O
escritor angolano Francisco Narciso Cobe estará na cidade de Itapecerica da
Serra, região metropolitana da Grande São Paulo dias 22 e 23 de agosto deste
ano para lançamento do seu mais recente trabalho, o novo Dicionário
Português-Kikongo, concretizando um sonho em uma das duas áreas da sua formação
científica – ciências da linguagem.
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Escritor Francisco Narciso Cobe. |
A
confirmação oficial da visita do linguista bantu ao Brasil foi dele próprio,
atendendo a convite formulado pelo Taata Katuvanjesi – Walmir Damasceno, no
âmbito da celebração pelo ILABANTU/ Nzo Tumbansi, da Década Internacional dos
Afrodescendentes, criada por resolução da Assembleia Geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), no dia 23 de dezembro de 2014, sob o lema
“Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.
Nesse
quadro, a Década Internacional dos Afrodescendentes começou a ser celebrada em
1º de Janeiro deste ano, para um período que se estende ao dia 31 de dezembro
de 2024, segundo as Nações Unidas, data bem próxima às comemorações do
bicentenário do fim da escravatura no mundo, que ocorreu no século XIX, no ano
de 1830.
Para
o lançamento da importante obra no Brasil, o ILABANTU e o Nzo Tumbansi está
organizando a V Conversa de Terreiro no momento em que povos e comunidades afro
brasileiras de feição bantu está empenhada na valorização e promoção das
línguas transplantadas do além-atlântico e preservadas nos Terreiros de
candomblé, povos estes que Brasil ficaram conhecidos como Congo-Angola. O
evento será dias 22 e 23 de agosto na sede nacional da Instituição e contará
com apoio da Fundação Open Society – Angola e da Mayamba Editora, aproveitará a
oportunidade para homenagear o professor doutor Francisco Cobe com o titulo de
Grande Benemérito da Cultura Tradicional Bantu brasileira.
Cobe
argumenta que “como todas as línguas do mundo, o Kikongo tem a sua história,
que não é o tema deste novo Dicionário Português-Kikongo. Língua viva, o
Kikongo continua a se desenvolver e está apta para integrar termos técnicos de
qualquer domínio (medicina, justiça e matemática); assim “crescem” as línguas
ditas vivas”, sentencia o Professor.
Francisco
Narciso Cobe é médico e linguista, nasceu no Bembe, província do Uíge,
Republica de Angola, em 11 de janeiro de 1944. Frequentou a escola primária
Evangélica (B.M.S.- Baptist Missionary Society) do Bembe (1952-1958) e lecionou
nas Escolas Rurais do Nsangi (1958-1959) e do Nkau (1959-1960), naquele país
africano.
Com
uma bolsa de estudo oferecida pelas Igrejas Evangélicas Canadianas e
Americanas, estudou em Sona Bata (Ciclo de orientação, 1962-1964) e Sona Mpangu
(Humanidades Científicas 1964-1968), no Congo-Kinshasa, atual República
Democrática do Congo.
Foi
professor de Francês e de Matemática em Sona Mpangu, tendo iniciado estudos de
medicina em Luluaburgo (Kananga) e na Universidade Lovanium (Kinshasa) que
viria a concluir na Alemanha, nas Universidades de Giessen e de Frankfurt e
ainda os estudos de Romanística com mestrado pela Universidade de Frankfurt am
Main.
Posteriormente,
trabalhou em vários hospitais e serviço de seguro de saúde alemães. Atualmente
é médico consultor.
Enquanto
estudante em Sona Mpangu escreveu e publicou uma brochura de 44 poemas, em
Francês, intitulada “Essai poétique”. Alguns poemas viriam a ser publicado no
jornal da escola “Boussole” (Bússola).
É
ainda autor de um ensaio intitulado “Escravos africanos no Brasil no século XVI
(1989), ainda não editado, e de um breviário de termos médicos em alemão,
também não editado – Medizinische Abkurzungem (Abreviaturas médicas), 2001−,
mas em uso, em edição digital, na repartição hospitalar dos serviços de seguro
de saúde na região de Fulda( AOK, Estado de Hesse) desde 1998, na Alemanha.