O que os homens têm a ganhar com o feminismo?



O machismo e o patriarcado são, por definição, sistemas que hierarquizam os papéis de homens e mulheres, dando mais valor para tudo que é entendido como masculino. Por sermos nós as mais violentadas nessa configuração é óbvio que vamos lutar para destruí-lo e não pararemos enquanto houver uma mulher sofrendo no mundo. Mas será que só as mulheres saem ganhando com o feminismo?

Publicado originalmente no Ceert

Eu tenho certeza que não. Simplesmente porque o feminismo preza pela igualdade e pela liberdade de cada um ser como quiser, independentemente de seu gênero. E o machismo também impõe uma série de pressões nos meninos e homens.

Não pode chorar, não pode demonstrar fraqueza, não pode explicitar sentimentos, tem que gostar de futebol, de azul e de mulher. Não pode gostar de dança, de rosa e de estudar. Tem que ser o provedor, o responsável por sustentar a família, não pode ganhar menos do que a mulher. Tem que ser uma máquina incontrolável de sexo, tem que ser corajoso, não pode ter medo do perigo, tem que saber trocar pneu.

Simplesmente não há ser humano que consiga viver dessa maneira sem nenhum tipo de conflito. O machismo demanda coisas impossíveis para homens e mulheres e isso geralmente acompanha uma boa carga de tensão e sofrimento. Não há motivo, portanto, para ele continuar hegemônico.

Nunca, jamais, em hipótese alguma insinuo que homens e mulheres são afetados da mesma forma por esse sistema. Nunca, jamais, em hipótese alguma. Os meninos podem ser cerceados em diversos aspectos, sim, podem ter que seguir padrões e estereótipos com os quais não se sentem confortáveis, mas não são violentados sistematicamente em função de seu gênero. Não são abusados, estuprados e assassinados em massa POR CONTA de valores difundidos socialmente para cada um dos gêneros. Não é a vida deles que vale menos.

Mesmo com normas tão rígidas, o machismo nunca destituiu os homens de sua humanidade. Já as mulheres são constantemente objetificadas e, em todas partes do mundo, valem menos. E é por isso que temos tanta raiva, e é por isso que nós protagonizamos o movimento em busca de nossa plena cidadania. É por isso também que entendo a reação feroz que o feminismo causa na maioria dos homens: não é mesmo confortável abrir mão de seus privilégios. Deve ser horrível ver cada vez mais mulheres reivindicando aquilo que é seu por direito – e que inclui tirar a liberdade de oprimir e o conforto da impunidade.

Mas o feminismo traz outras liberdades, eu garanto. Em um mundo onde o patriarcado não dita a nota, todas as relações são mais saudáveis. Ninguém é obrigado a gostar de algo ou alguém só porque é menino ou menina. Todo mundo é livre para ser o que é. É esse o mundo que eu luto para construir e que, mais cedo ou mais tarde, vai bater na sua porta. Não precisa oferecer resistência.

Foto: Divulgação "Tha Mask you live in". 

Maia blinda grandes fraudadores da Receita e tenta enterrar a CPI do Carf, por Ivan Valente


Em seu terceiro dia como presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia decidiu cancelar a prorrogação da CPI do CARF, ao rever a decisão de seu antecessor, Waldir Maranhão, que havia concordado em ampliar em 60 dias o período de investigações.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Liderança do PSOL na Câmara e Viomundo

De acordo com o despacho divulgado agora à tarde, o prazo passa a ser de apenas 26 dias, e não permitirá a realização de oitivas no período – o que livra os principais potenciais fraudadores da Receita Federal de serem investigados pela CPI.

Embora ainda precise ser referendada em Plenário, a decisão de Maia – que contraria a deliberação coletiva dos próprios membros da comissão – acontece no momento em que a CPI e a operação Zelotes estão em pleno funcionamento, e uma semana após o conselheiro do Carf João Carlos de Figueiredo Neto, representante da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), ter sido preso na semana passada chantageando o banco Itaú.

Uma razão evidente para a prorrogação dos trabalhos da CPI, que, lembre-se, já estava concedida.

Rodrigo Maia já deixa sua marca de blindador das grandes empresas ao cancelar a prorrogação da CPI do CARF. Certamente, tem acordo com o PSDB e outros partidos. O PSOL denunciará manobra que visa proteger fraudadores da Receita Federal, que deveriam ser multados em bilhões de reais, muitos dos quais já estão indiciados e até denunciados”, afirma o líder Ivan Valente.

O PSOL já havia apresentado na CPI do Carf diversos requerimentos convocando empresários envolvidos em escândalos (Operação Zelotes), inclusive André Gerdau, da Gerdau, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco.

Outras empresas que estão sendo blindadas com a medida de Maia são Safra, Santander, RBS e algumas montadoras de veículos.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil, via Fotos Públicas. 

Grunec Cariri e Coletivo Camaradas promovem oficinas de turbante durante Expocrato



O Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grune) e o Coletivo Camaradas, movimentos sociais de forte atuação na área dos direitos humanos e de reconhecimento de negros e negras na construção do Brasil, promoveram entre os dias 11 e 14 de julho do corrente ano concomitantemente as festividades da Expocrato oficinas que remetem a cultura africana e afro-brasileira.

As oficinas tiveram muita adesão e foram ministradas por Maria Renata, do Coletivo Camaradas e Marquinhos Abu, do Coletivo Aparecidos Políticos. A primeira, sobre Turbantes, realizada na última quinta-feira, 14, contou com participação mulheres do GRUNEC e do Coletivo Marias e fazia menção a estética e identidade negra como forma de luta contra a discriminação e o preconceito racial, além de se configurar como um ato de resistência que, conforme pontuou o coletivo camaradas em sua página “vai muito além da moda e do estilo”.

No último dia 11, Marquinhos Abu, integrante do Coletivo Aparecidos Políticos, realizou a oficina de Stencil que servirá de base para o projeto que envolverá fotografia, stencil e arte de rua. 

Faz-se necessário destacar que a oficina de turbante foi idealizada e realizada pelo Grunec. Já a de Stencil teve a organização e promoção do Coletivo Camaradas, contando com o apoio dos (as) ministrantes supracitados (as). 

Oficina de Turbante com Maria Renata, do Coletivo Camaradas. Foto: Divulgação.


Ministério Público manda arquivar a denúncia sobre “pedaladas fiscais”, por entender que não houve crime



Do ponto de vista formal, a presidente eleita Dilma Rousseff está sendo submetida a um julgamento. Há espaço para testemunhas de defesa, acusação e, dentro de algumas semanas, os senadores darão seu veredito na comissão especial de impeachment.

No entanto, por mais que se trate de um julgamento de natureza política, a Constituição Brasileira garante que nenhum presidente pode ser afastado sem que tenha cometido crime de responsabilidade. Ou seja: é isso o que confere o caráter também jurídico ao processo.

Publicado originalmente no Brasil 247

No processo em curso, Dilma é acusada por professores de direito ligados ao PSDB, partido derrotado nas últimas eleições presidenciais, de ter infringido a Lei de Responsabilidade Fiscal, com suas "pedaladas fiscais", que seriam "operações de crédito disfarçadas".

No entanto, ontem, o Ministério Público Federal, que é o titular de qualquer ação penal, determinou o arquivamento da investigação pedida pelo Tribunal de Contas da União, apontando que nem houve operações de crédito e que, além disso, as chamadas "pedaladas" não configuram ilícito penal.

Numa situação de normalidade democrática, o impeachment seria sumariamente arquivado, como defendeu a senadora Gleisi Hoffmann. Além disso, toda a imprensa nacional destacaria que a presidente Dilma Rousseff, eleita por 54 milhões de eleitores, foi inocentada do crime que lhe é imputado por adversários políticos.

No entanto, a notícia do pedido de arquivamento feito pelo Ministério Público foi solenemente ignorada por jornais como Folha de S. Paulo e Valor Econômico. Estado de S. Paulo e O Globo a registraram, mas sem destaque em sua primeira página.

Isso demonstra que a imprensa brasileira, que apoia o golpe parlamentar de 2016 assim como apoiou o golpe militar de 1964, nem se preocupa mais em manter as aparências. O julgamento de Dilma é apenas um simulacro, onde todos os atores parecem já conhecer, de antemão, o resultado.

No entanto, por mais que seja um jogo de cartas marcadas, a decisão do Ministério Público Federal coloca os 81 senadores diante de uma saia justa: como condenar a presidente Dilma por "crime de responsabilidade", se o próprio MPF, titular da ação penal, garante que não houve crime?



"Sem a esquerda eu não teria vencido a eleição", diz Rodrigo Maia


Rodrigo Maia (DEM-RJ), 46, é o novo presidente da Câmara dos Deputados. O deputado foi o mais votado no primeiro turno, com 120 votos, e venceu também no segundo turno com outros 285 votos. Agora, ocupará o cargo até fevereiro de 2017 – quando haverá nova eleição para a Mesa Diretora.
Publicado originalmente no Pragmatismo Político

Candidato de Aécio Neves, Maia teve como principal base eleitoral os partidos PSDB, PPS, PSB e DEM. Curiosamente, para se eleger, também contou com o apoio de PDT e PCdoB. Tanto Maia, quanto o deputado derrotado, Rogério Rosso (PSD-DF), tinham o apoio do presidente interino Michel Temer.

Maia chegou a ser cotado para ser o líder do governo Temer na Casa, mas, por influência do “centrão”, grupo suprapartidário liderado pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer escolheu André Moura (PSC-SE).

“Sem a esquerda eu não teria vencido essa eleição”

Na primeira entrevista coletiva concedida à imprensa após a eleição, Rodrigo Maia admitiu que não teria chegado à presidência da Câmara sem o apoio da esquerda. “Preciso reconhecer que sem a esquerda eu não teria vencido essa eleição”, disse Maia, que mostrou disposição para dialogar com todas as frentes.

Durante discurso em plenário antes do 2º turno, Maia chegou a lembrar do ex-deputado petista José Genoíno e disse que votou pelo ajuste fiscal de Dilma Rousseff e sempre dialogou com a esquerda.


Rodrigo Maia é o novo presidente da Câmara dos Deputados.