África Antiga
A
região da África Oriental, dos reinos da Núbia, Etiópia e posteriormente
Burundi e Uganda, sofreram grande influência religiosa em seu processo de
organização cultural e espacial. Conflitos religiosos entre mulçumanos e
cristãos foram decisivos para a nova organização desses reinos, a exemplo do
Antigo Egito, que teve que se consolidar como Estado mulçumano entre duas
potências cristãs – Bizâncio e Dongola. O resultado desses conflitos foi à
conquista de Dongola em 1323 pelos mulçumanos, e a tomada gradativa do controle
da Núbia em 1504, o que daria um golpe de misericórdia nos reinos cristãos da
região. Nos casos da Núbia e da Etiópia, além dos conflitos religiosos
existentes, o comércio principalmente com o Egito, foi outra atividade que
influenciou diretamente, servindo como estímulo para a criação destes Estados.
Esta atividade comercial se dava por rotas que cortavam o deserto do Saara, em
caravanas puxadas por cavalos, dificultando o percurso e prejudicando
conseqüentemente a atividade comercial, uma vez que o camelo domesticado só foi
introduzido no Norte africano no século II da era cristã.

Só
a partir do domínio mulçumano na região é que as atividades comerciais
expandiram-se mais para o sul do continente. Portanto, os conflitos religiosos
entre mulçumanos e cristãos, além das atividades comerciais exercidas entre
esses povos, foram decisivos para a organização espacial dos territórios da
África Oriental, fatos que produzem reflexos atuais na cultura e na
religiosidade dos Estados africanos atuais.
ANTIGOS IMPÉRIOS AFRICANOS
Na
apresentação das grandes civilizações africanas, em 1000 a.C., povos semitas da
Arábia emigram para a atual Etiópia. Depois, em 715 a.C. o Rei de Cush, funda
no Egito a 25a dinastia. Em 533 a.C. transfere sua capital de Napata para
Meroé, onde, cerca de cinqüenta anos depois, já se encontra uma metalurgia do
ferro, altamente desenvolvida. Por volta do ano 100 a.C. desabrocha, na
Etiópia, o Reino de Axum.
O
tempo que se passou até a chegada dos árabes à África Ocidental foi, durante
muitos séculos, considerado um tempo obscuro, face à absoluta ausência de
relatos escritos, que só apareceram nos séculos XVI e XVII, com o
“Tarik-Al-Fattah” e o “Tarik-Es-Sudam”, redigidos, respectivamente, por
Muhammad Kati e Abderrahman As Saadi, ambos nascidos em Tombuctu. Mas o
trabalho de arqueólogos do século XX, aliado aos relatos da tradição oral,
conseguiu resgatar boa parte desse passado.
O
mais antigo desses reinos foi o da Etiópia. Entre os séculos III e VII, a
Etiópia teve como vizinhos outros reinos cristãos: o Egito e a Núbia, contudo,
com a expansão do islamismo essas duas últimas regiões caíram sob o domínio
árabe e a Etiópia persistiu como único grande reino cristão da África. Antes do
efetivo início do processo de islamização do continente africano, a África
Ocidental vai conhecer um padrão de desenvolvimento bastante alto. E, os
antigos Estados de Gana, do Mali, do Songai, do Iorubá e Benin, são excelentes
exemplos de pujança das civilizações pré-islâmicas.Império do Gana
O Antigo Império Gana
Teve
seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-se que o florescimento desse
império remonte ao século IV. Fundado por povos berberes, segundo uns, e por
outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas, do grupo soninkê. O antigo
nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta quanto à da
moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali ocidental
e o sudeste da Mauritânia. Kumbi Saleh foi uma das suas últimas capitais.
Segundo
relatos históricos, o Antigo Império de Gana era tão rico em ouro, que seu
imperador, adepto da religião tradicional africana, tal como seus súditos, eram
denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência de outras potências no
comércio do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até que, por volta
de 1076 d.C., em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes da dinastia dos
almorávidas, vindos do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh, capital do
Império de Gana.
O
atual Gana, que antigamente se chamava Costa de Ouro, deve o seu nome moderno
ao de um antigo imperío que dominava a África Ocidental durante a Idade Média.
O velho Gana ficava a muitos quilómetros mais para norte do actual, entre o
deserto do Saara e os rios Níger e Senegal.
O
Gana foi provavelmente fundado durante os anos 300. Desde essa data até 770 os
seus governantes constituíram a dinastia dos Magas, uma família berbere, apesar
do povo ser constituído por negros das tribos Soninque. Em 770 os Magas foram
derrubados pelos Soninques, e o império expandiu-se grandemente sob o domínio
de Kaya Maghan Sisse, que foi rei cerca de 790.
Nessa
altura o Gana começou a adquirir uma reputação de ser uma terra de ouro.
Atingiu o máximo da sua glória durante os anos 900 e atraiu a atenção dos
Árabes. Depois de muitos anos de luta, a dinastia dos Almorávidas berberes
subiu ao poder, embora não o tenha conservado durante muito tempo.
O
império entrou em declínio e em 1240 foi destruído pelo povo de Mali.Os
soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava
organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era
comandado por reis conhecidos como caia-maga. Viviam da criação de animais, da
agricultura e da pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro.
Extraíam
o ouro para trocar por outros produtos com os povos do deserto (bérberes). A
região de Gana, tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio. Os
habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada
pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção
das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos,
as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas
terras da nobreza.
O Império do Mali
Os
fundados do Antigo Mali teriam sido caçadores reunidos em confrarias ligadas
pelos mesmos ritos e celebrações da religião tradicional. O fervor com que
praticavam a religião de seus ancestrais veio até bem depois do advento do
Islã. Conquistando o que restara do Antigo Gana, em 1240, Sundiata Keita,
expandiu seu império, que já era oficialmente muçulmano desde o século
anterior. E, o Mali se torna legendário, principalmente sob o mansa (rei) Kanku
Mussá, que, em 1324, empreendeu a peregrinação a Meca com a intenção evidente
de maravilhar os soberanos árabes.
O
Antigo Império Gana teve seu apogeu entre os anos 700 e 1200 d.C. Acredita-se
que o florescimento desse império remonte ao século IV. Fundado por povos
berberes, segundo uns, e por outros, por negros mandeus, mandês ou mandingas,
do grupo soninkê.
O
antigo nome desse império era Uagadu, que ocupava uma área tão vasta quanto à
da moderna Nigéria e, incluía os territórios que hoje constituem o Mali
ocidental e o sudeste da Mauritânia. Kumbi Saleh foi uma das suas últimas
capitais. Segundo relatos históricos, o Antigo Império de Gana era tão rico em
ouro, que seu imperador, adepto da religião tradicional africana, tal como seus
súditos, eram denominados “o senhor de ouro”. Com a concorrência de outras
potências no comércio do ouro, o Antigo Império Gana começou a declinar. Até
que, por volta de 1076 d.C., em nome de uma fé islâmica ortodoxa, os berberes
da dinastia dos almorávidas, vindos do Magrebe, atacam e conquista Kumbi Saleh,
capital do Império de Gana.
No
século XVI chegou a ser o mais importante entreposto comercial do império, mas
os mesmos factores que causaram a decadência da «cidade irmã» – o comércio
marítimo dos portugueses, a ocupação marroquina e, depois, francesa – acabaram
por torná-la num insignificante centro agrícola dotado de magníficos exemplares
de arquitectura islâmica.Djenné foi igualmente um importante centro de
peregrinação e cultura, atraindo peregrinos e estudantes de toda a África
ocidental. Durante muito tempo foi uma verdadeira escola de juristas. Os seus monumentos,
entre os quais se destaca uma Grande Mesquita que remonta ao século XIII,
recorrem ao mesmo tipo de material e técnicas construtivas que os de Tombuctu.
O que dá origem a problemas de conservação muito semelhantes.
Império Songai
A
organização do Songai era mais elaborada ainda que a do Mali. O Império Songai
teria suas origens num antepassado lendário, o gigante comilão Faran Makan
Botê, do clã dos pescadores sorkôs. Por volta de 500 d.C., diz ainda a
tradição, que guerreiros berberes, chefiados por Diá Aliamen teriam chegado à
curva norte do Níger, tomando o poder dos sorkôs. A partir daí, a dinastia dos
Diá reina em Kukya, uma ilha perto do Níger, até 1009, quando o reino se
converte oficialmente ao islamismo e transfere a capital para Goa, onde a
dinastia reina até 1335. Nesse ano, o povo songai se liberta do Antigo Mali, de
quem se tornara vassalo em 1275 e, começa a conquistar as regiões vizinhas.O
Império Songhai, também conhecido como o Império Songhay foi um estado
pré-colonial africano e grande civilização oriental, em Mali.
Do
início dos século XV até o final do século 16, Songhai foi um dos maiores
impérios africanos da história. Este império tinha o mesmo nome de seu grupo
étnico líder, os Songhai. Sua capital era a cidade de Gao, onde uma pequeno
estado Songhai já existia desde o século XI. Sua base de poder era sobre a
volta do rio Níger nos dias atuais Níger e Burkina Faso. Antes do Império
Songhai, a região tinha sido dominada pelo Império Mali, uma das civilizações
mais ricas da história do mundo.
Mali
tornou-se famoso devido à sua imensa riqueza obtida através do comércio com o
mundo árabe, e os lendários hajj de Mansa Musa. No início do século XV, o
Império do Mali começou a declinar. As disputas pela sucessão enfraqueceram a
coroa e muitos afastaram-se. Os Songhai foram um deles, fazendo a cidade
proeminente de Gao a sua nova capital.A cidade do Songhai originou-se na região
de Dendi, do noroeste de Nigéria e o rio expandido chega gradualmente de Níger,
no século VIII. No ano 800, estabeleram uma cidade do mercado florescendo em
Gao. Aceitaram o Islão em torno do ano 1000. Por diversos séculos, dominaram os
estados adjacentes pequenos, quando foram controlados ao mesmo tempo pelo
império poderoso de Mali ao oeste.
Império Kanem-Bornu
Outro
grande Estado da África Negra, florescido por essa época, no norte da atual
Nigéria, foi Kanem-Bornu, em torno do ano 800 d.C. As cidades-estados haussás,
situadas entre o Níger e o Chade que se encontram em uma grande encruzilhada.
Constituíram-se por volta do século XII, em redor das vias comerciais que
ligavam Trípolis e o Egito à floresta tropical, por um lado, e, por outro lado,
o Níger ao alto vale do Nilo pelo Darfur.
Os
haussás ou a classe dirigente são negros que habitavam muito mais ao norte e a
leste do que hoje. Junto com o Mali e o Songai, um dos mais vastos impérios dos
grandes séculos africanos foi o Kanem-Bornu. A sua influência, no seu período
de maior esplendor, estendia-se da Tripolitânia e do Egito até ao Norte dos
Camarões atuais e do Níger ao Nilo. Nas origens do Kanem encontra-se a
conjunção dos nômades e dos sedentários.
Império Iorubá
A
sudeste da atual Nigéria constituíra-se o poderoso e dinâmico grupo Ibo.
Possuía uma estrutura ultrademocrática que favorecia a iniciativa individual. A
unidade sociopolítica era a aldeia. No sudoeste, desenvolveram-se os
principados iorubás e aparentados, entre os séculos VI e XI. As suas origens,
mergulhadas na mitologia dos deuses e semideuses, não nos fornecem, do ponto de
vista cronológico, informações suficientes.
O
grande passado de todos estes príncipes é Odudua. Seria ele próprio filho de
Olodumaré, que para muitos seria o Nimrod de que fala a Bíblia, ou segundo a
piedosa tradição islâmica, de Lamurudu, rei de Meca. O seu filho Okanbi, teria
tido sete filhos que vieram a ser todos “cabeças coroadas”, a reinar em Owu,
Sabé, Popo. Benin, Olé, Ketu e Oyó. Por volta do século XII, Ifé era uma
cidade-estado cujo soberano o Oni, era reconhecido como chefe religioso pelas
outras cidades iorubás. É que Ifé, fora o lugar a partir de onde as terras se
teriam espalhado sobre as águas originais para, segundo a tradição, fazerem
Os
iorubás foram expulsos da antiga Oyó pelos Nupês (Tapas) estabelecendo-se no
que é a Oyó de hoje.A partir do século XVI o poder da cidade-Estado de Oyó cresce
até unificar toda as cidades-Estado ioruba. O alafin (rei de Oió) exerce a
soberania temporal dos iorubas e também começa a questionar a legitimidade de
Ifé, deificando Xangô, antigo rei oioano, como divindade principal.No século
XVII o Império de Oyó dominará grande parte da Nigéria, incluindo o Reino de
Daomé.
A
civilização dos iorubas alcançou grande prosperidade, notavelmente em relação à
vida urbana. Censos iorubas de 1850 revelam 10 cidades com mais de 100 mil
habitantes.O Império de Oyo Yoruba (c. 1400 - 1835) foi um império da África
Ocidental onde é hoje a Nigéria ocidental. O império foi criado pelos Yoruba,
no século XV e cresceu para se tornar um dos maiores estados do Oeste africano
encontradas pelos exploradores coloniais. Aumentou a vantagem riqueza adquirida
através do comércio e de sua posse de uma poderosa cavalaria.
O
império de Oyo foi o estado mais importante politicamente na região de meados
século XVII ao final do século XVIII, dominando não só outras monarquias Yoruba
nos dias atuais Nigéria, República do Benim, e Togo, mas também outras
monarquias africanas, sendo a mais notável o reino Fon do Dahomey localizado no
que é hoje a República do Benim).Império do BeninFamoso por sua arte, o Benin,
situado à sudeste de Ifé, foi fundado, segundo a tradição, também por Oranian,
pai de Xangô, sendo então, intimamente aparentado com Oyó e Ifé. A primeira
dinastia a reinar teve, segundo mitos, primeiro doze Obas (reis) e terminou por
uma revolta, quando se constituiu em reino. Seu apogeu ocorreu no século XIV,
com a capital Edo, que perdura até hoje.
A
cultura nagô, evidenciada nesta pesquisa, tem procedência no grupo dos escravos
sudaneses do império iorubá, acima citado, em suas origens.Na verdade a
denominação “nagô” foi dada, no Brasil, a língua iorubá que foi, na Bahia, a
“língua geral” dos escravos, tendo dominado as línguas faladas pelos escravos
de outras nações. O iorubá compreende vários subgrupos e dialetos, entre os
quais o Egbá, que inclui o grupo Ketu e Ijexá, das tribos do mesmo nome, cujos
rituais foram adotados, principalmente o Ketu, pelos candomblés mais
conservadores. Do ewe “anago”, nome dado pelos daomeanos aos povos que falavam
o iorubá, tanto na Nigéria como no Daomé (atual Benin), Togo e arredores, e que
os franceses chamavam apenas nagô.O reino possuí uma origem mítica: teria sido
fundado por Oranian, um ioruba.
A
sede é a cidade de Ubini.No século XVI é proibido a escravidão masculina, numa
política de estímulo demográfico. O oba mantinha o monopólio na produção e
circulação do marfim e da Pimenta.O território onde o Benim se localiza era
ocupado no período pré-colonial por pequenas monarquias tribais, das quais a
mais poderosa foi a do reinado Fon de Daomé. A partir do século XVII, os
portugueses estabelecem entrepostos no litoral, conhecido então como Costa dos
Escravos.
Os
negros capturados são vendidos no Brasil e no Caribe. No século XIX, a França,
em campanha para abolir o comércio de escravos, entra em guerra com reinos
locais. Em 1892, o reinado Fon é subjugado e o país torna-se protetorado
francês, com o nome de Daomé. Em 1904 integra-se à África Ocidental Francesa. O
domínio colonial encerra-se em 1960, quando Daomé torna-se independente, tendo
Hubert Maga como primeiro presidente. A partir de 1963, o país mergulha na
instabilidade política,com seis sucessivos golpes militares.Em 1972, um grupo
de oficiais subalternos toma o poder e institui um regime esquerdista, liderado
pelo major Mathieu Kérékou, que governa até 1990. Kérékou nacionaliza
companhias estrangeiras, estatiza empresas privadas de grande porte e cria
programas populares de saúde e educação.
A
doutrina oficial do Estado é o marxismo-leninismo, mas a agricultura e o
comércio permanecem em mãos privadas. Em 1975, o país passa a designar-se
Benim. O regime político entra em crise na década de 1980, e o governo recorre
a empréstimos estrangeiros. Uma onda de protestos, em 1989, leva Kérékou a
promover uma abertura política e econômica. Com a instituição do
pluripartidarismo, surgem mais de 50 partidos. Nicéphore Soglo, chefe do
governo de transição formado em 1990, é eleito presidente em 1991.