O
ministro da Educação, Mendonça Filho, informou neste sábado (21) que o
presidente em exercício Michel Temer decidiu recriar o Ministério da Cultura
(Minc).
O
novo ministro será Marcelo Calero, anunciado na última quarta (18) como
secretário nacional de Cultura. Com a decisão, a Cultura deixa de ser uma
secretaria e não ficará mais subordinada ao Ministério da Educação.
Publicado
originalmente no G1
Mendonça
Filho explicou, em sua conta no microblog Twitter, que a recriação do
Ministério da Cultura será feita por meio de Medida Provisória e que a posse do
novo ministro será na terça-feira (25). Ainda segundo o ministro, que disse ter
conversado com Temer, o compromisso do governo com a cultura é
"pleno".
"A
decisão de recriar o Minc é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar
os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira. [...] Com Marcelo
Calero vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre
os ministérios da Educação e da cultura", publicou o ministro na rede
social.
À
GloboNews, Mendonça disse ainda que a decisão de Temer foi um gesto de
"conciliação" do presidente em exercício porque seu objetivo é
promover a cultura e a educação.
A
decisão de fundir as pastas de Educação e Cultura foi tomada com base no
princípio adotado por Michel Temer ao assumir de reduzir o número de
ministérios. O corte da Cultura, contudo, foi alvo de críticas por parte da
classe artística.
Nesta
sexta (20), por exemplo, músicos como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Seu Jorge
e Marcelo Jeneci participaram de um ato cultural no pilotis do Palácio Gustavo
Capanema, no Centro do Rio de Janeiro. O prédio, que já sediou o Ministério da
Cultura e hoje abriga a Funarte, está ocupado em protesto contra a extinção da
pasta.
Diante
dos protestos de parte dos artistas e de servidores do Ministério da Cultura,
Temer já havia anunciado que, mesmo como secretaria, a estrutura da pasta seria
mantida. Nesta sexta-feira (20), edição extra do "Diário Oficial da
União" publicou medida que dava status de "natureza especial" ao
cargo de secretário da Cultura.
Agora,
o presidente em exercício decidiu reverter a decisão e devolver à Cultura o
status de ministério.
No
último dia 12, ao assumir como presidente em exercício, Michel Temer editou uma
medida provisória (726/2016) na qual determinou mudanças na composição do
governo.
Entre
essas mudanças, a pasta da Cultura foi incorporada pelo Ministério da Educação,
que voltou a ser o Ministério da Educação e Cultura, nomenclatura que manteve
até 1985, quando o então presidente José Sarney criou o Ministério da Cultura.
Antes
de indicação de Calero, a intenção do presidente em exercício era nomear uma
mulher para a comandar a área e assim responder às críticas por um ministério
exclusivamente de homens.
Repercussão política
Líder
do governo Dilma na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) afirmou ao G1 que
a gestão Temer tem um "problema" porque "diz uma coisa de manhã,
volta atrás à tarde e recua de novo à noite".
"É um governo que não mantém posições, quer
dizer, age conforme a pressão. E agora, naturalmente, vão começar as pressões
pelos ministérios das mulheres e do MDA [Desenvolvimento Agrário]. Um governo
não pode ficar assim. Quando decidir alguma coisa, decide. Isso mostra que o
governo interino tem dificuldades políticas de governar", declarou
Guimarães.
Por
outro lado, o líder do governo Temer, André Moura (PSC-SE), disse ao G1 que a
decisão do presidente em exercício é um "sinal positivo" para a
classe artística, pois atende aos pedidos do setor e mostra a
"sensibilidade" de Temer ao ouvir a sociedade.
"Acho que o presidente avaliou todas as
recentes manifestações, os pleitos e as solicitações em torno do Ministério da
Cultura. É uma decisão importante, acho que mostra a importância que o
presidente dá à cultura e demonstra a maior característica dele que é de
discutir sempre, debater e ser aberto ao diálogo. [...] Mostra ainda a
sensibilidade do presidente, que soube ouvir o setor e tomar esta decisão",
disse.
Marcelo Calero
O novo ministro da Cultura, o carioca Marcelo Calero, 33 anos, é diplomata, estudou no Colégio Santo Inácio e se formou em direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Tem
passagens pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Petrobras. Em 2007,
passou a atuar como diplomata e chegou a trabalhar na embaixada do Brasil no
México.
Calero
trabalhou na assessoria internacional da Prefeitura do Rio e chegou a acumular
a Secretaria Municipal de Cultura e a presidência do Comitê Rio450, órgão
criado para organizar a celebração do aniversário da cidade.
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Marcelo Calero, em imagem de arquivo. (Foto: Reprodução GloboNews). |
É uma pena que depois de tantas conquistas parece que vamos ter que "ganhar no grito" para tê-las de volta. A exemplo do Ministério da Cultura que mobilizou sociedade civil e artistas! E o pior disso tudo é saber que ainda vem mais cortes por aí, principalmente nos programas sociais... Triste realidade!
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