Na
noite desta quarta-feira (1º), na Câmara dos Deputados, os parlamentares
fizeram discursos em que prevaleceu a avaliação de que a grande mídia quer
transformar o assunto em “novela”. E a oposição se aproveitar dessa cobertura
para a campanha eleitoral deste ano.
A
líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos (PE), declarou ao Vermelho
que “o aparato, a orquestração, a coincidência com o momento eleitoral, tudo
isso aponta e evidencia que esse é um esforço com o objetivo claro de atacar a
esquerda e armar um palco para a oposição, que sem proposta e nem projeto
político, não tem como se contrapor ao círculo virtuoso que vivenciamos no
Brasil com o governo Lula e Dilma ”.
“Isso
é evidentemente um processo político, não tem nada a ver com combate a corrupção
ou defesa do erário e do patrimônio público”, afirma a líder comunista.
“Basta
verificar que todos os dias, todas as noites, durante 10 minutos, 15 minutos,
falam sobre o chamado mensalão. Quando vem o direito de resposta, são 10
segundos, 15 segundos. Portanto, não há um debate sério relacionado a esse
tema”, denunciou o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto(SP).
O
deputado Fernando Ferro (PT-PE) reforçou as palavras do líder petista e, em
resposta aos parlamentares da oposição, disse que ouviu “manifestações de
deputados da oposição com certo tom de regozijo, pelo início do julgamento do
chamado mensalão”. O deputado pernambucano acha curioso observar “como se
somaram essas vozes a uma série de matérias jornalísticas que requentaram esse noticiário,
com o intuito claro de dar conotação política e ideológica para este momento”.
O
momento a que se referem os parlamentares é a campanha eleitoral. “Querer dar a
dimensão do maior julgamento do século, da maior tragédia do século no País,
revela claramente a intenção política e eleitoral”, avalia Ferro.
Discussão importante
Em
entrevista para o Vermelho, Wagner Gomes diz que “o mais relevante é que a
direita brasileira vai usar esse episódio para sair das catacumbas. (Eles)
Farão esforço para dar visibilidade e publicidade e apostam em um julgamento
político. Mas temos convicção que eles não conseguirão isso, o julgamento vai
transcorrer de forma técnica”.
O
líder sindical diz que o momento seria apropriado para uma discussão
aprofundada sobre o financiamento público de campanha. “O que levou a esse
processo é o problema gerado pela falta de recursos para a campanha eleitoral.
O financiamento público de campanha criaria regra mais clara e oportunidade
para todos”, avalia.
Luciana
Santos compartilha da mesma opinião do líder sindical. “O esforço consequente
do enfrentamento a qualquer tipo de desvio de dinheiro público é a reforma
política garantindo o financiamento público de campanha”, resume.
Jilmar
Tatto engrossa o coro: “Ali não há malversação de dinheiro público; não há essa
história de que deputados do PT precisam receber dinheiro do PT, do governo do
PT, para votar projetos do PT. Há, sim, um debate que nós queremos fazer aqui
nesta tribuna, neste plenário e com a sociedade brasileira. Há um debate sobre
financiamento público de campanha”.
Ele
disse ainda que “esse é o debate para valer, para evitarmos o caixa dois, para
evitarmos que deputados, senadores, presidentes da República, governadores,
prefeitos e vereadores se elejam dependendo da quantidade de recursos que têm.
Esse é o debate para valer que nós temos que fazer, se quisermos aperfeiçoar a
democracia brasileira. Mas o foro para discutir não é o STF. É aqui! É o
Congresso Nacional, é a Câmara!”, destacou.
Momento inoportuno
Para
Jilmar Tatto, o julgamento “é a maior peça de marketing na história recente
deste País, porque aceitar a ideia de que deputados do PT recebam dinheiro
aqui, nesta Casa, para votar projetos do próprio Governo do PT é no mínimo uma
insanidade”.
Ele
disse ainda que “sem querer confrontar o Supremo Tribunal Federal”, considera
“inoportuno neste momento, a dois meses das eleições, julgar um processo
político no tribunal. Na avaliação do parlamentar, se houver absolvição, o PT
será beneficiado —essa é a tese —, e, se houver condenação, o PT será
prejudicado. Isso pode, eventualmente, interferir no processo eleitoral,
analisa.
“Então,
não havendo prejuízo processual, por que não fazer o julgamento logo no dia
seguinte à eleição? Por que marcá-lo justamente para o início do processo
eleitoral que se avizinha?”, indagou.
Povo sábio
Os
parlamentares acreditam no julgamento técnico no STF. Fernando Ferro foi
enfático nessa defesa: “Não vamos aceitar criminalizar um projeto, uma
trajetória política apoiada pela maioria da população do País, que não pode
ficar refém de um discurso cínico, falso, daqueles que não têm autoridade política
e moral para criticar o PT e o governo do Presidente Lula”.
Tatto
avalia que “o povo brasileiro é mais sábio que todos nós juntos. É tão sábio
que, apesar da peça de marketing de grandes setores da mídia e conservadores da
oposição, quando houve o debate sobre a denúncia do chamado mensalão, elegeu o
presidente Lula em 2006; é tão sábio que, depois de todo esse processo, elegeu
a sucessora do governo Lula, a presidenta Dilma Rousseff”.
Com informações do Portal
Vermelho