Filme “Orfeu Negro”: felicidades e tristezas



É bastante representativo que a música mais conhecida fora da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, seja a que canta “tristeza não tem fim / felicidade sim”. Em todas as suas estrofes, a canção mostra como a felicidade é efêmera: gota de orvalho numa pétala de flor, pluma que o vento vai levando pelo ar. Curiosamente a música se chama "Felicidade", e é representativa porque resumiria o caráter da tragédia, que virou filme pelas mãos do francês Marcel Camus (sem parentesco aparente com o outro Camus, o Albert), com a trilha sonora assinada por Tom Jobim. Mas será que toda tragédia mostra que a tristeza não tem fim, apenas, no caso, a felicidade?


O filme de Camus, Orfeu negro, é falado em português e situado no morro da Babilônia, como se fosse uma espécie de Olimpo carioca, com o Pão de Açúcar de um lado, a praia do Leme do outro. Vinicius percebe isso e escreve na introdução da peça: “O morro, a cavaleiro da cidade, cujas luzes brilham ao longe”. Ele traz o mito trácio de Orfeu para a realidade dos negros e das favelas do Rio de Janeiro no fim da década de 1950, com direito a samba, carnaval e sensualidade. Novamente para comprovar isso, na introdução da peça, Vinicius sugere que “todas as personagens da tragédia devem ser normalmente representadas por atores da raça negra, não importando isto em que não possa ser, eventualmente, encenada com atores brancos”. Ou seja, não era uma cota, mas uma indicação de como o seu autor, o branco mais preto do Brasil, ficaria satisfeito. E, comprovando o nosso racismo velado, teria sido, segundo informações do próprio site da peça, apenas na primeira montagem da peça, em 25 de setembro de 1956, com quase meio século de existência, que o Theatro Municipal recebeu um ator negro em seu palco. No caso, um elenco inteiro.

Para perceber a importância do herói Orfeu para a mitologia dos trácios – um povo que ficava exatamente na ligação entre o que hoje chamaríamos de Grécia, Bulgária e Turquia –, Voltaire, em seu Dicionário filosófico, o compara a Abraão, entre judeus, cristão e muçulmanos, a “Tot entre os egípcios, o primeiro Zoroastro na Pérsia, Hércules na Grécia” e “Odin nas nações setentrionais”. Sua história, diferente de outros mitos, não tem uma versão “oficial”, não aparecendo em Homero ou Hesíodo, por exemplo, mas já era conhecido no tempo de Ibicus (c. 530 a.C. ) e Pindar (522 – 442 a.C.), que o chamava de “pais das canções”. Em algumas fontes, se diz que Orfeu seria filho de Apolo e da musa Calíope (como a própria peça de Vinicius, que coloca como sua mãe Clio, a musa da História), em outras, esse parentesco não é citado. Há muitas referências a Dionísio, inclusive chegando a dizer que ele seria a hipóstase do deus grego, ou seja, sua realidade concreta, sua substância, sua “encarnação”. De qualquer forma, é curiosa a ligação com esses dois deuses (Apolo e Dionísio), principalmente após Nietzsche, em O nascimento da tragédia, os ter colocado em posições quase antagônicas, de um lado o belo, o perfeito, a verdade, a razão, do outro o instinto de força, de luta, de desequilíbrio. No meio, entre os dois, a música. É aí que Orfeu, o herói, se situa. É o ponto de convergência entre Apolo e Dionísio.

Morto por mulheres

Se não temos a certeza do texto oficial, podemos perceber que em todas as versões que se contam sobre o mito, há uma coincidência: Eurídice. É por ela que Orfeu se encanta, se apaixona, e é por ela que ele vai até o Hades, o reino dos mortos. Os dois estão juntos quando Eurídice foge da perseguição do pastor Aristeu, e, na fuga, pisa em uma serpente que a pica, e a mata.  Desesperado, Orfeu resolve usar a sua arte para trazê-la de volta à vida. Desce ao submundo, e encontra Hades que fica sensibilizado com a sua música, e com o seu sofrimento, e faz-lhe a proposta de trazer Eurídice ao mundo debaixo do sol. Hades aceita mas impõe uma condição: desde que, na trajetória, Orfeu não olhasse para sua amada. Mas o amor nem sempre é paciente. O desespero, a ansiedade e a insegurança foram maiores e Orfeu, antes de chegar de volta ao mundo dos vivos, se vira e a encara. Assim, desrespeitando a ordem de Hades, a perde para sempre. De volta ao mundo dos vivos, Orfeu foi morto – as assassinas variam, mas sempre mulheres – por aquelas que se sentiram desdenhadas e invejavam o amor de Orfeu por Eurídice. “Mas as Musas, a quem o músico tão fielmente servira, recolheram seus despojos e os sepultaram ao pé do Olimpo. Sua cabeça e sua lira, que haviam sido atiradas ao rio, a correnteza jogou-as na praia da Ilha de Lesbos, de onde foram piedosamente recolhidas e guardadas ” – explica La leyenda dorada de los dioses y de los héroes, da autoria do helenista Mario Meunier, citado na apresentação da peça de Vinicius.

O filme de Camus, que venceu a Palma de Ouro do festival de Cannes, além de ganhar o Oscar de melhor filme falado em língua estrangeira, segue esse mito. Orfeu (Breno Mello) é um motorneiro e um grande músico, um dos principais componentes da fictícia escola de samba do morro da Babilônia. Segundo a lenda em torno de si, é ele quem faz, com o seu violão, o sol se levantar todos os dias de manhã. É um sujeito alegre, simpático, por quem as mulheres do morro vivem suspirando, enquanto os homens o consideram um grande camarada. Mais atirada que as demais, Mira (Lourdes de Oliveira) consegue levá-lo a um cartório para que fiquem noivos. Mas o homem que os atende, como um oráculo, já vaticina: Orfeu sempre ficou, fica e ficará com Eurídice. E Eurídice (Marpessa Dawn) já estava lá. Tinha acabado de chegar ao morro da Babilônia, vinda do Nordeste, fugindo de um homem, fazendo as vezes do pastor Aristeu, que ela diz que lhe quer mal. Chega no início do carnaval e vai ficar na casa da alegre Serafina (Léa Garcia), que vai proteger o casal e criar situações para que Mira não perceba a aproximação dos dois. A partir daí, a história segue até o seu esperado fim.

O que Vinicius de Moraes (e depois Camus) fez com Orfeu foi seguir uma tradição da modernidade, a mesma que o irlandês James Joyce já tinha seguido ao visitar a Odisseia em seu clássico Ulysses. Eles trazem o mito grego para os dias de então, mostrando como eles são eternos, e adaptar determinadas passagens para cenários e situações da cidade em questão. Joyce com Dublin, Vinicius com o Rio, mas o Rio mais pobre que há. Além disso, Joyce também usou da linguagem que era mais cara aos anglo-saxões, a literatura, enquanto Vinicius quis misturar palavra, som e gestos no teatro, mostrando o caráter menos letrado do nosso povo, mas não menor em nenhum aspecto, por conta disso.

Na ida ao reino dos mortos, por exemplo, Camus teve a brilhante ideia de adaptar um dos principais símbolos que há no Brasil de ligação entre os vivos e os não-vivos. Após a morte de Eurídice, Orfeu fica vagando pela cidade cheia por causa do carnaval. Em seguida, é levado por um faxineiro que se apieda de seu desespero para um terreiro de uma religião afrodescente, onde acompanha um ritual de evocação de espíritos. O seu acompanhante sugere que ele cante, para chamar Eurídice de volta, e Orfeu obedece. O clima da cena aumenta, com som de atabaques crescendo de volume, várias mulheres vestidas de branco andando em círculos, como se quisessem entrar em transe, até que uma delas recebe um santo. Orfeu fica assustado, mas continua cantando, até que se ouve uma voz, a voz de Eurídice, vinda de trás de Orfeu. Ele fica ainda mais surpreso, não esperava conseguir encontrá-la. Eurídice diz que eles poderiam conversar, mas que nunca mais se veriam. Ele jamais poderia se virar para vê-la. Se fizesse isso, ela desapareceria para sempre. Desesperado e sem aguentar ficar longe da mulher que ama, Orfeu se vira e vê não Eurídice, mas uma mulher mais velha, que não tinha aparecido até então, e que logo depois, sai do transe. O espírito de Eurídice já tinha ido embora.

Ao voltar para o morro, depois de já ter encontrado, ao menos, o corpo de Eurídice, Orfeu, carregando o cadáver nos braços, é recebido por uma ensandecida Mira, que havia descoberto que estava sendo enganada. Ela ataca Orfeu que morre, ao cair de uma ribanceira, junto com Eurídice. O herói, na morte, se une à sua amada.

Além da felicidade

A história de Orfeu, como a grande maioria das tragédias gregas, mostra que não podemos escapar do nosso destino último, que é a morte.  Mas mostra também que até lá, até o suspiro final, podemos navegar nessas águas nem sempre calmas da maneira como conseguirmos. Nem sempre os ventos são a favor, mas podemos nos adaptar para tirar o melhor proveito disso. O que Vinicius e Camus fazem, com essa adaptação do mito trágico, é jogar luz ao caráter melancólico, além do galhofento, da cultura nacional. Mostram que, além da felicidade, também é do nosso caráter, até por sermos humanos, a tristeza. Não dá para escapar dela. Essa afirmação pode parecer até estranha num momento como os tempos presentes, em que se busca o prazer de maneira desesperadora, como se viver sem prazer já fosse um sofrimento em si. Mas tristeza e felicidade são, de uma maneira misteriosa, interligadas. Assim como Apolo e Dionísio.

Certamente há momentos em que é complicado pensar que haverá outro carnaval, quando a quarta-feira de cinzas chega, como mostra uma das estrofes da música “Felicidade”, de Vinicius: “A felicidade do pobre parece / A grande ilusão do carnaval / A gente trabalha o ano inteiro/ Por um momento de sonho/ Pra fazer a fantasia / De rei ou de pirata ou jardineira/ Pra tudo se acabar na quarta-feira”. Falta um ano inteiro de tristezas, que parecem não ter fim.
Porém, é também certo que o próximo carnaval é mais aguardado e saboreado quanto mais cinzenta for a quarta-feira. É essa dualidade que faz com que ambos os lados tenham sabor. Se só tivermos contato com um deles, ele acaba se autodeprimindo, ficando sem forças, já que não haverá felicidade o suficiente para se manter para sempre alegre, ou para livrar de uma tristeza profunda. E basta-nos estar na vida para saber que ela sempre se movimenta. Como se a felicidade tivesse fim, sim, mas a tristeza também. Apenas não conseguimos enxergar esse fim, quando estavamos vivenciado um ou outro sentimento. Mas o simples fato de os sentimentos existirem, mostra essa dinâmica de um lado para o outro, como se fosse um pêndulo.Apesar da grande tragédia, o fim do longa deixa uma pista para essa conclusão. Os dois meninos que acompanham Orfeu e Eurídice durante todo o filme, correm para tocar o violão de Orfeu e assim fazer o sol nascer – como o herói sempre fazia. O sol, de maneira completamente independente das nossas vidas, continua a se levantar. Mas nós podemos dar um sentido para ele – no caso, tocando a música que o fará despertar. Ao se levantar, o sol também nos mostra mais que uma indiferença para com todas as tragédias debaixo dele. Nos aponta uma proposta de vida: de que precisamos seguir, sempre. Mesmo nos momentos mais tristes.

                            

‘Que Horas Ela Volta?': Surge para investir na emotividade e a evitar o confronto



O que somos nos envelhece. A teima em separar os elevadores, como se o serviço não pertencesse ao social, a mania de entender diferenciada a gente, quando a gente, diante da lei e de nós mesmos, não seria outra senão igual.

A escravidão que tardou a cessar aqui em relação a quase todas as outras nações do mundo, o impedimento à industrialização da colônia, os nossos modos acumulativos à custa do que é de todos, as ruas por onde as bicicletas ou o metrô não podem passar, a água, quando existente, selecionada aos preponderantes.

Farsa e privilégio, jeitinho e submissão, tudo nos contamina. E quando nos atrevemos a mudar o que somos, a equiparar os poderes e assim estancar a morte lenta, a elite nos empurra para trás.

Este é o Brasil, mas não é novo. Apenas aquele País da cordialidade com o qual cansamos de lidar. A raiz dos nossos problemas está no coração, que reage emotivamente, com carinho ou violência, às tentativas de obstrução da nossa dignidade social.

Mal começamos a lutar munidos de razão por esferas institucionais enfraquecidas e já enfrentamos dificuldades, as esperadas em função dessa inexperiência de uso. Mas temos sabido usar a arte para comunicar o que sentimos. E uma arte boa tocará neste ponto. Saberá gritar, se formos fortes.

O cinema, como a música ou as artes plásticas, pode decidir pelo confronto. Será uma arte dramática transformadora, poética, se tocar nos sentimentos escondidos.

Contudo, por vezes, a sensação é a de que desistimos do cinema, talvez porque, no Brasil, ele ceda espaço a uma construção muito mais poderosa e comunicadora, a tevê. A telenovela ainda constitui nosso meio maciço de envolvimento, representante de um jeito emotivo de questionar. E o cinema se deixou envolver por ela.

Que horas ela volta? parece ser a mais recente e bem-sucedida novela brasileira em grande formato.

Que horas ela volta? parece ser, assim, a mais recente e bem-sucedida novela brasileira em grande formato. Encanta o público quase na medida de A Escrava Isaura de outrora, inspirada na literatura romântica, não exemplarmente a melhor, sobre um estado de exceção.

O filme de Anna Muylaert é o grito coletivo, o sonho que se deixou analisar no divã do mundo, embora não se baseie em um texto estimulante. Inexistem as grandes frases a recordar dele, os diálogos apenas buscam a resolução da cena, os estranhamentos são solucionados com bate-boca, balbucios, ligeireza.

O ritmo é o dos paralelismos previsíveis, dos planos e contraplanos concisos da tevê, das perguntas com rápidas respostas, do humor improvisado, imagina-se, pela figura célebre, brutalmente espontânea, de Regina Casé.

Desde que a TV Pirata revelou nossa risível pequenez, Casé concentra essa energia de contraposição. No filme, a atriz característica, com a cara da brasileira, é uma empregada doméstica às antigas, que dorme no emprego e precisa acolher na casa da patroa a filha vestibulanda há muito distante, uma garota convencida de sua inteligência e de seu poder.

Enquanto Casé é mais uma vez Casé no filme, seu sotaque nordestino global pretende esquentar nossas emotividades transformadoras. Mas Que horas ela volta?, curiosamente, hesita em fazer isso, evita os confrontos, quase à espera de um próximo capítulo.

Este filme não parece desejar rompimentos excessivos, coleciona gritos expulsos e subterfúgios. Talvez porque, como disse Anna Muylaert em entrevista concedida a Orlando Margarido a CartaCapital, trate-se de uma ficção sobre os afetos, embora mais e mais, ao divulgar incansavelmente a obra, a diretora pareça assumir o tom elevado da intenção política e transformadora.

Seu filme agora é para o Oscar, mas também para mudar o Brasil, tarefas concomitantemente difíceis.

Regina Casé, a Val, revela-se muito mais a mãe do filho da patroa do que de sua filha, Jéssica, interpretada por Camila Márdila, que ela há dez anos não vê. Seu “filho” vacila e dá pena, vivido por Michel Joelsas, um ator que não pôde exibir o potencial que parece ter.

Uma das sequências mais intensas do filme foi pouco explorada pela diretora, aquela em que a mãe de Fabinho, Bárbara, interpretada por Karine Teles, uma superficial figura da elite paulistana, sem profissão definida pelo filme, o rejeita enquanto ele chora depois da pífia performance no vestibular.

Se o insucesso na luta pelo diploma, este velho instrumento de distinção burguesa, fez Fabinho perder a relevância, a dignidade, o direito a ser visível aos olhos de uma classe média deletéria e violenta, por que o filme sobre os afetos explora tão mal sua figura, o verdadeiro abandonado desta ficção?

Jéssica não foi abandonada. Ela é poderosa e sabe se expressar, da mesma forma que sua mãe, Val, lutará pelo que entender justo. A jovem teve uma educação melhor que a do menino, frequentou escolas atentas, diz-se, e precisamos acreditar nisso para prosseguir.

Contudo, ao se ver diante de uma janela do edifício Copan, Jéssica apenas constata que há prédios atrás de prédios, sem construir uma relação entre eles, exatamente como faria uma camponesa desavisada ao encarar a metrópole pela primeira vez.

Na casa dos patrões de sua mãe, Jéssica detecta modernidade, tudo o que é bom é moderno, uma constatação-clichê relacionada à FAU que se põe a visitar (e o projeto de Villanova Artigas oferece muitas possibilidades fotogênicas).

A filha de Val é estudiosa, porém não sabemos direito o que estuda. Pede um livro emprestado, mas ignoramos o que lê. Ela domina um grande mistério intelectual, e no filme atua com seu voluntarismo, não com seu saber. No entanto, é capaz de fazer com o que o dono da casa, o deprimido Carlos de Lourenço Mutarelli, ajoelhe-se de amor diante dela depois de breve tempo, sem nunca questioná-la a fundo fisicamente. (Tal respeito seria resultado de sua condição de artista ou constituiria um decoro de classe?)

Não é um filme de briga. Ele hesita em ser retumbante por meio de imagens, alusões, evocações, complexidade. Nem de longe pode se comparar a feitos cinematográficos brasileiros a evocar o preconceito e a ignorância social, a exemplo daquele inesquecível São Bernardo de Leon Hirszman, que destrinchou a brutalidade em pequenos gestos e pensamentos de um coronel.

Os fios estão soltos no filme de Muylaert, a ausência da grande cena, aquela que, talvez esperássemos, se desse na piscina, a arena ficcional. Para efeito cênico, ela não é esvaziada por completo, rumo à encenação da liberação da protagonista. Esta é a sequência magistral?

Que horas ela volta? exerce poderosamente a caricatura e não vê problema nisso. De obra pessoal, a evocar em parte a relação da diretora com sua babá Dagmar, toca na ferida da separação abissal de classes no Brasil e por esta razão, os olhos abertos na sala de jantar, já nos tornemos contentes.


ENEM 2015: os mitos e verdades



Nem tudo o que se fala sobre o Enem é verdade. Algumas afirmações podem ser apenas mitos.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o conhecimento dos estudantes. No entanto, com a criação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), em 2009, tal prova tornou-se a porta de entrada de diversas universidades e institutos públicos, pois o processo seletivo é baseado exclusivamente em sua pontuação. 

Apenas caneta preta é aceita para preencher o cartão - resposta
do Enem. Alunos da EEEP Wellington Belém de Figueiredo,
em Nova Olinda -Ceará.
O Enem é cada vez mais importante para a educação brasileira, pois além de ser o responsável pelo ingresso de grande parte dos estudantes em instituições públicas de nível superior é, ainda, requisito para a contemplação com bolsas de estudos e financiamentos, como é o caso do Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Muitos informações equivocadas são propagadas sobre Enem todos os anos. O Brasil Escola traz algumas questões levantadas por diversos estudantes e esclarece quais são mito e quais são verdade. Confira!

- O Enem pode reprovar estudantes que tirarem nota baixa.

Mito: O exame em si não é um processo seletivo, apesar de ser utilizado em alguns Vestibulares e no SiSU. Portanto, não há aprovados ou reprovados no Enem. No entanto, o resultado individual, que consiste no desempenho e nota do participante, pode ser consultado pelos participantes quando disponibilizados pelo MEC. Saiba mais sobre o assunto neste artigo.

- Posso concluir o Ensino Fundamental e o Ensino Médio pelo Enem.

Verdade: O candidato deve indicar a opção no ato da inscrição e obter o mínimo de 450 pontos em cada área de conhecimento (prova objetiva) e 500 na Redação. O Certificado só é concedido para estudantes com 18 anos completos até os dias das provas, que indicaram essa opção no ato de inscrição e escolheram uma instituição certificadora. Saiba mais neste artigo.

- Participantes emancipados podem solicitar o Certificado do Enem, mesmo com menos de 18 anos.

Mito: A obtenção do diploma do ensino médio não está relacionada à maioridade civil, portanto, emancipados não podem solicitar o certificado ao se inscreverem no Enem.

- Quem não escolheu uma instituição certificadora na inscrição do Enem não tem direito ao certificado do ensino médio.

Verdade: O estudante que não fizer a escolha durante a inscrição não pode solicitar o Certificado, mesmo que tenha obtido a nota mínima. O mesmo vale para a opção de declaração de proficiência.

- Qualquer instituição pode emitir o Certificado.

Mito: Apenas Institutos Federais e Secretarias de Educação são credenciadas para a emissão de Certificados. A lista das instituições certificadoras pode ser consultada no edital do Enem.

- O Certificado do Enem vale para o Sistema de Cotas.

Mito: A Lei de Cotas contempla apenas estudantes que cursaram todo o ensino médio na rede pública de ensino. Entenda como funcionam as Cotas.

- O Certificado do Ensino Médio via Enem pode ser utilizado no ProUni.

Verdade: O ProUni aceita estudantes que concluíram o Ensino Médio em escola pública, via Enem, pela Educação de Jovens e Adultos ou, ainda, como bolsistas integrais em escolas particulares. Entretando, os estudantes também precisam se encaixar nos critérios de renda. Saiba como funciona o ProUni.

- O Enem substitui o vestibular em algumas universidades.

Verdade: A principal utilização do Enem como forma de ingresso é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), o qual seleciona candidatos com base nas notas do exame. Algumas instituições públicas e particulares fazem, ainda, processos seletivos complementares com a pontuação do exame ou utilizam o Enem como parte da nota do vestibular. Veja como você pode utilizar sua nota do Enem.

- Se o participante esquecer de preencher a cor da prova, ele é eliminado do Enem.

Mito: De acordo com o Edital, só é eliminado o participante que esquecer de preencher a cor da prova e não transcrever a frase de identificação. Esquecer apenas um dos elementos não elimina o estudante.

- É possível calcular a nota do Enem.

Mito: A pontuação do Enem é calculada pelo Inep com base na Teoria de Resposta ao Item (TRI), método que leva em conta fatores como o número de questões corretas, dificuldade das questões que o estudante acertou, consistência da resposta, entre outros. Saiba mais sobre a correção do Enem.

- Candidatos que acertam o mesmo número de questões recebem notas diferentes.

Verdade: Além dos fatores citados na questão acima, outros estão inclusos como o fato de que a pontuação de uma questão depende do número de participantes que fazem a escolha correta. Uma pergunta na qual poucos acertam vale mais pontos do que uma com mais acertos.

- É proibido entrar na sala de provas com celular.

Mito: O estudante pode levar seu celular, mas o aparelho deve ser desligado e colocado em embalagem específica com lacre, a qual é oferecida pelo Inep. No entanto, o órgão não se responsabiliza por perda ou dano ao objeto.

- O Inep fiscaliza as redes sociais para eliminar candidatos que postam fotos das provas ou do ambiente do Exame.

Verdade: O monitoramento é feito para evitar vazamentos de questões e eliminação de participantes que não cumprem as regras do Edital, já que alguns estudantes acabam fotografando e postando imagens das provas nas redes sociais, o que não é permitido pelo Inep.

- Posso usar qualquer caneta durante a prova.

Mito: O edital do Enem exige caneta esferográfica, fabricada em material transparente, de tinta preta. O cartão-resposta não pode ser preenchido com caneta de outra cor, lápis ou lapiseira.

- A redação do Enem não precisa de título.

Verdade: Não há eliminação caso o participante não coloque título na Redação. O texto deve ter 30 linhas. Se o estudante colocar título, ele fica com uma linha a menos para o restante da Redação. Confira dicas para uma boa Redação.

Dia das Crianças: menos brinquedos, mais brincadeiras e liberdade



Menos brinquedos, menos shopping, menos publicidade. Mais brincadeiras, mais rua, menos consumismo. Dia da Criança (12 de outubro) é data ligada ao comércio, escolhida por empresários para transformar o mês, que era morto em vendas, em um período movimentado como o Natal. O Movimento Infância Livre de Consumismo (Milc) alerta, porém, que o consumo e a satisfação de um desejo material – em geral produzido pela publicidade – não deve substituir a liberdade. E também lança mão da publicidade para lembrar que brincar é melhor do que comprar.

Em vez de comparar, trocar. Isso estimula a prática da liberdade entre as crianças.
Para o coletivo, o verdadeiro dia dos pequenos é em 20 de novembro, data da proclamação da Declaração Universal dos Direitos da Criança, em 1959. A publicitária Mariana Sá, integrante do Milc, considera importante reconhecer a criança como sujeito de direitos, em uma fase peculiar do desenvolvimento humano, e não como público-alvo.

Já faz tempo que eletrônicos, como celulares e iPads, estão na lista de presentes para as crianças, o que é um dilema, segundo ela. Se por um lado viabilizam a inclusão, por outro prejudicam meninos e meninas. "A criança sai do estado natural dela, que é pular, correr, conversar, brincar, para ficar parada", diz Mariana, em entrevista à repórter Marilú Cabañas, da Rede Brasil Atual.

Mariana alerta para a armadilha dos eletrônicos que se revestem de caráter educativo. "A criança vê um vídeo e, de repente, ela sabe contar. Ela não sabe contar, ela sabe imitar uma sequência. São várias características que o eletrônico tem que levam os pais a achar que ele é inofensivo ou pode até ajudar no desenvolvimento da criança." Ela diz já ter resistido a comprar brinquedos caros para os filhos, que não sentiram falta "porque têm brinquedos demais", comenta, que é o que geralmente ocorre em famílias de classe média e média alta. "De tanto brinquedo, as crianças perdem a capacidade de brincar."

Em vez de comprar, trocar

A publicitária cita iniciativa do Instituto Alana que, desde 2012, promove a Feira de Troca de Brinquedos. A iniciativa ocorre em diversas cidades e serve de inspiração. "As pessoas estão ávidas, realmente, por ocupar os espaços públicos. Estão ávidas por brincar num lugar em contato com a natureza, um brincar livre, um brincar sem a interpelação de vendedores ambulantes, sem a interpelação de marcas e merchandising."

Mariana descreve que as crianças se envolvem na troca e já conseguem desenvolver abordagens de negociação. "Crianças muito pequenas, de dois, três anos, trocando, sem a mediação dos adultos. Meu filho diz que o legal da troca é que a gente tem brinquedos novos, sem precisar de dinheiro."

O Movimento Infância Livre de Consumismo dá outras dicas para os pais. Uma delas é buscar lembrar o que era mais importante quando era criança, e reproduzir com os filhos os programas que gostavam de fazer com seus pais durante a infância e, ainda, resgatar as brincadeiras daquele tempo.

"Eu brincava na rua", recorda Mariana, "Gostava muito de brincadeiras de bola, o baleado, que vocês chamam queimada. Era péssima, mas eu adorava. Amava brincar de elástico, que parece que está voltando, e pular corda."

"Será que a gente está sacrificando o tempo por dinheiro para satisfazer necessidades que, de repente, possam ser repensadas?", questiona Mariana, e diz que o caminho é "libertar a criança" que ainda vive nos pais, para se conectar com a infância dos filhos, "e ter um Dia das Crianças diferente, sem apelos de consumismo".

Secretário de Finanças de Altaneira cobra urgência dos parlamentares na votação sobre ouvidoria


O Secretário de Administração e Finanças do município de Altaneira, Ariovaldo Soares, utilizou a tribuna do poder legislativo na tarde desta sexta-feira, 09 de outubro, visando cobrar celeridade na votação do projeto de lei sob o nº 023/2014 oriundo do poder executivo, que cria a ouvidoria desta municipalidade.

Secretário de Administração e Finanças, Ariovaldo Soares, durante discurso na tribuna da Câmara. Foto: Júnior Carvalho.
Segundo informações veiculadas no blog “A Pedreira”, o secretário ao discorrer sobre o matéria que integrará a estrutura administrativa municipal, teria afirmado que a ouvidoria se constituirá em mais um instrumento que permitirá a manifestação do cidadão altaneirense, uma vez que dará voz aos munícipes e destacou ela será uma instituição a serviço da democracia, auxiliando a sociedade e permitindo que qualquer pessoa possa participar da gestão municipal, realizando o controle social sobre as políticas e os serviços públicos.

Foi veiculado ainda no blog supracitado que Ariovaldo chegou a ressaltar que a implementação desta ouvidoria visa ainda cumprir umas das ações que levam a lei de acesso a informação retratada e encaminhada ao município via ofício do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará solicitando informações acerca daquele órgão (ouvidoria) em Altaneira. O secretário argumentou também que o órgão, se criado, permitirá ao próprio governo, aos secretário e aos servidores estarem se autoavaliando sistematicamente, já que todas as críticas, sugestões e elogios, serão encaminhados aos órgãos competentes e finalizou ressaltando que o executivo percebendo a urgência, clama para que o projeto de lei seja apreciado e votado. O referido Projeto de Lei foi protocolado no legislativo municipal em 18 de agosto de 2014


Sobre a rejeição pelo TCU às contas de Dilma: Só 10 minutos para sair no JN



De maneira unânime, o Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu rejeitar as contas do governo Dilma Rousseff relativas a 2014, em processo que inclui as chamadas pedaladas fiscais – manobra contábil para cumprir metas fiscais. Oito magistrados acompanharam o voto do ministro-relator, Augusto Nardes, que resumiu de 1.400 para nove páginas a análise produzida por 14 técnicos do tribunal.

Ao todo, 15 irregularidades foram apontadas por técnicos da corte a Nardes, que acolheu o trabalho na íntegra. O Palácio do Planalto, por meio de nota (leia a íntegra abaixo), mantém o discurso e diz que órgãos técnicos e jurídicos têm “plena convicção” de que as contas de 2014 estão em conformidade com a lei.

Augusto Nardes, relator do processo das contas de Dilma
Rousseff no TCU.
 As contas não estão em condição de serem aprovadas. Recomendo a sua rejeição pelo Congresso”, declarou o ministro-relator, para quem “o que se observou foi uma política expansiva de gastos sem responsabilidade fiscal e sem a devida transparência”.

Ao comentar decretos presidenciais supostamente indevidos, o ministro apontou ainda o que seriam excessos do governo em meio a compromissos orçamentários. “Além de não efetuar o contingenciamento [orçamentário] de R$ 28,5 bilhões, ainda foram liberados R$ 10,1 bilhões”, emendou o ministro, que sintetizou seu parecer em nove páginas.

Tão logo foi anunciada a deliberação da corte, uma sessão de fogos de artifício destoou do ambiente solene do TCU. O festejo foi organizado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD), o Paulinho da Força, líder da Força Sindical e um dos principais opositores ao governo Dilma na Câmara.

Órgão auxiliar

Formalizado o parecer do TCU, órgão auxiliar do Legislativo, caberá ao Congresso analisá-lo. O julgado agora segue para Comissão Mista de Orçamento (CMO), que promoverá nova análise sobre a decisão e, em um prazo de cerca de 80 dias, deve votar novo relatório. Em seguida, deputados e senadores devem deliberar sobre o entendimento da CMO, em sessão conjunta ou separada – neste caso, nos moldes das votações de propostas de emenda à Constituição.

Trata-se da segunda vez em que o TCU recomendou rejeição de contas presidenciais desde que foi criado, em 1890. Um parecer prévio foi aprovado pelo tribunal, em 1937, recomendando a desaprovação das contas do governo Getúlio Vargas.

Elogios

Durante o julgamento, ministros parabenizaram Nardes por seu relatório e o caráter técnico do trabalho, como que em desagravo ao fato de o governo ter pedido o afastamento do magistrado. Em seu voto, o ministro Bruno Dantas, mais novo integrante da corte, fez menção a recente entrevista concedida por Nardes ao jornal Valor Econômico, em que o magistrado diz que o TCU faria “história”. “Vossa excelência não mentiu, ministro Nardes, quando disse que este tribunal faria história”, observou Dantas.

Nota do planalto

A decisão hoje tomada pelo Tribunal de Contas da União constitui um parecer prévio sobre as contas de 2014 do governo federal. A matéria ainda deverá ser submetida a ampla discussão e a deliberação do Congresso Nacional.

Os órgãos técnicos e jurídicos do governo federal têm a plena convicção de que não existem motivos legais para a rejeição das contas. Além disso, entendem ser indevida a pretensão de penalização de ações administrativas que visaram a manutenção de programas sociais fundamentais para o povo brasileiro, tais como Bolsa Família, Minha Casa Minha vida. Também entendem não ser correto considerar como ilícitas ações administrativas realizadas em consonância com o que era julgado, à época, adequado pelo Tribunal de Contas da União.

Os órgãos técnicos e jurídicos do Executivo continuarão a debater, com absoluta transparência, as questões tratadas no parecer prévio do Tribunal de Contas, para demonstração da absoluta legalidade das contas apresentadas.
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

Nardes

O relator do processo relativo às contas do governo Dilma, Augusto Nardes, é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) sob suspeita de ter recebido R$ 1,65 milhão de uma empresa que estaria envolvida com fraudes fiscais.

De acordo com a apuração, Nardes foi sócio até 2005, junto com seu sobrinho Carlos Juliano, da empresa Planalto Soluções e Negócios, alvo da Operação Zelotes. A Planalto teria recebido pagamentos da SGR Consultoria, suspeita de corromper membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão responsável por julgar recursos contra multas aplicadas pela Receita Federal.

No total, os pagamentos chegaram a aproximadamente R$ 2,6 milhões entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012. Nesse período, Nardes era ministro do TCU e havia se desligado oficialmente da empresa. A investigação aponta que há citações a Nardes em mensagens telefônicas da secretária da SGR, onde ele seria identificado como “Tio”, tendo recebido R$ 1,65 milhão. Outros R$ 906 mil foram direcionados para “Ju”, que a investigação acredita ser o sobrinho do ministro.

Segundo a apuração do MPF e da PF, Nardes pode ter recebido o pagamento por trabalhar a aproximação da SGR do grupo gaúcho de comunicação RBS, que tinha pendências no Carf. O ministro foi deputado federal pelo PP do Rio Grande do Sul entre 1995 e 2005.
Nardes diz desconhecer os pagamentos. Como membro do TCU, ele só pode ser investigado e processado com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).


Segundo Inep mais de 40% dos inscritos no ENEM acessaram o cartão de confirmação



O número de participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2015 que acessaram o cartão de confirmação de inscrição atingiu a marca de 3.103.736 (40%), às 8h desta quarta-feira, 7. O Nordeste foi a região que teve o maior número de acessos ao cartão de confirmação em relação proporcional ao total de inscritos. Dos 2.487.919 inscritos na referida região, 1.101.879 (44,2%) já sabem o local de prova.

No Sudeste, região com maior número total de participantes, dos 2.820.487 inscritos no exame 1.126.141 (39,9%) acessaram o cartão de confirmação. Em seguida, estão as regiões Centro - Oeste e Sul com 262.457 (37,3%) acessos para um total de 703.665 participantes e 341.367 (37,1%) verificações de 917.879 inscritos respectivamente. Na região Norte, 271.892 (33,3%) pessoas, de um total de 816.288 inscritos, acessaram o cartão de confirmação.

Nesta edição, os cartões estão disponibilizados exclusivamente pela internet, o que permitiu a economia de R$ 16,5 milhões para o Governo Federal.

Para acessar o cartão de confirmação o participante deve informar CPF e senha para visualizar e imprimir o documento.

Quem esqueceu a senha, deve entrar na Página do Participante para recuperá-la. Para isso, basta informar o CPF e a data de nascimento. Uma nova senha será encaminhada por email ou mensagem no celular (SMS).

O cartão apresenta os dados do participante – data, hora e local de realização das provas; nome; CPF; número de inscrição no Enem; opção de língua estrangeira (inglês ou espanhol); necessidade de atendimento especializado ou específico (quando houver); além de indicação de solicitação de certificação do ensino médio (se for o caso).