Segundo
o Ministério do Planejamento, serão descontados todos os dias não trabalhados.
A decisão terá impacto sobre a folha de pagamento de agosto, que é paga a
partir do início de setembro. Em julho, o corte atingiu 1.972 trabalhadores.
“É
natural o patrão fazer isso, embora o Estado não tenha essa função, mas é uma
medida autoritária, usada como arma para inibir a greve. Isso só acirra os
ânimos. Nesses casos, o tiro sempre sai pela culatra. Não é possível impedir o
direito do trabalhador à greve Agora, só os servidores que continuarem o
movimento só voltarão ao trabalho quando devolverem o dinheiro cortado dos
salários”, enfatizou João Paulo Ribeiro, o JP, coordenador de Organização
Sindical da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades
Públicas Brasileiras (Fasubra), que deve encerrar a paralisação nos próximos
dias.
Ele
contou ao Vermelho que há uma negociação direta com os reitores de não haver
descontos nos salários. No entanto, o governo tem pressionado os mesmos para
que promovam os cortes ou que substituíam os trabalhadores federais concursados
por servidores estaduais ou municipais, segundo determinou o decreto 7777/2012.
“É
outra medida absurda contra os trabalhadores, um desrespeito. Já estamos
recorrendo nas instâncias jurídicas”, disse.
Segundo
o dirigente da Fasubra, que representa cerca de 150 mil trabalhadores (de um
total de 180 mil), os servidores das universidades federais não serão
descontados já que a intenção é fechar acordo com todos eles até final deste
mês.
Ele
lembrou, ainda, que dois diretores da Fasubra já tiveram o ponto descontado nos
últimos dois meses, sendo um da federal do Mato Grosso do Sul e outro da
federal do Acre. Mas, segundo ele, tratam-se de casos isolados.
Outro
ponto que já deverá ser discutido na reunião desta quarta é a reposição do
trabalho. “Temos a nossa lógica: nunca nos negamos a repor trabalho. Sempre
negociamos diretamente com os reitores a reposição do trabalho que deixou de
ser feito. A volta ao trabalho está prevista para a segunda-feira , dia 27”,
completou JP.
A
Federação Nacional dos Policiais Federais (FNPF) contou que o corte na folha de
pagamento só contribui para fortalecer o movimento.
“O
que o governo conseguiu foi só que alguns colegas que ainda não tinham aderido
a greve, aderissem. A greve é direito do trabalhador. Estamos negociando há
mais de 2 anos com o governo e até agora não apresentou nenhuma proposta”,
explicou Naziazeno Florentino Santos, o Filé, diretor de seguridade social da
FNPF, lembrando que a categoria de servidores está sem reajuste desde 2009.
Ele
lembrou que durante a reestruturação de carreira ocorrida no Governo Lula,
somente os delegados e peritos foram contemplados. Além disso, a bandeira
principal dos servidores da PF não é o reajuste. “Somos cerca de 9 mil agentes,
papiloscopostas e escrivães. Mas a nossa questão é diferenciada. Exigimos o
reconhecimento, por lei, do nível superior das carreiras da Polícia Federal,
incluindo a gente nas tabelas de salários com formação de Ensino Superior”, explicou
Filé.
Desde
1996, a lei 9.266 instituiu a obrigatoriedade do nível superior para a
realização de concurso público para a Polícia Federal. Mas, de acordo com o
dirigente, todas as atribuições são anteriores à Constituição de 1988 e à Lei
de 1996 e foram ditadas a partir de portaria.
“Essas
portarias falam em nível médio ainda. Somos os que menos ganham dentre os
servidores com nível superior. Ganhamos até menos que s agentes da Abin
[Agência Brasileira de Informação], não desmerecendo eles, mas corremos mais
riscos do que eles, temos mais atribuições. A própria constituição diz que as
atribuições devem ser feitas através de lei”, completou Filé, que faz questão
de lembrar que a legislação específica para os policiais federais pode ser
negociada até 2015.
“Entendemos
a situação internacional , a crise, não somos intransigente. Por isso, já
deixamos claro na mesa de negociação que é possível planejar e atender a
negociação até 2015”, ressaltou.
Negociações
A
intensa agenda de negociações continua no ministério do Planejamento para
tentar dar fim a paralisação e, ainda, incluir os reajustes concedidos no
orçamento para 2013, finalizado até dia 31 de agosto.
Nesta
quarta-feira (22), a Fasubra tem reunião agendada para às 19h, quando deverá
ser dada a resposta oficial da federação sobre a proposta colocada na última
rodada de negociação na quarta-feira (15).
Até
a manhã de hoje, os técnicos administrativos da base da Fasubra realizavam
assembleias para votar a proposta. “Já temos a informação de que a maioria está
dando o indicativo que a gente vai sair da greve, que este é o limite do
movimento. Mas, vamos enfatizar que não assinaremos nada que congele a categoria
pelos próximos três anos. De acordo com o que está proposto, o reajuste de
15,8% será parcelado em 2013, 2014 e 2015. Mas, caso a gente perceba uma
melhora da economia, vamos procurar o governo para reivindicar novas
correções”, explicou JP, que também é secretário nacional de Serviços Públicos
e do Trabalhador Público da CTB.
A
decisão do governo cortar o ponto de 11.495 servidores públicos federais em
greve há três meses causou reação contrária a desejada pelo governo. Entidades
ouvidas pelo Vermelho só confirmaram o que é senso comum no movimento sindical:
quanto mais autoritária a postura, mais chances de radicalização do movimento.
Os
agentes da PF têm nova rodada de negociação na manhã de quinta-feira (23).
Fonte: Portal Vermelho