10 de agosto de 2021

Homem negro é obrigado a ficar de cueca para provar que não roubou supermercado

 

(FOTO/ Reprodução).

Um homem negro, de 56 anos, foi obrigado a ficar de cueca por seguranças do supermercado Assai Atacadista, na cidade de Limeira (SP), para provar que não havia roubado nada. A vítima foi induzida a tirar toda a roupa, dentro da loja, e no meio de outros clientes que filmaram toda a ação dos funcionários do mercado.

No vídeo, é possível ouvir a indignação das pessoas que tentavam intervir na situação, mas eram impedidas pelos seguranças e por outro funcionário do estabelecimento. Em certo momento, ouve-se a voz da vítima chorando e gritando indignada: “eu vim aqui pra comprar alguma coisa e me chamam de ladrão”.

“Mais uma aberração no Atacadão Assai; em plena luz do dia obrigaram um cidadão preto a se despir para provar que não furtou. Faltam palavras para expressar minha revolta. São vermes, miseráveis, são racistas, são covardes”, comentou uma das pessoas que publicou o vídeo. Ainda nas imagens, é possível ver que depois de ser obrigado a tirar a roupa e ser empurrado para um canto do mercado, o homem aponta para os objetos dele que haviam sido deixados espalhados pelo chão pelos seguranças e questiona se algo daquilo pertencia à loja.

No áudio do vídeo, muitas pessoas gritam contra os seguranças e uma mulher repete “tem que chamar a polícia”. No boletim de ocorrência é descrito que o homem negro foi abordado por dois seguranças devido a suspeita de que cliente havia furtado produtos da loja na tarde da última sexta-feira (06), quando o abordaram e obrigaram a se despir. A ocorrência foi registrada no dia seguinte, sábado (07), como constrangimento, segundo a Polícia Civil, por não haver provas de injúria racial contra os funcionários.

A esposa da vítima, em entrevista jornal EPTV, disse que os seguranças alegaram que a suspeita se devia ao homem ter saído do supermercado sem comprar nada. Ela ainda conta que o homem havia saído de casa com o intuito de pesquisar os preços dos produtos.

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Com informações do Notícia Preta. Leia o texto completo aqui.

Indígenas denunciam Bolsonaro por genocídio e ecocídio no Tribunal de Haia

 

(FOTO/ Reprodução/ Abip).

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apresenta nesta segunda-feira (9) nova denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. A organização acusa o governo brasileiro de “genocídio” por conta da morte 1.162 indígenas de 163 povos ao longo da pandemia. A informação é do jornal O Globo. Além disso, os indígenas também querem que Bolsonaro seja enquadrado no crime de “ecocídio”. Trata-se de uma nova tipificação de crime contra a humanidade, que inclui danos irreversíveis ao meio ambiente.

O documento, de 184 páginas, aponta que as políticas adotadas pelo governo federal, além dos discursos de Bolsonaro, têm estimulado invasões de terras indígenas para o garimpo ilegal, desmatamento e incêndios nos biomas. Dentre inúmeros exemplos, citam o desmantelamento da Funai e o congelamento dos processos de demarcação de terras.

“São fatos e depoimentos que comprovam o planejamento e a execução de uma política anti-indígena explícita, sistemática e intencional encabeçada pelo presidente Jair Bolsonaro, desde 1º de janeiro de 2019, primeiro dia de seu mandato presidencial”, diz a denúncia.

O relatório destaca seis etnias mais diretamente afetadas pelas práticas genocidas: os Munduruku, os Yanomami, os Tikuna, os Guarani-Mbya, os Kaingang e os Guarani Kaiowá. A Apib também relata mortes, perseguições e assassinatos de indígenas, somada à postura negligente dos órgãos de investigação.

“Bolsonaro tem reiterado discursos e atos violentos e discriminatórios contra os povos indígenas brasileiros, bem como tem obstado, através de uma série de atos administrativos e legais, a integridade das terras demarcadas e a continuidade dos processos de demarcação de terras”, assinala a Apib, na representação.

Ameaça global

De acordo com a coordenadora-executiva da Apib, Sônia Guajajara, Bolsonaro representa uma ameaça global. Ela diz que os danos causados até o momento representam um retrocesso de 50 anos. “Tenho medo que isso seja irreversível. Toda essa destruição ambiental que está sendo legalizada é muito perigosa não só para o Brasil como para todo o planeta.” Além disso, ela afirmou que os indígenas não suportam mais “tanta dor” causada durante a pandemia.

O coordenador jurídico da Apib, Luiz Eloy Terena, um dos autores da denúncia, as ações tomadas pelo governo Bolsonaro têm deixado os povos indígenas sem a proteção garantida por lei. Além da recusa nas demarcações, ele cita projetos de lei, decretos e portarias “que tentavam legalizar as atividades ilícitas em território indígena”.

Para a advogada Eloísa Machado, do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos (CADHu), que revisou a ação apresentada pela Apib, há argumentos suficientes para defender o argumento de prática de crime de genocídio. Ela citou que o Estatuto de Roma, que rege o funcionamento do TPI, prevê punição para “atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico”. Caso o Tribunal considere que os elementos são suficientes para abrir um inquérito e, posteriormente, determine que Bolsonaro seja condenado, ele poderia sofrer desde de sofrer medidas cautelares e até prisão preventiva.

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Com informações da RBA.


9 de agosto de 2021

Terreiro Cariri’ estreia nesta segunda (9), com mesa-redonda e show on-line dos Irmãos Aniceto

(FOTO/ Divulgação).

A partir desta segunda-feira (9), até 25 de setembro, será posto em prática o projeto Terreiro Cariri, do Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe (MOACPES), com ações artísticas e formativas em 10 terreiros culturais do Cariri, abrangendo eixos temáticos de Educação e Memória, Saúde e espiritualidade, antirracismo, gênero e diversidade, políticas públicas e acessibilidade. No dia Internacional dos Povos Indígenas, a iniciativa trará a I Jornada Cultura Viva e Bem Viver no Cariri e apresentação da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto.

A mesa terá a participação de Dona Rosa Cariri (paje do povo Kariri de Poço Dantas Umari), Dona Tereza Kariri (liderança do povo Kariri de Crateús), Valéria Carvalho (Terreiro das Pretas) e Mestre Chico Ceará (Terreiro Arte e Tradição) falando sobre as experiências do bem viver nos terreiros. Tudo inicia nesta noite, a partir das 19h, pelo canal do YouTube: Terreiro Cariri.

I Jornada Cultura Viva e Bem viver no Cariri

Dentro da Mostra também ocorrerá a I Jornada Cultura Viva e Bem Viver no Cariri, que ocorrerá de 09 a 30 de agosto, com a realização de oficinas, mesas de discussão e rodas de conversa. A Jornada tem o objetivo de criar espaços de diálogos sobre a cultura de base comunitária, a política Nacional do Cultura Viva e o Bem viver a partir das experiencias nos terreiros culturais do Cariri, trazendo reflexões sobre as escolas da ancestralidade, os saberes populares na contemporaneidade e o desenvolvimento social nos Terreiros.

Também haverá certificação mediante inscrição e presença nas atividades propostas. Será composto por duas mesas centrais, rodas de conversa, encontro de pontos de Cultura do Cariri e discussões abrangendo eixos temáticos de educação, memoria, saúde, antirracismo, gênero, diversidade, políticas públicas e acessibilidade.

Terreiro Cariri

Será realizado pelo Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe (MOACPES), através da Associação Libertária de Desenvolvimento e Educação Interativa Ambientalmente Sustentável, mais conhecida como ALDEIAS Ponto de Cultura, no Crato. O evento acontece com recursos provenientes da Lei Aldir Blanc CE, através do Edital de Fomento a Arte e Cultura do Ceará.

O Terreiro Cariri contará com a realização da Mostra de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe, Caminhos do Artefatos entre os dias 02 e 18 de setembro, e ainda com o Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra, de 20 a 25 de setembro, com a distribuição de 10 documentários, 16 apresentações de grupos de tradição, seis shows musicais e lançamento de um álbum musical coletivo em plataformas digitais.

MOACPES

O Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe (MOACPES), nasceu em 2018 e é uma articulação de grupos culturais, ONG’s e pontos de cultura da região do Cariri com o objetivo de fortalecer os grupos e ações culturais da biorregião do Araripe e fomentar a arte e a cultura através de uma rede de ações integradas com promoção e realização de eventos e formações.

O movimento trabalha com o conceito de Cultura Viva e bacia cultural do Araripe e percebe a arte e a cultura como importantes fatores de promoção, preservação e difusão de saberes, de geração de trabalho e renda e de desenvolvimento sustentável da região da Chapada do Araripe.

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Com informações do Badalo.

Aos 15 anos, Lei Maria da Penha carece de esforços para ser cumprida

 

Entre as vítimas de feminicídio no último ano, 61,8% eram negras (FOTO/ Giorgia Prates)

Reconhecida internacionalmente com uma das melhores leis de enfrentamento à violência doméstica e familiar, a chamada Lei Maria da Penha (Lei lei nº 11.340) ainda precisa que seja cumprida efetivamente. Com o objetivo de instaurar mecanismos para tentar erradicar a violência contra a mulher e coibir atos violentos cometidos dentro das residências, ela foi promulgada em 7 de agosto de 2006, após intensa mobilização da sociedade.

A lei leva o nome da farmacêutica Maria da Penha, hoje com 76 anos, e se originou da luta para que seu agressor, o ex-marido, Marco Antonio Heredia Viveros, fosse condenado. Em 1983, ele tentou matá-la duas vezes – ela ficou paraplégica por conta das agressões. Viveros foi julgado em 1991 e 1996, mas escapou da condenação. Somente em 2002, quando faltavam seis meses para a prescrição do crime, acabou condenado. Ele cumpriu um terço da pena e foi solto em 2004.

No Brasil, mais de 80% dos crimes de violência doméstica contra as mulheres tem parceiros e ex-parceiros como autores. O roteiro dos crimes seguem relativamente os mesmos estágios. Sob alegação de ser por ciúme, culpa da bebida, a não aceitação da separação, vêm primeiro uma palavra mais áspera, depois os gritos, o primeiro tapa, socos, chutes e, por fim, a tentativa de feminicídio.

Vivemos um estado de calamidade em relação à violência contra as mulheres, e a pandemia nos colocou em uma situação mais séria ainda. A dificuldade das mulheres saírem para fazer as denúncias, a precarização do serviço público que vem acontecendo, as ações, inclusive de privatizações de serviços públicos que acabam diminuindo a qualidade dos serviços de apoio e amparo às mulheres, pioram o quadro”, destaca a coordenadora do Força-Tarefa Interinstitucional de Combate aos Feminicídios, Ariane Leitão.

Números de guerra

No Brasil, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de algum tipo de violência na pandemia. Esse e outros dados foram minuciosamente levantados por uma pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho deste ano. Conforme aponta o levantamento, os impactos da violência repercutem no sustento dessas mulheres. Por exemplo, 46,7% das mulheres que sofreram violência desde o início do surto também perderam o emprego. A média das mulheres que perderam o emprego entre as que não sofreram violência foi de 29,5%.

Houve um incremento nos números de feminicídios e violência doméstica desde o início da pandemia, provavelmente por conta da crise econômica e da necessidade de confinamento. Atrás desses números encontra-se a cultura do machismo, as dificuldades no fluxo de atendimento das vítimas, o descrédito no sistema de justiça e o receio de denunciar”, destaca a defensora pública e dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (NUDEM – DPE/RS), Tatiana Boeira.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, do FBSP, em 2020 o país teve 3.913 homicídios de mulheres, dos quais 1.350 foram registrados como feminicídios, média de 34,5% do total de assassinatos. “Em números absolutos, 1.350 mulheres foram assassinadas por sua condição de gênero, ou seja, morreram por ser mulheres”, aponta o levantamento. A maioria desses crimes foram cometidos contra mulheres negras. 

Machismo e medo

Estudiosa de vários casos de violência contra a mulher no Brasil, sobretudo no século 19 e início do século 20, a historiadora Maíra Rosin, pesquisadora na Universidade de São Paulo (USP), argumenta que o maior gargalo para a aplicação plena da Lei Maria da Penha está nos mecanismos de cumprimento da norma. “Muitas mulheres não denunciam porque têm medo, sofrem reprimendas de familiares. E muitas delegacias não estão preparadas para receber esse tipo de denúncia, às vezes considerado quase um ‘mimimi’, algo que não deve ser levado a sério”, afirma.

O que poderia avançar, na avaliação da pesquisadora, são os mecanismos para que as mulheres tenham segurança na denúncia, além de maior efetividade nas medidas protetivas e acolhimento psicológico nas delegacias. “O machismo acaba aparecendo no delegado, no promotor, no juiz, em todo aquele que aceita a legítima defesa da honra como argumento jurídico”, diz Rosin. “Historicamente, o que observamos é a recorrência da mulher que acaba culpada pela própria violência que sofreu.”

Para a advogada Renata Jardim, coordenadora de programas da ONG Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, não foi possível articular um sistema nacional para que se formasse uma ideia clara e objetiva em relação aos números da violência de gênero e do feminicídio. “O que temos mais organizado são os dados do sistema de justiça e do sistema de segurança pública de delegacias, que são aquelas mulheres que conseguiram fazer a denúncia, que ingressaram com o processo e depois os dados da saúde, mas eles não dialogam entre si”, expõe. Ela frisa que os números a que se tem alcance retratam um quadro muito alarmante, de grande percentual de subnotificações. “Precisamos olhar para os números oficiais como uma ponta desse iceberg, eles têm uma gravidade ainda maior”, frisa.

“Importância histórica, social e política”

A Lei Maria da Penha já foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a terceira melhor de proteção à mulher do mundo, atrás apenas da espanhola, de 2004, e da chilena, de 2005. Essas duas preveem educação e conscientização nas escolas.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), relatora da Lei na Câmara dos Deputados, afirma que, apesar do machismo ainda reinante, há muito o que comemorar. “Não há dúvida que esta legislação foi um divisor de águas no combate à violência doméstica contra a mulher. A lei é muito ampla, mas – como tudo – necessita de investimentos para que seja cumprida em sua íntegra”, afirma a parlamentar.

É uma legislação muito boa porque é resultado de um consórcio de ONGs, de pesquisadoras que, com muito estudo, muito debate, muita pesquisa, chegaram à redação legal específica depois de um longo processo estratégico e bastante amplo, pensando nas possibilidades”, diz a jurista Marina Ganzarolli, advogada especialista em direito da mulher e cofundadora do movimento MeToo Brasil.

Entre os avanços que a lei trouxe para a defesa das mulheres, destaca-se a tipificação e definição de violência doméstica e familiar contra a mulher estabelecendo as formas de violência doméstica como a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Além disso, define que a violência doméstica contra a mulher independe de orientação sexual e a veda a aplicação de penas pecuniárias nas condenações. Antes da lei, por exemplo, o agressor podia responder ao crime pagando uma cesta básica, entre outros.

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Com informações da RBA. Leia o texto completo aqui.

8 de agosto de 2021

Frente Ampla em Defesa da Cinemateca realiza ato nacional para denunciar falta de investimento

Atos serão realizados em SP, RJ, PR, RS e DF; Há pelo menos um ano trabalhadores denunciam risco eminente de incêndio da Cinemateca por descaso do governo federal - Trabalhadores Cinemateca. 


Neste sábado (7), a Frente Ampla em Defesa da Cinemateca convoca atos nacionais para denunciar a falta de financiamento público para a instituição. Os protestos foram motivados pelo incêndio de um dos galpões da Cinemateca, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista (SP), no dia 29 de julho. 

Por falta de servidores públicos e recursos para manutenção da instituição, boa parte do maior acervo de imagens em movimento da América do Sul foi perdido, incluindo a biblioteca de Glauber Rocha, grande parte do acervo da Embrafilme e de Paulo Emílio Salles Gomes.

Além da manifestação em frente à sede principal da Cinemateca, na Vila Clementino, São Paulo, o movimento S.O.S Cinemateca também faz convocatórias em outros estados brasileiros. No Rio de Janeiro (RJ), o protesto será em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM). Em Curitiba (PR), o encontro será em frente à Cinemateca; em Porto Alegre (RS), o ato ocorre em frente à Cinemateca Capitólio; em Brasília (DF), os manifestantes se reunirão no Palácio do Planalto. Todos os atos começam às 14h (horário de Brasília).

A lista de reivindicações inclui a renúncia do secretário especial de Cultura, Mario Frias; e a implementação imediata de um Plano de Trabalho Emergencial, com contratação de funcionários e reabertura da instituição, que permanece fechada desde agosto de 2020.

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Com informações do Brasil de Fato. Leia o texto completo aqui.


7 de agosto de 2021

Altaneira é o primeiro município do cariri a contar com plano de combate ao racismo e de promoção da equidade

 

Professor Nicolau Neto durante fala sobre o papel da escola na construção de uma educação antirracista na trajetória pedagógica em Altaneira, em 03/08/21. (FOTO/ João Alves).

Por Valéria Rodrigues, Colunista

Nos dia 13 e 26 de maio, mês em que as atenções se voltaram para relembrar e debater os 133 anos da abolição inconclusa da escravização no Brasil, ocorreu no município de Altaneira, no cariri cearense, e no formato remoto, a apresentação do Plano de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade. A ação partiu do professor, fundador e editor deste blog, Nicolau Neto.

No dia 13 a ação se deu junto às secretarias de governo, de educação, de cultura, além de contar com a participação de diretores/as e coordenadores/as das escolas no município, de formadores/as educacionais e de representantes do Sindicato dos Servidores Municipais (Sinsema). Já no dia 26 a apresentação foi para o poder legislativo.

Nas duas oportunidades, Nicolau Neto destacou que o documento foi construído entre agosto e setembro de 2020, mas que não era o fim. O momento era para que com as discussões fossem apresentadas novas propostas visando sua complementação e debater maneiras de implementá-lo no município.

Para Nicolau, a História do Brasil se confunde com a história do processo de escravização da população negra e indígena e que ao longo dos anos governantes brasileiros, de imperadores a presidentes, foram responsáveis pela promoção e perpetuação da desigualdade racial, citando como exemplos a Lei de Terras de 1850 e a Lei da Vadiagem de 1942.

O racismo é visto e sentido institucionalmente. Hoje com essa nova conjuntura política está cada vez mais latente. Mas apesar desse extermínio, a população negra existe e resiste”, asseverou o professor Nicolau.

Para Nicolau Neto, “mudar e transformar cada espaço passa necessariamente pelo combate ao racismo e concomitantemente pela promoção da equidade e para tanto, é fundamental a construção de ações afirmativas concretas e viáveis”.

O enfrentamento as desigualdades advindas do racismo em todos os setores é uma responsabilidade e um dever de todos. Tanto o poder executivo municipal quanto o legislativo precisam assumir seu papel na luta antirracista disseminando o debate a respeito da questão racial, contribuindo para desarranjar todas as formas de discriminação e preconceito presentes diariamente”, destacou Nicolau.

O documento está estruturado em apresentação, justificativa e propostas que, inicialmente, eram oito. Durante as apresentações, mais três propostas foram sugeridas e incorporadas ao plano. Isso faz com que Altaneira seja o primeiro município do cariri a contar com um plano de combate ao racismo e de promoção da equidade. 

Abaixo você confere as 11 propostas:

ü  Transformação do dia 20 de novembro, hoje ponto facultativo no município através da Lei Nº 674, de 1º de fevereiro de 2017, em feriado;

Criação de uma lei municipal que estabeleça cotas em concursos públicos para candidatos e candidatas que se autodeclarem pretos/as;

Criação de um Conselho dentro da Secretaria Municipal de Educação denominado de COPERA (Conselho de Promoção da Equidade Racial em Altaneira). Este Conselho terá, dentre outras responsabilidades estabelecidas em lei aprovada na Câmara, fiscalizar se as leis 10.639/03 e 11.645/08 que tornam obrigatório o ensino da cultura africana, afro-brasileira e a história e cultura indígena nas escolas públicas estão sendo cumpridas;

Articular e, ou, firmar parcerias com universidades da região visando a formação de uma banca de heteroidentificação voltada para avaliar os pedidos de cota nos concursos públicos;

Criação, através de lei, do Estatuto Municipal da Equidade Racial que adotará os parâmetros do Estatuto da Igualdade Racial do Governo Federal aprovado em 2010;

Elaboração e desenvolvimento pela Secretaria Municipal de Educação de programas de formação sobre relações étnico-raciais em todas as instituições de ensino envolvendo toda a comunidade escolar;

Desenvolvimento pelas Secretarias Municipais de Educação, de Cultura e de Assistência Social de editais voltados para à promoção da Equidade Racial e de Gênero no município;

Implementação de Conferências Municipais de Combate ao Racismo Estrutural. Estas serão realizadas a cada dois anos.

Criação do Fórum Municipal da Diversidade;

Criação do Fundo Municipal para o desenvolvimento de políticas públicas afirmativas;

Criação de um Departamento de Enfrentamento ao Racismo e em prol da Equidade racial (na Secretaria de Cultura ou de Educação).

Para ter acesso ao Plano completo encaminhe mensagem para o correio eletrônico: nicolauhistoria@gmail.com

Há 15 anos, lei que leva nome da cearense Maria da Penha mudou a vida das mulheres no Brasil

A assessora de comunicação da Câmara de Altaneira e Colunista do Blog Negro Nicolau, Josyanne Gomes, conversou na última terça, 03, sobre a Lei Maria da Penha durante a Jornada Pedagógica do município. (FOTO/ João Alves).

A Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006) completa 15 anos neste sábado, desde que foi sancionada, em 7 de agosto de 2006. A legislação que homenageia a cearense Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da luta contra a violência doméstica, significou um marco para a proteção das mulheres brasileiras. O POVO preparou cronologia resgatando fatos relacionados à lei, além de trazer dados sobre violência doméstica no Ceará.

No Estado, 27.138 autos de prisão e apreensão em flagrante foram registrados em ocorrências baseadas na Lei Maria da Penha entre janeiro de 2012 e junho de 2021. Além disso, no mesmo período, 154.314 atendimentos foram realizados nas dez Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) ou nas delegacias municipais, metropolitanas e regionais, unidades da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE).

Ao longo do tempo a Lei Maria da Penha, registrou implementações, mas não retrocessos, resultado da mobilização da mulher que dá nome à legislação e dos movimentos feministas e instituições governamentais.

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Com informações do O Povo. Leia o texto completo aqui.

Ataques de Bolsonaro: fase das ‘notas de repúdio’ pode ter chegado ao fim

Incorrigível e incontrolável, Bolsonaro pode tentar cavar a própria inelegibilidade. (FOTO/ Marcos Corrêa/ PR).

De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Vitor Marchetti, ainda que tardiamente, as instituições começam a tomar decisões para conter os arroubos autoritários do presidente Jair Bolsonaro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) tomaram a dianteira desse processo, com inquéritos para investigar os ataques do presidente ao sistema eleitoral. Além disso, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, anunciou nesta quinta-feira (5) o cancelamento da reunião entre os chefes de Poderes, como resposta aos ataques de Bolsonaro aos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.


Essa ofensiva ocorre também em função da da inação do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL), que tem a atribuição de dar andamento aos pedidos de impeachment. Indica, ainda, que pode ter chegado ao fim a fase das “notas de repúdio”.

Por outro lado, apontam para o abandono da crença de que seria possível moderar Bolsonaro. Durante as eleições, representantes do mercado financeiro e da imprensa chegaram a acreditar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, pudesse “domesticá-lo”. Ou que os militares exerceriam uma espécie de tutela sobre o capitão.

A última aposta nesse sentido foi que a nomeação de Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro-chefe da Casa Civil pudesse representar um movimento de contenção. Os efeitos pretendidos não ocorreram, e Bolsonaro segue “apostando no caos” e na desestabilização.

“O fato é que todos esses atores sabiam desse perfil de Bolsonaro, e apostaram na capacidade que teriam de moderar esse seu ímpeto ruidoso, autoritário e instabilizador. Mas está mais do que provado que isso é impossível”, afirmou Marchetti, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (6). “Até por isso o STF e o TSE começaram a agir de modo mais concreto e enfático. Não tem como acreditar que esse sujeito vai agir dentro da liturgia do cargo e da lógica do funcionamento das instituições. Não há mais expectativas em relação a isso”, acrescentou.

Cavando a própria inelegibilidade?
A inclusão de Bolsonaro no inquérito das fake news, sob comando do próprio STF, poderia resultar em denúncia contra o presidente. Para o andamento de um processo, contudo, dependeria do aval de dois terços do Congresso Nacional, o que praticamente torna esse caminho inviável, dada a aliança de Bolsonaro com o Centrão. Por outro lado, o inquérito aberto pelo TSE poderia resultar na inelegibilidade do atual presidente, caso vier a ser condenado.

Marchetti afirma que seriam necessários anos de estudos psiquiátricos e psicológicos para conseguir desvendar a mente de Bolsonaro. Contudo, diante do aumento da sua rejeição, ao insistir no tensionamento com os ministros do Supremo, o atual presidente poderia estar buscando cavar a própria inelegibilidade. Essa eventual inelegibilidade ratificaria o seu discurso de que as instituições o impedem de governar o país, abrindo caminho para uma solução de força.
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Com informações da RBA. Leia o texto completo aqui.