Fernando
Henrique Cardoso comentou nesta quarta-feira (18), em entrevista à Rádio Jovem
Pan, a baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), que alcançou seu
pior patamar desde que assumiu a Presidência da República, em janeiro de 2011.
De
acordo com o instituto Datafolha, a rejeição ao governo Dilma chegou a 62%.
Para FHC, um índice tão elevado de reprovação é um forte empecilho para seguir
governando. “Esses números expressam o
descrédito do governo. A presidente Dilma tem que enfrentar a realidade, e é
uma realidade de desaprovação”.
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Imagem: Rodrigo Dionísio/Frame/Folhapress. |
Rejeições
No
passado, FHC precisou lidar com cenário semelhante. Em 1999, também no primeiro
ano do seu segundo mandato, o ex-presidente tucano amargou um recorde de
rejeição histórico: 65%. Na outra ponta, sua aprovação era de apenas 8%. Dilma,
agora, segundo o mais recente Datafolha, tem 13% de bom/ótimo.
A
reprovação ao governo FHC, à época, se deu pela desvalorização do Real, alto
desemprego e crescimento da inflação. O tucano foi reeleito em 1998 após a
compra de votos para aprovar a emenda da reeleição no Congresso Nacional.
“Mesmo em 1999, eu nunca perdi a grande
maioria do congresso. Não perdi a credibilidade. Uma coisa é a popularidade,
outra coisa é credibilidade”, afirmou FHC, ao ser confrontado com os dados.
Em
seus piores momentos, além de FHC, outros ex-presidentes alcançaram índices
ainda mais preocupantes que o de Dilma Rousseff. Itamar Franco, em 1993, tinha
12% de aprovação na época do escândalo do Orçamento. Fernando Collor, às
vésperas do impeachment, tinha apenas 9% de avaliação positiva.
O
ex-presidente Lula, por sua vez, é quem herda as melhores avaliações nas
medições históricas. Em seu pior momento, no auge do escândalo do mensalão, o
petista teve 28% de aprovação.
Impeachment
Questionado
sobre um possível impedimento do mandato da atual presidente, FHC disse que,
por enquanto, não há razões para tirar Dilma do poder através de meios que não
sejam democráticos, embora não tenha descartado completamente a possibilidade.
“Nós temos que respeitar as instituições
democráticas e a presidente Dilma foi eleita, mas ela está perdendo as
condições políticas de governar […] Se aparecerem provas de que Dilma está
envolvida nos crimes investigados pela Lava Jato, a lei deve ser cumprida”,
disse FHC.
Corrupção
Fernando
Henrique se mostrou incomodado diante das recentes declarações do atual
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que afirmou que o
ex-presidente tucano ‘abriu as portas da corrupção na Petrobras’ após baixar
decreto com o qual a estatal não precisava mais passar todas suas compras por
licitações.
Cardoso
disse não se considerar o culpado, defendeu o decreto, afirmando ser ‘inviável’
uma empresa do porte da Petrobras agir no mercado apenas com licitações e
culpou o PT: “O governo do PT está aí há
12 anos, era só mudar o decreto”.