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Uma das melhores cenas da sessão: O Candidato Derrotado



Uma das melhores cenas da sessão da manhã do Senado foi quando Dilma citou o “candidato derrotado”. Dilma sublinhou o adjetivo “derrotado”.

Sem que nada houvesse sido obviamente combinado, a câmara da TV Senado se fixou em Aécio. E os memes se multiplicaram pelas redes sociais.


É assim que Aécio, o Abominável Aécio das Neves, vai passar para a história. Como o candidato conservador que ao ser batido nas urnas iniciou o processo de golpe que tragicamente vai chegando ao fim.

Há outros protagonistas no golpe, como Eduardo Cunha, bem definido por Katia Abreu nestes dias como um “escroque internacional”.

Mas Aécio é um caso à parte.

Um corrupto contumaz, um recolhedor de propinas que sempre gozou da proteção da mídia, Aécio foi inventando pretextos absursos para desqualificar a vitória de Dilma.

Colocou em dúvida a lisura das urnas eletrônicas, chegou à insanidade de reivindicar que fosse ele proclamado presidente — e depois se mancomunou com Eduardo Cunha para que este aceitasse o processo de impeachment na Câmara, a base de tudo.

Não esqueçamos o papel imundo, na trama, do mentor de Aécio, FHC, um homem de esquerda na origem que foi caminhando progressivamente para a direita e hoje é um fâmulo da plutocracia.

Mas é de Aécio que tratamos.

Dilma qualificou-o exatamente como ele passará para a história. Sem nome, sem nada: como o candidato derrotado.

Os historiadores do futuro já têm um título pronto para a biografia na qual narração a carreira infame de Aécio.

O Candidato Derrotado.


Corrupto contumaz.

Leia a íntegra do discurso de defesa de Dilma no processo de Impeachment no Senado



Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal Renan Calheiros, Excelentíssimas Senhoras Senadoras e Excelentíssimos Senhores Senadores, Cidadãs e Cidadãos de meu amado Brasil, No dia 1o de janeiro de 2015 assumi meu segundo mandato à Presidência da República Federativa do Brasil. Fui eleita por mais 54 milhões de votos. Na minha posse, assumi o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, bem como o de observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Ao exercer a Presidência da República respeitei fielmente o compromisso que assumi perante a nação e aos que me elegeram. E me orgulho disso. Sempre acreditei na democracia e no Estado de direito, e sempre vi na Constituição de 1988 uma das grandes conquistas do nosso povo. Jamais atentaria contra o que acredito ou praticaria atos contrários aos interesses daqueles que me elegeram. Nesta jornada para me defender do impeachment me aproximei mais do povo, tive oportunidade de ouvir seu reconhecimento, de receber seu carinho. Ouvi também críticas duras ao meu governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade. Até porque, como todos, tenho defeitos e cometo erros. Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo, os princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado. Na luta contra a ditadura, recebi no meu corpo as marcas da tortura. Amarguei por anos o sofrimento da prisão. Vi companheiros e companheiras sendo violentados, e até assassinados. Na época, eu era muito jovem. Tinha muito a esperar da vida. Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de terror que começava a me engolir, na escuridão dos tempos amargos em que o país vivia. Não mudei de lado. Apesar de receber o peso da injustiça nos meus ombros, continuei lutando pela democracia. Dediquei todos esses anos da minha vida à luta por uma sociedade sem ódios e intolerância. Lutei por uma sociedade livre de preconceitos e de discriminações. Lutei por uma sociedade onde não houvesse miséria ou excluídos. Lutei por um Brasil soberano, mais igual e onde houvesse justiça. Disso tenho orgulho. Quem acredita, luta.
Publicado originalmente no sítio do senado

Aos quase setenta anos de idade, não seria agora, após ser mãe e avó, que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram. Exercendo a Presidência da República tenho honrado o compromisso com o meu país, com a Democracia, com o Estado de Direito. Tenho sido intransigente na defesa da honestidade na gestão da coisa pública. Por isso, diante das acusações que contra mim são dirigidas neste processo, não posso deixar de sentir, na boca, novamente, o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio. E por isso, como no passado, resisto. Não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes. No passado, com as armas, e hoje, com a retórica jurídica, pretendem novamente atentar contra a democracia e contra o Estado do Direito. Se alguns rasgam o seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante a sua consciência e perante a história pelos atos que praticam. A mim cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram. E resistir. Resistir sempre. Resistir para acordar as consciências ainda adormecidas para que, juntos, finquemos o pé no terreno que está do lado certo da história, mesmo que o chão trema e ameace de novo nos engolir. Não luto pelo meu mandato por vaidade ou por apego ao poder, como é próprio dos que não tem caráter, princípios ou utopias a conquistar. Luto pela democracia, pela verdade e pela justiça. Luto pelo povo do meu País, pelo seu bem-estar. Muitos hoje me perguntam de onde vem a minha energia para prosseguir. Vem do que acredito. Posso olhar para trás e ver tudo o que fizemos. Olhar para a frente e ver tudo o que ainda precisamos e podemos fazer. O mais importante é que posso olhar para mim mesma e ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem forças para defender suas ideias e seus direitos. Sei que, em breve, e mais uma vez na vida, serei julgada. E é por ter a minha consciência absolutamente tranquila em relação ao que fiz, no exercício da Presidência da República que venho pessoalmente à presença dos que me julgarão. Venho para olhar diretamente nos olhos de Vossas Excelências, e dizer, com a serenidade dos que nada tem a esconder que não cometi nenhum crime de responsabilidade. Não cometi os crimes dos quais sou acusada injusta e arbitrariamente. Hoje o Brasil, o mundo e a história nos observam e aguardam o desfecho deste processo de impeachment. No passado da América Latina e do Brasil, sempre que interesses de setores da elite econômica e política foram feridos pelas urnas, e não existiam razões jurídicas para uma destituição legítima, conspirações eram tramadas resultando em golpes de estado. O Presidente Getúlio Vargas, que nos legou a CLT e a defesa do patrimônio nacional, sofreu uma implacável perseguição; a hedionda trama orquestrada pela chamada “República do Galeão, que o levou ao suicídio. O Presidente Juscelino Kubitscheck, que contruiu essa cidade, foi vítima de constantes e fracassadas tentativas de golpe, como ocorreu no episódio de Aragarças. O presidente João Goulart, defensor da democracia, dos direitos dos trabalhadores e das Reformas de Base, superou o golpe do parlamentarismo mas foi deposto e instaurou-se a ditadura militar, em 1964. Durante 20 anos, vivemos o silêncio imposto pelo arbítrio e a democracia foi varrida de nosso País. Milhões de brasileiros lutaram e reconquistaram o direito a eleições diretas. Hoje, mais uma vez, ao serem contrariados e feridos nas urnas os interesses de setores da elite econômica e política nos vemos diante do risco de uma ruptura democrática. Os padrões políticos dominantes no mundo repelem a violência explícita. Agora, a ruptura democrática se dá por meio da violência moral e de pretextos constitucionais para que se empreste aparência de legitimidade ao governo que assume sem o amparo das urnas. Invoca-se a Constituição para que o mundo das aparências encubra hipocritamente o mundo dos fatos.

As provas produzidas deixam claro e inconteste que as acusações contra mim dirigidas são meros pretextos, embasados por uma frágil retórica jurídica. Nos últimos dias, novos fatos evidenciaram outro aspecto da trama que caracteriza este processo de impeachment. O autor da representação junto ao Tribunal de Contas da União que motivou as acusações discutidas nesse processo, foi reconhecido como suspeito pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Soube-se ainda, pelo depoimento do auditor responsável pelo parecer técnico, que ele havia ajudado a elaborar a própria representação que auditou. Fica claro o vício da parcialidade, a trama, na construção das teses por eles defendidas. São pretextos, apenas pretextos, para derrubar, por meio de um processo de impeachment sem crime de responsabilidade, um governo legítimo, escolhido em eleição direta com a participação de 110 milhões de brasileiros e brasileiras. O governo de uma mulher que ousou ganhar duas eleições presidenciais consecutivas. São pretextos para viabilizar um golpe na Constituição. Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador. A eleição indireta de um governo que, já na sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando o povo, nas urnas, escolheu uma mulher para comandar o país. Um governo que dispensa os negros na sua composição ministerial e já revelou um profundo desprezo pelo programa escolhido pelo povo em 2014. Fui eleita presidenta por 54 milhões e meio de votos para cumprir um programa cuja síntese está gravada nas palavras “nenhum direito a menos”. O que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição. O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos: os ganhos da população, das pessoas mais pobres e da classe média; a proteção às crianças; os jovens chegando às universidades e às escolas técnicas; a valorização do salário mínimo; os médicos atendendo a população; a realização do sonho da casa própria. O que está em jogo é o investimento em obras para garantir a convivência com a seca no semiárido, é a conclusão do sonhado e esperado projeto de integração do São Francisco. O que está em jogo é, também, a grande descoberta do Brasil, o pré-sal. O que está em jogo é a inserção soberana de nosso País no cenário internacional, pautada pela ética e pela busca de interesses comuns. O que está em jogo é a auto-estima dos brasileiros e brasileiras, que resistiram aos ataques dos pessimistas de plantão à capacidade do País de realizar, com sucesso, a Copa do Mundo e as Olimpíadas e Paraolimpíadas. O que está em jogo é a conquista da estabilidade, que busca o equilíbrio fiscal mas não abre mão de programas sociais para a nossa população. O que está em jogo é o futuro do País, a oportunidade e a esperança de avançar sempre mais. Senhoras e senhores senadores, No presidencialismo previsto em nossa Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar um Presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade. E está claro que não houve tal crime. Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo “conjunto da obra”. Quem afasta o Presidente pelo “conjunto da obra” é o povo e, só o povo, nas eleições. E nas eleições o programa de governo vencedor não foi este agora ensaiado e desenhado pelo Governo interino e defendido pelos meus acusadores. O que pretende o governo interino, se transmudado em efetivo, é um verdadeiro ataque às conquistas dos últimos anos. Desvincular o piso das aposentadorias e pensões do salário mínimo será a destruição do maior instrumento de distribuição de renda do país, que é a Previdência Social. O resultado será mais pobreza, mais mortalidade infantil e a decadência dos pequenos municípios. A revisão dos direitos e garantias sociais previstos na CLT e a proibição do saque do FGTS na demissão do trabalhador são ameaças que pairam sobre a população brasileira caso prospere o impeachment sem crime de responsabilidade. Conquistas importantes para as mulheres, os negros e as populações LGBT estarão comprometidas pela submissão a princípios ultraconservadores. O nosso patrimônio estará em questão, com os recursos do pré-sal, as riquezas naturais e minerárias sendo privatizadas. A ameaça mais assustadora desse processo de impeachment sem crime de responsabilidade é congelar por inacreditáveis 20 anos todas as despesas com saúde, educação, saneamento, habitação. É impedir que, por 20 anos, mais crianças e jovens tenham acesso às escolas; que, por 20 anos, as pessoas possam ter melhor atendimento à saúde; que, por 20 anos, as famílias possam sonhar com casa própria. Senhor Presidente Ricardo Lewandowski, Sras. e Srs. Senadores, A verdade é que o resultado eleitoral de 2014 foi um rude golpe em setores da elite conservadora brasileira. Desde a proclamação dos resultados eleitorais, os partidos que apoiavam o candidato derrotado nas eleições fizeram de tudo para impedir a minha posse e a estabilidade do meu governo. Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas, impugnaram minhas contas eleitorais, e após a minha posse, buscaram de forma desmedida quaisquer fatos que pudessem justificar retoricamente um processo de impeachment. Como é próprio das elites conservadoras e autoritárias, não viam na vontade do povo o elemento legitimador de um governo. Queriam o poder a qualquer preço. Tudo fizeram para desestabilizar a mim e ao meu governo. Só é possível compreender a gravidade da crise que assola o Brasil desde 2015, levando-se em consideração a instabilidade política aguda que, desde a minha reeleição, tem caracterizado o ambiente em que ocorrem o investimento e a produção de bens e serviços. Não se procurou discutir e aprovar uma melhor proposta para o País. O que se pretendeu permanentemente foi a afirmação do “quanto pior melhor”, na busca obsessiva de se desgastar o governo, pouco importando os resultados danosos desta questionável ação política para toda a população. A possibilidade de impeachment tornou-se assunto central da pauta política e jornalística apenas dois meses após minha reeleição, apesar da evidente improcedência dos motivos para justificar esse movimento radical. Nesse ambiente de turbulências e incertezas, o risco político permanente provocado pelo ativismo de parcela considerável da oposição acabou sendo um elemento central para a retração do investimento e para o aprofundamento da crise econômica. Deve ser também ressaltado que a busca do reequilíbrio fiscal, desde 2015, encontrou uma forte resistência na Câmara dos Deputados, à época presidida pelo Deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados pelo governo foram rejeitados, parcial ou integralmente. Pautas bombas foram apresentadas e algumas aprovadas. As comissões permanentes da Câmara, em 2016, só funcionaram a partir do dia 5 de maio, ou seja, uma semana antes da aceitação do processo de impeachment pela Comissão do Senado Federal. Os Srs. e as Sras. Senadores sabem que o funcionamento dessas Comissões era e é absolutamente indispensável para a aprovação de matérias que interferem no cenário fiscal e encaminhar a saída da crise. Foi criado assim o desejado ambiente de instabilidade política, propício a abertura do processo de impeachment sem crime de responsabilidade. Sem essas ações, o Brasil certamente estaria hoje em outra situação política, econômica e fiscal.


Muitos articularam e votaram contra propostas que durante toda a vida defenderam, sem pensar nas consequências que seus gestos trariam para o país e para o povo brasileiro. Queriam aproveitar a crise econômica, porque sabiam que assim que o meu governo viesse a superá-la, sua aspiração de acesso ao poder haveria de ficar sepultada por mais um longo período. Mas, a bem da verdade, as forças oposicionistas somente conseguiram levar adiante o seu intento quando outra poderosa força política a elas se agregou: a força política dos que queriam evitar a continuidade da “sangria” de setores da classe política brasileira, motivada pelas investigações sobre a corrupção e o desvio de dinheiro público. É notório que durante o meu governo e o do Pr Lula foram dadas todas as condições para que estas investigações fossem realizadas. Propusemos importantes leis que dotaram os órgãos competentes de condições para investigar e punir os culpados. Assegurei a autonomia do Ministério Público, nomeando como Procurador Geral da República o primeiro nome da lista indicado pelos próprios membros da instituição. Não permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal. Contrariei, com essa minha postura, muitos interesses. Por isso, paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive. Arquitetaram a minha destituição, independentemente da existência de quaisquer fatos que pudesse justificá-la perante a nossa Constituição. Encontraram, na pessoa do ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha o vértice da sua aliança golpista. Articularam e viabilizaram a perda da maioria parlamentar do governo. Situações foram criadas, com apoio escancarado de setores da mídia, para construir o clima político necessário para a desconstituição do resultado eleitoral de 2014. Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por uma “chantagem explícita” do ex-Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declarações à imprensa um dos próprios denunciantes. Exigia aquele parlamentar que eu intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaças ou chantagens. Se não o fiz antes, não o faria na condição de Presidenta da República. É fato, porém, que não ter me curvado a esta chantagem motivou o recebimento da denúncia por crime de responsabilidade e a abertura deste d processo, sob o aplauso dos derrotados em 2014 e dos temerosos pelas investigações. Se eu tivesse me acumpliciado com a improbidade e com o que há de pior na política brasileira, como muitos até hoje parecem não ter o menor pudor em fazê-lo, eu não correria o risco de ser condenada injustamente. Quem se acumplicia ao imoral e ao ilícito, não tem respeitabilidade para governar o Brasil. Quem age para poupar ou adiar o julgamento de uma pessoa que é acusada de enriquecer às custas do Estado brasileiro e do povo que paga impostos, cedo ou tarde, acabará pagando perante a sociedade e a história o preço do seu descompromisso com a ética. Todos sabem que não enriqueci no exercício de cargos públicos, que não desviei dinheiro público em meu proveito próprio, nem de meus familiares, e que não possuo contas ou imóveis no exterior. Sempre agi com absoluta probidade nos cargos públicos que ocupei ao longo da minha vida. Curiosamente, serei julgada, por crimes que não cometi, antes do julgamento do ex-presidente da Câmara, acusado de ter praticado gravíssimos atos ilícitos e que liderou as tramas e os ardis que alavancaram as ações voltadas à minha destituição. Ironia da história? Não, de forma nenhuma. Trata-se de uma ação deliberada que conta com o silêncio cúmplice de setores da grande mídia brasileira. Viola-se a democracia e pune-se uma inocente. Este é o pano de fundo que marca o julgamento que será realizado pela vontade dos que lançam contra mim pretextos acusatórios infundados.


Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional. Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado. Senhoras e Senhores Senadores, Vamos aos autos deste processo. Do que sou acusada? Quais foram os atentados à Constituição que cometi? Quais foram os crimes hediondos que pratiquei? A primeira acusação refere-se à edição de três decretos de crédito suplementar sem autorização legislativa. Ao longo de todo o processo, mostramos que a edição desses decretos seguiu todas as regras legais. Respeitamos a previsão contida na Constituição, a meta definida na LDO e as autorizações estabelecidas no artigo 4° da Lei Orçamentária de 2015, aprovadas pelo Congresso Nacional. Todas essas previsões legais foram respeitadas em relação aos 3 decretos. Eles apenas ofereceram alternativas para alocação dos mesmos limites, de empenho e financeiro, estabelecidos pelo decreto de contingenciamento, que não foram alterados. Por isso, não afetaram em nada a meta fiscal. Ademais, desde 2014, por iniciativa do Executivo, o Congresso aprovou a inclusão, na LDO, da obrigatoriedade que qualquer crédito aberto deve ter sua execução subordinada ao decreto de contingenciamento, editado segundo as normas estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. E isso foi precisamente respeitado. Não sei se por incompreensão ou por estratégia, as acusações feitas neste processo buscam atribuir a esses decretos nossos problemas fiscais. Ignoram ou escondem que os resultados fiscais negativos são consequência da desaceleração econômica e não a sua causa. Escondem que, em 2015, com o agravamento da crise, tivemos uma expressiva queda da receita ao longo do ano – foram R$ 180 bilhões a menos que o previsto na Lei Orçamentária. Fazem questão de ignorar que realizamos, em 2015, o maior contingenciamento de nossa história. Cobram que, quando enviei ao Congresso Nacional, em julho de 2015, o pedido de autorização para reduzir a meta fiscal, deveria ter imediatamente realizado um novo contingenciamento. Não o fiz porque segui o procedimento que não foi questionado pelo Tribunal de Contas da União ou pelo Congresso Nacional na análise das contas de 2009. Além disso, a responsabilidade com a população justifica também nossa decisão. Se aplicássemos, em julho, o contingenciamento proposto pelos nossos acusadores cortaríamos 96% do total de recursos disponíveis para as despesas da União. Isto representaria um corte radical em todas as dotações orçamentárias dos órgãos federais. Ministérios seriam paralisados, universidades fechariam suas portas, o Mais Médicos seria interrompido, a compra de medicamentos seria prejudicada, as agências reguladoras deixariam de funcionar. Na verdade, o ano de 2015 teria, orçamentariamente, acabado em julho. Volto a dizer: ao editar estes decretos de crédito suplementar, agi em conformidade plena com a legislação vigente. Em nenhum desses atos, o Congresso Nacional foi desrespeitado. Aliás, este foi o comportamento que adotei em meus dois mandatos. Somente depois que assinei estes decretos é que o Tribunal de Contas da União mudou a posição que sempre teve a respeito da matéria. É importante que a população brasileira seja esclarecida sobre este ponto: os decretos foram editados em julho e agosto de 2015 e somente em outubro de 2015 o TCU aprovou a nova interpretação. O TCU recomendou a aprovação das contas de todos os presidentes que editaram decretos idênticos aos que editei. Nunca levantaram qualquer problema técnico ou apresentaram a interpretação que passaram a ter depois que assinei estes atos. Querem me condenar por ter assinado decretos que atendiam a demandas de diversos órgãos, inclusive do próprio Poder Judiciário, com base no mesmo procedimento adotado desde a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2001? Por ter assinado decretos que somados, não implicaram, como provado nos autos, em nenhum centavo de gastos a mais para prejudicar a meta fiscal? A segunda denúncia dirigida contra mim neste processo também é injusta e frágil. Afirma-se que o alegado atraso nos pagamentos das subvenções econômicas devidas ao Banco do Brasil, no âmbito da execução do programa de crédito rural Plano Safra, equivale a uma “operação de crédito”, o que estaria vedado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Como minha defesa e várias testemunhas já relataram, a execução do Plano Safra é regida por uma lei de 1992, que atribui ao Ministério da Fazenda a competência de sua normatização, inclusive em relação à atuação do Banco do Brasil. A Presidenta da República não pratica nenhum ato em relação à execução do Plano Safra. Parece óbvio, além de juridicamente justo, que eu não seja acusada por um ato inexistente. A controvérsia quanto a existência de operação de crédito surgiu de uma mudança de interpretação do TCU, cuja decisão definitiva foi emitida em dezembro de 2015. Novamente, há uma tentativa de dizer que cometi um crime antes da definição da tese de que haveria um crime. Uma tese que nunca havia surgido antes e que, como todas as senhoras e senhores senadores souberam em dias recentes, foi urdida especialmente para esta ocasião. Lembro ainda a decisão recente do Ministério Público Federal, que arquivou inquérito exatamente sobre esta questão. Afirmou não caber falar em ofensa à lei de responsabilidade fiscal porque eventuais atrasos de pagamento em contratos de prestação de serviços entre a União e instituições financeiras públicas não são operações de crédito. Insisto, senhoras senadoras e senhores senadores: não sou eu nem tampouco minha defesa que fazemos estas alegações. É o Ministério Público Federal que se recusou a dar sequência ao processo, pela inexistência de crime. Sobre a mudança de interpretação do TCU, lembro que, ainda antes da decisão final, agi de forma preventiva. Solicitei ao Congresso Nacional a autorização para pagamento dos passivos e defini em decreto prazos de pagamento para as subvenções devidas. Em dezembro de 2015, após a decisão definitiva do TCU e com a autorização do Congresso, saldamos todos os débitos existentes. Não é possível que não se veja aqui também o arbítrio deste processo e a injustiça também desta acusação. Este processo de impeachment não é legítimo. Eu não atentei, em nada, em absolutamente nada contra qualquer dos dispositivos da Constituição que, como Presidenta da República, jurei cumprir. Não pratiquei ato ilícito. Está provado que não agi dolosamente em nada. Os atos praticados estavam inteiramente voltados aos interesses da sociedade. Nenhuma lesão trouxeram ao erário ou ao patrimônio público. Volto a afirmar, como o fez a minha defesa durante todo o tempo, que este processo está marcado, do início ao fim, por um clamoroso desvio de poder. É isto que explica a absoluta fragilidade das acusações que contra mim são dirigidas. Tem-se afirmado que este processo de impeachment seria legítimo porque os ritos e prazos teriam sido respeitados. No entanto, para que seja feita justiça e a democracia se imponha, a forma só não basta. É necessário que o conteúdo de uma sentença também seja justo. E no caso, jamais haverá justiça na minha condenação. Ouso dizer que em vários momentos este processo se desviou, clamorosamente, daquilo que a Constituição e os juristas denominam de “devido processo legal”. Não há respeito ao devido processo legal quando a opinião condenatória de grande parte dos julgadores é divulgada e registrada pela grande imprensa, antes do exercício final do direito de defesa.

Não há respeito ao devido processo legal quando julgadores afirmam que a condenação não passa de uma questão de tempo, porque votarão contra mim de qualquer jeito. Nesse caso, o direito de defesa será exercido apenas formalmente, mas não será apreciado substantivamente nos seus argumentos e nas suas provas. A forma existirá apenas para dar aparência de legitimidade ao que é ilegítimo na essência. Senhoras e senhores senadores, Nesses meses, me perguntaram inúmeras vezes porque eu não renunciava, para encurtar este capítulo tão difícil de minha vida. Jamais o faria porque tenho compromisso inarredável com o Estado Democrático de Direito. Jamais o faria porque nunca renuncio à luta. Confesso a Vossas Excelências, no entanto, que a traição, as agressões verbais e a violência do preconceito me assombraram e, em alguns momentos, até me magoaram. Mas foram sempre superados, em muito, pela solidariedade, pelo apoio e pela disposição de luta de milhões de brasileiras e brasileiros pelo País afora. Por meio de manifestações de rua, reuniões, seminários, livros, shows, mobilizações na internet, nosso povo esbanjou criatividade e disposição para a luta contra o golpe. As mulheres brasileiras têm sido, neste período, um esteio fundamental para minha resistência. Me cobriram de flores e me protegeram com sua solidariedade. Parceiras incansáveis de uma batalha em que a misoginia e o preconceito mostraram suas garras, as brasileiras expressaram, neste combate pela democracia e pelos direitos, sua força e resiliência. Bravas mulheres brasileiras, que tenho a honra e o dever de representar como primeira mulher Presidenta do Brasil. Chego à última etapa desse processo comprometida com a realização de uma demanda da maioria dos brasileiros: convocá- los a decidir, nas urnas, sobre o futuro de nosso País. Diálogo, participação e voto direto e livre são as melhores armas que temos para a preservação da democracia. Confio que as senhoras senadoras e os senhores senadores farão justiça. Tenho a consciência tranquila. Não pratiquei nenhum crime de responsabilidade. As acusações dirigidas contra mim são injustas e descabidas. Cassar em definitivo meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política. Este é o segundo julgamento a que sou submetida em que a democracia tem assento, junto comigo, no banco dos réus. Na primeira vez, fui condenada por um tribunal de exceção. Daquela época, além das marcas dolorosas da tortura, ficou o registro, em uma foto, da minha presença diante de meus algozes, num momento em que eu os olhava de cabeça erguida enquanto eles escondiam os rostos, com medo de serem reconhecidos e julgados pela história. Hoje, quatro décadas depois, não há prisão ilegal, não há tortura, meus julgadores chegaram aqui pelo mesmo voto popular que me conduziu à Presidência. Tenho por todos o maior respeito, mas continuo de cabeça erguida, olhando nos olhos dos meus julgadores. Apesar das diferenças, sofro de novo com o sentimento de injustiça e o receio de que, mais uma vez, a democracia seja condenada junto comigo. E não tenho dúvida que, também desta vez, todos nós seremos julgados pela história. Por duas vezes vi de perto a face da morte: quando fui torturada por dias seguidos, submetida a sevícias que nos fazem duvidar da humanidade e do próprio sentido da vida; e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado minha existência. Hoje eu só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós, aqui neste plenário, lutamos com o melhor dos nossos esforços. Reitero: respeito os meus julgadores. Não nutro rancor por aqueles que votarão pela minha destituição.

Respeito e tenho especial apreço por aqueles que têm lutado bravamente pela minha absolvição, aos quais serei eternamente grata. Neste momento, quero me dirigir aos senadores que, mesmo sendo de oposição a mim e ao meu governo, estão indecisos. Lembrem-se que, no regime presidencialista e sob a égide da nossa Constituição, uma condenação política exige obrigatoriamente a ocorrência de um crime de responsabilidade, cometido dolosamente e comprovado de forma cabal. Lembrem-se do terrível precedente que a decisão pode abrir para outros presidentes, governadores e prefeitos. Condenar sem provas substantivas. Condenar um inocente. Faço um apelo final a todos os senadores: não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidenta honesta, que jamais cometeu qualquer ato ilegal, na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu. Votem sem ressentimento. O que cada senador sente por mim e o que nós sentimos uns pelos outros importa menos, neste momento, do que aquilo que todos sentimos pelo país e pelo povo brasileiro. Peço: votem contra o impeachment. Votem pela democracia. Muito obrigada.

Dilma durante discurso no senado nesta segunda, 29 de agosto.





Fernando Verissimo sobre o Impeachment: “...nesta ópera, o palhaço somos nós"



A tragicomédia brasileira de 2016, em que a presidente honesta é afastada por políticos corruptos, por meio de um golpe parlamentar, foi retratada pelo escritor Luis Fernando Verissimo, no artigo Ri, palhaço.

"Depois da provável cassação da Dilma pelo Senado, ainda falta um ato para que se possa dizer que la commedia è finita: a absolvição do Eduardo Cunha. Nossa situação é como a ópera “Pagliacci”, uma tragicomédia, burlesca e triste ao mesmo tempo. E acaba mal", diz ele.
Publicado originalmente no Brasil 247

"O Eduardo Cunha pode ganhar mais tempo antes de ser julgado, tempo para o corporativismo aflorar, e os parlamentares se darem conta do que estão fazendo, punindo o homem que, afinal, é o herói do impeachment. Foi dele que partiu o processo que está chegando ao seu fim previsível agora. Pela lógica destes dias, depois da cassação da Dilma, o passo seguinte óbvio seria condecorarem o Eduardo Cunha. Manifestantes: às ruas para pedir justiça para Eduardo Cunha!"

Verissimo faz ainda um lembrete: "evite olhar-se no espelho e descobrir que, nesta ópera, o palhaço somos nós."

Neste fim se semana, Le Monde e New York Times ridicularizam o Brasil. No jornal francês, o impeachment foi chamado de golpe ou farsa.  No NYT, Dilma é devorada por ratos. 


De acusador a informante, o que isso muda no impeachment?


Assistimos nesta quinta-feira (25/08) a mais um capítulo da narrativa do processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff (PT).

Agora, as últimas linhas que já estava pensada na mente dos rasgadores da constituição e dos destruidores da vontade popular – da maioria, diga-se de passagem, e, nesse caso, a maioria decide por uma minoria, pois trata-se da democracia, começam a serem digitadas e veiculada na tv, no rádio e na internet.

Para a mídia conservadora e para os destronados do poder, o golpe não é golpe, mas um fato natural da democracia. Seria cômico se não fosse trágico. Eu me escondo da lei, rasgo a constituição, não respeito à vontade soberana do voto popular, cometo crime eleitorais e agora falo em democracia.

Como disse, a quinta-feira entra para a história como o dia em que o golpe parlamentar costurado por deputados, deputadas, senadores, senadoras, vice-presidente, membros do judiciário e com o apoio irrestrito da mídia conservadoras passa a ser consumado. Vai ser consumado, pois não há mais nada que possa mudar os rumos dessa enfadonha e triste história. Nem a ida da presidenta, muito menos o que testemunhamos ontem, onde a testemunha principal da acusação no julgamento no Senado, o procurador do Tribunal de Contas da União – TCU, o Júlio Marcelo de Oliveira foi rebaixado para a condição de informante pelo presidente do STF e dessa aberrante sessão, Lewandowski. O Júlio, senhores e senhoras é nada mais nada menos do que um defensor dos golpistas, um militante.

Mas o que muda? Nada. Absolutamente nada. O golpe parlamentar de 2016, costurado desde os primeiros dias após os resultados das eleições presidenciais em 2014 já está definido. Dilma não cometeu crime. Seus julgadores sim. Mas esse fato não lhes interessa. O que importa é tirar a força uma representante do povo, pois esta não lhes agrada. 

De acusador à informante. Júlio Marcelo de Oliveira é defensor dos golpistas. Foto: Divulgação.

Foi desmascarada a principal testemunha de acusação no senado


É tarde demais, mas finalmente José Eduardo Martins Cardozo ganhou uma batalha importante no impeachment.

Considerado a testemunha principal da acusação no julgamento no Senado, o procurador do TCU Júlio Marcelo de Oliveira foi rebaixado para a condição de informante por Lewandowski. Trata-se de um militante.
Publicado originalmente no DCM

Cardozo lembrou que Júlio Marcelo “teria se reunido com os denunciantes na época da formulação da denúncia, influenciando portanto esta questão”.

Pediu também que o presidente do STF perguntasse se “ele convocou e participou da manifestação ‘Vem Pra Rua’ para pressionar a rejeição das contas da presidenta”.

Apesar do esperneio de Janaína, que alegou ter conhecido “o doutor Júlio quando ele veio ser ouvido na comissão”, não houve escapatória.

Com sua fala rivotrílica, Júlio Marcelo garantiu que havia apenas divulgado “um comunicado” no Facebook. Gleisi Hoffman retorquiu: “O ato era pela rejeição das contas do governo Dilma. Não era discussão, era rejeição”.

“Como membro do Ministério Público, do TCU, sua senhoria não estava autorizado a fazê-lo. Portanto incide na hipótese de suspeição”, decidiu Lewandowski.

Como informante, a participação de Oliveira tem peso menor no processo, já que não será juntada como prova. Ele pode, também, mentir à vontade.

Ele foi responsável pelas representações que levaram o tribunal a condenar as pedaladas fiscais e virou porta voz do assunto (como ninguém entende nada disso, o sujeito surfou como quis). Ao longo dos últimos meses, Júlio Marcelo foi celebrado como avalizador do impedimento.

Deu entrevistas pseudo didáticas para blogueiros indigentes da Veja. Na comissão do Senado, apontou que as pedaladas causaram a crise econômica. No auge da fama e da glória, em maio, brilhou no Roda Viva, no SBT tucano.

No programa, entre outros assuntos, propôs que se trocassem expressões como “contabilidade criativa”, branda demais, por “fraude fiscal” e “contabilidade destrutiva”. Uau. Augusto Nunes, como diria Caetano Veloso, era uma pletora de alegria.

Boa parte do relatório de Anastasia se baseou nas opiniões de Júlio Marcelo. Desmascarado no julgamento no Senado, ele ainda achou espaço para uma espécie de salvo conduto: “Em 2010, eu votei na Dilma”. E daí?


É a desculpa clássica do racista que tem amigo negro e do homofóbico que tem uma prima gay. No vale tudo do Senado, não tem problema nenhum.

Júlio Marcelo de Oliveira passou de testemunha a informante.

Documento que pede anulação do impeachment é entregue ao presidente do STF



O escritor Fernando Morais encaminhou na manhã de hoje (24) ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, uma petição pública em que pede a anulação de todo o processo envolvendo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, desde sua aceitação pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no ano passado.

A petição – assinada também pelos jornalistas José Trajano e Alípio Freire, pela professora aposentada da PUC-SP Stella Senra e pelo sociólogo Laymert Garcia dos Santos – acusa Cunha de "desvio de poder e ofensa à moralidade administrativa", como um dos pilares para pedir a anulação do processo.

Também são apontadas "interferência externa, deslealdade processual, ausência de liberdade de julgamento e abuso de poder" praticados pelo presidente interino Michel Temer, Cunha e parte dos congressistas contra a totalidade da Câmara, para destituir a presidenta eleita e alcançar o poder.

Pleiteia ainda a anulação do processo pela caracterização de um golpe parlamentar em que há falta de crimes de responsabilidade cometidos pela presidenta; relatórios comprometidos com a acusação; e desvirtuamento dos propósitos constitucionais do impeachment e do processo de responsabilidade decorrente da campanha inconstitucional feita por Temer.

Em seu perfil no "Foicebook", Fernando Morais diz que as pessoas o questionam se não estaria alimentando uma ilusão com a iniciativa da petição. "De cabeça de juiz, bunda de bebê e urna eleitoral nunca se saber o que vai sair. Eu já havia participado de iniciativa semelhante – chamada 'amicus curiae' – junto à Suprema Corte dos Estados Unidos, quando do julgamento dos cinco cubanos infiltrados em organizações de extrema-direita da Flórida. Hoje os cinco estão em liberdade", responde. "Aqui no brasil, em 1981, me aventurei a entrar com uma ação popular contra o general-presidente João Batista Figueiredo para impedir a construção de duas usinas nucleares no santuário ecológico de Iguape-Peruíbe. Ganhei. A esperança, tal como as sogras, é a última que morre."


Morais, Trajano, Alípio, Stela e Laymert: 'a esperança é a última que morre'.

A presença de Dilma no senado representará mudança no impeachment?



A presidenta afastada de suas funções no palácio do planalto desde que o senado federal decidiu pelo prosseguimento do impeachment, irá pessoalmente fazer sua defesa marcada para o dia 29 de agosto.

Mas, como já foi dito anteriormente, o cenário histórico começa a ser desenhado quatro dias antes quando testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas que, segundo o presidente do Superior Tribunal Federal (STF) e também do processo de afastamento, Ricardo Lewandowski, elas serão isoladas uma das outras, o que não quer dizer nada ante os fatos já consumado.

A presença de Dilma durante o circo que lhes prepararam mudará o processo? Senadores e senadoras a favor do seu afastamento definitivo e, portanto, de sua inelegibilidade por 8 anos mudaram de opinião? Para os legisladores federais de partidos aliados a presidenta, sim. O simples fato dela poder fazer sua própria defesa demonstra grandeza e que ela pode falar muito mais e com mais propriedade do que o seu próprio advogado, o José Eduardo Cardozo. E isso contribuirá para uma mudança de voto a seu favor.

Dilma fará pessoalmente sua defesa no senado.
Porém, pelo que se percebe a ida de Dilma ao congresso nacional não servirá muito. Não mudará em nada o cenário e o enredo de uma história que já tem o seu final. Um final de uma longa e deprimente narrativa construída pelo o que tem de mais sujo e podre na política brasileira e que teve seus primeiros passos logo que foi decretado o resultado final das eleições presidenciais em outubro de 2014.

A narrativa do afastamento de Dilma será apenas confirmada nos próximos 15 dias. Nada mais lhes acrescentará. Nada mais lhes diminuirá. Ela já está pronta. Senadores e senadoras repetirão o que 367 deputados naquela aberrante sessão do dia 17 de abril fizeram. Talvez também em nome de deus e da família, porque em nome de interesses próprios já é sabido que será.

Com o impeachment confirmado nos próximos dias que contou com deputados/as, senadores/as, governadores/as, prefeitos/as, vereadores/as e o apoio irrestrito de setores da mídia conservadora e reacionária, de membros da PF, do STF e do MPF, resta-nos fazer uma oposição programática e consciente de que só a força da mobilização popular pode mudar os rumos do país. Conscientes ainda de que o afastamento da presidenta entrará para os anais da historia como um fardo pesado para a democracia, como um peso em que quem mais sentirá não é Dilma, tão pouco Lula e seus assemelhados/as, mas os setores menos favorecidos deste país, ou seja, agricultores/as, negros e negras, homossexuais. Aliás, eles já estão sentindo na pele e no bolso as consequências do governo interino.

Todos os avanços sociais - poucos é verdade, se comparados com os lucros que banqueiros/as, industriais e fazendeiros tiveram - adquiridos na última década, e todos os direitos sociais conquistados a duras penas serão paralisados em detrimento do retrocesso e do conservadorismo de uma elite política branca, racista, machista e homofóbica. Os livros de história registrarão esse fato como GOLPE.

Por fim, não se deve jamais esquecer e isso que faz com o processo seja um golpe, que mais da metade de seus julgadores respondem a algum tipo de crime, inclusive lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras. Mas Dilma não. 




Sem crime, Dilma se submeterá à tortura de ser julgada por senadores investigados por crimes


Sim, a presidenta afastada, Dilma Rousseff, fez questão do direito às últimas palavras antes da sentença de perda de mandato no Senado Federal.

O desfecho histórico do processo de impeachment, marcado para o dia 25, é bizarro por qualquer ângulo que se olhe, mas sobretudo, pela ausência de crime de responsabilidade e porque mais da metade de seus julgadores respondem a algum tipo de crime, inclusive lavagem de dinheiro com recursos desviados da Petrobras.

Publicado originalmente no Brasil 247

Para esse fato, só haverá uma versão da história, já escrita na imprensa internacional, em livros e teses de doutorado em vários países.

Sobre o excêntrico interrogatório a que deve ser submetida, disse: "Nunca tive medo disso. Aguentei tensões bem maiores na minha vida. É um exercício de democracia".

Aos 20, Dilma suportou o interrogatório dos militares com pau de arara, palmatória, choques e socos que prejudicaram sua arcada dentária lutando por algo que desejava por um fim, a ditadura.

Agora tem quase 70 e luta pelo que não quer perder, a democracia.

Queiram ou não queiram os 'juízes', a decisão de fazer a própria defesa no plenário do Senado a coloca na história como uma mulher valente que teve seu lugar tomado por um homem que tem medo de vaia.


O que esperar do dia 25 de agosto?



O Brasil irá voltar suas atenções para o senado federal no próximo dia 25 de agosto. Serão no mínimo três dias para saber se as vontades de 54 milhões de pessoas irão ser respeitadas ou se o desejo de meia dúzia de destronados do poder prevalecerá.

No último dia 12 do corrente mês, a presidenta afastada do cargo por um grupo mais sujo do que pau de galinheiro foi notificada no palácio da alvorada para comparecer ao plenário do senado federal. No momento, será julgada no processo de impeachment. A notificação foi enviada pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e também presidente do processo.

Se Dilma irá comparecer para se defender pessoalmente ou não, ainda não se sabe. O fato é que esse é um dos momentos mais cruciais para a manutenção da democracia. Mas por que a democracia está em risco? Vocês poderiam me perguntar. Porque a vontade popular, o desejo da maioria da população eleitora deste país está sendo colocada em xeque. Está prestes a ser desfeita pela simples vontade de um grupo de pessoas que não aceitaram o resultado das eleições presidenciais em 2014.

Mas não é só isso. Questionar o resultado de uma eleição é normal. É algo natural do processo. Agora, os argumentos que se utilizaram para tal é que não convence. São falhos e, portanto, não são aceitáveis para a saída da presidenta. Afinal, quem os denunciam praticaram também. Até mais eu diria. Dinheiro de empresas para o uso de campanhas todos os partidos e todos os candidatos usaram, com raríssimas exceções. Mas o denunciante usou e isso nesse caso basta para a nulidade das acusações.

O que está em jogo é bem mais do que um simples questionamento de resultados. O eleitor e a eleitora deste país precisam ter em mente que o que está em jogo é o privilégio advindo de cargos públicos. A regra do jogo já foi definida sem que nós, povo, pudesse participar dela, porque aqui não temos o direito a vez e muito menos a voz. Até porque ela está sendo silenciada aos poucos. Foi definida quando deputados federais sem nenhuma afinidade com as causas sociais em nome de projetos pessoais decidiram naquela aberrante sessão prosseguir com o afastamento da presidenta. E ali a voz rouca das ruas e de mãos de 54 milhões de pessoas não foram consideradas. Tudo em nome de deus, da família e do projeto particular de cada um.

Está sendo ainda definida, agora no senado, sem que o povo participe. E democracia sem participação popular não é democracia alguma. Se esse processo tiver o fim que todos já esperam, mas que não é a vontade de todos e, portanto, não representa a vontade popular, se tornará muito fácil tirar um prefeito, uma prefeita, um governador, uma governadora, um presidente, uma presidenta. Basta que ele/a contraria os interesses de um pequeno grupo enriquecido às custas da população. Basta que uma gestão desagrade uma mídia que não informa, mas aliena, desinforma.

Senão, vejamos. De que a presidenta está sendo acusada? De crime de responsabilidade fiscal. De praticar as “pedaladas fiscais”. Porém, nem a própria assessoria técnica do Senado, nem o Ministério Público Federal aceitaram que ela (Dilma) praticou esse crime contra a fé pública, contra a administração pública. Não. Ela não praticou. Disse o Ministério Público Federal, a Assessoria Técnica do Senado. Disseram também intelectuais, os mais renomados juristas do Brasil, professores das mais variadas áreas, movimentos sociais e também deputados, senadores, ex-ministros e ex-ministras. Aliás, do crime que estão tentando acusá-la, muitos dos acusadores cometeram. Inclusive o relator do processo no senado. Parece até piada, mas não é. O que importa para esses falsos democratas e surrupiadores da constituição é tirá-la do poder. O que importa para esse grupo é encontrar o culpado, ou melhor, a culpada. Se ela é ou não, não lhes parece muito importante.

Então, o que esperar desse agosto de 2016? Teremos uma redenção democrática ou o esmagamento da democracia, da vontade popular? Pelo que ora se desenha, temo pela segunda resposta. O que não seria novidade. A história do Brasil tem exemplos disso. Os setores conservadores do Brasil usam os mesmos métodos e as mesmas artimanhas para chegar ou voltar ao poder. Basta ter um governo com um pouco de abertura para às classes mais pobres que o medo de uma ascensão social salta aos olhos da elite que não quer perder privilégios. Foi assim com Getúlio Vargas, com João Goulart (Jango), tentaram com Lula e agora estão tentando com Dilma.

O projeto conservador desse grupo que encontrou apoio de setores do judiciário, de alguns da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de uma imprensa conservadora e reacionária representada pela Globo e suas filiais sairá vencedor? Está tudo caminhando para isso. 

Plenário do Congresso Nacional. Foto: Divulgação.

STF já tem as provas para anular o impeachment


Quando Cardozo pediu que o Supremo anulasse o impeachment, alegando que Cunha agiu com desvio de finalidade, Teori Zavascki negou a liminar, pois "seria impossível provar as intenções do presidente da Câmara". Agora, no entanto, a questão é objetiva: Romero Jucá confessou que a motivação do impeachment era trocar o governo para deter a Lava Jato e salvar uma elite política corrupta, num acordo que envolveria integrantes do próprio STF.

Publicado originalmente no Pragmatismo Político

No dia 11 de maio deste ano, o então advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, tentou uma liminar para suspender o impeachment da presidente Dilma Rousseff, alegando que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia agido com “desvio de finalidade” ao abrir o processo.

O objetivo de Eduardo Cunha seria emplacar uma troca de governo para que pudesse se salvar das investigações de corrupção, algumas delas promovidas pela própria Operação Lava Jato, dizia Cardozo.

Teori Zavascki negou a liminar, apontando que não seria possível comprovar as motivações de Cunha naquele instante. Para o ministro do STF, a questão seria, portanto, de natureza subjetiva.

No entanto, nesta segunda-feira, o que era subjetivo se tornou cristalinamente objetivo. O senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos braços direitos do presidente interino Michel Temer, confessou que o impeachment nada mais foi do que uma tentativa de uma elite corrupta de deter a Lava Jato.

Para “parar essa porra” e “estancar a sangria” (palavras de Jucá), seria preciso retirar a presidente Dilma Rousseff do poder, colocando no cargo o vice-presidente Michel Temer – e o mais grave, segundo Jucá, é que esse acordão envolveria até integrantes do Supremo Tribunal Federal (saiba mais aqui).

Agora, diante dessa bomba sem precedentes, os integrantes do STF têm apenas uma saída: anular um processo de impeachment aberto na Câmara por razões espúrias e aprovado no Senado para deter a Operação Lava Jato, num escândalo que envergonha o Brasil diante do mundo.

Teori Zavascki, do STF, aparece nos áudios de Jucá. Na gravação, ministro é chamado de 'burocrata' e considerado 'inacessível'. 

Confira trechos dos diálogos gravados entre Romero Jucá e Sergio Machado para conter a Lava Jato


Em diálogos gravados em março passado – e revelados na edição de hoje (23) pelo jornal Folha de S.Paulo, o ministro interino do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR) sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato. À época, ambos se sentiam ameaçados pela eminente revelação de envolvimentos em casos de corrupção e propina.
Publicado na Rede Brasil Atual

Segundo a reportagem, as conversas, que estão em poder da Procuradoria-Geral da República, ocorreram semanas antes da votação na Câmara que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Machado se mostra preocupado com o envio do seu caso para a PF de Curitiba e chegou a fazer ameaças: "Aí f.... Aí f... para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...".

O atual ministro concorda que o envio do processo para o juiz Sérgio Moro não seria uma boa opção e o chamou de "uma 'Torre de Londres'", em referência ao castelo da Inglaterra em que ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15 e 16. Segundo ele, os suspeitos eram enviados para lá "para o cara confessar".

Por sua vez, Jucá afirma que seria necessária uma resposta política: "Tem que resolver essa p.... Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz Jucá. Ele acrescenta que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado concorda: "aí parava tudo".

Na conversa, eles dizem que o único empecilho no pacto era o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), porque odiaria Cunha. "Só Renan que está contra essa p... porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha. Gente, esquece o Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha está morto, p...", afirma Jucá no diálogo gravado.

"O Renan reage à solução do Michel. P..., o Michel, é uma solução que a gente pode, antes de resolver, negociar como é que vai ser. 'Michel, vem cá, é isso, isso e isso, vai ser assim, as reformas são essas'", diz Jucá a Machado.

O advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que Romero Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato e que as conversas não contêm ilegalidades.

Leia trechos dos diálogos gravados entre Romero Jucá e Sergio Machado. A data das conversas não foi especificada

SÉRGIO MACHADO – Mas viu, Romero, então eu acho a situação gravíssima.
ROMERO JUCÁ – Eu ontem fui muito claro. […] Eu só acho o seguinte: com Dilma não dá, com a situação que está. Não adianta esse projeto de mandar o Lula para cá ser ministro, para tocar um gabinete, isso termina por jogar no chão a expectativa da economia. Porque se o Lula entrar, ele vai falar para a CUT, para o MST, é só quem ouve ele mais, quem dá algum crédito, o resto ninguém dá mais credito a ele para porra nenhuma. Concorda comigo? O Lula vai reunir ali com os setores empresariais?
MACHADO – Agora, ele acordou a militância do PT.
JUCÁ – Sim.
MACHADO – Aquele pessoal que resistiu acordou e vai dar merda.
JUCÁ – Eu acho que…
MACHADO – Tem que ter um impeachment.
JUCÁ – Tem que ter impeachment. Não tem saída.
MACHADO – E quem segurar, segura.
JUCÁ – Foi boa a conversa mas vamos ter outras pela frente.
MACHADO – Acontece o seguinte, objetivamente falando, com o negócio que o Supremo fez [autorizou prisões logo após decisões de segunda instância], vai todo mundo delatar.
JUCÁ – Exatamente, e vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.
MACHADO – Odebrecht vai fazer.
JUCÁ – Seletiva, mas vai fazer.
MACHADO – Queiroz [Galvão] não sei se vai fazer ou não. A Camargo [Corrêa] vai fazer ou não. Eu estou muito preocupado porque eu acho que… O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho.
[…]
JUCÁ – Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra [inaudível]. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria.
[…]
MACHADO – Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer].
JUCÁ – Só o Renan [Calheiros] que está contra essa porra. ‘Porque não gosta do Michel, porque o Michel é Eduardo Cunha’. Gente, esquece o Eduardo Cunha, o Eduardo Cunha está morto, porra.
MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.
JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.
MACHADO – Com tudo, aí parava tudo.
JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.
[…]
MACHADO – O Renan [Calheiros] é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.
JUCÁ – Tem que ser um boi de piranha, pegar um cara, e a gente passar e resolver, chegar do outro lado da margem.

***

MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…
JUCÁ – Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO – Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
[…]
MACHADO – O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.
JUCÁ – Todos, porra. E vão pegando e vão…
MACHADO – [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.
JUCÁ – Não, veja, eu estou a disposição, você sabe disso. Veja a hora que você quer falar.
MACHADO – Porque se a gente não tiver saída… Porque não tem muito tempo.
JUCÁ – Não, o tempo é emergencial.
MACHADO – É emergencial, então preciso ter uma conversa emergencial com vocês.
JUCÁ – Vá atrás. Eu acho que a gente não pode juntar todo mundo para conversar, viu? […] Eu acho que você deve procurar o [ex-senador do PMDB José] Sarney, deve falar com o Renan, depois que você falar com os dois, colhe as coisas todas, e aí vamos falar nós dois do que você achou e o que eles ponderaram pra gente conversar.
MACHADO – Acha que não pode ter reunião a três?
JUCÁ – Não pode. Isso de ficar juntando para combinar coisa que não tem nada a ver. Os caras já enxergam outra coisa que não é… Depois a gente conversa os três sem você.
MACHADO – Eu acho o seguinte: se não houver uma solução a curto prazo, o nosso risco é grande.

***

MACHADO – É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma…
JUCÁ – Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.
MACHADO – O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…
JUCÁ – É, a gente viveu tudo.

***

JUCÁ – [Em voz baixa] Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
MACHADO – Eu acho o seguinte, a saída [para Dilma] é ou licença ou renúncia. A licença é mais suave. O Michel forma um governo de união nacional, faz um grande acordo, protege o Lula, protege todo mundo. Esse país volta à calma, ninguém aguenta mais. Essa cagada desses procuradores de São Paulo ajudou muito [referência possível ao pedido de prisão de Lula pelo Ministério Público de SP e à condução coercitiva ele para depor no caso da Lava Jato].
JUCÁ – Os caras fizeram para poder inviabilizar ele de ir para um ministério. Agora vira obstrução da Justiça, não está deixando o cara, entendeu? Foi um ato violento…
MACHADO -…E burro […] Tem que ter uma paz, um…
JUCÁ – Eu acho que tem que ter um pacto.
[…]
MACHADO – Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.

JUCÁ – Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara… Burocrata da… Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça].

Publicações de gravações revelam que Jucá pode ter sido um dos principais articuladores do golpe dado para safar a si e aliados de denúncias.