12 de março de 2023

Mulheres resgatadas do trabalho análogo à escravidão são negras, nascidas no Norte ou no Nordeste

 

Auditora do trabalho vê necessidade de maior fiscalização de atividades historicamente ligadas ao gênero feminino, como trabalhos domésticos, de cuidado e no mercado do sexo. (FOTO/ Reprodução).

No Brasil, nos últimos 20 anos, 2.488 mulheres foram resgatadas do trabalho análogo à escravidão. O perfil da maioria delas é bem parecido: nascidas no Norte ou no Nordeste, pretas ou pardas, analfabetas ou com o ensino básico incompleto.

Os dados são da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), órgão que integra o Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e foram compilados pelo portal G1.

Apenas 5% do total de pessoas resgatadas nas últimas duas décadas são mulheres. Segundo autoridades, essa diferença se dá, em parte, porque a atuação do Detrae sobre atividades historicamente ligadas ao gênero feminino é recente.

Em 2017 e 2019 ocorreram os primeiros resgates no trabalho doméstico e no mercado do sexo, é o que revela os dados.

O Detrae também compilou dados sobre as atividades desenvolvidas pelas resgatadas e as funções desempenhadas na zona rural são as que mais concentram casos. Mais de 70% dos casos são relacionados às seguintes ocupações:

Agropecuária (1.234)

Cultivo de café (175)

Cultivo de cana-de-açúcar (138)

Pecuária de corte (118)

Cultivo de árvores frutíferas (18)

Cultivo de erva-mate (15)

Segundo a auditora-fiscal do trabalho Jamile Virginio, a diferença numérica nos resgates de homens e mulheres é tema frequentemente discutido entre inspetores do trabalho. Ela aponta que papeis sociais tradicionalmente ligados a homens e mulheres podem ajudar a entender o cenário.

A dinâmica da sociedade brasileira é essencialmente de cunho patriarcal, que enxerga o homem como provedor familiar e cobra para que busque alternativas de renda e emprego”, diz a fiscal.

_______

Com informações do Notícia Preta.

Articulação por ministra negra no STF avança com blindagem a potenciais candidatas

 

Ministros do STF participam da Sessão Solene de Abertura do Ano Judiciário de 2023 (Foto: Rosinei Coutinho - 1º.fev.2023/SCO/STF).

A movimentação crescente de diferentes setores da sociedade pela indicação inédita de uma ministra negra para o STF (Supremo Tribunal Federal) tem a cautela como fator comum. A preocupação vem de um histórico de ofensivas contra mulheres, especialmente as negras, para ocupar cargos de poder no país.

Nos últimos dias, entidades jurídicas, ministros do governo Lula e um integrante do próprio Supremo se manifestaram publicamente a favor da indicação. A vaga será aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski, que completará 75 anos em maio. Lula, no entanto, afirmou recentemente que “todo mundo compreenderia” caso ele indicasse seu advogado, Cristiano Zanin —homem e branco.

A mobilização a favor de uma mulher negra na corte ganhou força nesta semana, em meio a manifestações ligadas ao Dia Internacional da Mulher, celebrado na quarta-feira (8).

Em entrevista publicada pela Folha, a professora da USP Fabiana Severi, especialista em direito e gênero, criticou a manutenção pela esquerda de listas sem mulheres e pessoas negras.

“Ter uma lista de homens brancos vindo do campo democrático é quase um insulto, porque sabemos que não é uma questão de falta de conhecimento jurídico, de capacidade e de nomes”, afirmou.

Como mostrou a Folha, em quase 40 anos de redemocratização no Brasil, a cúpula da República contou com 66 homens e só 4 mulheres. Especificamente no STF, só 3 mulheres —contra 26 homens— se tornaram ministras nesse período, nenhuma delas negra.

Na quarta, cem entidades do meio jurídico e movimentos lançaram um manifesto pela indicação de uma ministra negra. No mesmo dia, durante sessão do STF, o ministro Edson Fachin falou no mesmo sentido.

O magistrado, ao retomar julgamento no plenário sobre racismo estrutural em abordagens policiais, citou reportagem da Folha com relatos de juízas negras mencionando o caso de uma magistrada que precisava mostrar o crachá para acessar espaços exclusivos para juízes homens.

Os ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial) também se posicionaram publicamente a favor de uma mulher negra para o STF.

Na ocasião, Almeida disse que, apesar de estarem discutindo uma tese central sobre a questão racial no Brasil, não havia “nenhuma pessoa negra ou mulher negra discutindo a questão racial naquele plenário”. Depois, afirmou que uma ministra negra no Supremo “vai ser de importância fundamental, central, para que a gente comece a discutir a democratização dos espaços de poder no Brasil”.

Já Anielle Franco afirmou, em entrevista à GloboNews, que pretende pedir a Lula a indicação de uma negra ao STF.

Juízes que integram o Enajun (Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros), coletivo criado há seis anos para aumentar a presença de magistrados negros nas cúpulas do Poder Judiciário, também trabalham pela indicação de uma juíza negra de carreira, algo que dizem ser fundamental.

Além disso, Defensoria Pública e Ministério Público estudam nomes para a corte.

A articulação por mais representatividade é feita há anos pelos movimentos feminista e negro.

As principais barreiras são a falta de apoio em círculos de poder dominados por pessoas brancas e a necessidade de desconstruir um imaginário em que o notório saber jurídico, requisito constitucional para indicação, não é visto em uma mulher negra.

O racismo institucional e simbólico faz com que mulheres negras sejam vistas como mulheres que exercem posições menos prestigiosas. Isso tem a ver com o nosso passado escravocrata recente que gera nas pessoas a noção de que essas mulheres não devem ocupar espaços de poder”, diz Luciana Ramos, professora de direito constitucional da FGV Direito São Paulo.

Juízes e advogados ouvidos pela Folha afirmam que conversas estão sendo feitas para avaliar o melhor momento de expor os nomes para a disputa ao STF. Eles afirmam que existe uma ofensiva contra nomes de pessoas negras tanto por setores da advocacia quanto por membros do Poder Judiciário e de políticos.

Nós mulheres negras somos atacadas antes mesmo de poder colocar as nossas qualidades e expertise na mesa. O nosso receio é que essas mulheres indicadas recebam ataques desnecessários”, afirma Maria Sylvia de Oliveira, que assinou o manifesto representando o Geledés – Instituto da Mulher Negra.

Flávia Biroli, professora de ciência política da UnB (Universidade de Brasília), afirma que os movimentos sociais aprenderam a construir redes de proteção para lidar com ofensivas.

Quando essas pessoas estão em evidência e colocam em xeque o caráter racista dessas instituições de poder, elas sofrem ataques muito acentuados. Isso acontece com as mulheres e especialmente com as mulheres negras”, diz.

Biroli afirma ainda que é preciso estabelecer limites à violência política, conforme prevê lei sancionada em 2021, identificando autores e cobrando as plataformas onde esses ataques acontecem para que as candidatas não sejam atingidas.

Luciana Ramos (FGV) acrescenta que o racismo e machismo institucionais também afetam a permanência das mulheres nesses espaços.

Temos um número de juízas que está longe do ideal e o preconceito que elas sofrem dos advogados, jurisdicionados e pelos próprios pares, particularmente na segunda instância, é brutal”, afirma.

Desde 1891, o STF teve apenas três ministros negros em sua composição (o último foi Joaquim Barbosa, que se aposentou em 2014), e apenas três ministras mulheres, duas em exercício: a ministra Rosa Weber, que preside o STF e se aposenta em outubro, e a ministra Cármen Lúcia. A primeira foi Ellen Gracie, no ano 2000.

A professora de direito e advogada Ecila Moreira de Meneses, integrante da executiva nacional da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, um dos movimentos que articularam o manifesto, afirma que o histórico de ministros homens e brancos na corte criou um imaginário de que as vagas são para homens brancos.

Mesmo que tenha duas mulheres no STF, isso ainda não significa representatividade em relação ao perfil da sociedade brasileira. Tivemos alguns ministros negros, eles saíram e essas vagas foram ocupadas por pessoas brancas. Não houve o cuidado em consolidar a vaga de uma pessoa negra. O que nós queremos é ampliar as vagas das ministras”, diz.

Segundo Marco Aurélio de Carvalho, do Grupo Prerrogativas, a entidade está engajada em pautar o debate, mas vai apoiar qualquer escolha do presidente Lula.

Embora sejamos signatários do manifesto, o que nós queremos é que o presidente Lula considere no universo das possíveis pessoas, juristas negros e negras”, afirma.

Para Oliveira (Geledés), as mulheres negras vêm dando contribuições relevantes para que seja pensado um novo pacto civilizatório.

Nós [mulheres negras] conhecemos bem a sociedade brasileira. Através das nossas lutas e proposições trazemos contribuições significativas para a promoção de direitos humanos no Brasil, porque nós somos a parcela da população que mais sofre o impacto dessas violações”, diz.

Ela afirma ainda que se o país pensa em avançar e desmantelar o racismo, para além de falar, é preciso que o Estado brasileiro, representado pelo governo Lula, tome atitudes. “Uma ação importantíssima é nomear uma mulher negra para o STF e sinalizar o real interesse do Estado e do sistema de Justiça de aderir a luta antirracista.”

Lígia Batista, nova diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, afirma que a indicação de uma ministra negra seria uma quebra de paradigma, porque o sistema de justiça brasileiro é historicamente racista e excludente.

É fundamental que na corte suprema, o mais alto nível do Judiciário, possamos ter uma jurista negra, por entender, que do ponto de vista simbólico, essa representação nos ajuda a pensar em formas de superação do racismo e do machismo”, diz.

___________

Publicado originalmente na Folha de S. Paulo e reproduzido no Geledés.

11 de março de 2023

Ministério da Igualdade Racial propõe Dia Nacional Marielle Franco de Combate à Violência Política de Gênero e Raça

 

Escadaria da rua Cristiano Viana zona oeste de São Paulo, amanheceu com lambe-lambe em homenagem à vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio (Foto: Danilo Verpa/Folhapress).

partir de 2023 o Brasil passa a ter uma nova data no calendário oficial. O dia 14 março, que marca o assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, será também ao Dia Nacional Marielle Franco de Combate à Violência Política de Gênero e Raça.

O projeto de lei, elaborado em conjunto pelo Ministério da Igualdade Racial e pelo Ministério das Mulheres, terá a exposição de motivos assinada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (8), e segue para apreciação do Congresso Nacional. Após tramitar nas duas casas legislativas, o projeto retornará para sanção presidencial.

Para a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, é urgente dar visibilidade aos desafios e violências, mas também a luta de mulheres negras na política. “A proposta desta data tem o peso da luta de Marielle e de muitas mulheres negras na política que vieram antes, como Luiza Bairros, Leci Brandão, a nossa querida deputada Benedita da Silva. Hoje temos um número maior de mulheres negras na política, mas precisamos garantir que elas possam exercer seus direitos políticos livremente. Estar na política não pode significar um risco de vida para as mulheres negras, cis e trans, que adentram esses espaços. E o primeiro passo é nomear e dar visibilidade a isso.”

A proposta da data é um dos legados do Instituto Marielle Franco, que em 2021, propôs um projeto de lei e coordenou uma ação de protocolo em mais de 45 casas legislativas, junto a parlamentares comprometidos com a Agenda Marielle Franco, para a criação de uma data similar – Dia Marielle Franco  de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres Negras, LGBTQIA+ e Periféricas – tendo sido aprovada em Vitória (ES) e em Santos (SP).

CENÁRIO — A violência política de gênero e raça atinge em peso às mulheres negras que se colocam no campo da disputa política e eleitoral. Conforme consta no documento “Violência Política de Gênero e Raça no Brasil”, realizada pelo Instituto Marielle Franco em parceria com a Justiça Global e a Terra de Direitos, nas eleições municipais de 2020, 98,50% das candidatas negras às eleições municipais que participaram da pesquisa relataram ter sofrido, ao menos, um tipo de violência política.A principal violência sofrida foi a virtual, representando 80% das violências sofridas pelas mulheres negras, por meio de ameaças de cunho racista, machista, transfóbico e sexista.

---------------------

Com informações do Geledés.

9 de março de 2023

‘Falas femininas, histórias impossíveis’: saiba mais da série criada por três mulheres negras

 

(FOTO| Jheniffer Ribeiro).


Na sociedade brasileira quais são os medos das mulheres? Esses medos são condicionados por diferentes razões vinculadas às questões de classe, gênero e raça? São essas perguntas que serão discutidas em 'Falas Femininas, Histórias Impossíveis', nova minissérie da Rede Globo.

A autoria da obra é de três mulheres negras: Grace Passô, Renata Martins e Jaqueline Souza. Com 5 episódios, 'Falas Femininas, Histórias Impossíveis' pretende abordar, através de diferentes perspectivas raciais e de gênero, utilizando metáforas cotidianas, algumas efemérides do ano: Dia dos Povos Indígenas, Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, Dia Nacional das Pessoas Idosas e Dia da Consciência Negra.

A intenção é que a minissérie consiga dialogar com o grande público sobre temas atuais e importantes para a sociedade, desmascarando desigualdades presentes no cotidiano através de traumas, preconceitos e violências que são normalizadas no Brasil. O roteiro procura explorar circunstâncias de ‘horror’ social causado por relações de poder profundamente desiguais com toques de fantasia e suspense.

Na última sexta (3), a Alma Preta Jornalismo acompanhou o lançamento de 'Falas Femininas, Histórias Impossíveis', que teve a exibição do primeiro episódio, intitulado 'Mancha', e um bate papo com as autoras, diretoras e atrizes no Rio de Janeiro.

O episódio retrata a relação entre Mayara, empregada doméstica interpretada pela atriz Luellem de Castro, e sua patroa, Laura, interpretada por Isabel Teixeira, muda após Mayara decidir investir nos estudos depois de passar no vestibular. Mayara acredita que Laura é uma patroa diferente, até o momento em que a empregadora pede que ela desista de sua carreira e continue trabalhando em sua casa.

Apesar de ser um tema bastante presente na produção audiovisual brasileira, para Everlane Moraes, diretora do episódio e estreante na Rede Globo, a importância de contar essa história está na frontalidade com que as autoras e a direção decidiram desenvolver as temáticas raciais e de classe.

Ela pontua que, mesmo com muitas histórias existentes sobre a relação empregadas domésticas e seus patrões, “geralmente carregadas de estereótipos e finais trágicos, o episódio ‘Mancha’ promove outros incômodos e possibilidades tanto para as personagens quanto para o público” em suas palavras.

Em entrevista à Alma Preta, a roteirista Grace Passô diz que a intenção desse episódio é que o grande público possa reconhecer sua realidade nessa história e os absurdos do nosso cotidiano:

O episódio 'Mancha' parte de uma situação DNA da nossa realidade brasileira. [...] O que eu espero, sobretudo, é que as pessoas possam reconhecer os seus próprios cotidianos nessa ficção e também reconhecer que a realidade brasileira tem gêneros e, muitas vezes, mistura terror com fantasia. Espero que o grande público possa reconhecer os absurdos presentes na nossa realidade cotidiana", explica Passô.

O episódio é em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, uma data ainda muito vinculada ao feminismo branco na busca por reconhecimento e garantia de direitos. Para a diretora artística Luísa Lima, quando questionada sobre isso, diz que a série deve instigar no público o reconhecimento das diferentes experiências de ser mulher no Brasil diante de questões de raça e classe.

"Essa série traz a importância de enxergarmos a condição das mulheres de diferentes pontos de vista, porque ser mulher significa muita coisa. O que é ser uma mulher branca de classe média alta e o que significa ser uma mulher preta, pobre, empregada doméstica?", conta a diretora.

Acho que é muito importante para as mulheres brancas que estão mais acostumadas a se reconhecerem nesse Dia Internacional da Mulher perceberem que elas precisam sair desse lugar egóico das próprias vidas, olharem para outras mulheres em diferentes condições e saberem também como contribuir para a transformação dessa desigualdade perpetuada umas com as outras” completa.

________

Com informações do Alma Preta.


           

8 de março de 2023

Sou uma mentira

 

Alexandre Lucas. (FOTO| Acervo Pessoal).


Por Alexandre Lucas, Colunista

Já confundo todos os olhares e desconheço todas as luas. Construo versos para trincar certezas e já não me deito na cama para enganar o coração. É tempo de amor, porque ele nunca sai de moda.

Sou toda mentira que o amor é capaz de fazer. Inventei na palavra que o amor era maior que a imensidão do universo e previsivelmente mais quente que o sol, fui dogmática e professei que o amor era eterno. Lógico que dopada e embriagada pela realidade alienante.

Eu espedaçada, fui triturada, mas o amor nos faz mosaico, um todo formado de pedaços. Enquanto me deito, não espero nada, mentira, estou esperançando e de vez em quando sonho, nem tudo é desespero. Ainda vejo estrelas e mares nos olhos. Estou vivinha, ainda, assim quero ficar. Porque dizem por aí que o amor é perigoso, vejo nas manchetes dos jornais flores, infelizmente nós caixões.

O amor é um bicho louco. O amor me esperou na esquina. Teve uma vez que passou no trem. O amor ficou em casa guardado nos livros. Apareceu cansado e o vi pelas frestas. O amor é teimoso e não obedece a razão. É carne, fogo e furacão, mas é também são manhãs de domingo mais preguiçosas, as equações de sexto grau, que não sei nem o que é, só sei que são de difícil resolução, principalmente para mim que não tenho nenhuma intimidade com a matemática.

Depois que cercaram as terras, o amor ficou tão desigual que desconfio que ele foi reinventado.

7 de março de 2023

Bancada do Livro chega à Câmara Municipal de Fortaleza

 

(FOTO | Aglécio Dias).

Quem está contente no mundo político é o deputado federal Idilvan Alencar. Ele que lançou a professora Adriana Almeida como candidata a vereadora em 2020 e, hoje (07), ela assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Fortaleza, com a ida de Guilherme Sampaio para a Assembleia Legislativa.

Adriana é mais uma parlamentar da chamada “Bancada do Livro” liderada por Idilvan, que tem profissionais da educação ocupando espaços nos parlamentos de vários municípios do Ceará.

-------------

Texto da assessoria do deputado Idilvan, encaminhado a redação do Blog.

5 de março de 2023

Lula se compromete a acelerar a titulação de terras quilombolas no Brasil

 

(FOTO | Pedro Borges | Alma Preta).

Lideranças do movimento negro e quilombola, como Douglas Belchior, Dulce Pereira e Aline Mendes, estiveram reunidos com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apresentaram uma carta com pedido de compromisso do presidente eleito no combate ao racismo ambiental e à garantia da justiça racial. A importância de titulação das terras quilombolas também foi reforçada pelo movimento negro durante o encontro.

Se a gente não fizer agora com rapidez o reconhecimento dos quilombos brasileiros, o processo demora muito. A burocracia não permite que as coisas que parecem fáceis, sejam fáceis. Então eu voltei com a disposição de fazer o que eu não fiz da outra vez, fazer mais e com mais competência e mais qualidade”, destacou Lula no evento.

Ao longo do encontro com a sociedade civil, também foram entregues a Lula cartas e demandas dos povos originários, das juventudes e das populações das periferias, que destacaram a importância de participação nas decisões sobre políticas públicas que os afetam. “Nós vamos retomar as conferências nacionais para que o povo decida qual é a política pública que entende ser a correta para o meu governo colocar em prática”, afirmou Lula.

O encontro, realizado nesta quinta-feira (17), foi organizado pelo Brazil Climate Hub, espaço da sociedade civil criado desde a COP25, em Madrid, na Espanha. Alguns nomes anunciados para a equipe de transição do governo estiveram presentes na reunião, como Célia Xakriabá, Douglas Belchior, Fernando Haddad, Joênia Wapichana, Marina Silva e Sônia Guajajara.

A carta feita pela Coalizão Negra por Direitos destaca a presença de integrantes da organização durante a COP 27, em Sharm El Sheik, Egito. Os participantes ressaltam a necessidade de manter o aquecimento em 1.5 C até 2030, de acordo com as previsões do IPCC.

O movimento negro, unido ao movimento dos povos originários e unido ao movimento dos povos tradicionais, aprofundou o debate sobre a questão climática. Hoje, para nós, isso é fundamental. Não existe justiça climática, sem enfrentamento ao racismo”, disse o historiador e fundador da Uneafro, Douglas Belchior.

A importância da adaptação para as mudanças climáticas também é destacada na carta produzida pelas organizações negras para o presidente eleito. "No Brasil, a população negra está diretamente afetada pelos impactos das mudanças do clima nas cidades, e no campo estamos vivendo a emergência climática. Mais de 60% da população negra no país está diretamente impactada pelos eventos extremos do clima devido às condições de moradia, alimentação, saúde, acesso à terra urbana e rural, trabalho e renda, mobilidade e localização", afirma a Coalizão.

O documento das organizações negras - que já reúne 256 assinaturas - ressalta que as bases de conhecimento em saberes tradicionais, técnicos, científicos e tecnológicos da população negra devem ser consideradas para o alcance das metas de sustentabilidade climática e social.

Durante o evento, Lula também falou sobre a importância de se garantir a proteção das terras indígenas. “Se a gente não resolver as questões sociais, não vale a pena a gente governar esse país. É por isso que vamos criar o Ministério dos Povos Originários, porque a gente precisa fazer uma mudança completa na nossa relação com os indígenas desse país”.

Além disso, o presidente eleito contou que terá uma conversa com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em que pretende cobrar um posicionamento mais contundente dos países signatários dos acordos e metas climáticas. “Os fóruns da ONU não podem continuar sendo fóruns de discussões teóricas intermináveis e que, muitas vezes, não são levadas a sério”, destacou.

________

Com informações do Alma Preta.

4 de março de 2023

Anielle Franco é eleita uma das mulheres do ano pela revista ‘Time’

 

Anielle Franco sobre ser incluída na lista da Time das mulheres mais influentes do mundo: "Estou muito feliz e não chego sozinha. Esse reconhecimento não é só meu, é de todas as mulheres negras do Brasil".(FOTO | Ricardo Stuckert/PR).

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi eleita pela revista Time uma das mulheres do ano em 2023. A lista, divulgada ontem (2), é composta por um total de 12 nomes. “Mulheres extraordinárias que estão liderando um mundo mais igualitário”, define a publicação.

A inclusão de Anielle Franco foi baseada por seu ativismo na luta antirracista. “Sua trágica história familiar, personalidade calorosa e uso hábil das mídias sociais transformaram a outrora reservada Franco em uma líder improvável no movimento pelos direitos dos negros no Brasil”, diz trecho do perfil que a revista publicou sobre a ministra.

Irmã da vereadora do Rio Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018, Anielle é diretora do instituto que leva o nome da irmã. A organização luta por direitos humanos e na defesa da memória de Marielle. Desde sua criação, a agora ministra se envolveu diretamente no ativismo político pelas causas da população negra, das mulheres e da população LGBTQIA+.

Em entrevista à GloboNews, a ministra comentou sobre a homenagem. “A gente só dá valor pelo que a gente recebe e por estar aqui nesse Ministério por ter passado por esses quatro anos de muito ódio, de muito ataque, e ter hoje um governo federal que cuida da gente, que cuida do caso da Mari, que cuida do povo preto. É entender que a gente está de uma certa maneira vencendo esse ódio.”

Aos 38 anos, ela é jornalista formada pela Universidade do Estado da Carolina do Norte (nos Estados Unidos), e em inglês e literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Extraordinárias

Em suas redes sociais, Aniele se manifestou sobre o reconhecimento internacional. “Muito orgulhosa e emocionada em ter sido a primeira e única brasileira indicada como ‘Mulher do Ano’ entre as doze escolhidas pela revista norte-americana Time. Estou muito feliz e não chego sozinha, esse reconhecimento não é só meu, é de todas as mulheres negras do Brasil”.

Ao lado de Anielle Franco, a lista das 12 mulheres mais influentes do ano traz ativistas como a mexicana Véronica Cruz Sánchez, a ucraniana Olena Shevchenko e a iraniana Masih Alinejad. Também estão na lista mulheres influentes da cultura e do esporte, como a atriz Cate Blanchet, a cantora Phoebe Bridges, a jogadora de futebol Megan Rapinoe e a roteirista Quinta Brunson.

________

Com informações da RBA