Todo cristão verdadeiro é comunista e todo verdadeiro comunista é um cristão sem o crer, diz Frei Beto


Preso duas vezes pela ditadura, Carlos Alberto Libânio Christo, 70, conhecido com Frei Betto, diz em entrevista que “todo verdadeiro cristão é um comunista sem o saber” e que “todo verdadeiro comunista é um cristão sem o crer”. Em entrevista ao jornal O Tempo, religioso se afirma socialista em decorrência de sua fé cristã.

Publicado originalmente no 247

Todo cristão é discípulo de um prisioneiro político: Jesus de Nazaré, condenado por dois poderes políticos. As mesmas convicções que tinha nos anos 60 tenho ainda hoje, graças a Deus. A diferença são os meios. Como já não temos uma ditadura repressiva, não vejo razão para a violência revolucionária”.

O frade dominicano diz que foi torturado fisicamente na primeira prisão, em junho de 1964. Mas que, na segunda, em novembro de 1969, livrou-se da tortura física graças à intervenção do general Campos Christo, que era irmão de seu pai. “Porém, assisti a torturas de outros presos e sofri torturas psicológicas”, diz.


Maria Filó põe à venda roupas estampadas com mulheres escravizadas e sofre críticas



Uma calça comprida, uma blusa e uma saia estampadas com imagens de mulheres negras em situação de escravidão ensejaram uma chuva de críticas e acusações de racismo contra a marca Maria Filó, após o relato de uma consumidora negra criticando os produtos viralizar nas redes sociais nesta sexta 14.
Publicado originalmente na Carta Capital


"Começo a olhar as roupas e me pergunto: Confere? É uma estampa de escravas entre palmeiras. É uma escrava com um filho nas costas servindo uma branca? Perguntei à vendedora se aquela estampa tinha alguma razão de ser ou se era só uma estampa racista mesmo. Ela, me dirigindo à palavra pela primeira vez, não soube responder", relatou Tâmara Isaac no Facebook, em publicação com mais de 1,1 mil compartilhamentos. O caso ocorreu em uma loja de Niterói, no Rio de Janeiro.

As peças, com preços entre 239 e 329 reais, que faziam parte da coleção Pindorama, estavam à venda nas lojas físicas e virtuais da marca até o início da tarde da sexta 14. Com a repercussão negativa, as roupas para venda online não estão mais disponíveis. A Maria Filó também passou a responder às críticas em seu perfil oficial no Facebook.


"Gostaríamos de fazer um esclarecimento. A estampa em questão buscou inspiração na obra de Debret. Em nenhum momento tivemos a intenção de ofender. Pedimos sinceras desculpas e informamos que já estamos tomando as devidas providências para que a estampa seja retirada das lojas", justificou a marca.

Também pelo Facebook, a atriz Taís Araújo expressou críticas à Maria Filó: "A escravidão não pode virar 'pop', não pode ser vendida como uma peça de moda"

Para a filósofa política e feminista negra Djamila Ribeiro, as estampas naturalizam uma situação de opressão da população negra que foi escravizada no Brasil como se fosse algo comum. "Se fossem estampas aludindo ao Holocausto seria um problema enorme", exemplifica a secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Ela classifica como insuficiente a justificativa de que se tratou de uma alusão ao pintor francês pintor francês Jean-Baptiste Debret, que retratou, entre outras, cenas da escravidão no Brasil no século XIX. "Há outros recortes na obra dele".

Ribeiro também chama atenção para o fato de o caso vir à tona justamente após o comentário de uma consumidora negra. "Ela ter reparado nisso diz muito. Muitos participaram da concepção e comercialização das roupas com essas estampas e sequer se incomodaram. Isso diz muito sobre a falta de uma discussão séria sobre o racismo e sobre a falta de diversidade nessas marcas", critica a colunista do site de CartaCapital.

O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão, o que só ocorreu às vésperas do século XX, em 1888. Os cálculos sobre o número de africanos transportados como escravos para os portos brasileiros varia, mas estima-se que entre 1550 e 1855, quatro milhões foram trazidos à força para o Brasil. Submetidos a condições extenuantes de trabalho e castigos físicos, a estimativa de vida de um homem negro escravizado no Brasil em 1872 era de 18,3 anos, bem inferior à média da população, de 27,4 anos.

A grife já esteve envolvida recentemente em outra polêmica, quando o empresário Alberto Osório, dono da rede, disse para uma funcionária grávida que só contrarará trabalhadores gays no lugar de mulheres "porque eles não engravidam". A declaração, ocorrida em setembro de 2015, gerou uma avalanche de críticas.

Com estampa a retratar a escravidão, blusa da coleção pindorama era  vendida por R$ 329.



Crato sediará o Seminário das Águas do Cariri



O Ceará vive, nos últimos cinco anos, a maior seca de sua história. De 2012 a 2016 a média de chuvas foi de, apenas, 516 milímetros. Pouca água nos reservatórios, crescimento urbano, uso destinado ao agronegócio. E o Cariri, como fica? Região de reservatórios subterrâneos, o “Oásis no meio do sertão” está em risco de sofrer um colapso hídrico?

Criado no final do ano passado, o Fórum Popular das Águas do Cariri veio para articular entidades, sindicatos, comunidades e movimentos sociais em volta da questão hídrica e ambiental. Um espaço aberto, que discute as políticas públicas e a prioridade do uso das águas. Assim, realizaremos o Seminário das Águas do Cariri, com o tema “Os impactos das grandes obras e diagnóstico hídrico regional e estadual”.

O objetivo do seminário é conscientizar as comunidades sobre os impactos das grandes obras no Estado do Ceará, realizar um diagnóstico da questão hídrica na região do Cariri e articularmos à luta estadual pela descentralização do uso da água e pela execução da política hídrica por parte do governo local. Além disso, queremos mobilizar e sensibilizar as comunidades para a realização da I Marcha Popular das Águas, na região, que acontecerá em março de 2017.

*Será fornecido aos participantes um café da manhã e almoço.


Serviço:
Seminário das Águas do Cariri
Local: Auditório Papa Francisco na Cúria Diocesana. Rua Teófilo Siqueira, 631. Centro, Crato, Ceará.
Data: 18 de outubro de 2016 (terça-feira)
Horário: 08:00

Imagem utilizada na divulgação do evento criado pelo Fórum das Águas do Cariri.

"Imposto sobre grandes fortunas renderia 100 bilhões por ano", diz especialista ao Carta Capital


Único dos sete tributos federais previstos nas Constituição sem regulamentação até hoje, o imposto sobre grandes fortunas pode sair do papel em um momento no qual o governo federal busca ampliar sua arrecadação. Vista como alternativa à esquerda, após um ajuste fiscal iniciado pela retirada de direitos trabalhistas, a proposta voltou à tona com o sucesso do livro do economista francês Thomas Piketty, O Capital No Século XXI, para quem não discutir impostos sobre riqueza é loucura.

Mestre em Finanças Públicas e ex-secretário de Finanças na gestão da prefeita Luiza Erundina em São Paulo, Amir Khair é especialista no assunto. Em entrevista a CartaCapital, Khair calcula que a taxação de patrimônios poderia render aproximadamente 100 bilhões de reais por ano se aplicada, em uma simulação hipotética, sobre valores superiores um milhão de reais. “Quando você tem uma sociedade com má distribuição de riqueza, você tem uma atividade econômica mais frágil. O imposto sobre grandes fortunas (...) teria uma arrecadação semelhante àquela que tinha a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Portanto bem acima até do ajuste fiscal pretendido pelo governo”, afirma.

CartaCapital: O livro de Thomas Piketty trouxe, mais uma vez, a discussão do imposto sobre grandes fortunas. Por que o senhor acha que essa proposta ainda é vista como uma pauta de esquerda, sendo que está prevista na Constituição?

Amir Khair: Pergunta interessante essa. Por que está na Constituição e é uma pauta de esquerda? Talvez a Constituição represente uma regra de convívio social na qual a população de menor renda tenha um pouco mais de acesso aos bens de democracia. A democracia prevê um regime de maior equilíbrio social. Prevê um regime do governo para o povo, de interesse do povo. Quando você estabelece na Constituição um imposto sobre grandes fortunas, que no fundo, independente do nome, é um imposto que visa alcançar riqueza, você está contribuindo para uma melhor distribuição dela entre a população. Esse foi o objetivo dos constituintes em 1988. O que não se esperava é que o próprio Congresso que aprovou isso seja o Congresso a não aprovar a regulamentação desse tributo. E a razão é muito simples. Por que o Congresso não aprova? Porque os congressistas quase sem exceção seriam atingidos por essa tributação. Quando eles são atingidos, eles não aprovam nenhuma mudança tributária que os atinja. Essa é a razão central pelo fato de, ao longo de todos esses anos, não ter sido regulamento o imposto.

CC: O imposto sobre grandes fortunas é o único dos sete tributos previstos na Constituição que ainda não foi implementado. Então não é só a influência dos mais ricos, mas o fato do Congresso ser também uma representação da camada mais rica da população?

AK: É uma visão curto-prazista, no sentido que você estaria defendendo o interesse dos mais ricos, mas na essência você estaria prejudicando até a essência dos mais ricos. Quando você tem uma sociedade com má distribuição de riqueza, você tem uma atividade econômica mais frágil. Eu não tenho o consumo usufruindo no potencial que ele tem. Quando você tem o consumo usufruindo o potencial que ele tem, você tem mais produção, mais riqueza de uma forma geral e é claro que os mais ricos se apossam melhor dessa riqueza gerada. Quando você tem má distribuição de riqueza ou de renda, você tem uma atividade econômica mais restrita e consequentemente menos faturamento nas empresas, menos lucro.


CC: Nesse início de segundo mandato, o governo Dilma optou por fazer um reajuste fiscal e reviu o acesso a alguns direitos dos trabalhadores, como o seguro-desemprego. Mas agora cogita a possibilidade de regulamentar o imposto sobre a riqueza. Na opinião do senhor, o imposto sobre grandes fortunas poderia ter o mesmo peso, ou até um impacto melhor, para o ajuste das contas do governo, sem que fosse necessário mexer nos direitos trabalhistas?

AK: Se aplicado com uma alíquota média de 1% sobre aquilo que são os bens das pessoas, teria uma arrecadação semelhante àquela que tinha a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que foi extinta. E tem, portanto, um poder arrecadador forte. Hoje eu estimo em cerca de 100 bilhões de reais/ano. Portanto bem acima até do ajuste fiscal pretendido pelo governo.

CC: Portanto, seria uma alternativa a todas essas medidas que o governo vem tomando desde o início do segundo mandato e que desagradaram trabalhadores e movimentos sociais?

"Pessoas que tem mais renda, mais riqueza, são muito bem
agasalhados pela legislação do Brasil".
AK: Sim, eu acho que seria uma medida desenvolvimentista em essência porque não atinge aquilo que é essencial aos trabalhadores, portanto aquilo que se traduz efetivamente em consumo. Quando você corta direitos dos trabalhadores você corta consumo automaticamente. Cortando consumo, você corta faturamento e o lucro delas. Então você paralisa o País também ao fazer isso. Essas medidas que o governo está adotando, independente do fato que você tem que ter rigor fiscal, e rigor fiscal não se toma com essas medidas do governo, estão muito aquém do rigor fiscal necessário ao País. Essas medidas travam o crescimento. Ao travar o crescimento, cai a arrecadação pública. Ao cair a arrecadação pública, o objetivo do governo de atingir sua meta não será atingido.

CC: Quais as consequências e como o senhor avalia a postura do governo de fazer corte nesses benefícios trabalhistas?

AK: É uma atitude um pouco simplista, uma atitude que não resolve. Como eu falei, quando você corta na base da pirâmide social você diminui consumo e, portanto, diminui a própria arrecadação pública. Então uma coisa anula a outra, ou até pior do que anula. Pode acontecer como aconteceu no passado. Você tem um déficit muito maior das contas públicas e não resolve. O governo teria uma alternativa muito mais eficaz, muito mais forte, muito mais rápida, muito mais factível, caso reduzisse as despesas com juros. Os juros no ano passado corresponderam a 6% do PIB [Produto Interno Bruto] e isso gerou um rombo nas contas públicas. Quer dizer, o que deu um rombo nas contas públicas foram os juros. E o Brasil é um dos campeões mundiais de juros. O Brasil tem sempre sobre a questão fiscal um ônus de 6% do PIB, quando no mundo todo gira em torno de 1%. Então quando você tem uma conta anormal por consequência dos juros, a providência mais normal, óbvia, é você atacar essa questão. Essa é a questão central e é fácil de atacar. Como você ataca? Reduzindo a Selic [taxa básica de juros]. A Selic está muito acima do padrão internacional, o padrão internacional das taxas básicas de juros é a inflação do País. Nós estamos com seis pontos acima da inflação na Selic. Quando você reduzir isso para a inflação do País, essa conta de juros cai rapidamente e, ao cair rapidamente, você faz um ajuste fiscal sério, para valer. Muito diferente do que o governo está propondo.

CC: Segundo Piketty, o imposto sobre grandes fortunas poderia ser atrelado à diminuição da carga tributária sobre o consumo. Como o senhor enxerga essa proposta?

AK: Na realidade, você tem o seguinte: o Brasil tem uma distorção tributária muito grande porque taxa em excesso o consumo e subtributa o patrimônio e a renda. Consequentemente você faz com que os preços no Brasil de diversos bens fiquem majorados em torno de 50%. Então uma pessoa vai comprar um bem, ela está pagando o valor sem os impostos mais 50% de impostos ligados ao consumo. Quando você tem uma tributação mais equilibrada, como nos países desenvolvidos, essa tributação sobre o consumo não excede 30%. Então você tem bens a preços melhores para o consumo da população. Quando você tem imposto sobre grandes fortunas entrando no compto tributário, você permite aliviar uma parte dessa tributação do consumo sem sacrificar a arrecadação pública. E, quando você faz isso, você está tomando medidas pró-crescimento. E medidas pró-crescimento repercutem do ponto de vista fiscal na melhoria da arrecadação e, portanto, na parte mais saudável das finanças públicas.

CC: Na sua opinião, qual deve ser o valor mínimo de patrimônio a ser taxado para que apenas os ricos sejam atingidos?

AK: Há várias propostas em discussão com relação à tributação. Eu acho que você deve isentar uma parcela da população. Com patrimônios de cerca de um milhão de reais você já tira dessa tributação 95% ou 98% da população brasileira. Então essa tributação vai incidir em 2% ou 5% da população. E, ao estabelecer essa tributação, você não precisa colocar alíquotas elevadas, essas alíquotas podem ficar no nível de 1% no máximo e ter, ainda assim, esse potencial de arrecadação que eu falei, com 100 bilhões de reais/ano.

CC: Além de regulamentar o imposto sobre grandes fortunas, Piketty fala ainda na importância de taxar a herança. O senhor concorda?

AK: A tributação da herança é além da questão da tributação das grandes fortunas. É prevista na Constituição e é de fato usada no Brasil. Representa em torno de 4% de tributação sobre o valor da herança. No mundo todo essa tributação é acima de 30%. No Brasil é muito baixo e a razão é a mesma que falei: isso [aumento da tributação] não passa nas assembleias legislativas e não passa no Congresso. Essa alíquota de 4% é uma das mais baixos do mundo. Então se você tivesse uma tributação sobre herança no nível internacional, por volta de 30%, você estaria também aliviando impostos sobre consumo e consequentemente melhorando atividade econômica e arrecadação pública.

CC: Quanto o aumento dessa alíquota sobre a herança poderia gerar a mais de arrecadação? Há alguma estimativa?

AK: Não tem no momento isso. A tributação sobre herança é conhecida como Imposto sobre Transmissão Causa Mortis, imposto que pertence exclusivamente aos estados e, se você aumentasse, melhoraria arrecadação dos estados. Os estados têm poder, independentemente do governo federal, de mudar esse percentual de 4%, mas nenhum governador tem interesse em fazer isso porque nenhum governador representa os interesses efetivos da população na questão tributária.

CC: Em um debate sobre o assunto, o jurista Ives Gandra se colocou contra o imposto sobre grandes fortunas ao justificar que a medida causaria a fuga de grandes patrimônios para outros países ou paraísos fiscais. O senhor acredita que isso pode acontecer? Como regular para que não haja fuga de patrimônio?

AK: Eu queria saber que patrimônio que iria para outros países. E se for, que vá. Será bom até que vá. O que interessa é que o grosso do patrimônio fica no nosso País. E os que pensam que vão lucrar com essa questão de sair do País se enganam porque nos outros países o Imposto de Renda não é tão baixo como aqui, com 27,5%, a alíquota mais baixa do mundo. Em outros países é 40%, 50%, 60%. Então se alguém pensa que vai para outro país para se dar bem...pode ser que exista alguma ilha no mundo, mas talvez não caiba tanta gente.

CC: Quer dizer que a legislação tributária aqui é tão branda quando se trata de patrimônio e renda que em qualquer País os ricos seriam mais prejudicados?

AK: Eu acho que sim. Esse argumento é muito fraco, quase ninguém mais usa ultimamente porque na realidade essa ameaça de que vão sair do País não se concretiza. É muito boa [para os ricos] essa questão tributária. Pessoas que têm mais renda, mais riqueza, são muito bem agasalhas pela legislação do Brasil.

CC: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chegou a fazer uma proposta de imposto sobre grandes fortunas em 1989 recuou dessa ideia há algum um tempo ao dizer que o valor estipulado por ele, anos antes, para servir de linha de corte poderia atingir a classe média. O valor, atualizado, era algo em torno de 940 mil reais. Quase o mesmo que o senhor propõe. Esse valor atinge a classe média?


AK: É uma classe média alta. Se você olhar bem a distribuição de renda, é classe média alta e aquilo que falei sobre 95% da população estar fora disso é real. Então acho que o ex-presidente FHC se engana. É normal ele se enganar quando trata de questões de interesse da população.

Qual congresso temos? Vamos começar a responder com cinco dados importantes:




1 - Em 2014 as 10 maiores empresas que mais financiaram as campanhas ajudaram a eleger 70% da Câmara. Em números reais isso representa 360 dos 513 eleitos/as, segundo estudo do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).

2 - Isso justifica as divisões das bancadas, porque as financiadoras não buscam concentrar seus investimentos (empresa não doa, investe. Empresa cobra depois do resultado os recursos investidos) apenas a um candidato ou a um partido. Elas fatiam. Disso surgem as bancadas da "bala", "ruralista", "evangélica", "bife", "empresarial", dentre outras;

3 - Os dados fazem com que tenhamos a certeza de que o congresso nacional é um retrato desfocado da realidade. Ele é o mais conservador e retrógrado dos últimos tempos.

4 - Por ser o mais conservador e retrógrado, as reformas de base não têm avançado. Aliás, sequer cogitam entrar em discussão, a não ser com emendas que permitam que eles/as (deputados/as, senadores/as e demais comprometidos com as causas antipopulares) continuem sendo privilegiados. Continuará sendo uma utopia as reformas agrária, tributária e política. Como também continuará sendo por muito tempo a democratização da mídia, porque o abraço entre a administração pública e a grande mídia deixa de fora a classe pobre desse país. É ela mídia que constrói discursos como aquele que disse todos os dias nas entrelinhas a por diversas vezes às claras que o impeachment era legal e era, portanto, a saída para a crise econômica. Foi ela que, depois disso passou a construir falas e mais falas para injetar na população que a Pec 241 seria o caminho certo para salvar o Brasil economicamente, mas não dizia uma palavra acerca do desastre que será para os mais pobres caso ela avance no segundo turno na câmara e nos dois turnos no senado mediante cortes de recursos por 20 anos em setores como educação e saúde. É ela que fará textos e falas dizendo que a reforma do ensino médio é boa; que o escola sem partido é bom e que através dele os professores e professoras não mais doutrinarão os alunos. É ela ainda que a mando da elite política que ora comando o Brasil dirá que a reforma da previdência que fará com que trabalhadores/as passem mais tempo contribuindo e demorem mais tempo trabalhando.

5 - É ainda em virtude dos investimentos empresariais que temos um congresso que não representa a realidade brasileira. A formação é composta por homens brancos, velhos e menos feministas do que apontam os dados. Mesmo sendo a maioria da população – 53%, apenas 20% dos eleitos eram negros, se declararam negros.


Congresso Nacional é um retrato desfocada da realidade. Foto: Divulgação.

Deputado favorável a Pec 241 diz a manifestante “quem não tem dinheiro não faz faculdade”



O governo federal tem de cortar gastos com universidade, e o brasileiro que não tiver dinheiro para bancar os estudos não deve ir para a faculdade. O cidadão que reclama do atendimento público precisa cuidar mais da própria saúde para não sobrecarregar o Serviço Único de Saúde (SUS). Esses foram alguns dos argumentos utilizados pelo deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) ao defender a proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos (PEC 241/16), aprovada em primeiro turno na última segunda-feira (10).

Publicado originalmente no Congresso em Foco

As declarações foram dadas na própria segunda-feira, em uma conversa com um grupo de jovens professores que manifestavam na Câmara contra a PEC. A gravação do diálogo ganhou as redes sociais. Marquezelli disse, ainda, que seus filhos vão estudar em universidade porque têm condições de pagar. “Tem que gastar o que tem. O contribuinte brasileiro não aguenta mais pagar (…) Tem de cortar universidade, tem de cortar. O governo vai se preocupar com o ensino fundamental.  Quem puder pagar vai ter de pagar. Meus filhos vão pagar”, declarou.


Os manifestantes insistiram: e quem não tem dinheiro para pagar uma faculdade? “Quem não tem (dinheiro) não faz universidade. Não tem dinheiro não faz. Vai estudar na USP, que é de graça. Vai estudar na USP. Essa é a minha posição. Vai na USP e faz concurso que lá é de graça”, respondeu.

Deputado diz a manifestante "quem não tem dinheiro não
faz faculdade".
O petebista também foi questionado sobre a piora na saúde pública com o congelamento dos recursos para a área a partir de 2018, como prevê a PEC 241. “Se cuida, outro dia vi um cara na rua reclamando com o cigarro na mão que não é atendido. O cara não se cuida. O cara fuma três cigarros por dia…

O interlocutor perguntou se o problema da saúde no país se devia ao fato de brasileiros fumarem. O deputado reagiu com irritação. “Não é isso. Só se o senhor for burro, porque minha posição é clara: falta gestão na saúde, falta gestão na educação. Não adianta forçar a barra que vou votar favorável (à PEC 241). Não estou preocupado com você, estou preocupado com o país”, disse deixando os manifestantes para trás sem se despedir. “Vai bombar nas redes sociais”, afirmou um dos manifestantes.

Produtor de laranja

Em seu sexto mandato na Câmara, Marquezelli é considerado um dos líderes da bancada ruralista. Um dos maiores produtores de laranja do país, ele declarou na última eleição um patrimônio de R$ 12,2 milhões. Um projeto de autoria do deputado, já arquivado, previa a obrigatoriedade da adoção do suco na merenda escolar. Pela proposta, só receberiam verbas da União para programas alimentares os estados e municípios que incluíssem o suco na merenda.

Em 2011, Marquezelli foi o responsável pela elaboração do projeto que reajustou em mais de 60% o seu próprio salário e o dos demais parlamentares. Dessa forma, disse o deputado ao Congresso em Foco à época, os deputados não precisariam mais “fazer bico” para ter uma renda compatível. “Eu acho que ele é condizente com o mandato, eu acho que é justo. Quando o salário era menor, alguns deputados faziam bico. Agora estão se dedicando mais ao mandato.”

Na ocasião, o salário dos congressistas passou para R$ 26,7 mil. Desde o início de 2015, um parlamentar ganha R$ 33,7 mil por mês, fora os demais benefícios atrelados ao mandato, como auxílio-moradia, passagens aéreas, plano de saúde e despesas pessoais.

Ação do PT

Procurado pelo Congresso em Foco para comentar suas declarações, Marquezelli disse que sua fala foi editada e atribuiu a gravação a petistas. “O PT é que está bombando isso aí. Eles estão fazendo isso só contra quem é favorável ao governo atual”, afirmou.

Em nota publicada em seu perfil no Facebook, Marquezelli não citou o vídeo, mas apresentou sua justificativa para apoiar o teto dos gastos público. “Volto a repetir, sou favorável a uma educação de qualidade e contra subsídios do Estado para quem pode e deve pagar por sua instrução”, escreveu.

Leia a íntegra:

Nota do Deputado Nelson Marquezelli sobre seu posicionamento favorável a votação da PEC 241.

O Estado não pode gastar mais que arrecada.

Defendo a gratuidade para a população de baixa renda em instituições públicas, mas subsidiar a quem tem condições de pagar a universidade sou totalmente contra.

O ajuste da PEC não retira nenhum centavo para educação e saúde, mas por outro lado a aprovação da matéria possibilita um freio em orçamentos inflados, aumentos irreais e expectativas financeiras que destruirá a previdência pública.

O Brasil precisa ter a responsabilidade de administrar o dinheiro público com profissionalismo e retidão.

Remédios amargos são necessários para um momento difícil da economia nacional.

Volto a repetir, sou favorável a uma educação de qualidade e contra subsídios do Estado para quem pode e deve pagar por sua instrução.”

Brasil é o país que mais mata negros e LGBTs, aponta dados do Ministério da Justiça



Você certamente deve imaginar que o Brasil é mais perigoso para os negros do que para os brancos viverem. Mas, como tudo na vida, precisamos de dados e estáticas para tirar esse realidade do campo da imaginação e projetá-la diante dos nossos olhos. E nós temos!

Publicado originalmente no Ceert

Segundo o Ministério da Justiça, jovens negros têm 2,5 mais chances de morrer assassinados do que os jovens brancos no país.

Esse número estarrecedor fica ainda pior quando olhamos para os índices por estados. Na Paraíba, por exemplo, que é o primeiro do ranking, um jovem preto ou pardo tem 13,4 mais chances ser vítima de homicídio do que um branco.

Dados assustadores comprovam: Brasil é o país que mais mara negros e LBBTs. Foto: Super Pride
Por lá, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes é de 8,6 para os brancos e de 115,4 para os negros. Para não haver distorções, a conta leva em consideração a quantidade de habitantes negros e brancos em cada estado.

Outros estados do Nordeste aparecem no topo da lista, como Pernambuco (11,57) e Alagoas (8,75). Na outra ponta está o Paraná, única unidade da federação em que os brancos morrem mais do que os negros (índice de 0,66). Um lugar em que as taxas de homicídios de negros e brancos fossem iguais teria um resultado igual a 1.

Os números fazem parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Ministério da Justiça. O estudo usou dados de 2012 e considera pessoas de 12 a 29 anos.

Além do chamado “risco relativo de homicídios entre negros e brancos”, o índice leva em consideração indicadores de mortalidade, frequência à escola, situação de emprego, pobreza e desigualdade.

Com exceção do risco relativo, que é calculado com base nas taxas de homicídios de negros e brancos, todos os demais indicadores seguem uma escala de 0 a 1, sendo que quanto maior o valor, maior a vulnerabilidade.

Agora, imagina uma pessoa que, além de ser negra e viver nessas localidades, também é homossexual. É, caro leitor, o Brasil também mata seus cidadãos LGBT. Um a cada 28 horas, segundo dados do GGB (Grupo Gay da Bahia)! E quando o racismo e a homofobia se cruzam, os crimes são potencializados nos colocando no topo do ranking de países que mais mata homossexuais e travestis no mundo.


E é exatamente sobre racismo e homofobia que falamos no novo vídeo do Põe na Roda. Convido você à assistir essa edição mais do que especial do Sauna Justa, o nosso quadro de bate-papo (cabeça).