Do Diário do Centro do Mundo: O que se aprende com o novo embate Lula-FHC


Clap, clap, clap.

Aplaudo de pé uma frase de Lula de hoje: “Não leio FHC”.

É um aplauso apartidário e apolítico. Quero com isso dizer o seguinte: aplaudiria também FHC se ele dissesse que não lê Lula.

Ex-presidente Lula (Heinrich Aikawa/Instituto Lula).
Lula disse o que disse quando jornalistas lhe perguntaram o que achara de um artigo de FHC em que este acusava Lula de tergiversar quando o assunto é o Mensalão.

A sabedoria da resposta reside no seguinte: você não deve ler quem aborrece você.

Já escrevi sobre isso. Falei do “BIM”, o Brasileiro Indignado com a Mídia. É alguém de esquerda, homem ou mulher, e que gasta o seu dia lendo os blogueiros da Veja, ouvindo os comentaristas da CBN e vendo, à noite, os telejornais da Globo.

No dia seguinte a esse massacre jornalístico, ele posta sua raiva nas redes sociais.

Não se dá conta de que está alimentando o inimigo com seu consumo indigesto de notícias, e fazendo mal a si próprio.

Reinaldo Azevedo sempre tripudia sobre os “petralhas” que o lêem. (Azevedo parece mais orgulhoso por ter criado a palavra “petralha” do que Balzac por ter criado A Comédia Humana.)

Vejo alguns BINS alegarem que é importante conhecer o pensamento dos adversários. Ora, há maneiras menos penosas de fazer isso.

Há uma triagem natural que faz com que os textos ou vídeos importantes cheguem a você na internet.

Eu, por exemplo. Não tive que ouvir Jabor todo dia para, em determinado momento, saber que ele, na CBN, avisou em maio que o Brasil daria um vexame mundial na organização da Copa.

Penso em Gandhi, e vejo nele uma ação que deveria inspirar o BIM. Num determinado momento de sua vida, Gandhi comandou um boicote de produtos dos imperialistas ingleses.
Talvez um boicote funcionasse melhor do que posts irados nas redes sociais, e o desgaste físico e emocional dos indignados seria bem menor.

Lula faz isso. Boicota os artigos de FHC. Não é a primeira vez que o vejo agir assim. Ele já contou que, num certo momento de sua gestão, parou de acompanhar a mídia, ou enlouqueceria.
É o chamado manual de sobrevivência.

Na minha carreira jornalística, deixei um dia de ler a Folha, que me fazia mal por sua arrogância e negativismo. Também deixei de ver o Jornal Nacional, por achar maçante e obcecado com más notícias.

Minha carreira não sofreu prejuízo nenhum com tais decisões. O tempo ganho ao não ler a Folha e não ver o JN acabou dedicado a coisas mais proveitosas para minha ascensão pessoal e profissional.

Eventuais – raras – coisas importantes da Folha ou JN sempre acabaram chegando até mim.

Não ler o que enraivece você é um ato filosófico.

Aplaudi Lula, e aplaudirei FHC se um dia ele disser: “Não leio o Lula”.


A análise é de Por Paulo Nogueira e foi publicado originalmente no Diário do Centro do Mundo

No dia de proteção a floresta Trilha Sítio Poças ganha replantio compensatório


João Bel regando mudas na Trilha Sítio
Poças. Foto: Raimundo Soares Filho.
Desde que foi construída e inaugurada em começos de março do corrente ano a Trilha do Sítio Poças, localizado no município de Altaneira, em propriedade do ex-vice prefeito e atual vice-presidente da Associação Beneficente de Altaneira – ABA, entidade mantenedora da Rádio Altaneira FM, Raimundo Soares, conhecido popularmente como “seu mundim”, teve que passar de áreas antes pouco conhecidas para espaços que fosse necessário ao percurso humano. 

Para o surgimento da trilha ecológica foi necessário a descobertas de matas e o seu corte, o que demandou, por parte dos organizadores, um comprometimento em preservar vestígios históricos que comprovam a existência de moradores outrora naquele lugar, como restos de paredes de casas e, claro, uma consciência ambiental.

Participantes do curso de condutor de
trilha plantando mudas.
Foto: Raimundo Soares Filho.
Nesse espaço já foi realizado algumas competições esportivas, principalmente voltadas para o ciclismo e algumas visitas de professores para aulas de campo.  Ainda assim, a principal preocupação é com a recuperação da área a partir do replantio.  No início do ano foram doadas 300 (trezentas) mudas e logo plantadas ao redor do percurso.

Nesta quinta-feira, 17 de julho, dia em que se é comemorado o Dia da Proteção das Florestas a trilha ganhou mais vivacidade. Um dos grandes idealizadores desse projeto trilheiro no município, o jurista e blogueiro Raimundo Soares Filho, afirmou em no seu Blog de Altaneira que o espaço supracitado ganhou mais 30 mudas de arvores frutíferas e outras nativas, como aroeiras, angicos e pau ferro.

Soares ressaltou que desse total, 12 (doze) já foram de imediato plantadas pelos participantes do curso de condutor de trilha desenvolvida em grande parte nessa própria localidade. Ainda assim, ele frisa que o proprietário Mundim sente-se angustiado com a possibilidade de incêndio, haja vista a falta de chuva e as árvores perderem as folhas nesse período. Desta feita é preciso redobrar a atenção dos visitantes quanto à conscientização ambiental.




Fim do voto obrigatório é defendido pelo senador Paulo Paim


Ao defender o fim do voto obrigatório no país, o senador Paulo Paim (PT-RS), lembrou em Plenário nesta sexta-feira (18), que a maioria dos países democráticos do mundo não obrigam os eleitores a irem à urnas e nem por isso têm suas democracias fragilizadas.

Penso que está na hora de acabar com a ilusão de que o voto obrigatório gere cidadãos politicamente evoluídos. É uma falácia. O caminho para isso é a educação formal de qualidade. Uma massa de eleitores desinformados que vende o voto porque é obrigado a votar diminui a legitimidade do sistema - argumentou o senador, para quem o simples fato de não comparecer as urnas é uma forma de o eleitor se expressar. O senador afirmou que o voto é direito do cidadão e não dever. Portanto, compete aos políticos e partidos a apresentarem argumentos que façam o eleitor querer participar ativamente do processo eleitoral.
O parlamentar apresentou números de pesquisas segundo as quais os brasileiros não querem mais a obrigatoriedade do voto.

- Compete aos partidos, aos políticos ganharem a população para que vá votar, mas votar em programas, em consciência, em ideias. A decisão de votar deve ser do eleitor. E tanto mais ele se engajará quanto mais acirrada for a disputa e quanto mais ele perceber que o resultado vai influenciar na sua vida negativa ou positivamente - argumentou.

Paim também defendeu o financiamento público de campanhas eleitorais e a permissão para candidaturas avulsas.



Via Agência Senado

Pretas Simoa e professor Alex Ratts promovem nesta sexta-feira CINIGUETO


O Grupo de Mulheres Negras no Cariri - Pretas Simoa e o professor Alex Ratts estarão promovendo nesta sexta-feira, 18 de julho, no auditório do Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri – CCBNB, 7º andar, em Juazeiro do Norte, um CINIQUETO.

Segundo Karla Alves, militante do movimento negro no cariri, o evento tem como eixo norteador a exibição do Filme Ôri que retrata os movimentos negros brasileiros entre a década de 70 e 80 do século passado ao passo que se direciona para uma relação entre Brasil e África, tendo o quilombo como ideia central de um contínuo histórico, vindo a apresentar como fio condutor a história pessoal de Beatriz Nascimento. Esta é historiadora e militante negra. Beatriz veio a falecer de forma trágica e prematuramente no estado Rio de Janeiro em 1995. O filme também mostra a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, através da concepção do projeto de Beatriz, do "quilombo" como correção da nacionalidade brasileira.

A palavra Ôrí, significa cabeça, consciência negra, e é um termo de origem Yoruba (ref. à África Ocidental).

O filme tem fotografia de Hermano Penna, Pedro Farkas, Jorge Bodanzky e outros importantes profissionais; música original do percussionista Naná Vasconcelos, com arranjos de Teese Gohl; montagem de Renato Neiva Moreira e Cristina Amaral e texto de Beatriz Nascimento.

No último encontro do grupo Pretas Simoa realizado na Universidade Regional do Cariri – URCA, Karla Alves afirmou que o grupo surgiu com o intuito de promover debates alusivos as causas negras e o nome é uma homenagem a Tia Simoa que, dentre outras coisas foi uma negra liberta. Ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde.

Tão logo seja exibido o filme haverá um ciclo de debates e contará com a presença do professor Alex Ratts - doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, coordenador do Laboratório de Estudos de Gênero, Étnico-Raciais e Espacialidades do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da Universidade Federal de Goiás (LaGENTE/IESA/UFG). Ratts escreveu dentre outros, o livro "Eu sou Atlântica: sobre a trajetória de vida de Beatriz Nascimento".

O encontro está previsto para ter início a partir das 17 horas e a expectativa é que envolva muitos estudantes e professores interessados na temática.

Martin Buber: o diálogo possível


É inegável a relevante contribuição de Martin Buber para a Filosofia Contemporânea, como também a atualidade de sua obra. Encontramos nele um pensamento com profundidade tão sagaz que é inevitável não considerá-lo original a uma Filosofia, cuja preocupação central é o ser humano, a Antropologia Filosófica. O nosso filósofo fundamentou e desenvolveu com pertinência – em seus vários livros e, principalmente, em Eu e Tu -, acepções como princípio dialógico, encontro, entre, palavra-princípio e interhumano. E mesmo reconhecendo as influências recebidas de outros filósofos, o seu pensamento é possuidor de um élan particular.

A Filosofia do Diálogo de Buber e ou, o cerne do pensamento buberiano esteve direcionado mais precisamente ao problema do homem como ser de relação, como ser aberto ao diálogo com o Tu.

Em sua análise a respeito da problemática do homem, Buber enfrentou a atitude do individualismo e do coletivismo, afirmando que o primeiro só entende uma parte do homem e o segundo entende o homem só como uma parte. Para ele nenhum dos dois alcança a totalidade. O individualismo vê o homem em relação consigo mesmo, e o coletivismo nem vê o homem, pois vê apenas a “sociedade”. O primeiro distorce o rosto do homem, o segundo o mascara. Consoante o nosso filósofo, ambos são a expressão e conclusão da união do abandono cósmico e social, do medo do universo e da vida, que tem por resultado uma constituição existencial de solidão tal como nunca existiu antes.

Mas, para Buber, somente quando o indivíduo conhece o outro em toda a sua alteridade como a si próprio, como homem, experiência a partir da qual irrompe na direção do outro, conseguirá romper sua solidão, em um encontro estrito e transformador. Ele insiste que o fato fundamental da existência humana não é nem o indivíduo, como tal, nem agregado como tal. Cada uma dessas categorias, considerada em si, não passa de uma abstração.

O indivíduo é um fato da existência, só na medida em que ele se coloca em uma relação viva com outros indivíduos. O que é peculiarmente característico do mundo humano é, antes de tudo, que nele algo acontece entre um ser e outro. A característica existencial do mundo humano é enraizada no voltar de um ser em direção do outro para comunicar-se dentro de uma esfera comum, mas que ao mesmo tempo transcende a esfera especial de cada um. Essa categoria existencial é a categoria relacional do entre, que é estabelecida a partir da existência do homem. É essa categoria primordial da realidade humana.

Para exprimir a realidade, que liga o homem ao homem, Buber criou o termo especial zwischenmenschlich (entre os homens ou interhumano). No interhumano um sujeito se defronta efetivamente com o outro, e nesse confronto, que não é simples experiência psicológica, há uma realidade em que os dois sujeitos convivem. Como enfatizamos, a principal característica dessa esfera é a espontaneidade, em que toda aparência, toda “dissimulação” seria fatal. No interhumano a verdade assume uma dimensão quase corpórea, pois, o homem se comunica com o outro naquilo que eles são. Somente assim a intercomunicação existencial se torna possível, isto é, o diálogo autêntico, em que o outro se afirma como aquilo que realmente é e se confirma em sua natureza de criatura.

No pensamento buberiano a existência do homem emerge do diálogo, do encontro dialógico, da esfera do interhumano. Consoante essa análise, o diálogo determina a palavra como a interação entre homens, trata-se de uma categoria antropológica, porque instaura o desvelar do entre-dois, do Eu e Tu. No diálogo a palavra não é mais logos, puramente anunciador, pois fundamenta a existência; ela vai além da subjetividade, estabelecendo uma dimensão ontológica _ o interhumano. O logos não é simplesmente razão, princípio de ordem, porém em virtude de seu vínculo essencial com a práxis, ele é a palavra responsável pelo desvendar da existência humana como coexistência. O ser humano existe mediante o encontro, a relação.

O homem como ser-ao-mundo não é um ser-em-si, mas essencialmente uma abertura. Ele é abertura graças à palavra originária. O homem instaura o emergir dinâmico de sua existência pela palavra. Como manifestação do si mesmo, o logos torna-se uma abertura ao outro, dia-logos. E somente quem toma a decisão de proferir a palavra da relação, a palavra-princípio Eu-Tu, poderá fundar o “nós essencial”, do autêntico interhumano. Aproximação, contatos, experiências e reações comuns definem o social, este implica um estar-um-ao-lado-do-outro, enquanto que proximidade, relação dialógica, responsabilidade, decisão, liberdade, presença no face a face definem o interhumano que é o estar-junto-com-o-outro.

Mas Buber observa na humanidade uma profunda crise, causada por uma ruptura que separa os homens uns dos outros. E isto demonstra a atualidade da Filosofia do Diálogo quando colocada diante da sociedade individualista e consumista do nosso tempo. Consoante Zuben, Buber previu uma nova tarefa que se apresentou ao pensamento humano e aspira à implantação de uma nova dimensão do mundo, a dimensão dialógica no homem (ZUBEN, 2003: 210).

As grandes transformações e os avanços tecnológicos que caracterizaram o século XX trouxeram em seu bojo muitas vantagens e também grandes ameaças. A sociedade contemporânea naufraga em um grande mar de desprovidos, de milhões de miseráveis do sul subdesenvolvido sucumbindo às margens do norte desenvolvido. As injustiças sociais, o desemprego, a violência, a fome, as guerras e os desastres ecológicos, por exemplo, apontam para uma situação degradante. O planeta corre o risco de entrar em colapso.

Inúmeras pesquisas apontam que a doença do início do século XXI é o stress conjugado a depressão, e isto ocorre como conseqüência do enfraquecimento das relações humanas e da “obrigação diária” estabelecida pelo mercado de as pessoas provarem que são competentes. Assistimos atualmente a um processo de enrijecimento gradual do individualismo. Os avanços tecnológicos e o crescimento das cidades têm ocasionado o isolamento das pessoas em detrimento do encontro e do diálogo com o outro. Podemos caracterizar o homem deste início de século como um ser isolado, preocupado consigo e longínquo da realidade em seu torno.

Não queremos, ao apresentar os problemas citados acima, firmar uma acepção pessimista sobre o homem atual, mas enfatizar como ele vem se distanciando de um princípio relevante para sua própria realização enquanto ser humano, a relação. O homem atual restringe-se a proferir a palavra-princípio Eu-Isso, colocando-se diante das coisas em vez de confrontá-las no fluxo da ação recíproca, preferindo um relacionamento unidirecional entre o Eu (egótico) e um objeto manipulável (lsso). Buber, contudo, posicionou-se de maneira radical ao quando analisar a atitude Eu-Isso. Para ele “aquele que vive somente com o Isso não é homem” (BUBER, 1977: 39).

O sujeito humano atinge o seu ser através do “proferir Tu” (Dusagen) e não do “proferir Isso”; em outras palavras, isto significa que o homem atinge o seu ser pela relação. O homem, na relação Eu-Tu, integra-se completamente com o mundo, em uma totalidade caracterizada pelo envolvimento, pela integração dos opostos, desaparecendo as peculiaridades e contradições individuais. “A palavra-princípio Eu-Tu só pode ser proferida pelo ser na sua totalidade. A união e a fusão em um ser total não pode ser realizada por mim e nem pode ser efetivada sem mim. O Eu se realiza na relação com Tu; é tornando Eu que digo Tu” (BUBER, 1977: 13). Depois de escutarmos as palavras de Buber podemos considerar que o homem sem o homem é, por assim dizer, um nada e que o abandono do encontro com o outro poderá conduzir o homem a um abismo cruel.

Para Zuben, na obra buberiana a volta à segurança, o reencontro com o verdadeiro destino que a humanidade descobriu para si serão assegurados (tal é a esperança que alimenta a mensagem buberiana) pela vida em diálogo (ZUBEN, 2003: 210).

Com efeito, é necessário reafirmar a necessidade de estudos consistentes sobre a filosofia de Buber, que a aproxime da atualidade. Analisar a obra de Buber é adentrar um pensamento que – não sendo uma doutrina, mas por sua sintonia com a vida e com o cotidiano -, é uma chama acesa posta diante dos olhos do homem atual, com intuito de alertá-lo e, até mesmo, de guiá-lo à profundidade daquilo que o torna ser humano, a relação. A relação, em suma, além de ser o princípio (no princípio é a relação) é também a contínua atitude instauradora do ser do homem, o ser humano, o Menschen-sein.
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Referências Bibliográficas
BUBER, Martin. Eu e Tu. Tradução de Newton Aquiles von Zuben. São Paulo: Cortez e Moraes, 1977.
SANTOS, Rudinei Borges. No principio é a relação: encontro e diálogo no pensamento de Martin Buber. 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Filosofia). Centro Universitário Assunção/São Paulo.
ZUBEN, Newton Aquiles von. Martin Buber: cumplicidade e diálogo. Bauru: EDUSC, 2003.


Publicado originalmente na revista parâmetro

Aécio Neves será julgado por desvio de R$4,3 bilhões da saúde


Por três votos a zero, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decidiu que o senador Aécio Neves continua réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Aécio é investigado pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas e pelo não cumprimento do piso constitucional do financiamento do sistema público de saúde no período de 2003 a 2008, período em que ele foi governador do estado. O julgamento deverá acontecer ainda esse ano. Se culpado, o senador ficará inelegível.

Desde 2003, a bancada estadual do PT denuncia essa fraude e a falta de compromisso do governo de Minas com a saúde no estado. Conseqüência disso é o caos instaurado no sistema público de saúde, situação essa que tem se agravado com a atual e grave epidemia de dengue.

Recurso

Os desembargadores Bitencourt Marcondes, Alyrio Ramos e Edgard Penna Amorim negaram o provimento ao recurso solicitado por Aécio Neves para a extinção da ação por entenderem ser legítima a ação de improbidade diante da não aplicação do mínimo constitucional de 12% da receita do Estado na área da Saúde.

Segundo eles, a atitude do ex-governador atenta aos princípios da administração pública já que “a conduta esperada do agente público é oposta, no sentido de cumprir norma constitucional que visa à melhoria dos serviços de saúde universais e gratuitos, como forma de inclusão social, erradicação e prevenção de doenças”.

A alegação do réu (Aécio) é a de não ter havido qualquer transferência de recursos do estado à COPASA para investimentos em saneamento básico, já que esse teria sido originado de recursos próprios. Os fatos apurados demonstram, no entanto, a utilização de valores provenientes de tarifas da COPASA para serem contabilizados como investimento em saúde pública, em uma clara manobra para garantir o mínimo constitucional de 12%. A pergunta é: qual foi a destinação dada aos R$4,3 bilhões então?


Com Revista Fórum/Pragmatismo Político

“...A caçada de judeus foi sempre um costume europeu..”, afirma Galeano sobre conflito em Gaza


Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

"Este artigo é dedicado a meus amigos judeus assassinados
pelas ditaduras latinoamericanas que israel assessorou",
diz Eduardo Galeano.
Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.


Artigo de Eduardo Galeano e foi publicado originalmente no Pragmatismo Político em 2012.

Instituto Lula lança série de vídeos do ex-presidente


Imagem capturada do youtube.

O Instituto Lula começou a lançar na terça-feira, 15 de julho, uma série de vídeos em que o ex-presidente fala sobre política e o Brasil. Já no primeiro deles, ainda no rescaldo da Copa do Mundo realizada no país, Lula comenta como iniciou sua militância política e, no ensejo buscar endossar a luta pela participação cidadã e o desenvolvimento da politização nos jovens, principalmente nos jogos do poder que perpassam o embate político partidário.

Confira

           

Com informações do Entrefatos