O
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski afirmou nesta
segunda-feira (26) que o impeachment de Dilma Rousseff foi um "tropeço na
democracia" do Brasil.
Publicado originalmente na Folha de São Paulo
A
declaração foi registrada pela revista "Caros Amigos", que
publicou uma gravação de trechos de uma aula que Lewandowski ministrou na
Faculdade de Direito da USP, da qual é professor titular.
O
ministro, que presidiu o julgamento da ex-presidente no Senado, fazia considerações
sobre a participação popular na democracia brasileira quando passou a falar
sobre a deposição da petista.
"[Esse impeachment] encerra
novamente um ciclo daqueles aos quais eu me referi. A cada 25, 30 anos, no
Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia",
afirmou.
O
ministro disse que o modelo do presidencialismo de coalizão, com a existência
de vários partidos políticos –hoje, são 35 registrados no Tribunal Superior
Eleitoral– culminou no processo que cassou a petista.
"O presidencialismo de coalizão saiu disso
[da falta de participação popular], com grande número de partidos políticos,
até por erro do Supremo, que acabou com a cláusula de barreira, e deu no que
deu", afirmou.
Ao
fim do julgamento da petista, Lewandowski tomou a decisão de permitir o
"fatiamento" da votação. Assim, o Senado pôde manter os direitos
políticos de Dilma, mesma retirando-a do governo.
A
decisão é contestada, no STF, por partidos políticos de oposição ao PT.
MEDIDA PROVISÓRIA
Lewandowski
também criticou a reforma curricular do Ensino Médio, que foi feita através de
medida provisória editada pelo governo de Michel Temer (PMDB) na última
quinta-feira (22).
"Alguns inominados, fechados lá no gabinete,
que resolveram: 'vamos tirar educação física, artes, isso e aquilo'. Não se
consultou a população", afirmou.
O
STF recebeu, na terça-feira (27), um mandado de segurança que pede a suspensão
da medida.
No
início do trecho gravado, que dura pouco mais de dois minutos, Lewandowski
defende que o governo realize maior número de plebiscitos e referendos.
Ele
defendeu que todas as leis importantes devem ser submetidas a consultas
populares antes de entrarem em vigor, citando o caso do desarmamento –tema de
referendo de abrangência nacional em 2005– como exemplo.
"Entre nós, a participação popular é muito
limitada", afirmou. "Raramente
houve plebiscito ou referendo."
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O ministro do STF Ricardo Lewandowski, na votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. |
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