25 anos da Constituição Federal de 1988: Avanços e Desafios*



Falar do documento base para o efetivo sustento da democracia ao qual estamos vivenciando nos leva a tomar uma posição através de análises reflexivas. Será mesmo que vivenciamos uma democracia aos moldes do pregado na Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988? Será que os direitos e os deveres impregnados nas páginas dessa carta magna estão sendo levados em consideração? E como anda a liberdade de expressão, um dos pilares para uma boa convivência social? O racismo, senhores e senhoras, em que pé está? Vivemos mesmo em uma sociedade onde impera uma democracia racial ou isso é só um mito alimentado para manter a supremacia de seres que se julgam superiores por não terem uma pele negra? O Voto é um direito ou uma obrigação?

Sem termos a pretensão de respondê-las por completo e muito menos de esgotar o assunto, podemos dizer que o surgimento das Constituições marcou definitivamente a mudança do Estado absoluto para o Estado liberal. Elas possuem na sua origem a reação ao autoritarismo e passam a representar uma proteção do indivíduo frente ao Estado. Na atualidade constitucional, à defesa dos indivíduos somaram-se questões sociais, culturais, políticas, econômicas e ambientais de grande abrangência que necessitam ser enfrentadas e demandam importantes decisões que a todos afetam, mas nem todos enfrentam e lutam por tais questões. Nas sociedades com pouca experiência democráticas, caso em que se inclui o Brasil, a assimilação da linguagem dos direitos e a configuração do Estado democrático de direito ainda representa um doloroso e imenso desafio.

Neste ano a república federativa do Brasil, instaurada em 15 de novembro de 1889, passa pelo seu 25º aniversário de sua atual Constituição, não sem razões, chamada de Constituição Cidadã, afinal de contas representou o passo decisivo na construção de um novo caminho rumo à democracia para a sociedade recém-saída de um regime autoritário – a ditadura civil militar (que ainda hoje assombra muita gente, pois deixou marcas profundas, de difícil esquecimento). Os avanços foram e continuam sendo significativos. Houve uma ampliação significativa da participação da população em pleitos eleitorais livres e competitivos. Com o processo de redemocratização em andamento, o legado autoritário começou, aos poucos, ser desconstruído e a expectativa, naquela oportunidade, era de que as transformações reais poderiam ser conquistadas pela atuação das forças democráticas. Assim, a sociedade ganhou um novo ânimo e um novo direcionamento e passou a contar com um instrumento poderoso para suas transformações.

A principal lição que se pode tirar de mais duas décadas de constituição é que a democracia, pilar da Carta Magna de 1988, é um processo e como tal, precisa ser constantemente desenhado, apagado e redesenhado para que não se corra o risco de se voltar ao autoritarismo. Ela é, não sem razão, uma construção permanente que exige muito mais que uma simples atuação legitimada a partir das representações político partidárias. Tão necessário quanto à inscrição no papel é o passar da letra da lei para a praticidade, ou seja, para a efetividade da vida social exigindo forte pressão e mobilização política da sociedade, principalmente da juventude que sempre teve um papel de destaque nos rumos que o pais tomou e que agora está adormecida. A própria constituição é um ato, diríamos ainda inacabado. É um processo no qual ainda estamos inseridos e que precisamos buscar formas que possam ir ao encontro dos direitos que esta Constituição reconhece e assegura.

É digno de registro, por tanto, que o nosso objetivo maior com o tema proposto nesta casa é buscar aprofundar nossa compreensão sobre esse processo, vindo a analisar os limites, os avanços e os desafios da prática política e do desenho institucional construído nestes 25 anos sob o comando do tratado formulado em 1988.

Plenário da Câmara nesta terça, 05.
Foto: Júnior Carvalho.
É notório que discutir os avanços, os limites e os desafios advindo a partir da construção e promulgação dessa Constituição em análise não é novidade. Mas esse próprios avanços e desafios não são tratados da mesma forma. Eles não são os mesmos. Porque a história nos ensina algo muito importante. O quem fala, para quem fala e como se fala. Assim, um avanço para alguns, para nós pode não ser. Pensando pelos polos políticos, pelas duas faces que estamos acostumados a perceber – Esquerda, Direita, ou melhor Situação e Oposição, têm olhado para trás e feito um balanço do processo da nossa atual Constituição.

No entanto, como somos opinião pública, somos sociedade, vamos analisar esse fato do ponto de vista dos movimentos sociais e das classes menos favorecidas. Aqui, é notório que a Constituição foi responsável por avanços a partir das lutas dos anos 1980, mas ao mesmo tempo com limites vindos da conjuntura difícil da década posterior e principalmente da ausência de regulamentação de uma série de princípios postos na Carta Magna. Assim, podemos apontar enquanto avanços os princípios adotados e escritos no nosso sétimo documento pós-independência política, porém não foram ainda implementados, como por exemplo, a reforma agrária, a democratização da comunicação, o respeito ao estado laico, dentre outros. Quanto aos que ela conseguiu complementar – A volta das eleições diretas para os cargos de presidente, governadores prefeitos (onde o povo voltou a ser senhor de seus atos), o assegurar aos analfabetos o deito ao voto, o fim da censura aos meios de comunicação e a implementação do direito e deveres do cidadão.

Finalizamos afirmando que são muito mais desafios a ser enfrentados e superados nesses 25 anos de Constituição do que propriamente avanços. Por que são nos próprios avanços que se encontram os desafios. Não basta simplesmente está no papel. É preciso colocar em prática. Não é suficiente está no papel, faz-se necessário ter ações e meios que possam assegurar esses avanços. Por outro lado, o que mais dificulta esse processo é a falta de conhecimento das pessoas e por políticos partidários dessa carta, o que acarreta o desrespeito a ela. Até mesmo os próprios avanços precisam ser revisto. Será mesmo que em uma sociedade democrática colocar o voto como obrigação é sinônimo de democracia? Será que em uma sociedade que foi construída por negros e esses negros ainda ocupam poucos espaços no poder é democrática? Será que em uma sociedade onde há uma diversidade de religiões e outros que não as tem, mas impera nos espaços de poder (escolas, câmara estaduais e municipais) o catolicismo e o protestantismo, pode ser chamada de democrática?

Por tanto, a sociedade precisa se voltar para temas dessa natureza. Ela precisa conhecer afundo o documento que assegura seus dinheiros e lhe coloca deveres. As escolas, as universidades e os nossos representantes políticos também precisam estar mais atentos, buscar conhecer a Constituição e refletir sobre o seu processo.

*Artigo apresentado na Sessão Plenária da Câmara Municipal de Altaneira, em 05 de Novembro de 2013

Rede Globo, fantástico é o seu racismo!



"A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil", deveras sentenciou Joaquim Nabuco. Mas na versão global, ironicamente "inteligente", ele diz: "O Brasil já é um país mestiço! E não vamos tolerar preconceito!".

Nas últimas semanas escrevi dois textos sobre a relação entre meios de comunicação, publicidade e humor e a prática de racismo, o primeiro provocado por uma peça publicitária de divulgação do vestibular da PUC-PR e o segundo por conta de um programa de humor que ridicularizava as religiões de matriz africana. Hoje, graças À Rede Globo de televisão, retorno ao tema.

Neste domingo 3 de novembro o programa Fantástico, em seu quadro humorístico "O Baú do Baú do Fantástico", exibiu um episódio cujo tema é muito caro para a história da população negra Brasil.

Passado mais da metade do programa, eis que de repente surge a simpática Renata Vasconcellos. Sorriso estonteante ainda embriagado pela repentina promoção: "Vamos voltar no tempo agora, mas voltar muito: 13 de maio de 1888, no dia em que a Princesa Isabel aboliu a escravidão. Adivinha quem tava lá? Ele, o repórter da história, Bruno Mazeo!"


O quadro, assinado por Bruno Mazzeo, Elisa Palatnik e Rosana Ferrão, faz uma sátira do momento histórico da abolição da escravidão no Brasil. Na “brincadeira” o repórter entrevista Joaquim Nabuco, importante abolicionista, apresentado como líder do movimento “NMS – Negros, mulatos e simpatizantes”!

Princesa Isabel também entrevistada, diz que os ex-escravos serão amparados pelo governo com programas como o “Bolsa Família Afrodescendente”, o “Bolsa Escola – o Senzalão da Educação” e com Palhoças Populares do programa “Minha Palhoça, minha vida”!

“Mas por enquanto a hora é de comemorar! Por isso eles (os ex-escravos) fazem festa e prometem dançar e cantar a noite inteira…” registra o repórter, quando o microfone é tomado por um homem negro que, festejando, passa a gritar: “É carnaval! É carnaval!”

O contexto

Não acredito que qualquer conteúdo seja veiculado por um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, apenas por um acaso ou sem alguma intencionalidade para além da nobre missão de “informar” os milhões de telespectadores, ora com seus corpos e cérebros entregues aos prazeres educativos da TV brasileira em suas últimas horas de descanso antes da segunda feira – “dia de branco”.

E me perguntei: Por que – cargas d’água, a Rede Globo exibiria um conteúdo tão politicamente questionável? O que teria a ganhar com isso? Sequer estamos em maio! Que “gancho” ou motivação conjuntural haveria para justificar esse conteúdo?

Bom, estamos em novembro. Este é o mês reconhecido oficialmente como de celebração da Consciência Negra. É o mês em que a população  a f r o d e s c e n d e n t e  rememora, no dia 20, Zumbi dos Palmares, líder do mais famoso quilombo e personagem que figura no Livro de Aço como um dos Heróis Nacionais, no Panteão da Pátria. Relevante não?

Estamos também na véspera da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, que começa nesta terça, dia 5 e segue até dia 7 de Novembro, em Brasília, momento ímpar de reflexão e debates sobre os rumos das ações governamentais relacionadas a busca de uma igualdade entre brancos e negros que jamais existiu no Brasil. Isso somado à conjuntura de denúncia de violência e assassinatos que tem como principais vítimas os jovens negros, essa Conferência se torna ainda mais importante.

Voltando ao Fantástico, evidente que há quem leia as cenas apenas como um mero quadro humorístico e como exagero de “nossa” parte. Mas daí surge novas perguntas:

Um regime de escravidão que durou 388 anos; Que custou o sequestro e o assassinato de aproximadamente 7 milhões de seres humanos africanos e outros tantos milhões de seus descendentes; e que fora amplamente denunciado como um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos, deve/pode ser motivo de piadas?

Quantas cenas de “humor inteligente” relacionado ao holocausto; Ou às vítimas de Hiroshima e Nagasaki; 

Ou às vítimas do Word Trade Center ou – para ficar no Brasil – às vítimas do incêndio na Boate Kiss, assistiremos em nossas noites de domingo?

Ah, mas ex-escravizados festejando em carnaval a “liberdade” concebida pela áurea princesa boazinha, isso pode! E ainda com status de humor crítico e inteligente.

Minha professora Conceição Oliveira diria: “Racismo meu filho. Racismo!”.

A democratização dos meios de comunicação como forma de combate ao racismo

Uma das tarefas fundamentais dos meios de comunicação dirigidos pelas oligarquias e elites brasileiras tem sido a propagação direta e indireta – muitas vezes subliminar, do racismo. É preciso perceber o que está por trás da permanente degradação da imagem da população negra nesses espaços. Há um pensamento racista que é, ao mesmo tempo, reformulado, naturalizado e divulgado para a coletividade.

A arte em forma de publicidade, teledramaturgia, cinema e programas humorísticos são poderosos instrumentos de formação da mentalidade. O que vemos no Brasil, infelizmente, é esse poder a serviço do fomento a valores racistas e preconceituosos que, por sua vez, gera muita violência. A democratização dos meios de comunicação é fundamental para combater essa realidade. No mais, é preciso cobrar do governo federal e do congresso nacional: O uso de concessão pública para fins de depreciação, desvalorização e prática do racismo, machismo, sexismo, homofobia e todos os tipos de discriminação e violência não são suficientes para colocar em risco a concessão destes veículos? Por que Venezuela, Bolívia e Argentina, vizinhos latino-americanos, avançam no sentido de diminuir a concentração de poder de certos grupos de comunicação e no Brasil os privilégios para este setor só aumentam?

Tantas perguntas…


“Apoiar a greve dos professores é um ato de SOLIDARIEDADE”, disse o professor Fábio José



A Universidade Regional do Cariri – URCA pode entrar mais uma vez em greve.  Se o ato se confirmar essa será a segunda vez em menos de dez anos. 

Após alguns dias de Assembleias próprias entre a classe de professores, entre a classe estudantil, ontem (04) foi a vez dos servidores técnico-administrativos que, segundo o professor de História, Darlan Reis Jr, decidiram apoiar a greve e por unanimidade decidiram pela criação de um Comando de Greve do Cariri.

Professor Fábio José discutindo no pátio da URCA sobre
a greve dos professores. Foto: Professor Darlan Reis.
O professor de História, Fábio José discorreu sobre o assunto nesta segunda-feira, 04 no pátio da Universidade. Na oportunidade, os alunos que já aderiram a greve e os que ainda não, além de professores se fizeram presentes.  Dentre os pontos levantados a luta por concurso público para professor efetivo, funcionários técnico-administrativos e melhorias em infraestrutura. 

Darlan publicou em seu perfil da rede social facebook que Fábio afirmou “apoiar a greve dos professores é um ato de SOLIDARIEDADE. Solidariedade entre os professores das 3 universidades estaduais do Ceará, solidariedade com funcionários e estudantes que defendem essas universidades. A luta é justa e correta, e mesmo que entrar em greve fosse errado (e não é!!!), o importante é marcharmos juntos do que ficar sozinho achando-se o dono da verdade”.

Darlan Reis foi enfático ao mencionar os motivos pelo qual os professores decidiram deflagrar a greve. “Se existem problemas internos na URCA que devem ser resolvidos em âmbito interno, quero só lembrar que a categoria dos professores vai deflagrar a greve por causa dos problemas que só o governo do Estado pode resolver. Eu não quebro a Dedicação Exclusiva, eu não dou aula em esquema privado, eu não falto o serviço, eu não estabeleço novas rotinas cada vez mais burocráticos e nem ocupo cargos na atual administração. O pessoal que está no poder hoje, deveria resolver algumas questões internas, antes de publicamente dizer que ‘greve é ruim’.

Greve é ruim, mas é necessária, porque é a arma legítima dos trabalhadores. Vão sugerir o que no lugar da greve? Uma romaria? Uma oração de joelhos????”, publicou ele.

Océlio Teixeira, docente da URCA lamentou o fato da maioria dos discentes não apoiarem a greve: “Os funcionários técnico-administrativos da URCA decretaram greve. Os professores, provavelmente, farão o mesmo, hoje, 5/11. A UECE está em greve. As universidades estaduais continuam com graves problemas. O irmão do governador chamou os discentes de Iguatu de babacas... E a maioria dos alunos de história é contra a greve?!?!? Com todo respeito aos que tem essa posição, mas creio que está faltando uma leitura mais profunda e mais crítica da realidade. E, talvez, parte da culpa seja de nós professores que não fomentamos esse debate no curso”.

A URCA encontra-se em estado de greve e nesta terça-feira, 05, haverá outra assembleia dos professores objetivando deflagrar a greve que foi votada no último dia 31 de outubro, obedecendo a um prazo legal.



Portuguesa goleia e não enxerga ninguém a sua frente



A Portuguesa (foto ao lado) continua com a artilharia em perfeito estado e segue firme e forte na liderança do 15º Campeonato de Futebol Amador de Altaneira.  O Caixa D’Água segue na cola, mas distante. O mesmo não se pode dizer das demais equipes que também buscam a liderança, caso de Maniçoba e Juventude.

Nesse sábado, 02, pela 3ª rodada, a lusa altaneirense não tomou conhecimento do fraco Chelsea e chegou a balançar as redes do adversário em cinco oportunidades. Marcaram para a portuguesa Orlando e Preto, duas vezes cada e Valberto .

Ainda no sábado, o Juventude parou diante de um Serrano em boa fase e que necessitava de uma vitória em casa para continuar na luta por uma vaga nas semifinais. Fizeram para o time da Serra do Valério Wilson e Pedrinho. Com o resultado satisfatório, o Serrano fica apenas a um ponto do quarto colocado - o próprio Juventude que tem 14 pontos. 

No domingo, 03, em um jogo sonolento, Maniçoba e São Romão, na sede, não saíram de um magro empate por 1 x 1. Cristiano marcou para os maniçobanos e Antonio para o time do distrito. Essa é a segunda partida sem vitória da equipe que ora ostenta a terceira posição no campeonato.

O Caixa D’Água segue de forma distanciada na cola da lusa altaneirense. Mesmo jogando dentro dos seus domínios o Vila Rica não conseguiu parar o Caixa que venceu por 4 x 1. Balançaram as redes do time da do Vila Jefferson, Erlandio, Ivanildo e Clodoaldo. Raimundo deu números finais ao jogo, vindo a descontar para os vilariquenses.

Confira a classificação

1 – Portuguesa –  26 Pts
2 – Caixa D’Água – 19 Pts
3 – Maniçoba – 16 Pts
4 – Juventude - 14 Pts
5 – Serrano – 13 – Pts
6 – São Romão – 11 – Pts
7 – Chelsea – 08 Pts
8 – Vila Rica – 04 Pts

Catolicismo perde espaço no Brasil



Padre Alberto e fieis em procissão de São José.
O número de brasileiros que se declaram católicos continua em queda.

Nos últimos 20 anos a diminuição desse contingente no total da população do país foi aproximadamente 22%.

Em 1991, oito em cada dez brasileiros se diziam pertencentes ao catolicismo; em 2010, pouco mais de seis fizeram a mesma afirmação.

Por outro lado, os grupos evangélicos, que passaram de 9% em 1991 para 22,2% em 2010, são os que mais cresceram no mesmo período. Somente na última década foi observado um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas que se declararam evangélicas.

A constatação faz parte do Censo Demográfico 2010 - Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiência, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O documento traz informações do perfil religioso da população brasileira, além de dados sobre a distribuição espacial das pessoas com deficiência, sua estrutura por idade, escolaridade e inserção no mercado de trabalho.

Igrejas evangélicas que mais crescem

Entre os evangélicos o grupo que mais cresce é o dos pentecostais, que inclui as igrejas Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular, Maranata e Nova Vida.
Em 2010, seis em cada dez evangélicos e um em cada dez brasileiros já declaravam frequentar essas igrejas.

Por outro lado, o número de evangélicos de missão ou tradicionais, como luteranos, presbiterianos, metodistas, batistas e congregacionais, ficou estável e correspondia, em 2010, a 18,5% dos evangélicos e a 4,1% dos brasileiros.

"Com certeza, 80% dos que deixam de ser católicos se tornam evangélicos pentecostais, principalmente em função de essas igrejas contarem com uma linguagem mais urbana, mais metropolitana, própria dos nossos tempos", explicou Cláudio Crespo, pesquisador do IBGE.

Esse movimento é liderado pela igreja Assembleia de Deus, que foi a que mais cresceu entre 2000 e 2010, passando de 8,4 milhões para 12,3 milhões de fiéis.

Além disso, o documento mostra que a Igreja Universal do Reino de Deus - integrante também do grupo das pentecostais - perdeu quase 300 mil adeptos, passando de 2,1 milhões para 1,9 milhão na última década.

Religião, renda e educação

Outra informação revelada pelo IBGE é a distribuição religiosa por classe social.

Os evangélicos pentecostais são o grupo com a maior proporção de pessoas na classe de rendimento até um salário mínimo (63,7%), seguido dos sem religião (59,2%). Entre os católicos, 55,8% estavam concentrados nessa faixa.

No outro extremo, aparecem os espíritas, que têm 19,7% dos adeptos nas classes de rendimento acima de cinco salários mínimos. Esse grupo religioso também é o que tem a maior proporção de pessoas com nível superior completo (31,5%) e os menores percentuais de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%).

Os espíritas apresentam ainda a taxa de alfabetização mais elevada (98,6%). A média para o país é 90,6%.

O documento também revela que a proporção de católicos foi maior entre as pessoas com mais de 40 anos, chegando a 75,2% no grupo com 80 anos ou mais. A idade média mais elevada é dos espíritas, 37 anos; e a mais baixa, do grupo sem religião, 26 anos.

Religião por região

Em relação à distribuição espacial da população evangélica, há uma concentração que acompanha a expansão da fronteira agrícola e o litoral do Sudeste, revelando uma influência dos deslocamentos populacionais.

"As igrejas pentecostais crescem com bastante vigor nas regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo muito em função da migração de fluxos vindos do Norte e do Nordeste", acrescentou.

A redução no percentual de católicos ocorreu em todas as regiões, tendo sido mais intensa no Norte, berço da igreja Assembleia de Deus (de 71,3% para 60,6%), enquanto os evangélicos aumentaram sua representatividade nessa região, de 19,8% para 28,5%.

Entre os estados, o menor percentual de católicos foi encontrado no Rio de Janeiro (45,8%) e o maior no Piauí, com 85,1%.

Imagem capturada de um vídeo postado no youtube em
2012 por Wanderley Oliveira referente
 a última novena.
Outras religiosidades

O IBGE também detectou uma forte expansão dos espíritas, que passaram de 1,3% para 2%, somando 3,8 milhões em 2010.

O conjunto pertencente a outras religiosidades, cresceu de 1,8% para 2,7%, totalizando pouco mais de 5 milhões de brasileiros. Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% ao longo da década, representando quase 590 mil pessoas.

Os que se declararam sem religião subiram de 7,4% para 8%, ultrapassando os 15 milhões.

Ateus

Cláudio Crespo, destacou o fato de esta ser a primeira vez que se identifica um contingente de ateus.

Ao todo, 615 mil brasileiros se declararam ateus, o que corresponde a 4% do grupo sem religião. O pesquisador do IBGE explicou que esse número pode ser maior, já que a declaração nessa subdivisão foi feita espontaneamente, sem que houvesse um campo específico.

Ele lembra também que, embora a tradição cristã seja forte no país, há um convívio com grupos minoritários.

"Uma coisa que chama a atenção no campo religioso no Brasil, diferentemente de muitos países, é a pluralidade religiosa. Apesar da hegemonia dos grupamentos cristãos, que representam 88,8% da população, a própria lista do censo é um exemplo desse convívio com grupos minoritários. O país, embora tenha raízes na sua colonização, influências regionais em função da ocupação e das migrações, tem também uma diversidade religiosa bastante significativa e isso é importante em um contexto em que há uma maioria definida", destacou.

Via Agência Brasil