Depois
de uma hora de interrupção, a sessão da Câmara dos Deputados para negociar a
votação do projeto de lei (PL) 1210/2007, que trata sobre as pesquisas
eleitorais, a propaganda eleitoral e o financiamento de campanha, entre outros,
foi retomada com polêmica em torno da votação da proposta. Isso porque, o
projeto, que visava também criminalizar a prática de caixa 2, estava se
transformando em uma anistia a quem incorreu na prática.
Publicado
no 247
A
iniciativa foi vista como uma manobra. Diante dos protestos e dos apelos, o
deputado Beto Mansur (PRB-SP), que presidia os trabalhos, cedeu e retirou de
ofício o projeto, que poderá voltar à pauta da Casa em outra oportunidade. Ele
anunciou que haviam dois requerimentos sobre a mesa: uma para retirada de pauta
e o outro para votação nominal do projeto.
Deputados
contrários ao projeto criticaram a iniciativa de Mansur e insisitiram que a
votação fosse nominal para constar no painel a posição de cada parlamentar
sobre anistia. “Queremos a votação
nominal para que fique no painel quem quer anistiar o caixa 2. Querem jogar
daqui para a frente [a criminalização] e esquecer o passado”, disse o líder
do PSOL, Ivan Valente (SP).
A
votação do projeto foi questionada desde o início da sessão que aprovou a
Medida Provisória 734/16, que destinou apoio financeiro de R$ 2,9 bilhões para
auxiliar nas despesas com segurança pública do estado do Rio de Janeiro em
decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
Desde
o início da ordem do dia, deputados do PSOL, PDT, PSB, Rede e PT reclamaram da
inclusão do projeto na pauta com o argumento de que ele tinha recebido emendas
que acabam dando anistia para a prática de caixa 2.
Os parlamentares avaliaram que a manobra seria conseguida a partir da aprovação de uma emenda tornando crime a prática. “Não quero impedir outros assuntos de serem analisados na sessão, mas quero atrapalhar essa história de anistia de caixa 2, que é crime”, criticou o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ). “Não é toleravel propor uma medida como essa sem nenhuma discussão. Isso é desrespeitar os deputados”.
O
entendimento é que, se houver a criminalização do caixa 2, a partir de então a
lei não poderá retroagir em desfavor do acusado. Desta forma, todas as práticas
adotadas antes da lei entrar em vigor são automaticamente anistiadas. “Corre um boato de que uma emenda
aglutinativa está sendo preparada para permitir a anistia de caixa 2”,
disse o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
Questionamentos
Os
protestos fizeram com que Mansur suspendesse os trabalhos para tentar um acordo
que viabilizasse a votação, mas sem êxito. Retomados os trabalhos, os
questionamentos em torno da legalidade da votação aumentaram.
Teixeira
apresentou uma questão de ordem argumentando que o texto, de 2007, não poderia
ser votado, uma vez que já havia sido rejeitado. Mansur argumentou que a
rejeição recaía sobre duas emendas e que a sua intenção era votar o texto
original. Ele também reafirmou que a nova votação abriria a possibilidade de
serem apresentadas emendas.
Molon,
seguido de outros parlamentares alertaram sobre a existência de decisão da Casa
proibindo a retomada da discussão e apresentação de emendas a matérias em fase
de votação. “Essa sessão não vai terminar bem”, disse Molon.
Diante
da insistência de Mansur em votar a matéria, deputados gritavam que a votação
seria um “golpe”. “Isto aqui é golpe, a
Casa não pode passar por isso”, criticou Teixeira. Mansur ainda argumentou,
antes de retirar o projeto da pauta e encerrar os trabalhos. “Fui escolhido para presidir essa sessão.
Quero informar que eu não sou o autor desse projeto, eu retirei de ofício”,
disse.
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Câmara tentou na calada da noite anistiar o caixa dois. |
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