Enquanto
vivia, a grande mídia norte-americana tentou destruí-lo. Depois que foi
assassinado, fez dele um herói.
Do Ceert
Um
dos problemas mais sérios do mundo atual é que a sociedade dominante se tornou
tão forte e, de tal forma, a todos impõe os seus valores que rouba das pessoas
até o direito de sonhar. A sociedade do shopping cria fantasias de consumo que
parecem sonhos, mas não têm a consistência de projetos de vida. As pessoas se
preparam para ganhar mais ou ter sucesso na vida mas poucas pensam para que
empreender toda essa luta. E a juventude que tem todo o direito de, através do
conhecimento, se apossar da história e do pensamento dos grandes sonhos da
humanidade. A educação não pode ser fragmentada e esfacelada, como manda o
projeto criminoso do atual governo brasileiro.
No
mundo inteiro, nesse próximo final de semana, as pessoas que trabalham pela paz
entre os povos e pela igualdade entre os seres humanos celebram a memória do
pastor negro Martin-Luther King. No
começo dos anos 60, nos Estados Unidos, o pastor King coordenava a luta da
população negra pela igualdade social e por seus direitos civis. Enquanto ele
vivia, a grande mídia norte-americana tentou destruí-lo de todos os modos
possíveis. Depois que ele foi assassinado, fez dele um herói. O dia do
aniversário de seu nascimento, 15 de janeiro, foi consagrado como feriado
nacional, celebrado sempre na terça segunda feira de janeiro.
Mais
de 50 anos depois dessa vitória legal do povo negro, tanto nos Estados Unidos,
como na maioria dos países do mundo, a humanidade ainda não eliminou o
apartheid social e econômico. Na América Latina, quase sempre, ser negro é sinônimo
de ser pobre. A África do Sul superou o apartheid político, mas mantém uma
imensa desigualdade racial, baseada na divisão econômica. Com relação a isso,
ainda ressoam as palavras do pastor Martin-Luther King: “O que me preocupa não
é o grito dos maus. É o silêncio dos bons. Mais do que a violência de poucos,
me assusta a omissão de muitos”. Ele explicava: “Uma pessoa que não descobriu nada pela qual aceitaria morrer, não está
ainda pronta para viver”. Onde ele mais expressou essa causa maior pela
qual viver e lutar foi no célebre discurso, considerado por várias pesquisas o
discurso mais importante feito nos Estados Unidos, durante o século XX. Nos
degraus do Lincoln Memorial em Washington, ao encerrar a marcha por direitos
civis e igualdade de emprego, diante de mais de 200 mil pessoas, no 28 de
agosto de 1963, o pastor Martin- Luther King começou seu discurso dizendo: “Eu tenho um sonho”. Apesar de ter sido
proferido há mais de 50 anos, suas palavras ainda se mantêm atuais e
proféticas. O sonho dele era viver em um mundo no qual os seus filhos negros
pudessem andar de cabeça erguida e conviver de igual para igual com os colegas
brancos, freqüentar os mesmos colégios e participar dos mesmos ambientes
sociais. “Sonho com um mundo no qual meus
filhos possam ser julgados por sua personalidade e não pela cor de sua pele”.
Era o sonho de ver o mundo superar as divisões raciais e sociais que ainda
tornam esta terra um vale de lágrimas e injustiças.
Desde
a última década do século XX, mas principalmente a partir dos primeiros anos
desse século, vários países na América Latina conseguiram transformar o sonho
de justiça e libertação dos nossos povos em projetos que se concretizaram em
novas constituições cidadãs em países como a Venezuela, o Equador e Bolívia. Os
povos conseguiram eleger governos mais progressistas e, mesmo em meio a muitas
ambiguidades, mais ligados à causa dos mais pobres. No entanto, as elites
locais insatisfeitas, patrocinadas e apoiadas pelo império norte-americano,
ávido de retomar o seu poder no continente, conseguiram fragilizar os processos
sociais, derrubar alguns governos e reinstalar de novo em vários países a
dependência e a opção pela maior desigualdade e discriminação social. A memória
de profetas como o pastor Martin-Luther King nos assegura que, mesmo com todos
os ataques do império, ninguém conseguirá destruir os melhores sonhos dos
nossos povos.
É
bom lembrar que a espiritualidade é a opção de viver desde agora para tornar
realidade aquilo que sonhamos. Toda a Bíblia pode ser lida a partir da
revelação progressiva de um projeto divino de paz, justiça e comunhão entre os
seres humanos e com a natureza. O pastor Martin-Luther King nos recordava: “Lembremo-nos de que existe no mundo um poder
de amor que é capaz de abrir caminho onde não há caminho e de transformar o
ontem escuro em um amanhã luminoso”.
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"No começo dos anos 60, nos Estados Unidos, o pastor King coordenava a luta da população negra pela igualdade social e por seus direitos"/ Foto: Reprodução - Brasil de Fato. |
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