Os
pontos de Cultura terão legislação própria e serão política de Estado. Essas
são algumas das mudanças que passaram a valer com o lançamento nesta quarta-feira (8), da Política
Nacional de Cultura Viva. Instituída pela Lei 13.018/14, mais conhecida como Lei Cultura Viva, a Política Nacional
de Cultura Viva será lançada pelo Ministério da Cultura junto com a lei. A
legislação foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em julho do ano
passado, mas precisava ser regulamentada para entrar em vigor.
“Hoje, os pontos de Cultura, com a Lei
Cultura Viva, tornam-se política do Estado brasileiro, ou seja, independente de
governo ou partido eles vão existir dentro da política do país. Isso é algo
muito importante para quem produz cultura”, disse a secretária da Cidadania
e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Ivana Bentes. Ela explica que
outra mudança é a possibilidade da autodeclaração. Agora, mesmo aqueles grupos
que não forem contemplados pelos editais do ministério poderão ter o
reconhecimento de ponto de Cultura. Ela conta que hoje o país tem cerca de 4
mil pontos beneficiados por recursos do Estado e que aqueles grupos que hoje
não recebem mais os recursos, reivindicavam continuar com o título, pois não
deixaram de desenvolver as ações e os trabalhos.
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O Projeto ARCA, em Altaneira-Ce, é desde 2011 um dos 242 Pontos de Cultura do Estado do Ceará. Quadro montado por este blogueiro a partir de imagens do arquivo do blog. |
“Quem
produz cultura no Brasil não é só quem recebe dinheiro do edital, não é só quem
está vinculado ao recebimento de recurso público. O contingente de produtores
culturais no Brasil é gigante”, diz. Para a secretária, outra vantagem da
autodeclaração, além do reconhecimento do trabalho, é a possibilidade de
mapeamento, pelo ministério, dos agentes culturais do país, pois para pedir o
reconhecimento o grupo terá que preencher um cadastro nacional fornecendo informações
sobre suas atividades.
O
terceiro ponto de destaque é a criação do Termo de Compromisso Cultural (TCC),
que vai mudar a maneira como será feita a prestação de contas dos recursos
repassados pelo Ministério da Cultura. A ideia é adequar essa necessidade à
realidade dos pontos de Cultura que, muitas vezes, são aldeias indígenas e
grupos tradicionais, por exemplo, e que tinham dificuldades com o atual
sistema. “Essa prestação de contas vai
focar na ação, no cumprimento do objeto. Claro que ele vai ter que mostrar ao
Estado a prestação de contas, onde foi gasto o dinheiro, a planilha financeira,
vai ter que guardar as notas, mas, para a prestação de contas inicial, o
cumprimento do objeto é mais importante”, ressalta Ivana Bentes.
A
secretária informa que a regulamentação foi debatida com diferentes atores para
que atendesse tanto às necessidades jurídicas quanto à realidade dos pontos. “Foi discutido com o Ministério da Cultura,
com a Controladoria-Geral da União, advogados, ou seja, a lei está totalmente
dentro do arcabouço jurídico e legal.”
Como
a lei beneficia ações e manifestações culturais que já existem em todo o país,
o reconhecimento dos pontos de Cultura fará com que essas iniciativas ganhem
cada vez mais visibilidade e se aproximem ainda mais da sociedade, mostrando a
produção cultural. “A gente entende que
essa autodeclaração e esse mapeamento vão dar visibilidades, fazer com que
esses agentes sejam empoderados. Eles vão ganhar um reconhecimento social. Em
uma sociedade contemporânea, a cultura é um agente político, a produção
cultural é um agente de formação e educação.”
Os
pontos de Cultura estão presentes em cerca de mil municípios de 26 estados
brasileiros.
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