Dito
de outra forma, nosso problema reside no baixo grau de politização da nossa
sociedade. O drama se amplia quando olhamos para a juventude e constatamos que
a tendência é piorar. Nesse particular, importantíssimo o alerta emitido no
recente artigo de Beto Iannicelli.
De
fato, isso não se trata de uma contingência natural. A verdade é que essa
doutrina alienígena chegou com o golpe de 64. O sistema educacional foi
desmantelado e a comunicação social foi usurpada por um sofisticado monopólio
empresarial, para atuar exclusivamente na propaganda do governo conservador. O
núcleo central da operação tinha como objetivo idiotizar e brutalizar o povo
brasileiro através de mensagem subliminar.
E
hoje eles estão colhendo os frutos dessa política mesquinha e entreguista. A
despolitização e a violência passaram a ser uma marca da nossa sociedade. A
consequência disso é a corrupção institucionalizada. Pois uma sociedade
moralmente doente não pode nem consegue reagir.
Não
há, contudo, nada de inusitado. Essa situação tem sido mostrada de forma
exaustiva nos meios de comunicação. O problema é que a abordagem não se destina
ao debate em busca de soluções. Apenas, divulgar para consolidar. Afinal, o
crime e a violência tem papel decisivo na economia.
Imagine
o que seria da TV se os criminosos resolvessem fazer uma semana de greve !
Muita gente desempregada com a queda “brutal” da audiência. Imagine se a
construção civil fosse depender apenas da boa vontade dos proprietários de
imóveis para ceder o terreno de suas casas, nas áreas nobres das grandes
cidades, para construção de edifícios. Isso sem considerar a possibilidade do
uso de dinheiro ilegal nos empreendimentos.
A
violência nesse caso é fundamental. Intimidada com os bandidos nas suas portas,
a população compulsoriamente tende a abrigar-se nos apartamentos, tornando-se
presa fácil dos empresários da construção.
O
que precisa ser acrescentado a esse debate é a identificação dos responsáveis
pelo trancafiamento da nação desde 64. Nesse aspecto, se há que destacar o papel
da Igreja, patronesse do golpe militar e principal responsável pelas ações de
controle social via doutrinação.
É dela também a responsabilidade de preparar
pupilos do regime conservador e travesti-los de líderes populares com o intuito
de continuar a política da submissão.
E
se a esse quadro observarmos que o Congresso é comandado pela principal figura
da reação conservadora, fica fácil explicar porque chegamos a essa difícil
situação. Mais difícil ainda é sair dela. Quando se vislumbra alguma fumaça de
mudança, um tipo de golpe é implementado.
Foi
assim quando Collor se comprometeu em investir 10 bilhões de dólares na
educação básica. Veio o golpe parlamentar. Foi assim quando o Poder de Sarney
foi ameaçado. Veio o golpe do judiciário com o “Ficha-limpa”. Precisamos
trabalhar com afinco para nos livrar do jugo dos religiosos, forçando-os a
atuar de forma humanizada, respeitando os brasileiros e a soberania nacional. E
o principal instrumento de que dispomos é o partido político.
A
reforma política precisa transformar esse “cartório familiare” em agremiação
popular a que todo cidadão possa ter acesso para exercício político. Enfim, que
o brasileiro seja um torcedor, que professe sua religião, mas que possa com
orgulho, escolher um partido político para exercer sua cidadania, atuando na
defesa da sociedade e do seu país.
LEIA MAIS EM A TRIBUNA DA
IMPRENSA
CABE
A MIM AGORA ACRESCENTAR A ESTE ARTIGO O SEGUINTE: QUE A IMPRENSA BRASILEIRA NÃO PODE CONTINUAR A
DIVULGAR PARA CONSOLIDAR, A DIVULGAR PARA MANTER O POVO DESPOLITIZADO, A
DIVULGAR PARA REPRIMIR E, FINALMENTE QUE A JUVENTUDE, FORÇA MAIOR DESSE PAIS POSSA
ACORDAR E, OU TIRAR A VENDA DOS OLHOS E PODER CONTRIBUIR DE FATO PARA A CONSTRUÇÃO
DE UM ESPAÇO SOCIAL SEM AS AMARRAS DO CAPITALISMO E SEM AS ALGEMAS DA VIOLÊNCIA
IDEOLÓGICA. E, POR FIM, DE FATO, UM ALERTA A JUVENTUDE: O VOTO EM BRANCO E UM
ATO DE PROTESTO, MAS UM PROTESTO FRAGILIZADO. É VOTANDO QUE TE DÁ O DIREITO DE COBRAR DO SEU
“REPRESENTANTE” E FORTALECE AINDA MAIS A SUA CIDADANIA.