Ciro ataca Haddad e reedita disputa Lula e Brizola de 89


Ciro Gomes. (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil).

Nem bem foi oficializado o nome de Fernando Haddad como candidato do PT à Presidência da República, e o candidato do Ciro Gomes (PDT) já reenviou uma saraivada de críticas ao PT e seu candidato.

Ele disse que falta competitividade a Fernando Haddad. Além disso, disse que a “ameaça protofascista” de Bolsonaro deve ser enfrentada com “contundência, clareza e coesão”, e destacou que o candidato do PT deve ter “dificuldades” para dar as repostas que o país precisa.

A disputa lembra uma reedição da eleição de 1989, quando Leonel Brizola, do mesmo partido de Ciro, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua primeira campanha presidencial, concorriam por uma vaga no segundo turno contra Fernando Collor. A diferença que pesa, no entanto, é o apoio do próprio Lula a Haddad. Na época, nenhum dos dois tinha um cabo eleitoral tão expressivo.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, Ciro disse ainda que “há menos de dois anos, o Lula e eu apoiamos o Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo, buscando sua reeleição, e tivemos uma decepção profunda. Porque o Haddad não só perdeu para o João Dória, que é um grande farsante, mas perdeu para os votos nulos e brancos”.

Sobre Haddad, Ciro Gomes ainda disse: “ele (Haddad) alcançou 16% dos votos (nas eleições municipais de São Paulo, em 2016) e perdeu praticamente em todas as urnas de São Paulo. Isso não o desqualifica. É alguém que tenho estima, respeito, gostaria de tê-lo como vice, se um entendimento lá atrás fosse possível, mas lançado nessa circunstância, ele sai muito fragilizado – acrescentou.”

A matéria ainda cita simulação para o segundo turno: “na última pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira, Ciro soma 45% das intenções de voto contra 35% de Bolsonaro. Já Haddad tem 39% contra 38% do candidato do PSL. Na série estimulada no primeiro turno, Bolsonaro lidera o pleito, com 24%, seguido de Ciro (13%), Marina (11%), Alckmin (10%) e Haddad (9%).” (Com informações da Revista Fórum).


Segundo pesquisa Ibope, Fernando Haddad cresce; Ciro e Marina caem

(Foto: Ricardo Stuckert).


Pesquisa Ibope divulgada na noite desta terça-feira (11) mostra o crescimento das intenções de voto em Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que foi oficializado como candidato hoje como substituto de Lula. Até então, o ex-presidente liderava as intenções de voto em todos os cenários.

O levantamento aponta que Jair Bolsonaro (PSL) lidera a corrida eleitoral. Ele tinha 22% das intenções de voto na última pesquisa, do início de setembro, e agora tem 26%. Ciro Gomes (PDT), que no Datafolha havia apresentado crescimento, teve uma leve queda no Ibope. Ele tinha 12% das intenções e agora tem 11%. O mesmo aconteceu com Marina Silva (Rede), que tinha 12% e agora tem 9%. Geraldo Alckmin (PSDB) manteve os mesmos 9% do último levantamento. Já Fernando Haddad (PT), que até a manhã de hoje ainda não havia sido oficializado como candidato, subiu de 6% para 8% e foi o único candidato para além de Bolsonaro que apresentou crescimento.

Ciro, Marina, Alckmin e Haddad estão empatados tecnicamente em segundo lugar, pela margem de erro.
O levantamento foi realizado entre 8 e 10 de setembro.

Confira, abaixo, a íntegra das intenções de voto.

Jair Bolsonaro (PSL): 26%
Ciro Gomes (PDT): 11%
Marina Silva (Rede): 9%
Geraldo Alckmin (PSDB): 9%
Fernando Haddad (PT): 8%
Alvaro Dias (Podemos): 3%
João Amoêdo (Novo): 3%
Henrique Meirelles (MDB): 3%
Vera (PSTU): 1%
Cabo Daciolo (Patriota): 1%
Guilherme Boulos (PSOL): 0%
João Goulart Filho (PPL): %
Eymael (DC): 0%
Branco/nulos: 19%
Não sabe/não respondeu: 7%

(Com informações da Revista Fórum).

Face a Face. Bolsonaro é uma mentalidade, por Juremir Machado da Silva


Bolsonaro é uma mentalidade. (Foto: Reprodução).

Não, Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.

Bolsonaro encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz:

– Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays.

Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado. Bolsonaro é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.

O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto. Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de Bolsonaro e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. Bolsonaro é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões.

Bolsonaro usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. Bolsonaro é a ignorância que perdeu a vergonha. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil.
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Texto do professor Juremir Machado da Silva encaminhado a redação do Blog Negro Nicolau (BNN) pela professora Eveuma Oliveira.

Garota de 10 anos traz renovação ao rap infantil


"Rima é meu be - a - bá". (Foto: Reprodução).

TrapStar de primeira, Lil Ci$$a estreia na música com o clipe de “Slime Azul”, versão escrita por ela, de 10 anos, em cima da base de “Bodak Yellow”, da norte americana Cardi B.

Lil Ci$$a rima brincando. Essa estreia, mesmo que uma versão, já mostra que rimar com boas ideias é ponto forte de Ciça, que juntou vivências de seu universo para cantar os costumes das crianças de sua idade, como a gosma Slime, sensação nas escolas, até personagens que atravessam gerações, como o Chris, de Todo Mundo Odeia o Chris.

Letra lúdica, jogos de palavras. O clipe, divertido como brincadeira de criança, tem como cenário a periferia da Zona Sul de São Paulo. Um rolezinho no shopping, encontrar as amigas, ostentar uns pacotes de salgadinhos e doces amarram um roteiro que é a cara das tardes de sábado entre os pré-adolescentes. 

Gosto de brincar, gosto de estudar, não posso só assistir cartoon. Levanta a cabeça, princesa, nem todo castelo é do Rá-Tim-Bum” é apenas uma das punchlines redondas que Ciça faz, talento que desenrola com o pai, Slim Rimografia, que, desde antes de seu primeiro álbum, o clássico Financeiramente Pobre (2003), já trazia referências da cultura pop e rimas incomparáveis.

Com “Slime Azul”, Lil Ci$$a dá uma amostra do que vem pela frente, como lançar músicas autorais nos próximos meses e tirar muitos outros versos estilosos da cartola.

"Miga! A Lil Ci$$a, sua trapper favorita. (Foto: Reprodução).
Assista “Slime Azul” aqui.

Ficha técnica:
Música:
Original: Cardi B, “Bodak Yellow”
Letra por Lil Ci$$a e Slim Rimografia
Gravado e mixado por Slim Rimografia no Studio Mokado Records (SP)

Vídeo:
Imagens: Júnior Sá e Slim Rimografia
Direção e edição: Slim Rimografia
Hairstyling: Thais Rafael
Elenco: Rayssa Santos da Silva, Thais Rafael e Thaissa Santos da Silva
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Texto encaminhado para a redação do Blog Negro Nicolau (BNN) por Mariângela Carvalho, da Supernova.

Guilherme Boulos: 'Não vou chamar o Meirelles, vou taxar o Meirelles'


Terceiro debate entre presidenciáveis trouxe polêmicas sobre setor financeiro e corrupção. (Foto: Divulgação/Gazeta).

O primeiro bloco do debate entre os presidenciáveis promovido pela TV Gazeta, Estadão, Jovem Pan e Twitter neste domingo (9) foi marcado pelo tema do privilégio do setor financeiro. O candidato do Psol, Guilherme Boulos, afirmou que vai enfrentar os privilégios e privilegiados, e atacou Henrique Meirelles (MDB). "Você é um dos privilegiados. Quando vocês governam, sempre dá desemprego. Sempre dá recessão."

Meirelles reagiu e afirmou que, quando presidente do Banco Central, durante os governos Lula, ajudou a criar 10 milhões de empregos em oito anos. Já durante o governo Temer, disse que ajudou a criar as condições para a criação de outros 2 milhões de empregos, e para que "o país saísse da maior recessão da sua história".  Mais uma vez, Meirelles afirmou que o Brasil não se divide "em quem gosta ou não gosta do Lula, mas em quem trabalha ou não trabalha".

"Banqueiro falando em trabalho é uma coisa extraordinária", rebateu Boulos, que prometeu taxar a fortuna de mais de 400 milhões de Meirelles. "Não vou chamar o Meirelles, vou taxar o Meirelles", afirmou Boulos, que disse que as isenções a setores empresariais, o "bolsa empresário", tinham custos dez vezes maiores que o bolsa família. Meirelles se defendeu: "Trabalhei a vida toda, e paguei impostos. Ao contrário de quem só fala, e quer tomar a propriedade dos outros."

 Antes, respondendo ao candidato Álvaro Dias, que falou que os bancos gozam de privilégios em relação aos trabalhadores e ao setor produtivo, Guilherme Boulos (Psol) afirmou que, no Brasil, "banco aqui faz o que quer". "Esse é um dos raros pontos em que concordo com o Álvaro Dias. É uma verdadeira Disneylandia financeira." afirmou Boulos, que prometeu acabar com a "bolsa banqueiro" que, segundo ele, consome cerca de R$ 400 bilhões do orçamento por ano.

Ele destacou que o Santander, para uma mesma linha de crédito, cobra 140% de juros, no Brasil, e zero na Espanha, e defendeu a utilização dos bancos públicos para estimular a competitividade e reduzir as taxas. "Se a caixa economia e o Banco do Brasil baixam os juros, os bancos privados vem atrás, senão perdem a clientela. O mercado já falou demais. Está na hora de ouvir a população.

O primeiro bloco do debate trouxo concordâncias entre os candidatos Ciro Gomes e Marina Silva. Ambos defenderam a educação em tempo integral e a implementação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Ciro defendeu também a federalização do combate ao crime organizado, corrupção, além de crimes cometidos por policiais e lavagem de dinheiro.

Ele atribuiu o crescimento da criminalidade às quadrilhas organizadas que espalharam a partir do Rio de Janeiro e de São Paulo. "Vamos expropriar esse dinheiro, porque é a única forma de combater o crime organizado", prometeu Ciro. Marina disse ser "inadmissível" que criminosos comandem o crime de dentro da cadeia, e "ainda por cima exportem para outros estados".

Geraldo Alckmin (PSDB) prometeu cobrar dos planos de saúde cerca de R$ 3 bilhões devidos por tratamentos prestados pela rede pública, e defendeu a criação de um programa de apoio às santas casas que, segundo ele, são responsáveis por 51% dos atendimentos de saúde. Alvaro Dias (Pode) afirmou que "O que falta não é dinheiro, é planejamento, gestão competente e honestidade."

Segundo bloco tem Ciro defendendo Lula

O jornalista Rodolfo Gamberini questionou o candidato do MDB a respeito de ter aplicações em um paraíso fiscal. "Esta informação é equivocada. O que existe é uma fundação com finalidade exclusiva de aplicar recursos em educação no Brasil depois que eu falecer. Grande parte da minha herança vai ser feita uma doação para essa fundação", respondeu Meirelles.

Coube a Ciro Gomes comentar a resposta. "O Brasil permite de uma forma absolutamente imoral que os brasileiros abastados mantenham bilhões de dólares no estrangeiro, sangrando este país", disse, ressaltando que considerava o ex-ministro da Fazenda uma pessoa honesta.

Augusto Nunes trouxe ao debate o assunto da Lava Jato, perguntando a Alvaro Dias, que tem dito de forma recorrente desejar Sergio Moro no ministério da Justiça. "A Operação Lava Jato tem que ser política de Estado para que o Brasil volte a ser sério", defendeu.

"A Justiça barulhenta, que vive de gravatinha borboleta nos salões da grande burguesia nacional e estrangeira, está sempre vulnerável a uma suspeição e tudo o que não precisamos é que uma operação tão importante potencialmente seja inclinada à suspeição", disse Ciro ao comentar a resposta de Meirelles, ressaltando considerar a sentença que condenou Lula "injusta".

"No Brasil, o sistema que vale, é isso é só Direito, é o que está escrito. O juiz Sergio Moro não consegue demonstrar uma prova sequer e condena o Lula pelo que nós do Direito chamamos de conjunto de indícios. É a primeira sentença que conheço dessa natureza", afirmou Ciro. (Com informações da RBA).