Bloqueio dos EUA à Cuba foi “um tiro no pé” dos norte-americanos, diz Emir Sader




O sociólogo, cientista político e colunista da RBA Emir Sader deu entrevista nesta quinta-feira (18) à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, na qual analisa o anúncio da retomada das relações entre Cuba e Estados Unidos. O colunista afirma que falta terminar com o bloqueio econômico à ilha e que o reatamento entre os países pode acelerar o processo de devolução de Guantánamo aos cubanos, ocupada desde o século 19: "Lá existem 130 presos, metade deles são considerados perigosos, teoricamente não poderiam voltar para os Estados Unidos, porque a Câmara decidiu que eles não poderiam estar em território norte-americano, mas é um problema menor comparado a essa virada espetacular de página que se deu ontem na normalização de relações entre os dois países".

Sader sobre a alfabetização em Cuba: "não foi só um processo
educacional, mas de consciência política"
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Veja a seguir a íntegra da entrevista:

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, anunciaram nesta quarta-feira (17) mudanças históricas nas relações entre os dois países. Lembrando que o país caribenho sofre embargo desde 1961, o que está mudando entre os dois países?

Na prática, acaba sendo o fim do conflito como ele existiu durante toda a Guerra Fria. Conforme o título do livro do Fernando Morais (Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de 2011) são os últimos soldados da Guerra Fria esses cinco cubanos que agora voltaram para o país e aquela Guerra Fria terminaria aí.

Cuba sempre considerou que a chance de normalização das relações se daria num segundo governo de um presidente democrata. O Jimmy Carter não teve segundo mandato, o Clinton teve um conflito maior, houve intensificação no final do segundo mandato dele de ações contra Cuba, um avião que soltou panfletos em Havana; e aí piorou a relação no final desse governo em vez de melhorar.

E agora se confirma essa possibilidade, a ideia de que um governo democrata que já não depende tanto do lobby cubano em Miami teria mais autonomia. Claro que passou por outras circunstâncias, e que nesse caso até mesmo pela liberação de um empresário, pelos três cubanos que ainda estavam presos, mas não foi simplesmente a libertação, quer dizer, finalmente, o Obama tomou a decisão e virou essa página, pois ele tinha se comprometido no começo do seu primeiro mandato em terminar essa situação de conflito absolutamente anômala em relação a Cuba.

Foi uma espinha na garganta dos Estados Unidos, a ideia de que tivesse um regime socialista a 120 quilômetros, como a distância de São Paulo para Campinas, e ele não conseguir destruir (o regime cubano); a ruptura de relações e o bloqueio parte disso, da ideia de asfixiar Cuba.

E a ilha ficou de fato extremamente isolada no começo, todos os países da América Latina romperam relações, salvo o México, mas o México só mantinha relações diplomáticas. Para comprar um palito, Cuba tinha que comprar na Inglaterra, na Espanha, esperar, ou comprar na União Soviética, era uma situação de precariedade muito grande.

Ao longo do tempo, os países, inclusive o Brasil, foram rompendo essa situação e estabelecendo relações com Cuba. Se no começo a ilha estava isolada, no fim desse processo quem estava isolado eram os Estados Unidos, quer dizer, desde 1992, as condenações ao bloqueio nas Nações Unidas fizeram com que apenas eles  (Estados Unidos), Israel e alguma ilha sem nenhuma importância no Pacífico votassem juntos.

Era uma situação que reverteu contra os Estados Unidos, mas que era mantida porque era uma questão meio que de princípios. Mais de dez presidentes disseram que iam derrubar o governo do Fidel Castro, e agora de Raúl Castro. Olha a lista de presidentes desde o Kennedy até hoje, então, agora se pode dizer que Cuba ganhou esse enfrentamento, porque os Estados Unidos confessaram que a ruptura de relações não teve eficácia, mas ainda faltam várias coisas.

Falta terminar com o bloqueio, que é uma decisão da câmara norte-americana, portanto, com maioria republicana, é um tema que ainda tem que ser discutido; os republicanos a princípio se manifestaram contra a atitude tomada pelo Obama.

E falta Guantánamo, que era território cubano, e os Estados Unidos, quando intervieram no fim do século 19 para impedir que Cuba expulsasse a Espanha e se tornasse independente, sob o pretexto de pacificar as relações, ficaram com a base de Guantánamo, que se tornou uma base militar e hoje é um presídio, de maneira absolutamente indevida.

Até um certo momento, Cuba colocava essa questão para normalizar as relações, depois, em um gesto de boa vontade, aceitou que as relações fossem normalizadas com esse absurdo, que é um pedaço de seu território ocupado militarmente pelos EUA.

Agora, certamente esse tema volta à baila, e também coincide com um problema que Obama quer resolver até o fim do seu mandato. Lá existem 130 presos, metade deles são considerados perigosos, teoricamente não poderiam voltar para os EUA, porque a Câmara decidiu que eles não poderiam estar em território norte-americano, mas é um problema menor comparado a essa virada espetacular de página que se deu ontem na normalização de relações entre os dois países.

Essa reaproximação entre os dois países é um processo que vem se desenvolvendo já há alguns meses, dizem que com a ajuda do papa Francisco. O que o papa tem a ver com essa história?

Eu acho que foi na fase final. O encarregado dessas negociações, que era o Ricardo Alarcón, cubano que era presidente da Assembleia de Poder Popular, deixou de ser parlamentar, mas continuou com essa responsabilidade; ele sempre disse que esse empresário (Alan Gross) era a grande parada para eles conseguirem resolver o problema, então, já vem de 2009 essa ideia de que eles pegaram um personagem graúdo, por ser um empresário que foi levar aparelhos de transmissão e comunicação para setores da oposição de maneira ilegal.

Então, é uma coisa que vem já há um tempo. Diz-se até que a deterioração da saúde dele acelerou as negociações e significativamente, porque ele é um cara que tem um papel importante no mundo, o papa também participou dessa fase final.

O Raúl Castro agradeceu as autoridades canadenses, pois houve negociações no Canadá em algum outro momento, mas certamente o papa foi importante talvez até para acelerar a realização desse gesto político e diplomático importante; não se menciona o papel dele, certamente deve ter sido um chamado deles para ajudar nessa fase final.

Apesar de todos os problemas do embargo, Cuba se destaca na área da saúde e da educação. Como é que isso foi possível?

Foi possível pela priorização. Primeiro que o sistema socialista tornou o direito igual para todos. E o setor é totalmente estatizado. A saúde é absolutamente gratuita para todos e a educação também.

Logo no começo da revolução, o governo chamou os estudantes que quisessem participar do processo de alfabetização para suspender as aulas na universidade e participar; eles participaram maciçamente e foi aí que a juventude cubana conheceu o povo cubano, porque a participação não foi maciça no processo de guerrilha. E ai se deslocaram para Sierra Maestra para conhecer o povo cubano e alfabetizá-lo. Não foi só um processo educacional, mas de consciência política também.

E sempre foi um tema prioritário, veja, a Bolívia, que é um dos países mais pobres do continente, acabou com o analfabetismo porque tornou prioritário o tema, então, jogou esforços essenciais aí, com a participação dos alfabetizadores cubanos. Então, na verdade, o essencial não é pobreza ou riqueza, mas a prioridade que se dá ao tema.

Mesmo na operação através da qual hospitais instalados pelos cubanos recuperam a visão de pessoas que não sabiam que poderiam enxergar direito, tem mais de 3 milhões de pessoas que recuperaram a vista. Ela é feita em território boliviano, por exemplo, tem argentinos que cruzam a fronteira para recuperar a visão, operados em hospital boliviano por médicos cubanos.

Então, é um tema de prioridade, não é uma situação de anomalia especial. O direito à edução é um tema universal. Mesmo quando Cuba flexibilizou profissões privadas para as pessoas conseguirem se virar além da economia estatal, é proibido ter educação privada ou sistema de saúde privada, é a responsabilidade do estado que responde em relação a toda a população.

Com a retomada das relações, vai ficar mais fácil sair ou entrar em Cuba?

Cuba já tinha liberado a saída para quem quisesse passear, só que é preciso conseguir visto fora. Esse sistema vai continuar a existir, só que agora os próprios Estados Unidos flexibilizaram a circulação de turistas, essa é uma das necessidades de Cuba, um turismo norte-americano em grande quantidade, é um país belíssimo, com condições de segurança que outros países não têm, além do interesse de conhecer o país como tal.

Então, eu acho que o turismo vai aumentar, sobretudo o turismo norte-americano, embora isso ainda não esteja absolutamente escancarado, mas certamente vai se intensificar. Tem voos já para o país, mas agora as companhias de aviação devem intensificar os voos, já que o país oferece bons lugares para turismo. E isso representa também maior comércio, já que os EUA liberaram a compra em maior quantidade de dólares para os norte-americanos que vão a Cuba, comprar rum, charutos, etc., isso também vai aumentar.

Na sua avaliação, qual é o maior problema enfrentado hoje pela população cubana e em que medida a retomada do diálogo com a Casa Branca pode mudar esse cenário?

É retomar um novo ciclo de expansão econômica em que o bloqueio era o problema real, quer dizer, na semana passada mesmo, um banco alemão recebeu uma multa muito forte por estar tendo relações com Cuba, então, o bloqueio...

Eles têm mão de obra qualificada, têm condições de trabalho muito boas, e tudo o mais, só que a dificuldade maior é que não podem explorar essas condições favoráveis, porque qualquer navio que para em Cuba não pode parar nos Estados Unidos durante seis meses.

Vários obstáculos que as leis mais recentes intensificaram, isso dificultou, isolou tanto que Mariel (porto de Mariel, construído com ajuda de financiamento brasileiro) era uma tentativa de ajudar a romper esse isolamento. Agora tem outro sentido, quer dizer, agora esse isolamento não existe, Mariel vai ser fundamental no comércio da região e o Brasil acertou de mão cheia tendo contribuído para sua construção, além de outros investimentos em Cuba.

Juventude conquista título do XVI Campeonato de Futebol Amador de Altaneira


Sem grandes especulações e sem maiores estardalhaços em face dos 56 anos de emancipação político-administrativa do município de Altaneira passados neste dia 18, os amantes do futebol testemunharam na tarde de ontem a final do XVI Campeonato de Futebol Amador envolvendo as equipes do Juventude e Santa Cruz.

Juventude conquista título do XVI Campeonato de Futebol Amador de Altaneira nesta quinta, 18. Foto: João Alves.
Antes, porém, por volta das 14h00 houve a disputa entre Caixa D’Água e Portuguesa pelo terceiro lugar. A lusa altaneirense que ano passado levou para casa o trofeu de campeão e o Caixa que naquela oportunidade ficou com o vice tiveram que se contentarem com o terceiro lugar. Assim como em 2013, o Caixa foi mais uma vez derrotado. Com dois gols de Valberto a lusa deixou o adversário apenas na vontade de ficar em terceiro.

Logo depois entraram em campo para a disputa do título Santa Cruz e Juventude. Tendo feito um ótimo campeonato na edição anterior, mesmo ficando em quarto lugar, o representante do sítio Taboquinha fez um confronto equilibrado no tempo normal com o Santa. Zé balançou as redes para o Juve, enquanto que Wandeson empatou a partida. O título só veio a ser decidido nos penaltys. A Taboquinha tem, portanto o campeão do municipal.

Segundo Humberto Batista, presidente da Associação Esportiva Altaneirense – AEA esta edição iniciada em 30 de agosto envolveu oito equipes em turno e returno e computou na fase classificatória 14 (quatorze) jogos.  Foram marcados 250 gols, o que levou a uma média de 04 gols por partida. 


Em 2015 Câmara de Altaneira será composta por dois suplentes


O Poder Legislativo de Altaneira desde sua nova composição em virtude das eleições de outubro de 2012 e iniciado os trabalhos no ano subsequente vem funcionando com um suplente.

Flávio Correia, Antonio Nevoeiro, Antonio Leite e Edezyo Jalled - da esquerda para a direita.
O fato de deu em face da nomeação do vereador eleito pelo Partido Comunista do Brasil– PCdoB no período e hoje filiado ao Partido Republicano da Ordem Social – Pros, Deza Soares, pelo prefeito Delvambeto Soares, da mesma agremiação, para assumir a pasta da Secretaria da Educação em substituição a professora Tereza Leite. Flávio Correia tomou assento na Câmara também pelo PCdoB e posteriormente se filiou ao Solidariedade (SDD).

Foi amplamente divulgada nos principais portais de comunicação do município, assim como também no único veículo de comunicação radiofônico desta municipalidade a volta de Deza Soares para exercer a função de edil, o que permitiria que o legislativo voltasse a sua composição original. Toda via, 2015 vai proporcionar aos altaneirenses uma Câmara funcionando não mais com um suplente, mas com dois.

Segundo informações já publicadas pelos portais com maiores acessos as ações dos poderes executivo e legislativo, os vereadores Antonio Leite (Pros) e Edezzyo Jalled (SDD) não estarão na “casa do povo” no ano que se iniará em 14 dias. Isso porque o prefeito em exercício, o vice Dedé Pio, os nomeou como Secretários de Infraestrutura e de Governo, respectivamente.

Com a saída desses edis devem assumir assento na câmara a professora Robercivânia Oliveira e o Comerciante Antonio Nevoeiro, pelo PSB e PRB, respectivamente. Essa não e a primeira vez que Nevoeiro fará parte da casa como suplente. A primeira vez se deu em 2011 com a saída de Raimundinho para exercer o cargo de prefeito.

Ainda não foi divulgado quais cargos assumirão Flávio Correia e o até então secretário de infraestrutura Albino Alves.

Os três dos maiores fotógrafos da história e seu estilo




Os verdadeiros mestres da arte de registrar imagens revolucionaram a técnica e o olhar fotográfico. O legado que deixaram - e deixam -  influencia gerações, inspirando cliques mais profundos, dramáticos e interessantes. Entre os nomes que mais se destacam, três não podem ficar de fora da lista: Cartier Bresson, Pierre Verger e Sebastião Salgado. E o post de hoje é exatamente sobre eles. Cada um tem um estilo e uma importância, mas todos servem de inspiração para os amantes da fotografia. Então vamos conhecer um pouco mais sobre cada um!

Pierre Verger (1902 - 1996)

Conhecido por sua paixão em fotografar temas ligado a religiões africanas e afro-descendentes, principalmente em Salvador, na Bahia, esse franco-brasileiro deixou sua marca ao trazer à tona um novo olhar sobre os negros. Até então, no início do século XIX, eles eram retratados apenas ligados à escravidão ou às páginas policiais. Verger passou clicar os negros em festa, em momentos sagrados e em atividades do cotidiano. Para ele, mais importante que o enquadramento clássico é a força da imagem e o que ela transmite.


Cartier Bresson (1908 - 2004)

Considerado o pai do fotojornalismo, o francês Cartier Bresson é um nome imprescindível na lista de estudos de qualquer aspirante a fotógrafo. Pioneiro no registro do cotidiano, mostrava a realidade e se tornou obcecado por ela. Inovador, estava sempre em busca do “instante decisivo”, que é o momento certo de clicar, e chegava a esperar horas por ele. Não usava tripé e saía pelas ruas com uma Leica na mão, registrando as pessoas que circulavam nas ruas sem que elas percebessem a sua presença. Bresson conseguiu traduzir sentimentos em imagens usando um rigor técnico que exigia disciplina e muita sensibilidade.



Sebastião Salgado (1944)

O único mestre vivo da lista tem um estilo que herdou de Cartier Bresson. As fotos de Sebastião Salgado, nascido em Minas Gerais, são marcadas por um registro sensível e engajado, sempre em preto e branco e que buscam o momento decisivo. Suas imagens documentais retratam mudanças sociais, econômicas e naturais no mundo de forma poética. Em vez de apenas registrar, Salgado procura por um olhar mais intenso, um momento frágil, uma mensagem. Esse estilo já lhe rendeu diversos prêmios fotográficos importantes e um reconhecimento internacional, principalmente junto às causas humanitárias.



Tons de Angola: Influência é vista em vários traços culturais do brasileiro



A influência africana no Brasil aparece em uma série de traços culturais e pode ser vista no idioma, na comida, na música, nas manifestações religiosas e no próprio jeito de se comportar do brasileiro. De tradição bantu, Angola foi um dos países que mais contribuíram para essas influências.


O povo bantu é originário de várias regiões do Continente Africano, como o Sul da África e a África Central, na qual se encontra Angola. As várias etnias desse povo se misturaram nos navios negreiros a caminho do Brasil e, mesmo perdendo muito de sua individualidade no processo de escravização, traços fortes se mantiveram até hoje. Palavras como “quitanda”, “cafuné”, “chamego” e “moleque” são derivadas do vocabulário de povos da região onde hoje está Angola.

São termos relacionados a práticas de relações domésticas, familiares, em festividades. A gente não percebe a profundidade da influência desses costumes. As palavras, sozinhas, aparecem como curiosidades, mas “quitanda”, por exemplo, vem das práticas comerciais, “chamego” e “cafuné”, dos modos de cuidar, educar, criar os filhos”, analisa a professora de antropologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Luena Nunes Pereira.

Ela considera que uma das principais heranças culturais dos povos que vieram da África para o Brasil é o jeito de se comportar. Segundo ela, os brasileiros incorporaram vários maneirismos dos africanos. “A maneira como a gente se conduz corporalmente, o jeito de andar, gesticular, se comportar com os outros, com abraços e tapinhas nas costas. Isso tudo tem uma influência africana muito forte. É como dizia Gilberto Freyre, até no jeito de andar dos brancos você encontra um pouco de África.”

O país também deve a Angola uma expressão artística alçada a ícone tipicamente brasileiro. O conhecido samba nasceu do semba, angolano. O semba é dançado como se fosse um sapateado em ritmo mais acelerado. “A matriz do samba é angolana. O toque do samba, a percussão, a rítmica, isso é bantu. Todas as formas musicais reconhecidas como afro-brasileiras são bantu”, explicou Luena, citando o samba, o maracatu, o jongo e o batuque.

Paula Barreto, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisadora do Centro de Estudos Afro-Orientais, ressalta que o semba é um dos estilos musicais mais fortes da cultura angolana. “O samba é uma expressão cultural de trajetória longa, mas é possível verificar essa aproximação com Angola porque o semba continua existindo como uma parte forte da produção musical angolana. A questão do ritmo, da marcação, da cadência, o modo de dançar, as características mais importantes do samba.”

Outro expoente da cultura nacional trazido pelos povos de Angola é a capoeira. A mais antiga das formas de jogar é batizada capoeira de Angola. “É uma capoeira jogada em um andamento predominantemente lento e com movimentos mais baixos”, diz o mestre Zulu, mineiro de 63 anos de idade, 48 deles dedicados à capoeira. Segundo ele, o jogo da capoeira de Angola é mais estudado, estratégico, tentando induzir o oponente ao erro.

Há muito meneio de corpo para distrair o oponente e apanhá-lo de alguma forma. A capoeira de Angola usa muita movimentação com as mãos no chão, muito equilíbrio de cabeça para baixo, muita 'malemolência' e, subitamente, sai um golpe.”

O acompanhamento rítmico da capoeira de Angola e da capoeira regional, desenvolvida no Brasil pelo Mestre Bimba, em 1927, também é diferente. Enquanto a capoeira regional usa apenas um berimbau de afinação média, dois pandeiros e as palmas, a capoeira de Angola é mais diversificada e explora bastante a percussão. São três berimbaus, com três afinações diferentes – viola, médio e gonga, este sendo mais grave –, atabaques, pandeiro, reco-reco e agogô.

Quando falamos em herança culinária, no entanto, foi o Brasil quem mais influenciou Angola. “A mandioca foi levada pelos portugueses para lá e hoje é base da alimentação angolana. É um país muito dependente da mandioca. É uma influência indígena vinda do período colonial”, detalhou Luena. É possível, contudo, enxergar detalhes de Angola na culinária brasileira, como a forma de cozinhar os alimentos e o uso frequente da banana, do inhame e do azeite de dendê, muito utilizado na cozinha baiana.

Hoje, na avaliação da socióloga da UFBA, Angola conhece muito mais o Brasil do que os brasileiros conhecem os angolanos. “A produção cultural brasileira chega fortemente a Angola. A música, a televisão, a literatura. Eles acompanham nossas novelas e alguns artistas, como Martinho da Vila. O ângulo inverso, da entrada da cultura angolana no Brasil, é que me parece que ainda poderia crescer.”

Ela cita que pelo menos três escritores angolanos circulam no cenário literário brasileiro com alguma desenvoltura. José Eduardo Agualusa; o jovem Ondjaki, vencedor, no Brasil, do Prêmio Jabuti de Literatura; e o veterano Pepetela que destaca, em sua obra, os problemas da sociedade contemporânea de Angola.

Como alternativa para as referências portuguesas, esses escritores beberam da fonte literária brasileira. “Eles reconhecem que foram influenciados por grandes nomes da nossa literatura, como Guimarães Rosa e Jorge Amado”, diz a especialista da UFBA.

Eles também aproveitam as semelhanças com o Brasil para poder agregar mais à sua forma de ver o mundo e até mesmo criar seu estilo. Na opinião de Paula, é algo que dá uma dica do que os brasileiros poderiam fazer.

Devemos nos voltar muito mais para o Continente Africano e, em especial, para Angola. Temos grande facilidade de troca cultural. O idioma, o passado e a memória compartilhada colaboram. Nós devemos e podemos nos conhecer muito mais.”

Juventude e Santa Cruz farão final do 16º Campeonato de Futebol Amador de Altaneira


Este final de semana foi de grandes emoções para o esporte de Altaneira que teve início na tarde de sábado, 13, com o segundo jogo da disputa pela vaga na grande final do 16º Campeonato de Futebol Amador.

Santa Cruz consegue reverter desvantagem adquirida no
1º jogo diante da Portuguesa. Foto: João Alves,
No sábado a tarde pela segunda partida das semifinais, o Caixa D’Àgua foi disposto a reverter a situação adversa diante do Juventude. O Caixa precisva tirar a vantagem de dois gols do adversário para ao menos levar a decisão para os penaltys, toda via, sofreu mais uma derrota, desta vez por dois a zero e viu o representante do sítio Taboquinha ir para a disputa do título. Marcaram para o Juventude Pedro e Negão.

Quem fará a final com o Juve será o Santa Cruz que conseguiu reverter a desvantagem que tinha sido construída pela lusa altaneirense no primeiro confronto. A Portuguesa entrou em campo já classificado, haja vista ter como aliado o tempo. Toda via, não conseguiu segurar o empate. O Santa Cruz com dois gols de Dadazinho editará a grande final do XVI Campeonato de Futebol.

Segundo informações de Humberto Batista, presidente da Associação Esportiva Altaneirense – AEA, a final já possui data marcada para ocorrer, dia 18 à tarde, no campo da Associação. 

VIII Edição da Revista Palmares será lançada na Semana Cultura Viva



Em comemoração aos dez anos de construção da Política Nacional Cultura Viva, a Fundação Cultural Palmares lançará na próxima sexta-feira, 12 de dezembro, a oitava edição da Revista Palmares - Centenários Negros 2014. A solenidade acontece às 10h30, no Espaço Funarte, sala Cássia Eller e compõe a programação do evento Semana Cultura Viva promovido pelo MinC.


Na ocasião, também serão lançadas outras publicações do Ministério da Cultura.

Realizada em Brasília, nos estados e municípios parceiros a ação conta com representantes das redes de pontos de cultura, grupos de trabalho (GTs), oficinas e apresentações artísticas. Integradas a uma agenda de mobilização nacional (confira aqui a programação) as atividades objetivam, entre outras, dar visibilidade a lei Cultura Viva, n° 13.018, de junho de 2014.

É uma honra fazer o lançamento da Revista Palmares na Semana Cultura Viva. Isso representa mais uma de nossas contribuições para manutenção e preservação das nossas raízes, produções culturais e políticas afro-brasileiras”, avalia Lindivaldo Junior, Diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-Brasileira da Fundação Cultural Palmares – MinC.

Revista Palmares

Assim como o evento, este ano com o tema Centenários Negros, a 8º edição da Revista Palmares comemora uma década desde o lançamento do primeiro exemplar, em agosto de 2004, em razão do aniversário da Fundação. “Nosso objetivo é trazer informações de registro-referência sobre cultura negra e provocar debates aprofundados sobre o tema, a partir dos textos propostos pela publicação”, explica Hilton Cobra, Presidente da Fundação Cultural Palmares -MinC.

Intelectuais e escritores afro-brasileiros contribuíram para a tiragem que presta reverência a Carolina de Jesus, Abdias Nascimento e Mãe Biu da Xambá, alguns das personalidades negras que completaram 100 anos em 2014. Para ler a revista online, clique aqui.

Semana Cultura Viva

A programação da Semana Cultura Viva conta com uma agenda aberta ao público, com apresentações culturais dos Pontos de Cultura, debate na Câmara dos Deputados sobre a regulamentação da Lei Cultura Viva, no dia 9, e uma solenidade comemorativa dos dez anos do programa, no dia 12, em Brasília, que contará com apresentações de duas manifestações brasileiras que receberam recentemente o título de patrimônio cultural imaterial: o carimbó e a capoeira.

Com público considerável, Fundação ARCA realiza Noite Cultural sobre valores Afro-brasileiros



A Fundação Educativa e Cultural ARCA a partir da recém nascida Frente Negra Altaneirense, realizaram neste domingo, 07, no calçadão municipal, a culminância da I Semana Afro-cultural com a temática “Somos África: revisitando os valores dos negros e negras”.

Na abertura do encontro, Givanildo Gonçalves teceu considerações sobre os aspectos da conjuntura religiosa africana, muitas delas carregadas de esteriótipos negativos construidos e reconstruidos por aqueles que desconhecem a história cultural dos africanos. Gigi, como é mais conhecido, apresentou um texto sobre “O Segredo de Oxum”, de Ricardo Andrade.  Em uma das passagens há relatos que desconstroem a visão errônea de que o Brasil nasce a partir de 1500 e relata a bravura da civilização negra. “Não somos descendentes de escravos, como dizem os livros escolares, somos descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e poderosos, somos descendentes de reis, rainhas, príncipes e princesas, somos parentes de homens e mulheres que desenvolveram a escrita, a astrologia, a numerologia, às ciências e as pirâmides. Somos fruto de um povo que desenvolveu as técnicas agrícolas e que domina a medicina alternativa, somos fruto de um povo que conhece as folhas e como despertar o poder delas, nosso povo sabe estar no Aiyê (Terra)sem perder a essência do Orum (CEU)”, finaliza a dissertação.

Este signatário ressaltou sobre a importância de estar trazendo ao debate em praça pública as histórias de um povo guerreiro que contribuíram e vem contribuindo de forma decisiva para a formação do Brasil. Foi mencionado ainda a necessidade de estar se discutindo a história dos negros e negras contada pelo viés da negritude, percebendo-os como protagonistas da sua própria história. Desta feita, os valores dessa classe social provenientes da história religiosa, cultural, social e política foram revisitados através da literatura negra e recriada em paródias, peças, poesias e músicas. Foi registrado também que o momento foi fruto de intensas discussões no grupo de estudo em filosofia social, muitas delas proporcionadas pela Frente Negra Altaneirense.

Fizeram parte das apresentações o Grupo “Anjos da Músicas” que cantaram e encantaram o bom público com as músicas “Pérola Negra” (Daniela Mercury), “Berimbau” (Olodum), “As Vezes me Chamam de Negro” ( Carolina Soares). O poema de Jorge Posada foi lido pelo membro mirim da ARCA:

Um negro sempre será um negro,
Chame-se pardo, crioulo, preto, cafuzo,mulato ou moreno-claro
Um negro sempre será um negro:
Na luta que assume pelo direito ao emprego
E contra a discriminação no trabalho
Um negro sempre será um negro:
Afirmando-se como ser humano
Na luta pela vida".

A capoeira símbolo de resistência negra no período da escravidão no Brasil colonial e imperial mereceu destaque a partir das apresentações do grupo CultuArte coordenado pelo professor/mestre Cesar Rodrigues, além da Dança do Côco.

A noite cultural foi finalizada com o desfile da beleza negra, masculino e feminino. Tão logo se findou o momento foi realizado um bingo.

Confira mais fotos que teve a cobertura de João Alves