Carri: Festival de Cultura da UFC


Depois de quatro edições em Fortaleza, o Festival UFC de Cultura se expande e acontece pela primeira vez no Campus do Cariri, de terça (25) até quinta-feira (27), na sede da Universidade Federal do Ceará em Juazeiro do Norte (Av. Tenente Raimundo Rocha, s/n). A programação inclui oficinas, debates e apresentações de grupos populares e culturais, como a da Orquestra de Rabecas, acompanhada de Di Freitas, na abertura oficial do evento, às 18h30min desta terça-feira (25). O Festival se encerrará com show do grupo Cabruêra, da Paraíba, a partir das 20h30min do dia 27, no palco principal do evento. As atividades do Festival resultam de desejo e organização dos professores e estudantes do Campus Cariri. Desde o primeiro semestre de 2011, um grupo de trabalho foi montado naquela Unidade Acadêmica para pensar de forma coletiva uma programação que contemplas-se sugestões de diversos setores. Toda a programação do Festival UFC de Cultura no Cariri é gratuita e está no site do evento, na seção "Cariri". E também pode ser acessada aqui.
O Festival UFC de Cultura no Cariri terá início antes mesmo de sua abertura oficial. Na terça-feira (25), às 15h, no pátio dos Encontros Universitários, haverá apresentações dos grupos populares Reisado Pé Trovão e Banda Cabaçal Santo Antonio e da ciranda de Val Andrade. Logo em seguida, às 17h, acontece show de Ermano Morais.

Já nos debates do Festival no Cariri, os rumos da universidade pública entrarão em pauta. Na quarta (26) e quinta-feira (27), às 14h30min, o auditório do Campus receberá o debate "Universidade, Cultura e Conhecimento". E na quinta-feira (27), a partir das 15h, ainda acontecem shows de Synkrasis e de Dudé Casado, com performance poética de Ramon Érico.

Além disso, são quatro opções de oficinas: Grafite, Colagem, Desenho e Confecção de instrumentos musicais. Ainda é possível realizar inscrições nas oficinas de Desenho e Confecção de instrumentos musicais, através do e-mail inscricoes.festivalufc@gmail.com.

O Festival UFC de Cultura no Cariri é uma realização da Universidade Federal do Ceará, através da Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional e da Diretoria do Campus Cariri, em parceria com a Sociedade Cearense de Jornalismo Científico e Cultural (SCJCC). Conta com patrocínio do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil. Tem como parceiros o Centro Cultural Banco do Nordeste, o Serviço Social do Comércio (Sesc-CE) e a Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), além de contar com apoio da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

Fonte: UFC 

Será que inventamos histórias?


Historiador desfaz mito do ouro do Brasil


O historiador Aurélio de Oliveira contestou ontem, no Bom Jesus, na primeira comunicação científica do Congresso Luso-Brasileiro do Barroco, a ideia presente em muitos manuais de História de que a produção artística barroca em Portugal está intimamente associada às remessas de ouro do Brasil.

Presidente da comissão científica do congresso, este professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto refutou, de forma clara, “a ideia geral que corre e que se tem, consubstanciada no binómio Barroco = a ouro do Brasil”. Pelo contrário, Aurélio de Oliveira evidenciou que “uma larguíssima fatia da produção barroca passou ao lado desse recurso directo”, mesmo no auge da entrada de ouro brasileiro em Portugal, no século XVIII.

O historiador disse não ter encontrado vestígios do ouro do Brasil nas obras espectaculares realizadas em Tibães e noutros mosteiros e destacou que a produção artística da Mitra e Cabido da Sé de Braga foi financiada pelas rendas fundiárias.

Ao Bom Jesus do Monte também não terão chegado grandes donativos relacionados com o ouro ou diamantes do Brasil. Aurélio de Oliveira, na comunicação inaugural do congresso que decorre até amanhã, valorizou o quadro de “homenagem aos lavradores da Província” que financiaram obras no santuário cujo templo principal foi concluído há precisamente 200 anos. 

José Viriato Capela, da Universidade do Minho, foi outro dos historiadores convidados para o primeiro temário global do congresso, que incidiu sobre a economia e sociedade do Barroco. Na sua intervenção, Viriato Capela demonstrou de que forma “o intenso pulsar da vida religiosa e social, comercial e construtiva” da Braga do século XVIII se estendeu ao Bom Jesus.
“O monumento repercute em si como nenhum outro pela sua complexidade e extensão os desenvolvimentos, vicissitudes, as tensões da política e sociedade portuguesa e bracarense”, defendeu.

Obs. O Congresso Luso-Brasileiro de Barroco decorreu nos dias 20 e 21 de Outubro, na cidade de Braga/Portugal e contou também com presença de vários pesquisadores brasileiros.

Fonte: Cafehistoria

Prorroagadas as Inscrições para Agentes da Leitura: Altaneira Será Contemplada


A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em parceria com a Secretaria da Educação, prorroga o prazo de inscrição do Edital Bolsas Agentes de Leitura do Ceará 2011, para o dia 24 de outubro. O edital objetiva colaborar com o desenvolvimento humano por meio do acesso ao conhecimento pela difusão do livro e do fomento à leitura nos municípios do estado do Ceará. A novidade é que este ano serão contemplados 188 localidades de 41 municípios do estado. Os interessados podem se inscrever das 08h às 12h e das 13h às 17h no Setor de Protocolo da Secult.


Segundo o secretário da Cultura do Ceará, Professor Pinheiro, este ano a escolha dos municípios ficou a cargo do Fundo Estadual de Combate à Pobreza – FECOP, com base nos critérios técnicos definidos pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica – IPECE. Cada agente acompanha o processo leitor de 25 famílias selecionadas pelas secretarias de educação dos municípios com base no Índice de Focalização dos Agentes de Leitura - IFAL desenvolvido pelo IPECE. A Secult entregará ao Agente de Leitura equipamentos e materiais de apoio como bicicleta, mochila acervo bibliográfico, fichas matrizes de acompanhamento e blusa.


Além de Altaneira, Mais quarenta Municípios serão Contemplados, a saber, Potiretama, Jaguaretama, Beberibe, Dep. Irapuan Pinheiro, Mombaça, Boa Viagem, São G. Do Amarante, Miraíma, Uruoca, Granja, Barroquinha, Chaval, Caucaia, Quiterianópolis, Parambu, Novo Oriente, Ararendá, Ipaporanga, Poranga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Tamboril, Graça, Coreaú, Moraújo, Senador Sá, Croatá, Salitre, Tarrafas , Araripe, Saboeiro, Potengi, Antonina do Norte, Santana do Cariri, Mauriti, Granjeiro, Porteiras, Assaré, Nova Olinda, Quixelô.


Fonte: SECULT

Greve: Ainda Funciona?


A greve é um direito histórico conquistado pelos trabalhadores, isto é um fato. Mas, atualmente, tenho observado que os diversos movimentos reivindicatórios realizados por sindicatos de trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho e de salário não têm alcançado os resultados desejados em suas pautas, principalmente por acreditarem que a justiça os atenderia. Isto se dá porque a justiça acaba considerando todas as greves ilegais, todas!. Nesse sentido, ainda é viável a utilização deste mecanismo como forma de luta ou é melhor aceitar logo o que as empresas propõem, tendo em vista que, depois dos transtornos causados a sociedade, os trabalhadores acabam aceitando o que lhes é imposto?

Desta feita, tal assertiva se torna cada vez cruel quando se tem um espaço, aqui entendido como Estados e Municípios sem oposição. Nesse sentido, os governantes acabam por controlar, das diversas formas possíveis, aqueles “agitadores políticos” que, não sem razão, poderiam contribuir para o sucesso dos movimentos grevistas que funcionou e, a história já nos mostrou isso, como mecanismo na busca por melhores condições de trabalho, salário e acima de tudo, como prática de envolvimento maciço da comunidade em prol dos seus direitos.

No entanto, faz-se necessário afirmar que a greve ou qualquer outro tipo de manifestação continua e deve continuar como mecanismo na busca por inserção na política e na busca por melhores condições de vida e ato de protesto contra os maus governantes. Que ela deixa de ser uma bandeira de luta apenas dos partidos, dos movimentos esquerdistas e venha a extrapolar esses limites, sendo uma bandeira constante de luta de toda a sociedade.

Em Sessão Solene, Novos Gestores de Altaneira São Empossados

O Poder Legislativo de Altaneira, representado pelo Presidente em Exercício, o Vereador Deza Soares (PCdoB) realizou na tarde desta sexta-feira, 14 (quatorze) de outubro a cerimônia de posse dos novos gestores do Município, eleitos no Pleito Suplementar do dia 02 (dois), o empresário Joaquim Soares (Delvamberto) – Foto, e José Eles (Dedé Pio) para os cargos de Prefeito e Vice, respectivamente.


A Cerimônia se deu em ato de Sessão Solene do Legislativo no auditório da Secretaria do Trabalho e Ação Social e como já era de se esperar, veio a mobilizar grande parte da comunidade altaneirense.

Raimundo Soares e João Ivan Alcântara, ex-gestores, compuseram a mesa vindo a representarem os ex-administradores do Poder Legislativo e Executivo, respectivamente. Completaram-na os Vereadores Professor Adeilton, José Fernandes e Genival Ponciano, todos do PSDB, Flávio Correia, Lélia de Oliveira, além do Presidente em Exercício, condutor da sessão Solene, todos do PCdoB.

Ao serem conduzido ao Plenário por uma comissão interpartidária, os novos gestores firmaram compromisso com o Município, sendo, desta feita, empossados.

O Prefeito eleito, Delvamberto discursou por alguns minutos e, neste, relembrou sua trajetória política, além de reafirmar seu compromisso de deixar o município com sinais de prosperidade social e econômica. Ressaltou ainda que na próxima sessão já irá enviar a Câmara três Projetos que irão ao encontro da realização dos seus primeiros compromisso, a saber, o Cartão Mãe, o Bebê Saudável e a Bolsa Universitária. São Programas que irão beneficiar parcelas importantes da sociedade altaneirenses.

O Líder da Bancada da Oposição na Câmara, o Vereador Professor Adeilton parabenizou os eleitos e afirmou que irá fazer, em conjunto com seus colegas oposicionistas, o melhor para o município, desenvolvendo uma Oposição com maturidade.

O Parlamentar Flávio Correia frisou que o mais importantes é, não sem razão, aproveitar o máximo possível dos talentos da terra, pois são eles que irão ajudar a administrar o Município.

O Presidente em Exercício, Deza Soares argumentou que agora entra um novo ciclo e, que este deve ter como principal meta destruir as mentes férteis voltadas para a corrupção.

Ao serem empossados, os novos gestores, demais lideranças políticas e o povo seguiram para a Prefeitura, onde foi realizado mais um ato, agora para a transmissão do cargo.

ALTANEIRA: POSSE DOS NOVOS GESTORES DO MUNICÍPIO DEVE MOVIMENTAR COMUNIDADE


O Poder Legislativo de Altaneira, representado pelo Presidente em Exercício, o Vereador Deza Soares (PCdoB) realizará na tarde desta sexta-feira, 14 (quatorze) de outubro a cerimônia de posse dos novos gestores do Município, eleitos no dia 02 (dois), o empresário Joaquim Soares (Delvamberto) e José Eles (Dedé Pio) para os cargos de Prefeito e Vice, respectivamente.

A Cerimônia será realizada em ato de Sessão Solene do Legislativo no auditório da Secretaria do Trabalho e Ação Social a partir das 16h00 e deve mobilizar grande parte da comunidade altaneirense. Na última terça-feira, 11 (onze), os eleitos foram diplomados no Plenário da Câmara.

Fonte: Blog da Câmara

Exame da Ordem dos Advogados: UFC é Segunda Melhor Instituição no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil


A Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará foi a segunda melhor colocada nacionalmente no 5º Exame Unificado da Ordem dos Advogados do Brasil (edição 2011.2), com um percentual de aprovação de 76%. A prova foi realizada em julho deste ano.

A UFC foi superada apenas pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. A Instituição cearense ficou à frente de instituições como a Universidade Federal de Minas Gerais (5ª colocada, com 73,1%), Universidade Federal da Bahia (7ª, com 71,54%) e Universidade de São Paulo (10ª, com 70,35%).

O Diretor da Faculdade de Direito, Prof. Álvaro Melo Filho, que encerrará em breve sua administração à frente da Unidade Acadêmica, explica que a avaliação é ainda mais importante se considerarmos que o Brasil conta com um universo de 1.174 cursos jurídicos em funcionamento. "Nos dez exames de Ordem mais recentes, obtivemos um percentual médio de aprovação acima de 70%, quando a média brasileira é de apenas 18%", orgulha-se o dirigente. Ele avalia que o sucesso dos alunos da UFC deve-se a fatores como rigor na seleção dos ingressos, corpo docente qualificado e infraestrutura que proporciona prática jurídica durante a formação.

"Em novembro, o selo trienal 'OAB Recomenda' passará a se chamar 'Selo OAB'. Apenas 10% das faculdades brasileiras receberam essa menção e, nas três edições realizadas, o curso de Direito da UFC foi agraciado", informa o Prof. Álvaro. Os critérios do selo são o índice de aprovação nos Exames da Ordem no triênio, resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e fatores pedagógicos e de infraestrutura de acordo com o padrão sugerido pelo Ministério da Educação.

A prova objetiva da edição 2011.3 do Exame da OAB acontecerá dia 30 de outubro, sendo sua segunda etapa em 4 de dezembro.
Fonte: UFC

CÓDIGO FLORESTAL: FLORESTA, PARA QUE FLORESTA?


Um repórter anda pelas – ruas- -de São Paulo com microfone em punho. Para um transeunte qualquer, um moço apressado, de gravata e com o notebook nas costas, e lança a pergunta: “Você sabe em que bioma você vive?” A resposta tem uma lógica cristalina: “Na cidade”. Como ele. Milhões de pessoas que vivem em São Paulo não sabem que a região onde a cidade fincou suas raízes é, na verdade, um pedaço do bioma da Mata Atlântica.

Da grande floresta encontrada pelos descobridores em 1500, e que cobria 15% do território brasileiro, com mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, restaram apenas 102 mil quilômetros quadrados, ou cerca de 7% da área original. Assim como a Mata Atlântica foi quase toda arrancada da paisagem, outros biomas brasileiros também estão em risco pelo avanço da ocupação humana. É por isso que o País precisa de um Código Florestal, um conjunto de leis que garanta a preservação de áreas florestais e de biomas importantes para garantir a qualidade ambiental não apenas nas áreas rurais, mas também nas cidades, que de tão cinzentas e poluídas já dão a impressão de ser um corpo estranho, deslocado da natureza.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, no século XVI, seu principal interesse foi explorar uma árvore especial, de cujo caule sai uma seiva de cor rubra e que era usada para tingir a roupagem dos cardeais.

Histórico das Leis

O pau-brasil foi o primeiro eixo de exploração econômica das florestas. Durante três séculos ele foi superexplorado e quase chegou à extinção nas matas costeiras. Este cenário levou à criação da primeira legislação para coibir o uso abusivo dos recursos florestais. Em 30 de janeiro de 1802, foi baixado o Alvará de Regimento das Minas e Estabelecimentos Metálicos, o qual exigia ordem escrita da Administração das Matas e Bosques para a venda de madeiras e lenhas por particulares, ou para se fazer queimadas. Em 1825 uma nova lei passou a exigir licenças para o corte do pau-brasil, de perobas e de tapinhoãs, dando ênfase a madeiras utilizadas na construção. E, de 1843 a 1858, foram criadas leis relacionando as espécies florestais que não poderiam ser exploradas sem consentimento do Estado, neste caso a Coroa Brasileira. Nasce, então, o termo “madeira de lei” para as espécies florestais mais nobres do Brasil.

Uma tentativa de consolidar as leis, normas e costumes relacionados às florestas foi feita em 1934, ainda durante o Estado Novo, quando foi aprovado o Decreto n.º 23.793, já conhecido como Código Florestal, que a história conta que não deu muito certo e entrou para os rol das “leis que não pegaram” no Brasil. Em 1965, já na vigência de uma nova ditadura no País, foi montado um Novo Código Florestal, que explicitava o valor intrínseco das florestas e vegetações nativas, não importando seu valor comercial. Durante mais de quatro décadas essas foram as leis que definiram a relação entre o setor produtivo do agronegócio e as fronteiras florestais.
 
Este Novo Código foi além de tratar de espécies florestais: definiu o território da Amazônia Legal: “…estados do Acre, Pará, Roraima,
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e regiões ao norte do paralelo 13º S, dos estados do Tocantins e de Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do estado do Maranhão”. Esta foi, também, a legislação que, a partir da década de 1980, passou por importantes ajustes. De 1981 é a legislação que regulamentou as Áreas de Preservação Ambiental (APA), classificada para o uso direto dos recursos naturais, assim como as florestas nacionais, reservas extrativistas e as reservas de fauna, onde são permitidas a ocupação e exploração dos recursos naturais. Em 1989 foi finalmente qualificada a legislação sobre Área de Preservação Permanente (APP) – áreas de topo de morro e encostas com mais de 45 graus de inclinação, assim como as áreas de matas ciliares de rios, nascentes, lagos e outros cursos d’água – já presente no Código de 1965, mas que ainda carecia de regulamentação. E a partir de 1998 foi regulamentada a Reserva Legal, que estabelece uma área em cada propriedade rural que deve ser preservada e seu desmatamento é considerado crime. Juntamente com o capítulo de Meio Ambiente da Constituição de 1988, essas leis se tornaram as principais garantias de preservação de biodiversidade florestal no País.                              


Mudar, para que mudar?

As alterações ocorridas na legislação florestal nas últimas décadas são o principal alvo das críticas feitas pelos representantes do agronegócio em relação ao Código. Praticamente sempre existiram tensões entre ruralistas e ambientalistas a favor ou contra mudanças. No entanto, esse debate se acirrou a partir de 2009, quando a Câmara Federal passou a trabalhar sobre o assunto e indicou o deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) para ser relator da Comissão Especial sobre o tema. Nacionalista, Rebelo alegou em seu relatório, entregue aos deputados em junho de 2010, que há “pressões de entidades ambientalistas estrangeiras para impedir o desenvolvimento do Brasil em contraposição à expansão da agricultura e da infraestrutura do País”.

Rebelo alertou para a necessidade de ponderar sobre os interesses envolvidos na manutenção da atual legislação, que segundo seu relatório, “preserva mais os interesses econômicos de estrangeiros do que do Brasil”, e cita o exemplo da proibição da exportação de produtos florestais e ambientais, que segundo ele poderiam gerar riquezas ao País, mas que estão sendo embargados para a geração de renda no exterior por sua substituição por insumos estrangeiros. Já boa parte dos ambientalistas brasileiros critica a voracidade com que empresários do agronegócio avançam sobre as florestas para a implantação de pecuária e lavoura. “Hoje são 200 milhões de bois no Brasil e 40% disso está na Amazônia. Em 20 anos, 75% de um rebanho estimado em 300 milhões estará naquela região”, diz João
Meirelles, pesquisador do Instituto Peabiru e especialista em desenvolvimento da Amazônia.
 
A proposta defendida por Rebelo prevê a flexibilização das regras de preservação a partir de análises de cada propriedade e do tipo de ocupação consolidada. Essas análises deveriam contemplar a viabilidade econômica, ou não, para a recomposição das áreas de reservas obrigatórias, dando espaço para o não cumprimento da atual legislação. Para as Áreas de Preservação Permanente, Rebelo sugere que as restrições de uso sejam mantidas de acordo com o regime atual, salvo aquelas de atividade consolidada, que serão alteradas após o Zoneamento Ecológico-Econômico promovido na esfera de cada estado, obedecidas as exigências de estudos técnicos específicos.
conflito de interesses

Um dos grandes embates foi a definição dos limites para a preservação de matas ciliares às margens de rios, lagos e outros cursos d’água. Inicialmente propunha-se a redução de 30 metros de largura para essas matas, para 10 metros ou menos. No final esta metragem foi ampliada na proposta de novo Código Florestal, oscilando, dependendo da largura dos rios, de 15 a 30 metros.  “A alteração pretende reduzir o prejuízo aos pequenos proprietários em cujos lotes há presença de cursos d’água de pequena largura”, argumenta Aldo Rebelo.

A disputa por um novo Código Florestal tem nas organizações da sociedade civil alguns bastiões contra a flexibilização excessiva das regras. Do lado dos ruralistas, a senadora Katia Abreu (DEM-TO) tornou-se a voz em defesa da expansão do agronegócio. Para ela, o Brasil não pode limitar sua produção agrícola sob pena de não conseguir oferecer alimentos na quantidade necessária à sua população. Argumento considerado falso por outros especialistas. O economista polonês Ignacy Sachs, que estuda o desenvolvimento da América Latina, diz que o Brasil pode ser uma “potência da bioeconomia” sem desmatar mais. Ele defende um zoneamento econômico-ecológico de forma a destinar produtivamente os milhares de hectares já desmatados e hoje abandonados. “O Brasil é um dos países- mais propícios à produção de biomassas. Isso tem de ser aproveitado como uma vantagem competitiva e não como desculpa para a destruição da biodiversidade que possibilita esse potencial”, diz Sachs.

Ainda em agosto de 2010, antes, portanto, das eleições, durante o lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, em São Paulo, a ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, disse que pretendia elaborar uma nova proposta de alteração do Código Florestal. A ministra acredita que há radicalizações dos dois lados, tanto dos ruralistas como dos ambientalistas, e que é preciso buscar um meio termo, conciliar os interesses da sociedade e, também, viabilizar as metas defendidas pelo Brasil nas conferências de Copenhague (Dinamarca), onde ficaram estabelecidos os limites de emissão de gases estufa, e de Nagoya (Japão), onde foram acordados compromissos em relação à preservação da biodiversidade.
No momento em que o Brasil ganha uma nova legislação florestal, o importante é que as disputas se encerrem com compromissos claros por parte de ruralistas, governo e ambientalistas de que o novo Código Florestal seja cumprido.

Fonte: Geografiaparatodos