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Médico que mandou "negra voltar para África" não responderá por injúria racial




Ministério Público pediu condenação de Heverton Otacílio
(foto) por injúrio racial/Divulgação.
Médico que ofendeu atendente em cinema não vai responder por injúria racial. Juiz alega que não existem provas de que o psicanalista tenha ofendido "a dignidade da vítima, fazendo referências a sua cor"

De acordo com a sentença da 2ª Vara Criminal de Brasília, o médico Heverton Octacílio de Campos Menezes praticou somente o crime de injúria contra a atendente Marina Serafim dos Reis, na bilheteria do Liberty Mall. Em abril do ano passado, ele fugiu do shopping depois de ofender a funcionária de um cinema.

O juiz descartou que o psicanalista tenha feito comentários de cunho racista à jovem, à época com 25 anos, e o absolveu do crime de injúria racial, conforme pedia o Ministério Público.

Heverton recebeu uma pena que será cumprida com medidas alternativas. Ainda cabe recurso. Segundo a decisão, não existem provas de que o psicanalista tenha ofendido “a dignidade da vítima, fazendo referências a sua cor”.

Durante o anúncio do parecer, o juiz declarou que “a ofensa não se deu em um contexto de discriminação racial, restando provado que o desentendimento entre os dois ocorreu apenas em razão da discordância sobre o momento em que deveria ter sido feito o atendimento”.

A acusação tentou culpá-lo pelo crime de injúria racial a partir das frases que o acusado teria dito no dia em que aconteceram as supostas ofensas: “Sua negra, volta para a África. Você está no lugar errado. O seu lugar não é aqui lidando com gente, mas e com animais”.


Via Pragmatismo Político/Correio Brasiliense



10 formas infalíveis de criminalizar a medicina de Cuba




Reproduzimos excelente análise do jornalista, escritor e fotógrafo Mário Bentes sobre as desculpas esfarrapadas, direitistas e preconceituosas de burgueses disfarçados de médicos e seus seguidores sobre a vinda dos médicos cubanos ao Brasil a partir do Programa Mais Médico, do Governo Federal. 

O artigo intitulado 10 modos infalíveis de criminalizar a medicina cubana foi publicado na Revista Babel. Ao introduzir o texto Mário diz: “Nota do editor: caso você seja contra o programa ‘Mais Médicos’, mas sua linha de raciocínio passe longe dos itens listados a seguir, então esse texto não é pra você”.

Imagem meramente ilustrativa
Vamos a ele

Para facilitar a sua vida, amigos reacionários e direitistas que combatem, sem “visões políticas e ideológicas”, a vinda de médicos cubanos ao Brasil – ainda que, whatever, não sejam apenas cubanos –, elenco aqui algumas dicas infalíveis para criminalizar a chegada dessas pessoas e também ao seu país. Para cada dica, também apresentamos os riscos de contraprova e os caminhos para contorná-las. Tudo simples e superficial, como suas mentes.

1. Acuse os médicos cubanos envolvidos nas missões internacionais de serem “guerrilheiros comunistas” enviados ao Brasil para fazer propaganda ideológica. Se a pecha não colar, já que os 132 mil médicos cubanos enviados a 102 países pelas missões internacionais não converteram nenhuma dessas nações, que continuam capitalistas (ufa!), tente ser pragmático para esconder sua paranoia reacionária e direitista – mas sempre desprovida de ideologias, claro.

2. Colete dados de blogs aleatórios, principalmente daqueles anti-comunistas disfarçados, mesmo que eles não apresentem fontes confiáveis, para sustentar sua tese (agora aparentemente desprovida de pretensões ideológicas) de que a medicina cubana não presta. Que a ilha está mergulhada em doenças erradicadas até em Serra Leoa e que… enfim, a medicina cubana não presta, fim.

Caso apareçam notícias de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não apenas aprove, mas recomende o modelo médico cubano para o resto do mundo, faça vista grossa. Afinal, a OMS está cheia de comunistas. Mesma tática deve ser feita se a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecer o modelo clínico cubano de atenção a saúde básica. A ONU foi cooptada pelos rios de dinheiro castrista.

3. Mate o mensageiro antes que ele dê a mensagem. Para evitar que qualquer nova notícia incômoda, com aqueles chatos dados e números comprovados, venha a derrubar sua tese, bata sempre na mesma tecla: qualquer notícia favorável ao “regime comunista dos irmãos Castro” só pode ser propaganda oficial do governo. OMS achou a medicina cubana exemplar? Propaganda oficial do governo. ONU também? Propaganda oficial do governo. Nenhum dos mais de 100 países em todo o planeta nunca reclamaram do trabalho dos comunistas? Propaganda oficial do governo.

4. Não dê atenção a mentiras disseminadas pela propaganda oficial do governo, como “Cuba avança na prevenção e combate ao câncer com investimento em biotecnologia, afirma OMS”, ainda que esteja no site da ONU e ainda que quem afirme seja a OMS. Afinal, esses “médicos” de pele escura, com cara de empregadas domésticas, que não se impõem pela aparência, jamais poderiam ser médicos – que dirá bons médicos. Tudo mentira castro-comunista.

5. Coma pelas beiradas e adote argumentos serenos, como a exigência do Revalida para os cubanos. Ops, para qualquer médico estrangeiro. Evite fazer o que fizeram alguns médicos cearenses, que vaiaram a chegada dos cubanos no aeroporto (ainda que você tenha vibrado com isso). Afinal, sua luta é contra o governo do PT, que quer implantar a ditadura comunista no Brasil.
Se notícias antigas mostrarem que a vinda de cubanos era festejada, inclusive pela revista Veja, quando o presidente era o Fernando Henrique Cardoso e o ministro da saúde o José Serra – ambos do PSDB –, também faça vista grossa. No máximo, diga que “o contexto era outro”.

6. Diga que, nos moldes como está sendo feita, a contratação dos cubanos representa “escravidão” – já que o repasse do pagamento será feito direto ao governo comunista. Use palavras e expressões prolixas pro que você está acostumado, ainda que lembrem discursos de esquerda (risos), como “atentado às leis trabalhistas”, “exploração de mão-de-obra” e similares. Tudo bem que você nunca se importou com “escravidão” enquanto comprava suas roupas na Zara ou na Le Lis Blanc, ou quando foi contra a regulamentação do trabalho das domésticas. Mas agora é uma boa hora para mudar, não é mesmo? (quando a poeira baixar, volte a deixar o assunto de lado)

7. Não se desespere se pintar alguma notícia de que os cubanos têm aparecido nos primeiros lugares no Revalida em edições recentes do exame, como 2011 e 2012. Afinal, a Escola Latino-Americana de Cuba (Elam), ainda que seja reconhecida por órgãos internacionais pela boa formação médica, é uma escola de formação marxista cultural. Fazer vista grossa é preciso. Se você não conheceu, nada aconteceu.

8. Procure notícias que sustentem sua tese. Exemplo: uma que diga que algumas prefeituras do interior têm o interesse de mandar embora os médicos brasileiros que já estão contratados para trocar por profissionais cubanos (mais em conta, afinal são escravos). Não importa se a safadeza é da prefeitura cujo prefeito você nem se interessa em saber de qual partido é. Não importa se o Ministério da Saúde já havia advertido aos espertalhões, quase dois meses antes, que essa troca não poderia ser feita e que demissões indevidas seriam punidas com o cancelamento dos repasses. Não importa se o jornal que publicou a notícia omitiu deliberadamente essa informação. Compartilhe e notícia e use-a como bandeira. Se o desmentido começar a circular, ignore.

9. Use como suas as palavras dos presidentes de organizações de classe, em especial a de que a formação médica em Cuba é insuficiente e que o currículo não é adequado ao nosso país. Ignore solenemente se algum líder da revolta tenha filhos formados na ilha comunista e que, inclusive, exercem a profissão no país. Se perguntarem, diga que os tais filhos do presidente seguiram o caminho correto e, depois de se formar na atrasada ilha, voltaram ao Brasil e fizeram o Revalida – onde tiveram que reaprender a medicina (nesse caso, continue repetindo o item 7).

10. Se nada mais der certo, e as notícias com fontes de credibilidade continuarem a circular e as notícias de fonte duvidosa serem desmentidas, pare por um momento, respire fundo e tome uma atitude ousada e corajosa: volte ao primeiro passo. Mesmo que haja dados suficientes para negar essas tolices de “guerrilheiros comunistas”, repita o processo sempre que alguém permitir.

Dica de outro: aproveite que a revista Veja, que já foi a favor dos médicos cubanos no Brasil na era FHC, está requentando o primeiro passo (já que o contexto agora é outro ^^) e pegue carona. Você não é cubano. Você é brasileiro (apesar de sonhar morar nos EUA) e não desiste nunca.