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Lívia Nascimento. (FOTO | Acervo pessoal). |
Por
Lívia Nascimento, advogada
O
negro não esteve sob um regime autoritário apenas durante os vinte
anos de governo militar; nós estamos sob o regime do autoritarismo
há quase 500 anos. Para nós, todos os governos, todos os regimes
deste País têm sido ditatoriais, autoritários, e por isso
precisamos, agora que falamos em abertura, que estamos às vésperas
da construção de um Brasil novo, ter em mente esse dado fundamental
para essa nova organização social e política do nosso País. [Os
negros que] construíram com sangue, suor, lágrimas e muito
sofrimento este País e são considerados cidadãos de segunda
classe. Tanto que nos condenam com um racismo ao reverso, quando
advogamos o nosso direito de igualdade, o nosso direito de nos vermos
representados em todos os níveis de poder. [...] Enquanto não
existir a presença negra em todos os níveis de poder, em todas as
instituições deste País, estaremos aqui clamando: este Brasil não
tem o direito de falar em democracia. (NASCIMENTO, 2014, p.79).
(Depoimento
do artista, ativista, intelectual e político Abdias Nascimento à
Assembleia Nacional Constituinte de 1987).