Os
deputados com parentes na política são maioria em 21 bancadas estaduais. Todos
os representantes do Tocantins e do Rio Grande do Norte na Câmara são de famílias de políticos.
Entre os maiores partidos, o PSD (78%), o PTB (76%), o PDT (74%) e o PMDB (70%)
são os que mais reproduzem a prática na atual legislatura. Mas é do PSDB de
Minas Gerais que vem o caso de maior longevidade familiar de que se tem notícia
no Parlamento de um país democrático. Aos 87 anos, o deputado Bonifácio de
Andrada, que está em seu décimo mandato, representa a quinta geração de um clã
que começou a trajetória parlamentar em 1821, ainda nas Cortes Portuguesas, em
Lisboa. Lá se vão 196 anos.
Do
Congresso em Foco - Descendente de
José Bonifácio de Andrada, o Patriarca da Independência, o deputado tucano prepara
um filho e um neto para sucedê-lo na Câmara. Desde 1894 não houve uma
legislatura sequer em que um Andrada tivesse ficado de fora do Congresso.
“É o DNA que empurraram pra cima da gente e a
psicologia do cenário. Tal como o filho de carpinteiro tem mais habilidade para
mexer com serrote e martelo, o filho de político também tem para a vida pública”,
diz Bonifácio. Da família dele saíram 15 deputados e senadores, quatro
presidentes da Câmara, oito ministros de Estado e dois ministros do Supremo,
além de governadores, prefeitos e vereadores. Já no PT, o caso mais expressivo
é o da família Tatto. O deputado Nilto Tatto (SP) tem quatro irmãos políticos:
dois são vereadores em São Paulo, um é deputado estadual e outro foi deputado
federal. Procedentes de uma família de pequenos agricultores do Paraná, eles se
estabeleceram em uma das regiões mais pobres da capital paulista, a Capela do
Socorro, onde começaram a militância na Igreja Católica. Dos dez irmãos Tatto,
nove são filiados ao PT.
A regra e as exceções
Os
três representantes de dez estados no Senado têm ou tiveram parentes políticos.
No DEM, de Ronaldo Caiado (GO) e José Agripino Maia (RN), no PDT e no PR,
ninguém foge desse perfil. A mesma situação se repete com 19 dos 22 peemedebistas. Já no PSDB, quem tem a árvore
genealógica mais enraizada na política é o senador Cássio Cunha Lima (PB),
filho do ex-senador Ronaldo Cunha Lima,
pai do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) e parente de quase uma dezena
de outras lideranças.
Quatro
senadores escolheram em casa os eventuais substitutos: Acir Gurgacz (PDT-RO) e
Ivo Cassol (PP-RO) escalaram o pai como suplente; Eduardo Braga (PMDB-AM), a
mulher e Edison Lobão (PMDB-MA), o filho. Todos já provaram o gostinho de ser senador.
Dez
das 13 senadoras também têm parentesco político. Somente Fátima Bezerra
(PT-RN), Regina Sousa (PT-PI) e Lídice da Mata (PSB-BA) escapam à regra.
Professora, Fátima é a exceção que confirma a regra em seu estado. “Sou a primeira representante de origem
popular do Rio Grande do Norte nos últimos 50 anos. Isso evidencia o quanto o
tradicionalismo e o patrimonialismo estão presentes na política. A maioria
dessas famílias têm o controle dos meios de comunicação e dinheiro. Não é
razoável que o parentesco seja traço marcante na nossa política”, critica.
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Bonifácio de Andrada representa a quinta geração da família do Patriarca da Independência na Câmara. |
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