![]() |
Haddad avança a sombra de Lula. (Foto; Ricardo Stuckert). |
A
nova pesquisa CUT/Vox Populi confirma o poder de transferência de voto de Lula,
preso em Curitiba e impedido de concorrer à presidência da República pelo
Tribunal Superior Eleitoral. Quando claramente apresentado aos eleitores como o
candidato do ex-presidente, o petista Fernando Haddad alcança 22% de intenção
de votos e assume a liderança na disputa.
Jair
Bolsonaro, do PSL, aparece em segundo, com 18%. Ciro Gomes, do PDT, registra
10%, enquanto Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB, aparecem com
5% e 4%, respectivamente. Brancos e nulos somam 21%.
O
Vox Populi ouviu 2 mil eleitores em 121 municípios entre 7 e 11 de setembro. A
margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo. O índice
de confiança chega a 95%.
O
instituto tomou a decisão de associar Haddad diretamente a Lula no
questionário, ao contrário das demais empresas de pesquisa. Segundo Marcos
Coimbra, diretor do Vox Populi, não se trata de uma indução, mas de fornecer o
máximo de informação ao eleitor. “Esconder o fato de que o ex-prefeito foi
indicado e tem o apoio do ex-presidente tornaria irreal o resultado de qualquer
levantamento. É uma referência relevante para uma parcela significativa dos
cidadãos. Chega perto de 40% a porção do eleitorado que afirma votar ou poder
votar em um nome apoiado por Lula”.
Um
pouco mais da metade dos entrevistados (53%) reconhece Haddad como o candidato
do ex-presidente. O petista, confirmado na terça-feira 11 como o cabeça de
chapa na coligação com o PCdoB, também é o menos conhecido entre os postulantes
a ocupar o Palácio do Planalto: 42% informam saber de quem se trata e outros
37% afirmam conhece-lo só de nome.
O
desconhecimento é maior justamente na parcela mais propensa a seguir a
recomendação de voto de Lula, os mais pobres e menos escolarizados. De maio
para cá, decresceu sensivelmente o percentual de brasileiros que afirmam não
saber que o ex-presidente está impedido de disputar a eleição: de 39% para 16%.
Ainda
assim, é em meio a este público que Haddad registra grandes avanços. Na
comparação com a pesquisa de julho, mês no qual o PT ainda nutria esperanças de
garantir Lula na disputa, o ex-prefeito passou de 15% para 24% entre os
eleitores com ensino fundamental e de 15% para 25% entre aqueles que ganham até
dois salários mínimos. O petista chega a 31% no Nordeste e tem seu pior
desempenho na região Sul (11%), mesmo quando associado ao ex-presidente.
Ciro
Gomes é o menos rejeitado (34%) entre os cinco candidatos mais bem
posicionados. Haddad tem a segunda menor taxa, 38%. No outro extremo, com 57%,
aparece Bolsonaro.
O
deputado, internado desde a sexta-feira 7 no Hospital Albert Einstein, em São
Paulo, registra contudo o maior percentual de menções espontâneas (13%), contra
4% de Ciro e Haddad, 3% de Marina e 2% de Alckmin.
O
fato de as citações espontâneas se aproximarem da porcentagem registrada por
Bolsonaro nas respostas estimuladas demonstra, ao mesmo tempo, um teto do
candidato do PSL e uma resiliência que tende a leva-lo à próxima fase da
disputa presidencial.
O
Vox realizou diversas simulações de segundo turno. Bolsonaro venceria Alckmin
(25% a 18%), empataria tecnicamente com Marina (24% a 26%) e perderia para Ciro
(22% a 32%) e Haddad (24% a 36%). O pedetista e o petista vencem os demais. O
instituto não fez a simulação de um confronto entre os dois.
Por
fim, a pesquisa mediu a percepção dos eleitores em relação ao ataque a
Bolsonaro ocorrido em Juiz de Fora em 6 de setembro. A maioria absoluta, 64%,
associa a facada a um ato solitário de um indivíduo desequilibrado, “com
problemas mentais”. Outros 35% acreditam tratar-se de um atentado organizado e
planejado, com fins políticos.
A
maior parte dos entrevistados (49% contra 33%) não crê que o episódio possa
influenciar a decisão de voto dos brasileiros. (Com informações de
CartaCapital).