O Brasil melhorou com um ano de Temer, diz Aécio Neves


A menos de uma semana do aniversário do golpe que ajudou a promover, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) publicou um artigo em que diz que o Brasil está melhor depois da deposição da presidente legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros, Dilma Rousseff.

Do 247 - "É impossível não reconhecer os desafios vencidos nesse período. Reformas importantes foram apresentadas pelo governo e estão sendo debatidas no Congresso e pela sociedade", exalta o tucano.

A população brasileira, no entanto, não parece concordar. Michel Temer é hoje aprovado por apenas 4% dos eleitores e o próprio Aécio sente na pele a rejeição.

De líder nas pesquisas de intenção de voto, o tucano está hoje na Lanterna das pesquisas de intenção de voto, lideradas com folga pelo ex.presidente Lula.




“A mídia criou um monstro. Chamem o doutor Pinel”, por Mino Carta



Francisco Matarazzo, figura dominante da Fiesp nos anos 20 e 30 do século passado, além de dono de um terço do Porto de Santos (a lembrança talvez desperte a inveja de Michel Temer), costumava empregar crianças de 12 e 13 anos. Com gesto piedoso, punha-as diante de máquinas de tamanho menor, adequado às suas estaturas. Quando Getúlio Vargas deu início a uma legislação social que desaguaria na Consolidação das Leis do Trabalho, tratava de acabar de vez com situações como esta.

Da CartaCapital - Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao se referir à CLT, não deixou de recordar, em tom acusatório, que Vargas se inspirara na Carta del Lavoro, encomendada por Mussolini ao jurista Alfredo Rocco. Pois haveria de saber que leis fascistas representavam para o Brasil de então um enorme avanço. Com a reforma trabalhista pretendida pelo governo ilegítimo, representariam até hoje.

Tenho a certeza de que no caso a fala de Maia não contém apenas a desfaçatez do prepotente, dita-a também uma ciclópica ignorância, fácil de perceber nele e na maioria dos nossos parlamentares. O País vitimado pelo golpe de 2016 teria voltado  a  tempos anteriores ao Estado Novo, aos da República Velha, há quem diga. E se engana. De fato, foram é inaugurados tempos novos de total insanidade.

Aonde pretendem chegar os golpistas do alto dos escombros das instituições implodidas e seus propagandistas e seguidores? Não há nexo na destruição sistemática de princípios, valores, aspirações e ideais em meio ao caos.

Não há lógica na punição do trabalho e na entrega do País ao capital estrangeiro. Não há como justificar a permanência do desgoverno, sustentado por um Congresso que não é a casa do povo, pela omissão de um Supremo covarde, pela propaganda de uma mídia que jamais praticou o jornalismo.

A mídia brasileira vive um fenômeno sem similares na sua própria história. Sempre serviu ao poder, com raras exceções durante a ditadura surgida do golpe de 1964. Já houve tentativas pregressas e corajosas de ater-se à verdade factual, bem como profissionais de ótima lida com o vernáculo.

O esforço dos sabujos dos patrões midiáticos, repórteres, colunistas, editorialistas, para minimizar a greve de 28 de abril, quando não aviltar seus propósitos, seria patético não fosse doentio. As Organizações Globo, em todas as suas manifestações, ganhariam o aplauso dos órgãos da propaganda nazistas. A greve, que na tarde da sexta-feira passada parou São Paulo e inúmeras cidades brasileiras, foi tratada no vídeo global como um problema de trânsito.

Trata-se de convencer a chamada classe média de que Pirandello estava certo: assim é se lhe parece. Que significa classe média? Em países civilizados, representa a maioria da população, estudou, consome livros, conta com jornalismo para todos os gostos e tendências, e sabe que a política inspira sentimentos e movimentos humanos, greves inclusive.

Aqui, nestes tristes trópicos, ela é a minoria, titulares e aspirantes da acumulação, escravos do dinheiro, diria o papa Francisco, exibicionistas, ignorantes e vulgares, treinados pela mídia para a confrontação entre ricos, poucos, e pobres, muitos. Ao cabo, em data imprevisível, não serão aqueles que vão ganhar a refrega.

Por ora, a derrota da mídia nativa é evidente. Até quando pode perpetuar-se o ataque à verdade factual? O êxito da greve geral está nos olhos de todos. Assim como é inescapável o registro da impopularidade crescente do governo fictício de Michel Temer e o crescimento das cotações de Lula como candidato às próximas eleições.

Até mesmo o Datafolha produziu uma pesquisa para confirmar. O revés é, porém, mais amplo e profundo. No esforço insano, os propagandistas apostaram nos seus heróis tucanos e só conseguiram gerar um monstro.

Eis o sinal mais nítido do fracasso, consequência de uma crise antes de mais nada mental. Refletores apontados para Serra, Aécio, Fernando Henrique ainda e sempre, Alckmin como último recurso, ou, quem sabe, Doria. E quem ocupa a ribalta reacionária?

Não são aqueles que tanto se empenharam para servir à casa-grande, quem literalmente os extirpa da cena é Bolsonaro, com todos os seus rancores, recalques e preconceitos, com sua vocação fascistoide e seus rompantes vingativos. Consequência inevitável do desastre em que o golpe nos mergulha à sombra de uma situação digna do estudo do doutor Philippe Pinel.

Frankenstein ficaria muito satisfeito. Foto: Gustavo Miranda/ Agência O Globo.

Leonardo Sakamoto: “Submundo da internet já se tornou formador de opinião”



A enxurrada de notícias falsas na internet, que é motivo de preocupação de observadores e agentes da comunicação, mistura descuido, interesses e más intenções. Em debate realizado na manhã de ontem (5), o jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, diretor da ONG Repórter Brasil, disse que os divulgadores das chamadas fake news, que ele chamou de "submundo", já se tornaram fontes de informação. "A parte invisível da internet, os sites anônimos, que não têm expediente, que não tem quem assina, já formam opinião tanto quanto a parte visível", afirmou.

RBA - O evento foi promovido pela Faculdade de Comunicação da Fundação Armando Alvares Penteado (Facom/Faap). Foi a primeira edição de uma parceria com o jornal espanhol El País – outras duas já estão programadas para este ano. "A gente está vivendo um momento tão complicado no Brasil que qualquer motivo é motivo para virar fake news", comentou a editora-executiva do El País Brasil, Carla Jimenez, citando caso ocorrido ainda ontem, sobre uma informação a respeito de emenda para prorrogar o mandato do atual governo.

Sakamoto; Há estruturas armadas pra isso (propagar mentiras), e também tem muita gente que é paga.
Foto; Abraji/ Via Isso É Notícia.

"Antes do desmentido, já tinha ido pros blogs de esquerda e essa notícia pegou fogo. Essa ansiedade, a insatisfação e o estado emocional do país favorecem também essa disseminação de informações." Carla contou ter se assustado quando um jornalista catalão disse a ela estar espantado com o grau de polarização no Brasil. "A Catalunha (região da Espanha) vive esse dilema da separação há muitas décadas, e ouvir isso dele me chocou."

Autor de livro com título autoexplicativo (O que aprendi sendo xingado na internet), Sakamoto citou três casos em que foi envolvido em divulgação de falsas notícias. Contou que foi xingado e agredido na rua, além de alvo de uma cuspida (que não o acertou). "Na internet, o ônus da prova é do acusado. Você tem de provar que você não fez alguma coisa que alguém acabou colocando."

Há também aqueles que ajudam a espalhar essas notícias por identificação. "Pouco importa pra muita gente se aquilo é verdade ou mentira, o que importa é que aquilo pode ser usado como munição na guerra virtual. Você começa a usar aquilo à exaustão. Mesmo portais verdadeiros acabam caindo também nesse processo", diz Sakamoto, para quem a preocupação principal deve ser "qualificar o debate público".

Como se faz isso? Por exemplo, não dando likes (a imagem em que o polegar aparece levantado, sinal de que gostou da publicação) para coisas absurdas que se espalham na redes. "A partir daí, você tem a construção de uma verdade", afirma o jornalista, para quem a trollagem "é uma ciência".

O caso da figurinista Su Tonani, que recentemente denunciou o ator José Mayer por assédio, também levou a uma notícia falsa, de que eles teriam sido amantes. Isso a motivou a novamente se pronunciar, em um texto publicado hoje no blog #AgoraÉQueSãoElas, no portal UOL.

Presidente da Câmara abre caminho para cancelar as eleições de 2018



O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mandou instalar, na tarde desta quinta-feira, uma comissão especial para analisar uma proposta de emenda constitucional, apresentada pelo deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que estabelece a simultaneidade nas eleições para todos os cargos majoritários.

Da Revista Fórum - Com isso, abre-se o caminho para a anulação das eleições presidenciais de 2018 e a disputa poderia ocorrer apenas em 2020, quando haverá eleição para as prefeituras.

No último domingo, o Datafolha revelou que o ex-presidente Lula lidera em todos os cenários, com 29% a 31% das intenções de voto, e que 85% dos brasileiros exigem a saída imediata de Michel Temer e a convocação de diretas já.

No entanto, o adiamento das eleições ajudaria a direita, que já derrubou a presidente Dilma Rousseff por meio de um golpe parlamentar, a tentar inabilitar Lula no tapetão.

Esta proposta de emenda constitucional estava parada desde 2003, mas acaba de ganhar tramitação urgente na Câmara. Em suas falas posteriores ao golpe, a presidente deposta Dilma Rousseff sempre alertou para o risco de anulação das eleições de 2018.

Com manobras como o golpe parlamentar de 2016 e a emenda constitucional agora em tramitação, a direita vem levando adiante seu plano de destruição da democracia brasileira.

Confira, abaixo, o documento:


Depois da violência vinda dos fazendeiros, indígenas sofrem mais um ataque: Temer corta 50% do orçamento da FUNAI


Como se não bastasse a violência de fazendeiros e seus jagunços contra os indígenas, o ministério da Justiça anunciou, recentemente, o corte de mais de 50% dos recursos, que já eram escassos, do principal órgão de defesa dos direitos indígenas. 

Do CEERT- Em meio a uma onda de ataques contra a população indígena – o último mais notório foi o massacre do povo Gamela, no Maranhão – o governo Temer decidiu cortar mais da metade do orçamento da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), principal órgão fiscalizador e de defesa dos direitos desta população. No último dia 28 de abril, aproveitando que a população estava com os olhos voltados para a greve geral, o ministério da Justiça decretou o corte de mais de 50% do orçamento do órgão, que já era escasso.

De acordo com a Funai, o corte dificultará até mesmo o pagamento de necessidades mais básicas, como luz e aluguel.

Segundo dados do Portal do Orçamento do Senado Federal (Siga Brasil) e do Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento (SIOP) levantados pelo Inesc, a Funai tem R$ 110,6 milhões em despesas discricionárias autorizadas para 2017, e R$ 27,8 milhões já foram gastos nos primeiros 4 meses deste ano com manutenção, despesas administrativas e programas finalísticos. Ou seja, sobram apenas R$ 22 milhões até o final do ano. Como esperar que a Funai funcione por 8 meses com menos dinheiro que teve para se manter aos trancos e barrancos por 4 meses? Evidentemente a conta não fecha”, diz nota do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Confira, abaixo, a íntegra da nota do instituto sobre o corte:

A violência contra os povos indígenas no Brasil não é apenas escancarada, como no terrível caso do massacre contra o povo Gamela, no Maranhão, mas também dissimulada, levada a cabo por entre frios gabinetes e burocráticos documentos oficiais. No último dia 28 de abril, o Ministério da Justiça deu um bom exemplo de como isso funciona: cortou mais de 50% do orçamento da Fundação Nacional do Índio (Funai) com gastos discricionários (R$ 60,7 milhões), deixando o órgão à míngua, sem recursos até para pagar contas administrativas, de luz e aluguel.

Segundo dados do Portal do Orçamento do Senado Federal (Siga Brasil) e do Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento (SIOP) levantados pelo Inesc, a Funai tem R$ 110,6 milhões em despesas discricionárias autorizadas para 2017, e R$ 27,8 milhões já foram gastos nos primeiros 4 meses deste ano com manutenção, despesas administrativas e programas finalísticos. Ou seja, sobram apenas R$ 22 milhões até o final do ano. Como esperar que a Funai funcione por 8 meses com menos dinheiro que teve para se manter aos trancos e barrancos por 4 meses? Evidentemente a conta não fecha.

Não bastasse o corte de recursos, a Funai também teve seu corpo de funcionários reduzido, enfraquecendo sua capacidade de atuação direta junto aos povos indígenas. O corte de 87 cargos comissionados no órgão atingiu principalmente a Coordenação Geral de Licenciamento (CGLIC) e as Coordenações Técnicas Regionais (CTLs), áreas estratégicas responsáveis pela análise dos impactos de grandes empreendimentos em terras indígenas, além de fazer o trabalho de receber e levar demandas dos povos indígenas ao poder público. Esse corte de pessoal chega a quase 20% do corpo técnico da Funai.

Esse sufocamento da Funai faz parte de uma agenda anti-indígena que tomou conta do governo federal e também do Congresso Nacional, onde iniciativas como a PEC 215 (que transfere a prerrogativa de demarcação de terras da Presidência da República para o Congresso) e a CPI da Funai que criminaliza os povos indígenas e organizações da sociedade civil que as apóiam ganham cada vez mais força. Na linha de frente dessas iniciativas estão as bancadas evangélica e ruralista, que garantem decisivo apoio ao governo Temer no Congresso Nacional e hoje comandam o Ministério da Justiça e a presidência da Funai – os dois órgãos que comandam a política indigenista brasileira.

Nesse arranjo de poder como diz o ditado popular, “juntou-se a fome com a vontade de comer”. O governo Temer não só abriu o espaço para que essas forças políticas se apropriassem do comando da Justiça e da Funai como lhes deu muita munição para acelerar o desmonte do órgão indigenista.


A Funai, já debilitada por orçamentos muito baixos ao longo dos últimos anos, agora está sem dinheiro e sem pessoal para tocar os programas e políticas de proteção e apoio a povos indígenas. Essa é uma decisão política do atual governo com apoio do que há de mais atrasado e violento no país: fazendeiros, madeireiros e evangélicos de extrema-direita.

Foto: Mário Vilela/ FUNAI.