Democracia? Jornalistas criticam aparato 'militar' da posse


Jornalistas são obrigados a ficar horas à espera, sem permissão de se deslocar.
(Foto: AMANDA AUDI/THE INTERCEPT).

"Hoje, há nas avenidas de Brasília uma ostentação militar inadequada numa democracia. Esse rigor remete a imagens do passado, imagens sombrias de 1964", descreveu em seu blog o jornalista Kennedy Alencar, da CBN, um dos vários a criticar o esquema de segurança montado para a posse de Jair Bolsonaro (PSL) na Presidência da República. "É injustificável o rigor na segurança na posse presidencial de Jair Bolsonaro, especialmente no tratamento destinado à imprensa. Não há razão plausível para a montagem de um esquema de segurança inédito em posses presidenciais no Brasil."

Quem também lamentou o aparato foi o governador reeleito do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). "A lógica do 'conflito pelo conflito', como instrumento ideológico para o exercício do poder, produz hoje suas primeiras vítimas em Brasília: a liberdade de imprensa e o exercício digno do trabalho dos jornalistas", escreveu em rede social.

Miriam Leitão, de O Globo, também criticou. "A necessidade real de segurança do presidente eleito está sendo usada como pretexto para restringir o trabalho da imprensa. É claro que a segurança do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e dos chefes de Estado que estão entre nós exige a imposição de regras, mas o que está acontecendo com os jornalistas é impensável e inaceitável", afirmou. "Eles só podem ir e voltar para um ponto específico e com o transporte do governo. Mas assim: têm que chegar oito ou nove horas antes da parte do evento que cobrirá, só poderá ficar num mesmo cercado, sob pena de ser retirado do local e responder processo", relatou.

O título de coluna de Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo, ajuda a entender o clima: "Um dia de cão".

"Foi, de fato, algo jamais visto depois da redemocratização do país, em que a estreia de um novo governo eleito era sempre uma festa acompanhada de perto, e com quase total liberdade de locomoção, pelos profissionais da imprensa", comentou a repórter.

"Os organizadores da cerimônia também distribuíram orientações por escrito à imprensa: os jornalistas credenciados deveriam chegar ao CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), no dia 1º, às 7 horas da manhã.

Como é que é?

Era isso mesmo: embora a posse no Congresso estivesse marcada para as 15 horas, os jornalistas teriam que se concentrar desde cedo, embarcar nos ônibus às 8 horas, chegar no Congresso pouco depois e esperar, sem fazer nada, por mais de seis horas, para ver Bolsonaro entrar no parlamento.

Era preciso levar lanche pois não haveria comida. Tudo precisava ser embalado em sacos de plástico transparente", relatou ainda Mônica Bergamo.

Autoritarismo

"São autoritárias, antidemocráticas e mesquinhas as restrições impostas ao livre trabalho dos jornalistas profissionais na posse de Bolsonaro. Quebram normas de civilidade e respeito à liberdade de expressão seguidas, no mínimo, desde a posse de Collor", escreveu Diego Escosteguy. "Goste-se ou não do trabalho da imprensa, ou de um ou outro veículo, todos têm o direito de cobrir a posse e de serem tratados corretamente. Não é algo opcional, uma concessão de um governante. É uma obrigação constitucional", observou.

Repórter do Correio Braziliense, Vicente Nunes também protestou. "Quando chegaram aos 'chiqueiros' nos quais foram confinados, jornalistas foram avisados: não pulem as cordas, se pularem, levam tiro. A que ponto chegamos. E tem gente que defende esse tipo de tratamento autoritário". Um pouco depois, acrescentou: "Agora, assessoria do Itamaraty diz que jornalistas confinados, quando forem levados para o 'chiqueirinho', poderão gritar para as autoridades a fim de chamá-las para entrevistas. Se alguém quiser falar, beleza. Se não, xô notícia."

Ainda segundo Nunes, jornalistas da França e da China se "rebelaram", abandonando a sala para onde foram levados no Itamaraty. "Disseram que não aceitariam ficar em cárcere privado até às 17h, quando seriam liberados para fazer registros da posse de Bolsonaro. Essa rebelião deveria ser geral."

Ele também denunciou possíveis privilégios na cobertura. "Incrível, enquanto a imprensa séria está confinada em 'chiqueiros', como chamam os assessores de Bolsonaro, 'comunicadores amigos' têm trânsito livre por toda a Esplanada. Isso está mais para Coreia do Norte do que para um país democrático."

A repórter Amanda Audi, do The Intercept Brasil, fez um relato sobre as condições impostas ao profissionais da imprensa. "Mais de cinco de horas de espera assim: sem cadeira, sem estrutura, sem poder sair, sem nada acontecer", escreveu, por volta das 13h30, publicando uma foto de um grupo de jornalistas.

O editor-executivo do site, Leandro Demori, foi bloqueado pelo perfil do presidente eleito no Twitter. "Se é o canal de conversa com a população, onde só ali, ele está dizendo, é o lugar em que tem ‘a verdade’, você não pode bloquear nenhum cidadão brasileiro", contestou, em entrevista ao portal Sul21.

"Essa é a 1ª posse em que jornalistas são proibidos de transitar entre o Palácio, Congresso e Itamaraty – quem vê a diplomação no plenário não pode ver a passagem da faixa", observou a professora e articulista Carol Pires. "Dentro dos prédios também foram criados setores- portaria, salão ou plenário. Ninguém vê o cenário completo." (Com informações da RBA).

Não irei a sua posse Bolsonaro


Palácio do Planalto. (Foto: Divulgação).

Publico aqui um texto compartilhado nas redes sociais em forma de poesia acerca da posse de Bolsonaro. De autor desconhecido, o texto intitula-se “A posse”. Tomei a liberdade de modificar o título.

Confira a abaixo.

A posse

Não irei à sua posse,
Pq sou negro cotista,
Sou filho da diarista,
Daquela cuja empregada, que a carteira assinada
Vc queria negar.

Não irei à sua posse,
Pq sou homoafetivo,
Filho do índio nativo,
Dono desse lugar,
Cujas terras demarcadas
Vc reluta em tomar.

Não irei à sua posse,
Pq sou mulher educada,
Não nasci de fraquejada,
E luto por igualdade,
E isso me engrandece.
Mas respeito e liberdade
não é coisa pra covarde,
Isso vc desconhece.

Não irei à sua posse,
Pq sou trabalhador,
Se sem direitos estou
É pq vc contribuiu
Pra reforma trabalhista.
Assassinou o sindicato,
E o povo pagará o pato
Do modelo escravagista.

Não irei à sua posse,
Pq eu sou um retirante,
Filho de um imigrante,
Imitante de Jesus,
Que também por um instante,
foi um simples imigrante,
Pra cumprir com sua cruz.

Não irei à sua posse ,
Pq sou deficiente,
Sou humano, sou valente,
Mas tenho vergonha na cara.
Minha cadeira de rodas
Segue outra direção:
A do respeito, inclusão,
A direção bem contrária,
Dessa farsa anunciada.

Não irei a sua posse,
Pq eu sou a poesia,
Sou poeta sou folia,
Sou a cantiga de rodas.
Sou quilombo, sou favela,
Sou a pipa da janela,
Voando a favor do vento,
Caindo na plantação
De uma reforma agrária.
Sou a raça libertária,
Sou alegria perene,
Por isso não me condene! sua graça é temporária.



Visite Altaneira e conheça o Projeto ARCA


Sede da ARCA, localizada à Rua Padre Agamenon Coelho. (Foto: Divulgação).

O projeto ARCA (Associação Raízes Culturais de Altaneira) é uma entidade sem fins lucrativos e que vem desenvolvendo há mais de uma década importantes trabalhos no município de Altaneira, sendo suas atividades distribuídas entre a Fundação e a Associação.

A Fundação desenvolve projetos relacionados à área educativa. Ganha destaque aqui os projetos Inclusão Digital, Biblioteca ARCA da Leitura, Melodia, dentre outros. A Associação, por sua vez, é referenciada por gerar, através da solidariedade renda aos agricultores. A apicultura é exemplo desse quesito.

Em 2011 o Projeto ARCA foi contemplado como um dos 242 pontos de cultura do Estado do Ceará.


Depois de ter ficado três anos afastado para o doutorado, depois de ter escutado muita gente afirmar que a ARCA morreria “sem Carlos e Mirian”, posso afirmar hoje que a ARCA está mais viva do que nunca. E isso nos dá um profundo sentimento de realização. Afinal, muitas das sementes que foram plantadas germinaram com a força do protagonismo, do amadurecimento e da autonomia”, disse o professor Carlos Alberto Tolovi, um dos mentores do projeto. 

A sede fica localizada à Rua Padre Agamenon Coelho, no centro da cidade. Ficou curioso sobre como realmente funciona o projeto? Quer saber o que acontece no dia-a-dia, a partir das atividades desenvolvidas? Quer saber como as crianças, adolescentes e jovens encontram os seus talentos, fortalecem sua autoestima e se reconhecem como sujeitos históricos? Quer saber como o "espaço" da ARCA transforma as pessoas para que estas transformem a sua realidade?



Série de reportagens lembra atuação de Marielle e seu legado para o mundo


Marielle Franco (27/7/1979-14/3/2018). 


O Seu Jornal, da TVT, produziu na última semana uma série de reportagens relembrando o surgimento de Marielle Franco na cena dos movimentos de cidadania e na política. O nome da vereadora do Psol carioca, brutalmente executada em 14 de março, ao lado do motorista Anderson Gomes, foi um dos que mais repercutiu em 2018.

O primeiro episódio faz um perfil da atuação de Marielle, que levantava bandeiras que incluíam as temáticas de gênero, racial e direitos LGBT, sempre associados ao trabalho incessante no combate às desigualdades. Uma voz importante surgida nas favelas do Rio de Janeiro e que revelou ao mundo como o Brasil é um lugar perigoso para defensores de direitos humanos.

A segunda parte retrata a atuação parlamentar de Marielle Franco na Câmara do Rio de Janeiro. Em um ano e três meses, Marielle conseguiu romper barreiras, desenvolver políticas inclusivas e aprovar projetos importantes para atendimento da população carente da cidade.

O caminho das investigações da execução da vereadora e de Anderson Gomes é o tema do terceiro episódio. Quase 10 meses após o assassinato ainda não há respostas para o crime. A Anistia Internacional no Brasil acompanha o caso.

O quarto e último capítulo da série da TVT mostra como, após sua morte, Marielle Franco se tornou um símbolo que ganhou o mundo, inspirando outras mulheres a se engajarem politicamente. No último episódio da nossa série sobre a vereadora, conheça o legado de luta que ela deixou.


O fascismo não perdoa nem os que, por burrice, oportunismo ou covardia, o atraem



A cada vez que alguém divulgar uma notícia fake na internet sabendo que no fundo, intimamente, está mentindo miseravelmente e não passa de um canalha vil e desprezível... .

A cada vez que cidadãos que dizem se preocupar com a Liberdade, a Nação, o Estado de Direito e a Democracia, assistirem passivamente à publicação de comentários econômicos, jurídicos e políticos mentirosos, e a outras calúnias e absurdos na internet, mansa e passivamente, sem resistir nem responder a eles...

A cada vez que alguém defender a tortura e a volta dos assassinatos da ditadura, sabendo que em um regime de exceção ninguém está a salvo do guarda da esquina,  ele estará mais próximo.

CENA DO FILME THE WALL/REPRODUÇÃO.
A cada vez que alguém disser que o Brasil está quebrado por incompetência de governos anteriores quando somos o quarto maior credor individual externo dos Estados Unidos, temos 380 bilhões de dólares – mais de 1 trilhão e 200 bilhões de reais – em reservas internacionais, o BNDES está pagando antecipadamente 230 bilhões de reais ao Tesouro e a divida bruta e líquida públicas são menores do que eram em 2002 com relação ao PIB...

A cada vez que alguém gritar que temos de entregar o pré-sal, a Petrobras, a Embraer, a Eletrobras e a Amazônia porque somos ladrões e incompetentes para cuidar do que é nosso, como se o governo e as empresas norte-americanas fossem um impoluto poço de honestidade e moralismo e até o genro do Rei da Espanha não tivesse sido apanhado em cabide de emprego da Vivo depois que esta veio para o Brasil aproveitando a criminosa privatização da Telebras, feita por gente que depois ocupou aqui a Presidência dessa empresa espanhola...

A cada vez que alguém defender raivosamente o livre comércio quando o Eximbank e a Opic norte-americanos emprestam mais dinheiro público que o BNDES no apoio a exportações e Trump adota sobretaxas contra a importação de aço e alumínio brasileiros e para vender aviões ao governo dos Estados Unidos a Embraer é obrigada a instalar primeiro com participação minoritária uma fábrica nos Estados Unidos...

A cada vez que alguém vangloriar o Estado mínimo, quando os Estados Unidos – que está mais endividado que o Brasil – está programando investir mais de um trilhão de dólares de dinheiro público em obras de infraestrutura para reativar a economia, tem apenas no Departamento de Defesa mais funcionários federais que todo o governo brasileiro e todo mundo – principalmente a China – sabe que não existem nações fortes sem estados fortes, ou sem empresas nacionais privadas ou estatais poderosas que é preciso preservar e defender...

A cada vez que alguém defender a volta de militares golpistas ao poder – porque milhares de militares legalistas foram contra o golpe de 1964 e foram perseguidos depois por defender a Constituição e a Democracia – abrindo mão de votar e suspirar e sentir o cabelo da nuca arrepiar quando vir um reco passar por perto...

A cada vez que alguém afirmar que em 1964 não houve um golpe contra um Presidente eleito, consagrado pelo apoio popular, poucas semanas antes, em um plebiscito amplamente vitorioso...

A cada vez que alguém defender a tortura e a volta dos assassinatos da ditadura, sabendo que em um regime de exceção ninguém está a salvo do guarda da esquina, como aprenderam golpistas que desfilaram pedindo o golpe de 1964 e depois tiveram filhos e parentes assassinados ou torturados pela repressão...

A cada vez que alguém achar normal – desde que não seja seu parente – que, sem flagrante, uma pessoa possa ser levada pela polícia para depor sem ter sido antes previamente intimada a depor pela justiça...

A cada vez que informações sigilosas de inquéritos em andamento forem vazadas propositalmente por quem deveria preservar o sigilo de Justiça, para determinadas e particulares emissoras de televisão...

A cada vez que alguém aceitar que um cidadão pode ser acusado, condenado e encarcerado sem provas e apenas pela palavra de um investigado preso que teve muitas vezes sua prisão sucessiva imoralmente prorrogada, disposto a tudo para sair da cadeia a qualquer preço...

A cada vez que alguém achar que algum cidadão pode ser acusado de ser dono de alguma propriedade sem nunca ter tomado posse dela ou sequer possuir uma escritura que prove que é sua...

A cada vez que alguém acreditar que um apartamento fuleiro que vale menos de um milhão de reais pode ter servido de propina para comprar a dignidade de alguém que comandou durante oito anos uma das maiores economias do mundo...

A cada vez que alguém soltar foguetes por motivos políticos, celebrando sua própria ignorância e imbecilidade...

A cada vez que alguém aceitar promulgar leis inconstitucionais para ceder à pressão dos adversários adotando um republicanismo pueril e imaturo...

A cada vez que a lei aceitar tratar de forma diferente – ou igualmente injusta e ilegal – aqueles que são iguais...

A cada vez que um juiz ou procurador emitir – sem estar a isso constitucionalmente autorizado – uma opinião política...

A cada vez que juízes ou procuradores falarem em fazer greve para defender benesses como auxílio-moradia quando já ganham muitas vezes – também de forma imoral – perto ou mais de 100 mil reais, muito acima, portanto, do limite constitucional vigente, que é o salário de ministros do STF...

A cada vez que alguém defender que "bandido bom é bandido morto" (até algum parente se envolver em um incidente de trânsito ou em uma discussão de condomínio com algum agente prisional, guarda municipal ou agente de polícia)...

A cada vez que alguém comemorar a morte de alguém por ele ser supostamente "comunista", ou negro, viciado, gay ou da periferia...

A cada vez que alguém ache normal – e com isso vibre – que candidatos defendam o excludente automático de ilicitude para agentes de segurança pública que matem "em serviço", em um país em que a polícia já é a que mais mata no mundo...

A cada vez que alguém achar que só ele tem o direito ou, pior, a exclusividade de usar os símbolos nacionais e o verde e amarelo – que pertencem a todos os brasileiros...

A cada vez que um ministro da Suprema Corte se calar quando for insultado publicamente por juízes e procuradores ou por um energúmeno qualquer nas redes sociais...

A cada vez que alguém acreditar que água de torneira – abençoada por um sujeito na tela da televisão – cura o câncer, que a terra é plana, ou que Hitler, obrigado a suicidar-se durante a Batalha de Berlim pelo cerco das tropas soviéticas, era socialista...

A cada vez que alguém achar que é normal que institutos de certos ex-presidentes tenham ganho milhões com a realização de palestras de um certo ex-presidente e outros institutos de outros ex-presidentes tenham de ser multados em todo o dinheiro ganho por palestras de outro ex-presidente...

A cada vez que alguém ache normal que alguém vá para a cadeia por não ter comprado um apartamento e outros sequer sejam investigados por ter comprado várias outras propriedades imobiliárias por preços abaixo do mercado...

A cada vez que uma emissora de televisão, pratique, nas barbas do TSE, impune e disfarçadamente, política, “filtrando” e exibindo depoimentos “espontâneos” de cidadãos de todo o país, para defender subjetivamente suas próprias teses – ou aquelas que mais lhe agradem – em pleno ano eleitoral...

A cada vez que alguém adotar descaradamente a chicana e o casuísmo, impedindo que se cumpra a Constituição, porque está apostando na crise institucional e foi picado pela mosca azul quando estava sentado na principal cadeira do Palácio do Planalto…

A cada vez que ministros do Supremo inventarem dialetos javaneses ou hermenêuticos lero-leros para justificar votos incompreensíveis e confusos que vão contra a Constituição e que a História não esquecerá nem absolverá...

O Fascismo estará mais perto da vitória.

E não perdoará, em sua orgia de ódio, violência e hipocrisia, nem mesmo aqueles que agora estão empenhados, por burrice, oportunismo ou covardia, em chocar o ovo da serpente e abrir-lhe o caminho para o triunfo. (Por Mauro Santayana, na RBA).