as mesmas justificativas. Matam jovens negros com tiros de fuzil por estarem dirigindo um carro. Matam crianças negras porque estavam com um celular na mão e parecia uma arma. Matam, excluem, marginalizam, aculturam, exploram. Mesmo com tudo isso, se mantém o discurso de “somos todos iguais”, “democracia racial” e “consciência humana”. O mais perverso dessa estrutura racista muito bem articulada é que nos faz acreditar que ela não existe. Suas mãos invisíveis nos violentam de uma maneira que nós nos culpamos pelas opressões que sofremos. Por isso, ao longo de nossas vidas, enquanto somos insultados e violados, ainda hesitamos e nos perguntamos:

#Seráqueéracismo?


Dia Mundial de Combate a Corrupção, Por Larissa Miranda*


Bom pessoal, hoje é o dia mundial de combate à corrupção, que foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Mas o que seria corrupção? Essa palavra deriva do latim corruptus, que tem como significado quebrados em pedaços, ou seja, pessoas que se utilizam do poder ou autoridade para obter vantagens e também para "roubar" o dinheiro publico para uma finalidade pessoal. Geralmente essa pratica esta em maior visibilidade em lugares que não possui uma forma de governo democrático e de terceiro mundo, sendo comum nas três esferas (legislativo, judiciário, executivo). Não existe país cuja a corrupção seja zero, porém em países desenvolvidos e democráticos, sua população conhece seus direitos e será difícil enganar a mesma, e isso consequentemente irar gerar menos corrupção.

Segundo uma pesquisa feita, somos 72° colocado entre cerca de 177 países, sobre a percepção da corrupção pela as sociedades nacionais. Se olharmos numa escala de zero, ou seja, extremamente corruptos, a cem, que seria muito transparente, estaríamos na 42° colocação. Alguns casos que demonstra o por que de estamos nessa ordem, e o nosso cotidiano e casos que são divulgados pela mídia como o caso da Petrobras.

Algumas citações que exemplificam e justificam a corrupção:

"A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios."
-Barão de Montesquieu

"Num estado democrático existem duas classes de políticos: Os suspeitos de corrupção e os corruptos."
-David Zac

"É hipócrita quem critica a corrupção genérica e em grande escala e pratica a corrupção cotidiana."
-Sergio Fajardo

* Aluna do Curso Técnico em Finanças da EEEP Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda-CE. O Texto foi publicado originalmente no blog Miscigenados.

10 de dezembro de 2015

As Redes Sociais e as disputas de narrativas pelas chamadas minorias brasileiras


Por Stephanie Ribeiro, do Confeitaria


As redes sociais hoje são um campo de disputa de narrativas pelas chamadas minorias brasileiras, aqueles grupos que, mesmo sendo a maioria quantitativa, no que diz respeito à qualidade de vida, dignidade e aos direitos garantidos, tornam-se marginalizados socialmente.



Quando nós usamos as redes para dar visibilidade para nossas dores e nossas lutas, queremos chamar atenção para fatos que foram naturalizados por uma sociedade que segue regras opressoras.

Primeiro vieram os filtros para fotos de perfis (o mais popular foi o da bandeira LGBT). Depois as hashtags #meuprimeiroassédio, #agoraéquesãoelas, #meuamigosecreto, que foram invadindo a rede e mostrando a força e a importância do protagonismo das mulheres no feminismo.

Agora o novo protesto nas redes é a hashtag #seráqueéracismo. A sua criação foi motivada após o assassinato de cinco garotos negros: Roberto, Carlos, Cleiton, Wilton e Wesley levaram exatamente 111 tiros da polícia. Assim como muitos jovens de sua faixa etária (entre 15 e 20 anos), eles estavam comemorando o primeiro emprego de um deles.

O problema dessa história triste é que, infelizmente, não se trata de um acontecimento isolado. No Brasil, são mortos em média 82 jovens por dia. Isso significa quase 30 mil jovens mortos a cada ano. E destes jovens, 77% são negros. Com isso, são aproximadamente 23.100 jovens negros mortos por ano. Temos claramente uma situação de genocídio. Entretanto, as pessoas negam que a motivação desses números seja racial.

É mais fácil dizer que é questão de classe, é mais fácil dizer que é falta de sorte do que assumir que estamos num país racista, que a democracia racial é inexistente, e que não, não somos todos “negros”. Quem tem a marca negra sabe o que isso significa. Afinal, o racismo no Brasil não dá trégua. Ele é institucionalizado — machuca, cala e destrói vidas.

Independente da sua classe, gênero, orientação sexual, sofrer racismo é o que une os não privilegiados socialmente pela branquitude. E quando falamos de privilégios, estamos falando de inúmeros fatores que colocam alguém em uma condição favorável socialmente. Num país como o nosso, em que muitos não têm rede de esgoto, se a sua casa possui, é um privilégio. Saber ler, escrever, ter uma alimentação balanceada, poder fazer universidade, ter água na torneira são mais exemplos de privilégio.

Posso passar o dia listando, entretanto prefiro te surpreender dizendo que conseguir pegar um táxi sendo uma pessoa branca é um privilégio:

#‎SeráQueÉRacismo quando passo vários minutos com minha filha no colo tentando pegar um táxi e nenhum deles para, apenas quando um branco se ‘solidariza’ e dá sinal pra mim?  — post de Thayná Trindade

Aí você pode achar que é um caso isolado. Só que não, não é.

Quatro pretos tentaram pegar um táxi, mais de dez passaram, nenhum parou… #‎seráqueéracismo? Mas é só um táxi. É um táxi que não para, pois no Brasil a imagem do negro está associada à criminalidade. Um exemplo é o tratamento hostil dado por seguranças a pessoas como eu. — post de Jessyca Liris

‪#‎Seráqueéracismo quando eu e minha companheira preta, estamos numa loja e somos seguidas por um segurança branco, e quando perguntamos o pq dele estar nos seguindo, responde “só to fazendo meu trabalho. #‎éRACISMOsim — post de Jéssica Ipólito

‪#Seráqueéracismo você estar com um grupo de amigos brancos e ser o único revistado na entrada da balada?” — post de Eliane Oliveira

O negro associado ao marginal criminoso se estende a situações como essa:

Mesma sala de aula, dois alunos que fazem uso e abuso de drogas. Um branco, outro preto. O primeiro é tratado como coitadinho, tão esforçado, “a gente tinha que fazer alguma coisa”; o segundo é tratado como marginal, nem deveria estar na escola…#‎seráqueéracismo? — post de Eduarda Lamanes

As prisões brasileiras seguem essa tática de criminalizar atos para negros e liberá-los para brancos. Um simples cigarro de maconha na mão de um menino negro  pode arruinar sua vida e coloca-lo numa sela superlotada caso ele seja pego pela polícia. O mesmo cigarro na mão de um jovem branco é apenas uma “fase”. Se nossos atos nos criminalizam, nossa estética nos limita espaços:

‪#‎SeráQueÉRacismo a mulher falar que pra ser advogada eu vou ter que alisar meu cabelo pra parecer mais profissional????????????? — post de Fernanda Marcellino

‪#‎Seráqueéracismo Quando fui proibida de entrar na instituição de ensino que estudo pois, segundo a coordenação disciplinar, meu cabelo era volumoso demais para os “padrões” do colégio. — post de Ellen Roots

Nossa sexualidade é brutalizada:

#‎Seráqueéracismo quando o cara diz que com as negras tem vontade de transar brutalmente enquanto que com as “branquinhas” tem vontade de ser delicado na hora do sexo? — post de Beatriz Anarka

‪#‎Seráqueéracismo “sempre quis transar com um pretinho” — post de Ibu Lucas

Pois nosso corpo negro é tratado como bom para o trabalho e para o sexo, desde quando éramos escravizados. O brasileiro ainda segue a mesma mentalidade de senhores de engenho, mesmo que estejamos falando de meros cidadãos comuns.

‪#‎Seráqueéracismo: se você olhar em volta e perceber que não existem negros presentes pode ter certeza de que existe algum mecanismo de exclusão operando em algum ponto de acesso, não importa qual seja o lugar – grupo de amigos, universidade, trabalho, boteco, cinema…Olhe em volta agora, ‪#‎éracismosim! — post de Marcio Black

Entretanto muitas pessoas vão negar mesmo que:De 555 colunistas e blogueiros de veículos como Folha, R7, O Globo, O Estado de São Paulo, Época, Veja, G1, Uol,apenas seis são negros. Dos 18.400 professores universitários nas principais universidades do país (UFRGS, USP, UFRJ, Unicamp, UNB, UFSCAR e UFMG), só 70 são negros. Os números apontam que 60% da mortalidade materna acontecer entre mulheres negras. Entre 16 e 24 anos, as mulheres negras têm três vezes mais probabilidade de ser estupradas do que mulheres de outras etnias. 67% das crianças à espera de adoção são negras, mas 58% das famílias não aceitam crianças que não sejam brancas. E, finalizando, o número de homicídios de mulheres negras aumentou 54% no país, enquanto o de mulheres brancas diminui.

Se estes dados somados a todos os relatos do movimento #seráqueéracismo não te fizerem acreditar que SIM, É RACISMO, não posso fazer mais nada a não ser dizer que o seu privilégio te cega e te impede de ter empatia. E empatia e conhecimento sobre como o racismo age no país é o que pessoas brancas precisam ter. Afinal, não podemos lembrar que o racismo existe apenas quando negros desaparecem, como aconteceu com Amarildo, ou quando são arrastados por 350 metros, como ocorreu com Cláudia. Precisamos nos lembrar disso também quando nós negros ainda estamos vivos, em um país onde isso é também, infelizmente, um privilégio.

Como disse Aline Cardoso, a hashtag #‎seráqueéracismo é tão dolorosa quanto ‪#‎meuamigosecreto, porém necessária.

* Ilustração de Duds Saldanha

9 de dezembro de 2015

Intelectuais lançam manifesto em defesa da democracia



Está disponível o texto do manifesto de artistas e intelectuais em defesa da democracia e a favor da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que utiliza o cargo para tentar solapar a democracia. Já assinam o texto nomes como Chico Buarque, Emir Sader, Eric Nepomuceno, Frei Betto, Paulo Betti, Fernando Morais, Chico César e Jorge Mattoso. Confira abaixo:


MANIFESTO EM DEFESA DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

O Brasil vive um momento histórico em que a legalidade e as instituições democráticas são testadas, o que exige opinião e atitude firme de todos e todas que têm compromisso com a democracia.

Desde as eleições de 2014, vivemos um grande acirramento político que permeia as mais diversas relações humanas e sociais. Essa situação ganhou novos ingredientes a partir da eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados e, de forma especial, após este ser denunciado pelo Ministério Público Federal por seu envolvimento em atos de corrupção, possuindo contas bancárias no exterior e ocultando patrimônio pessoal.

Absolutamente acuado pelas denúncias, pelas fartas provas do seu envolvimento em atos ilícitos e enfrentando manifestações em todo Brasil contra a agenda conservadora e retrógrada do ponto de vista de direitos que lidera, Cunha, que já não tem mais nenhuma legitimidade para presidir a Câmara, decidiu enfrentar o Estado Democrático de Direito. A aceitação de um pedido de impedimento da Presidenta da República no momento em que avança o processo de cassação do deputado é uma atitude revanchista que atenta contra a legalidade e desvia o foco das atenções e das investigações.

Neste sentido, viemos a público repudiar a tentativa de golpe imposta por Eduardo Cunha, por não haver elementos que fundamentem esta atitude, a não ser pelo desespero de quem não consegue explicar o seu comprovado envolvimento com esquemas espúrios de corrupção. Não se trata neste momento de aprovar ou reprovar a administração nem a forma como a Presidenta da República governa, mas defender a legalidade e a legitimidade das instituições do nosso país.

Por outro lado, defendemos o cumprimento do Regimento da Câmara dos Deputados e da Constituição Federal, ambos instrumentos com fartos elementos que justificam a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Caso contrário, toda a classe política e as instituições brasileiras estarão desmoralizadas, por manter no exercício do poder um tirano que utiliza seu cargo de forma irresponsável para manutenção dos seus interesses pessoais. Apelamos às e aos parlamentares, ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal, autoridades cuidadoras da sanidade da política e da salvaguarda da ordem democrática num Estado de Direito, sem a qual mergulharíamos num caos com consequências políticas imprevisíveis. O Brasil clama pela atuação corajosa e decidida de Vossas Excelências.

Não aceitamos rompimento democrático! Não aceitamos o golpe! Não aceitamos Cunha na presidência da Câmara dos Deputados!

Brasil, dezembro de 2015.