“Golpe comunista 2014 no Brasil” tem quase 50 mil confirmados



Criada para satirizar o temor de determinados setores conservadores da sociedade, segundo os quais o Brasil estaria à beira de uma ditadura comunista, o evento “Golpe Comunista 2014 no Brasil” passou hoje de 48 mil pessoas com “presença confirmada” no Facebook.

Em meio a uma série de reclamações sem nexo contra a vinda dos médicos cubanos ao Brasil, a internet mais uma vez mostra ser o caminho mais eficaz contra as posições alarmistas e conservadoras de parte da grande imprensa.

O evento foi criado pela página Golpe Comunista 2014. Desde sua criação, a página do evento vem abrigando dezenas de enquetes bem-humoradas de seus participantes confirmados, tais como:

Capa de iPhone com o Che Guevara, comprar ou não comprar?
A) Claro! Dá pra xingar muito no Twitter com estilo!;
B) Lógico! Hay que revolucionar pero sin perder la fofura;
C) Não, prefiro uma com a foto do Kim Jong Un

Que traje usar no golpe?
A) Todo mundo nu!!
B) Uniforme da FFLCH
C) Se for homem, ir de saia

Depois dos médicos, o que mais iremos importar de Cuba?
A) Mecânicos de carro vintage
B) O cirurgião plástico do Zé Dirceu
C) Blogueiros

Qual será o nome da moeda após a libertação?
A) Dilmas
B) Moeda é coisa de burguês! Viva o escambo!
C) Companheiros

O que faremos se 100 mil pessoas confirmarem presença?
A) Faremos um LENINGRADO shake. Harlem é um bairro estadunidense e imperialista.
B) Faremos um Harlem Shake.
C) Vamos dar as mãos. 1, 2, 3! Quem errar o passo, perde a vez

O que faremos com o Facebook?
A) Mudar a opção “curtir” para “apoiado camarada”
B) Mudar o nome para “Rede Social… ista”
C) Mudar o fundo para vermelho

Confira aqui a página do evento.


Via Pragmatismo Político

Política Partidária venceu as ruas



Já era previsível que, entregue ao comando de Michel Temer e José Eduardo Cardozo, a proposta de plebiscito para Reforma Política fosse derrotada.

Travar uma batalha com dois “generais” não apenas temerosos como, no fundo, aliados do adversário não pode, nunca, resultar em vitória.

A presidenta Dilma Rousseff, desde o primeiro momento, tendeu a seguir a inspiração democrática de seu pensamento. Jamais tratou como “inimigas” as manifestações de rua.  Ao contrário, não apenas as entendeu  expressão democrática da população como, também, enxergou-as como um potencial motor das transformações de que o país precisa.
Dilma quis, com o plebiscito da Reforma Política, tentar sanear o pântano da politicagem e do corporativismo dos políticos e dos partidos, no qual sente seu governo e o próprio projeto de desenvolvimento com justiça social do país, atolar-se.

Não há hoje, no Brasil, dois maiores freios ao progresso econômico e à distribuição equitativa da renda do que a chamada “classe política” e a mídia. A primeira cobra, pelo seu indispensável apoio parlamentar e eleitoral, o preço de um fisiologismo imobilizante.  Exige do governo nacos da administração, no que não haveria problemas se esta ocupação fosse solidária no projeto do Brasil que emergiu das urnas.  Mas não é: trata-se da pior tradição das oligarquias políticas brasileira, a de adonarem-se dos cargos como “propriedades privadas”, convenientes à sua engorda político-eleitoral, e , algumas vezes, patrimonial.

A mídia, por sua vez, não consegue entender qualquer tipo de governante que não seja dócil ao modelo colonial de nossa economia; que não zele, prioritariamente, pela drenagem da riqueza nacional e dos frutos do trabalho do povo brasileiro. Não conseguem conceber senão uma nação inviável nos tempos modernos, irremediavelmente dividida entre uma elite esnobe e perdulária e uma massa popular desprovida de tudo, desde que essa esteja distante dos seus olhos.

O plebiscito proposto pela presidenta Dilma Rousseff caiu diante dessas forças, com o auxílio institucional de parte “nobreza” administrativa para qual tudo que se refere ao povo não é prioridade nem justifica esforço ou abandono de privilégios .

Claro que isso não exime o governo e a própria Presidenta da República dos erros políticos na condução dessa proposta.

Não basta ter ideias generosas, é preciso ter a forma adequada e disposição indispensável para implementá-las.

Se a presidente formulou e decidiu praticamente só por este apelo à cidadania para transformar as instituições políticas, não poderia, ainda que também só, deixar de se dirigir ao povo brasileiro, de forma direta e clara. A população, na sua sabedoria inata, sentiu que o plebiscito era sua chance de reformar a política nesse país. Tanto é assim que, mesmo sem o esclarecimento das lideranças, nas quais confia e às quais apoia, que emprestou o apoio de quase 70% à tese plebiscitária.

Se houvesse a comunicação direta entre a presidenta e essa população sequiosa por mudanças, políticos e mídia não teriam chance de retalhá-la e, finalmente, destrui-la.

Reforma Política, se vier, agora será aquilo que já se previu aqui. Um nada e um nunca.
Essa derrota não é o fim do governo Dilma, nem de sua reeleição e muito menos do projeto político de transformação desse país.

Mas é o epílogo inglório da ideia de que podemos mudar o Brasil apoiados numa geleia amorfa de sustentação política, num saco de gatos (e ratos) onde nada pode prosperar sem ser mutilado, emasculado e moído em uma máquina de preservar privilégios e atraso político.

Lula, há alguns anos, percebeu que precisava, sem lançar fora as suas composições conservadoras, dar prioridade a sua comunicação direta com o povo brasileiro, e nele sente e entende  a corporificação dos seus anseios e direitos. Falem o que falarem os teóricos petistas, é assim que os povos transformam os líderes em suas lanças, como fizeram os brasileiros, 60 anos atrás, com Getúlio Vargas.

E não há, em nossa história, nenhum líder que tão próximo tenha chegado da figura getuliana do que Luís Inácio Lula da Silva.

Dilma, enfraquecida, não terá – se desejar ser o que sempre foi e continuar a ser presidenta do Brasil – outra alternativa se não a de buscar o diálogo pessoal com o povo brasileiro. As estruturas políticas de articulação do seu governo estão anuladas ou, pior, apodrecidas. Precisa, indispensavelmente, mudar o seu ministério e a sua comunicação. Sem demérito pessoal para quem quer que seja, pontos vitais de sua administração estão ocupados por pessoas que não apenas perderam a combatividade como, diversas delas, se entregaram ideologicamente à elite conservadora brasileira.

O povo deste país vive uma intensa decepção. Assim como entendeu que o plebiscito era o seu caminho, sabe também instintivamente que esta porta lhe foi fechada, praticamente sem resistência daquela que a abriu.

A força do povo porém, para o desespero da direita, é como rio que, quando lhes fecham os canais, se acumula, e leva , se avoluma para, cedo ou tarde, transbordar ruidosamente, como fez no mês passado.

Quem tem a ilusão de que possa ser diferente, deveria lembrar-se que já agora escapou com a água pelo pescoço.

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Via Tijolaço

Em Fortaleza e no Rio, manifestantes protestam contra a Globo e o monopólio da mídia






Um grupo de pessoas do Centro de Estudos de Mídia Barão do Itararé, no Rio, se reuniu e conseguiu realizar uma manifestação para protestar diante da TV Globo, na rua Lopes Quintas, Jardim Botânico, por causa da sonegação fiscal de milhões de reais na compra dos direitos da Copa de 2002 e pela proposta de lei de iniciativa popular de democratização da mídia. Como já era de se esperar o evento foi vigiado de perto por seguranças/policiais não identificados, mas não foi divulgado.

“Foi uma manifestação pacífica, mas com muito sangue nas veias! Não quebramos nada, mas xingamos. Ah, como xingamos! Imagine mil pessoas na porta da Globo mandando o Merval e Jabor pra aquele lugar. Imagine mil pessoas ouvindo discursos sobre o mensalão que a Globo levou dos Estados Unidos para apoiar o golpe de 64. Imagina mil pessoas exigindo que o Ministério Público investigue a sonegação bilionária da Vênus Platinada”, era o que ecoava entre os que protestavam.
Evento diante da TV Verdes Mares, afiliada da Globo em
Fortaleza. Foto divulgada por Daniel Pearl Bezerra

O microfone era aberto. Qualquer um que se inscrevia, podia falar, caracterizando o caráter genuinamente democrático da manifestação. Diferente de algumas recentes onde só diretores de Ongs tem voz…

Importante: foi uma manifestação com foco. Uma coisa é reunir 20 mil pessoas numa manifestação esquizofrênica, com um grupo pedindo a volta da ditadura, outro pedindo o anarquismo, outro espancando militantes partidários, outro pedindo socialismo, outro pedindo “bolsa Louis Vitton”. Não. Eram mil pessoas com um foco: protestar contra a Globo, contra o monopólio da mídia.
O refrão mais cantado foi o mesmo que esteve presente nas grandes manifestações, mas que a grande mídia, naturalmente, escondeu:
“A verdade é dura! A Globo apoiou a ditadura!”
Claudia de Abreu, coordenadora da Frente Ampla pela Liberdade de Expressão (Fale-Rio), um dos movimentos sociais que lideram os debates sobre democratização da mídia no estado do Rio, fez belíssimos discursos, sempre pontuando que não estávamos ali para uma catarse emocional, mas preparando ações concretas para acabar com o monopólio da grande mídia.
Miguel do Rosário, do O Cafezinho, arguiu que a ficha criminal da Globo vai muito além dessas estrepulias em paraísos fiscais. “A Globo cometeu crimes históricos contra o Brasil. Lutou contra a criação da Petrobrás. Fez parte do golpe que levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente, com dinheiro estrangeiro de um lado, e de golpistas internos, de outro, sobre o cadáver da nossa democracia. Essas coisas têm de ser ensinadas no colégio, para que nossas crianças, adolescentes e jovens parem de sofrer lavagem cerebral dos platinados”, completou.
Quantos milhões de brasileiros não deixaram de se alimentar porque a Globo patrocinou e sustentou um golpe de Estado que interrompeu o processo de modernização democrática que apenas se iniciava com João Goulart?
Quantos milhões de brasileiros foram humilhados pela miséria, pela fome, pela falta de escolas, hospitais e emprego, para que a família Marinho se tornasse uma das mais ricas do mundo!
O ministro Paulo Bernando também foi alvo dos manifestantes. Todos muito indignados com a gestão reacionária, entreguista e covarde do Ministério das Comunicações. Sua recente entrevista a Veja, tentando dar uma facada nas costas dos movimentos que defendem a democratização da mídia, foi a gota d’água. A incompetência da ministra Helena Chagas que não propõe à presidenta a abertura de uma mísera conta de twitter, deixando a direita midiática pautar a agenda política nacional, também foi muito questionada pelos manifestantes.
O momento alto do evento foi quando centenas de pessoas levaram uma fita listrada e “lacraram” a Rede Globo, numa alusão ao que a Polícia Federal costuma fazer com as pequenas rádios comunitárias acusadas de alguma mísera irregularidade burocrática. A Globo pode dever bilhões, pode fraudar, e ninguém faz nada. Os manifestantes fizeram simbolicamente. Lacraram a TV Globo.
A quantidade de policiais era impressionante. Havia mais PM na porta da Rede Globo do que protegendo a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro naquela manifestação que terminou em depredação da Alerj. Mais do que em frente à sede do governo. A gente conversou com o major, explicamos o programa da nossa manifestação e nos comprometemos a não deixar nenhum “infiltrado” cometer atos de violência. Mas fizemos questão de pontuar, ao microfone, que o pior vandalismo no Brasil vem das Organizações Globo. Um vandalismo informativo, moral e político. Alguns garotos irresponsáveis quebraram alguns vidros da Alerj. Depredaram uma ou duas cadeiras. A Globo, ao apoiar o golpe de 64, ajudou a destruir os alicerces de todas as assembléias legislativas do país, inclusive da principal, em Brasília.
Houve muitas cantorias. Uma das mais fortes, mais emocionantes, foi “Amanhã vem mais! Amanhã vem mais! Amanhã vem mais!”, que deve ter feito os platinados tremerem com a possibilidade de trazermos dezenas ou mesmo centenas de milhares de pessoas para protestar à sua porta, e à porta de todas as suas filiadas Brasil à fora.
Foram distribuídas quase quinhentos exemplares da revista Retrato do Brasil, do jornalista Raimundo Pereira, que denuncia, com fartura de documentos, a farsa do mensalão, outro golpe patrocinado pela Globo. Vale lembrar que a Globo, aliada a forças obscuras, tem procurado manipular o sentido dos protestos para pressionar o Supremo Tribunal Federal a agir ao arrepio da Constituição. A Globo, além de sonegadora, é adepta de linchamentos – de seus adversários, é claro.
Os manifestantes saíram satisfeitos com o resultado do ato. O deputado Protógenes Queiroz deu as caras e se dispôs a criar uma CPI da Globo e os presentes afirmaram que dariam apoio, mas que, dessa vez, tinha que ser pra valer. Não adianta só colher assinaturas. Tem de ser efetivamente criada e conduzida com coragem, não por nenhum “Odarelo”.
Mais importante que tudo, porém, é que foi produzido um ato político que por si só pode ajudar a conscientizar as pessoas de que a concentração da mídia, do jeito que existe no Brasil, representa um perigo à estabilidade democrática. Porque a mídia é golpista, reacionária e anti-trabalhista, de um lado; e detêm um poder financeiro monstruoso, de outro. A concentração apavorante da mídia brasileira em mãos de meia dúzia de herdeiros da ditadura é uma anomalia que os amantes da democracia devem combater com todas as suas forças.
A presidenta Dilma tem de entender que, se não combater a mídia golpista, não vai conseguir fazer o Brasil avançar. A mídia já está patrocinando greves patronais de caminhoneiros, possivelmente está em conluio com alguns industriais para sabotar a economia, tenta manipular o sentido das manifestações, tudo para trazer a direita de volta ao poder em 2014. O plebiscito proposto pela presidenta, por exemplo, pode vir a se tornar um tiro no pé sem uma nova e mais ousada estratégia de comunicação, e sem um contraponto decente à Globo. A Vênus Platinada, que é a líder do principal partido conservador, quer enterrar o plebiscito, para desmoralizar o governo. Ou então levá-lo adiante, mas dominar o debate, fazendo aprovar seus itens mais nocivos ao povo, como o voto distrital.
Veja mais:
Democratização da Mídia: Movimentos de comunicação marcam ato na sede da Rede Globo

Via Viomundo/O Cafezinho com adaptações

'Bolsa Família deve ser direito constitucionalizado'



Vista parcial da cidade de Altaneira
Uma das maiores vitrines dos governos Lula e Dilma Rousseff, o Bolsa Família deveria ser um direito constitucionalizado e não apenas um programa social. Quem defende a ideia é a socióloga Walquiria Domingues Leão Rego, professora da Unicamp e autora do livro Vozes do Bolsa Família (Editora Unesp), escrito em parceria com o professor de filosofia da UFSC Alessandro Pinzani.

“O Bolsa Família não deveria ser um programa de governo, mas uma política de Estado, assim como o salário mínimo”, explica Walquiria. O livro tem como foco a experiência das mulheres titulares do benefício.

Além de ter sido responsável pela retirada de mais de 36 milhões de brasileiros da pobreza extrema, o programa completa dez anos com o mérito de ter dado às suas beneficiárias um pouco mais de dignidade e autoestima.

“Essa pesquisa mostra que existe um grande sofrimento e uma parcela de cidadãos que sofre toda a sorte de humilhações. O Bolsa Família ajuda nesse sentido", explica a autora. “Imagine que elas não precisam mais pedir comida, por exemplo, e hoje podem comprá-la. Isso faz uma diferença muito grande.”

A pesquisa, que dialoga com teorias da filosofia e da sociologia – como a sociologia do dinheiro –, esbarra em consequências da miséria no âmbito moral e psicológico de seus atores. Como, à página 50, em que os autores concluem que “...uma situação de pobreza material aguda resulta em sentimentos de humilhação, em falta de autoestima e de autorrespeito e, mais em geral, num sentimento de alienação perante o seu mundo que pode até levar a perturbações psicológicas de vários tipos (não foi incomum em nossa pesquisa encontrarmos mulheres que apresentavam claros sintomas de depressão).”

Cientes de que, “no caso brasileiro, nossa pobreza, de modo geral, tem cor: é mulata, negra; e isso remete imediatamente à experiência da escravidão”, a análise se faz sobre mulheres muito pobres, que não tinham uma experiência importante decorrente de uma renda regular prevista antes de receber o benefício. “O que discutimos no livro é que o Bolsa Família, ao ser recebido em dinheiro, libera as mulheres”, afirma Walquiria. “O dinheiro tem essa função liberatória.”

Mas por que a escolha do Bolsa Família dentre as dezenas de programas sociais brasileiros? Segundo a autora, a eleição deu-se pelo grau de “autonomização” trazido pelo benefício em dinheiro. “Diferentemente de uma cesta básica, por exemplo, o dinheiro permite algumas escolhas que as mulheres não conheciam. Como comprar arroz em vez de macarrão”, exemplifica.

Autonomia política. Além do aspecto econômico, o Bolsa Família trouxe ainda independência política. Algumas mulheres, observa a autora, antes dependiam mais de coronéis para comer e sustentar suas famílias Hoje, diz, elas se libertaram dos chefes locais.

O estudo faz cair por terra quaisquer teses de que o benefício faria uma população dependente do Estado sem estimular sua autonomia ou mesmo a de que não se deve dar dinheiro aos pobres, uma vez que não saberiam como empregá-lo. “Isso é preconceito puro”, rechaça a pesquisadora.

As mulheres ouvidas comprovam o contrário: entre as 150 entrevistadas, somente duas afirmaram ter deixado de trabalhar para viver da bolsa. Elas gastam a verba prioritariamente com alimentos, em especial para as crianças.

Os autores ouviram, entre 2006 e 2011, mais de 150 mulheres cadastradas no Bolsa Família, nas regiões empobrecidas onde a circulação de dinheiro é escassa. São algumas delas: sertão e litoral de Alagoas, interior do Piauí e do Maranhão, periferias de São Luís e do Recife, e o mineiro Vale do Jequitinhonha, “onde as ruas e as casas são povoadas por cachorros famintos, galinhas com pescoços menores que um polegar, pintinhos do tamanho de beija-flores, gatos esqueléticos.”

A escolha da amostra se deu em torno de “beneficiárias que moram em áreas rurais ou em pequenas cidades do interior, por entender que sua situação se diferencia muito da dos pobres urbanos, objeto já de inúmeros estudos”, explicam os autores no livro.

“Essas regiões isoladas, onde não há nada, não têm fábricas ou trabalho. Ali precisaria de muito investimento público para, primeiramente, qualificar as pessoas que são analfabetas, observa Walquiria.

Ela avalia, no entanto, que o objetivo final do programa, de retirar as pessoas da extrema pobreza, foi alcançando. “É um primeiro passo importante e que significou muito. Basta lembrarmos de como o recente boato sobre o fim do Bolsa Família levou 1 milhão de pessoas a sacar dinheiro”, lembrou. “Isso mostra o significado decisivo e a importância da bolsa na vida dessas pessoas. Imagino o desespero em que ficaram com esse maldoso boato.”

Abertura da VI Conferência Municipal de Assistência Social
Foto: João Alves
Na manha de ontem(02), a Secretaria do Trabalho e Assistência Social de Altaneira realizou a VI Conferência de Assistência Social com a temática Gestão e Financiamento na efetivação do SUAS.  No ensejo, os participantes foram distribuídos em seis eixos temáticos com o propósito de apresentar, discutir e aprovar propostas de ações estratégicas que visem à ampliação dos servidores e na melhoria da qualidade dos serviços, programas e projetos, desenvolvidos no âmbito desta pasta no Município.

Em um dos eixos foi discutido estratégias no sentido de fomentar a ampliação das ações da Secretaria no que tange aos programas sociais, para complementar o Bolsa Família, por exemplo. Foi apresentado diversas propostas, com destaque para a formação de parcerias entre a Secretaria de Assistência Social e as demais entidades não governamentais, assim como também com as instituições religiosas cujo propósito seria o de auxiliar as famílias de pouco poder aquisitivo no município com a doação de cestas básicas e, não apenas em eventos esporádicos, se configurando como uma ação contínua. Ao passo que seria realizado ainda capacitações com essas famílias em situações de riscos para conseguirem desenvolver, de acordo com suas habilidades, profissões, gerando emprego e renda.

Outro aspecto muito discutido foi a realização de campanhas informativas para subsidiar os beneficiários do Bolsa Família quanto aos seus direitos e deveres, em linguagem acessível.

Via Carta Capital com adaptações

Fórum da Comarca vinculada a Altaneira realiza Audiência Pública para debater projeto de revitalização da Lagoa



Idealização da Lagoa Santa Tereza em face do Projeto de Urbanização e Revitalização desta

O Fórum da Comarca vinculada a Altaneira foi palco na manha desta terça-feira (02) de uma Audiência Pública com o propósito de debater o Projeto de Urbanização e Revitalização da Lagoa Santa Tereza.  O Dr. David Moraes Costa, promotor de justiça e representante do Ministério Público Estadual – MP/CE presidiu o encontro.
Na oportunidade, o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente do Município e presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA, Cesar Cristovão iniciou o debate e argumentou que se faz necessário, inclusive, para a continuidade do projeto, a imediata retirada das cercas que se encontram na área pública, conforme constatado no estudo geodésico outrora feito e apresentado pelo mesmo. Nesse sentido, Cesar arguiu junto ao promotor de Justiça sobre a retirada das cercas como meio imprescindível para a continuidade do projeto.
No contraponto, alguns representantes dos proprietários, como por exemplo, o ex-prefeito do município, Antonio Dorival e a servidora Francelma Bitú se posicionaram contra a essa medida, ressaltando que para a continuidade do estudo não haveria a necessidade de se retirar as cercas. Afirmaram ainda que se houver essa retirada a poluição da lagoa poderia se agravar ainda mais. O que, segundo eles, não significa que estivessem se opondo ou proibindo a realização dos estudos necessários.

O educador e representante da Associação e Fundação ARCA, Cícero Chagas discursou no sentido da conscientização dos proprietários das terras no entorno da Lagoa, conscientização essa que se daria tão logo houvesse o estudo confirmando o que é área pública ou privada. O que, segundo ele, as cercas não impediam a continuação do referido estudo.

Delvamberto Soares (PSB)- Gestor Municipal
Na mesma oportunidade, o prefeito Delvamberto Soares (PSB) discorreu que para a limpeza da Lagoa, que seria a primeira etapa do processo de revitalização, já estão assegurados recursos no valor de R$ 500.000,00 Toda via o recurso só será liberado após elaboração do projeto com a área pública delimitada e de fato liberada pelos proprietários, completou o gestor municipal.

O promotor de Justiça, o Dr. David de Moraes, no entanto, informou que a finalidade maior da audiência era tornar público o estudo geodésico já realizado e, que estará estudando as medidas cabíveis a serem adotadas.

No encontro ficou acordado que os proprietários irão contribuir para a continuação do estudo, mas sem que as cercas sejam retiradas. Acordo esse assinado através de um termo.
Dr. David Moraes Costa presidindo a Audiência sobre a
Lagoa no Fórum da Comarca Vinculada a Altaneira
O professor e Vereador Adeilton Silva (PP) publicou matéria em seu blog questionando a prioridade do Projeto de Urbanização e Revitalização da Lagoa Santa Tereza. Para ele, o município possui outros pontos mais importantes. Listou o precário abastecimento de água, o açude pageú que a cada ano sofre cada vez mais com a destruição da vegetação em seu entorno o que provoca o seu assoreamento, vindo, a provocar num curto intervalo de tempo maiores complicações com a falta de água na cidade, citando ainda as péssimas condições de acesso ao mesmo.
Os questionamentos de Adeilton foram rebatidas pelo Advogado Raimundo Soares Filho em seu blog. “Nunca é demais lembrar que o abastecimento de água é de responsabilidade da CAGECE e o gerenciamento e conservação do Açude Pajeu está sob a competência da COGERH, companhias estaduais, ao Município cabe tratar da Lagoa Santa Tereza, obrigação contida na Lei Orgânica Municipal desde 1990, destarte esse debate demorou muito pra ser iniciado e não cabe maiores dilações”, disse ele.
É importante destacar a importância da concretização desse projeto para os munícipes, haja vista que trará grandes contribuições na área social, econômica e turística. Concretizá-lo é contribuir na geração de renda para os munícipes e limpar esse espaço que foi o berço da chegada dos primeiros povos a habitá-lo, irá ainda colocar Altaneira na Rota Turística, proporcionando assim um maior desenvolvimento, podendo, inclusive se tornar patrimônio natural.
Membros do COMDEMA, representantes da Associação e Fundação ARCA, Vereadores, dentre outros participaram desta Audiência.